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Por GloboEsporte.com — São Paulo


O lateral esquerdo Danny Rose, um dos 23 jogadores convocados pela Inglaterra para a disputa da Copa do Mundo da Rússia, revelou em entrevista coletiva nesta quarta-feira que foi diagnosticado com depressão em 2017, mas que a seleção nacional foi sua “salvação”.

O atleta de 27 anos conversou com a imprensa na quarta-feira, um dia antes de enfrentar a Costa Rica no último amistoso da Inglaterra antes do Mundial.

Segundo Rose, tudo começou com uma lesão no joelho em janeiro de 2017, que o deixou longe dos gramados por oito meses. Durante esse tempo, o defensor do Tottenham tomou uma série de remédios para aliviar a dor, além de injeções para acelerar a recuperação.

Em meio aos problemas físicos, uma série de dramas familiares contribuíram para que sua saúde mental fosse abalada de forma grave.

– Ninguém sabe disso, mas meu tio cometeu suicídio durante a minha recuperação, e isso também serviu como um gatilho para a minha depressão – contou Rose.

– Fora de campo ainda houve outros incidentes. Em agosto (de 2017) minha mãe foi vítima de racismo (na cidade de) Doncaster. Ela ficou muito brava e triste com isso, e depois uma pessoa foi à minha casa e quase atirou no rosto do meu irmão – revelou o lateral.

Danny Rose em ação pelo Tottenham diante do Manchester United, em 2016 — Foto: Reuters / Eddie Keogh

O bom desempenho do Tottenham em campo servia para deixar Rose ainda mais triste de estar afastado dos gramados.

– Ver meus companheiros vencerem o Arsenal (principal rival do Tottenham) confortavelmente, ver eles vencerem o Manchester United confortavelmente, foi difícil. Não estou dizendo que eu tive um tratamento pior do que ninguém. Isso é futebol. Mas foi difícil.

A pressão para ficar em forma e atuar em uma das melhores temporadas de seu clube nos últimos anos — os Spurs chegaram às oitavas de final da Liga dos Campeões e ficaram em terceiro lugar na Premier League — fizeram do ambiente do Tottenham um lugar insuportável para Rose.

– Eu tinha que fugir do Tottenham – admitiu Rose.

A depressão tirava a vontade do jogador em fazer fisioterapia, treinar e manter suas atividades normalmente.

– Meus amigos me chamavam para fazer coisas e eu não queria sair, eu só ia para casa para ir direto para a cama – contou.

O lateral atuou em apenas 17 partidas da última temporada. Nesse contexto, as convocações para a seleção inglesa serviram como um refúgio.

– Eu tive sorte que a Inglaterra me deu a oportunidade de sair, refrescar minha mente, e eu sempre serei grato por isso – disse.

O Tottenham indicou um psicólogo para o jogador, o que ajudou na recuperação. Rose chegou a tomar remédios para ajudar na luta contra a depressão. Sua família nunca soube do problema.

– Eu nunca contei para minha mãe ou meu pai, e eles provavelmente vão ficar bravos quando lerem isso, mas eu guardei isso comigo até agora – revelou.

A distância da família deve se manter pelas próximas semanas. Rose pediu para que seus familiares não viajassem à Rússia com medo de ataques racistas no país sede da Copa.

O lateral deve ser titular no amistoso desta quinta-feira contra a Costa Rica, a última partida preparatória dos ingleses antes de estrear na Copa do Mundo contra a Tunísia no dia 18 de junho, em Volgogrado.

O país está no grupo G, ao lado de Panamá e Bélgica, além dos tunisianos.

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