TIMES

Por Léo Nicolini — Bragança Paulista, SP


Com quatro participações em Copas do Mundo no currículo, a ex-lateral e meia Rosana Augusto, que atualmente trabalha como técnica do Red Bull Bragantino, avalia a Seleção Brasileira com boa chance de conquistar o torneio, apesar de considerá-lo como a edição mais disputada da história.

O Brasil estreia na Copa do Mundo de 2023, sediada na Austrália e Nova Zelândia, na segunda-feira, 24, às 8h, contra o Panamá, em Hindmarsh, no sul da Austrália. A seleção faz parte do grupo F - veja aqui a tabela completa.

Rosana em atuação pela Seleção Brasileira — Foto: CBF

De acordo com a ex-jogadora, o Brasil está entre as seleções favoritas para levantar a taça. Ainda sem ter conquistado um mundial, a equipe conta com o comando da sueca Pia Sundhage e a liderança da atacante Marta para ser campeã pela primeira vez.

Para Rosana, o título teria um peso bônus, já que aconteceria na primeira edição com 32 participantes - até 2019, disputavam apenas 24 seleções.

- Eu acho que essa será Copa a mais disputada, até por ter mais países. Vimos a Zâmbia ganhando da Alemanha em um amisto recentemente. Vejo que o Brasil continua tendo seus talentos individuais e a Pia organizou mais a parte defensiva. Temos um time muito competitivo - diz Rosana.

- Há seleções muito fortes, como a Inglaterra, por exemplo, que fez uma ótima Eurocopa, então é difícil cravar, mas minha expectativa é que o Brasil suba no pódio - completa.

Rosana com a medalha nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro — Foto: Acervo Pessoal

Além da Inglaterra, a agora treinadora de futebol cita também as seleções dos Estados Unidos, França, e Holanda como fortes concorrentes à medalha de ouro.

- Acredito que o Estados Unidos sempre brigam por título, até pelo número de mulheres que praticam o futebol no país. A França está sempre nas cabeças beliscando medalha, a Holanda também. Acho que essas quatro brigam por título.

Participações na Copa do Mundo

Rosana tem quatro participações em Copas do Mundo: 2033, 2007, 2011 e 2015. No total, disputou 13 partidas e marcou três gols. Experiente no assunto, ela afirma que jogar um mundial é indescritível e se diz feliz pela visibilidade que uma competição desse tamanho dá à modalidade feminina.

- O ápice do atleta é disputar uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada. Agora, com o campeonato feminino sendo mais valorizado, a competição passa a ter o mesmo peso das Olímpiadas. É uma sensação única vestir a camisa da seleção, representar uma grande nação e inspirar meninas a praticarem o esporte e poderem viver dignamente - conta a ex-lateral esquerda.

Rosana Augusto jogou quatro Copas do Mundo pela Seleção Brasileira — Foto: Reprodução

- Eu não jogava só por mim, mas por milhões de pessoas.

Apesar da satisfação por ter no currículo quatro edições do mundial, a técnica do Bragantino relata que o segundo lugar contra a Alemanha na Copa de 2007 ainda machuca.

Na ocasião, a seleção brasileira era tida como favorita, mas foi derrotada na final realizada em Xangai, na China. Prinz e Laudehr marcaram os gols das alemãs, que conquistaram o bi.

Marta na final da Copa do Mundo Feminina de 2007, contra a Alemanha — Foto: Paul Gilham/Getty Images

Eleita a melhor jogadora do mundo em 2006, a craque Marta ainda perdeu um pênalti, o que aumentou o sofrimento das brasileiras, que sabem que podiam ter ficado com o título.

- Sem dúvidas (ainda machuca), até porque nós jogamos melhor do que a Alemanha na final. Lembro que a Marta perdeu um pênalti nesse jogo, mas só perde quem bate. A gente tinha uma chance boa de sairmos vitoriosas, mas nem sempre o favorito vence na Copa. Às vezes é o time mais resiliente, como a Alemanha foi naquela final. Ainda dói porque chegamos muito perto, batemos na trave.

Seleção da Alemanha festeja título da Copa do Mundo de 2007, após bater o Brasil na final — Foto: Feng Li/Getty Images

Título pelo Bragantino

Recentemente, a técnica conquistou a Série A2 do Brasileirão Feminino ao vencer o Fluminense. O jogo aconteceu no dia 10 de julho e o Braga venceu por 1 a 0. Além do título, a vaga na elite está garantida.

Bragantino conquista A2 do Brasileirão Feminino — Foto: Fernando Roberto/Red Bull Bragantino

Na próxima temporada, a participação do Massa Bruta na Série A1, elite do campeonato nacional, está confirmada. Feliz com o resultado e com o troféu, Rosana afirma que já pensa na disputa do torneio.

- Vamos começar a planejar isso agora. Parar para estruturar e analisar mercado. Estamos começando o processo. Ainda precisamos saber em relação a orçamento, mas a ideia é reforçar. Percebemos que todos os times que subiram da A2 pra A1 têm uma dificuldade grande em se manter na elite devido ao investimento. Então vamos fazer reuniões para entender melhor a situação do clube quanto a isso.

- Ficamos muito felizes porque o resultado foi a consolidação de um trabalho de um ano e meio. Coroa todo o processo de entendimento de modelo de jogo do clube. O corpo técnico foi muito participativo e capacitado para que isso acontecesse - encerra a treinadora.

Rosana Augusto comemora conquista da A2 no Bragantino — Foto: Fernando Roberto/Red Bull Bragantino

Currículo

Além de quatro participações em Copa do Mundo, com um vice, Rosana Augusto também já disputou quatro Olimpíadas e conquistou duas pratas na competição: 2004 e 2008.

Em relação a títulos, ela tem dois ouros em Jogos Pan-Americanos, três ouros no Sul-Americano e três taças no Torneio Internacional de São Paulo.

Ex-lateral e meia, Rosana jogou por diversos clubes grandes, como Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Santos. Na Europa, passou por Lyon e PSG.

Ela se aposentou em fevereiro de 2021, quando começou a carreira como técnica, e é considerada pela FIFA como uma lenda do futebol feminino.

Rosana dos Santos Augusto no PSG — Foto: Divulgação

Mais do ge