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Por Redação do ge — San José, Costa Rica


O ex-presidente da Federação Costarriquenha de Futebol, Eduardo Li, afirmou nesta segunda-feira que o goleiro Keylor Navas, do PSG, sugeriu que a seleção perdesse três jogos para causar a saída do técnico Jorge Luis Pinto em 2014. A declaração foi em depoimento de processo movido pelo próprio jogador do PSG e outros dois atletas, os meias Celso Borges, do La Coruña, e o ex-Santos Bryan Ruiz, atualmente no Alajuelense, da Costa Rica.

Os três jogadores entraram com uma reclamação e ação civil com pedido de indenização em março de 2019 contra o ex-diretor de seleções da federação local, Adrián Gutiérrez. A ação na Justiça se deu após o ex-dirigente ter declarado, em entrevista realizada em 2018, que o trio de atletas estava disposto a perder jogos para derrubar Jorge Luis Pinto após a Copa no Brasil.

Keylor Navas é abraçado pelo técnico Jorge Luis Pinto, após a eliminação da Costa Rica para a Holanda na Copa do Mundo de 2014 — Foto: Michael Steele/Getty Images

Eduardo Li deu depoimento nesta segunda como testemunha de defesa de Gutiérrez e confirmou a versão do ex-diretor ao relembrar uma reunião com os jogadores.

– Quando eles veem que eu não estou em condições de concordar porque eles não querem o técnico, então chega a esse ponto – relata Li.

E Keylor Navas bate na mesa e diz: 'Perdemos três jogos seguidos.' E eu disse: 'Como?' E ele me diz: 'Sim, há uma cláusula.'”
— Eduardo Li, ex-presidente da federação costarriquenha
Keilor Navas, da Costa Rica, em ação pela Copa do Mundo 2014

Keilor Navas, da Costa Rica, em ação pela Copa do Mundo 2014

Eduardo Li explicou que a cláusula era real e surgiu com o antecessor de Jorge Pinto, Ricardo La Volpe. Caso o treinador perdesse três jogos seguidos, o contrato poderia ser rescindido unilateralmente.

O elenco da Costa Rica tinha vários problemas de relação com Pinto, especialmente com perfil duro do treinador na disciplina extracampo. Os jogadores sabiam de tal item no contrato. No entanto, Li reiterou que apenas Navas sugeriu perder intencionalmente os três jogos.

No mesmo processo, Celso Borges também deu depoimento nesta nesta segunda-feira e negou com veemencia as acusações de que teriam sugerido perder jogos intencionalmente.

– São fatos gravíssimos, são coisas que nunca pensaríamos em dizer, que ameaçariam a nossa integridade como jogadores e pessoas e contra todos os valores que nos ensinaram como família – declarou Borges.

Eduardo Li, ex-presidente da Federação da Costa Rica, foi preso no Fifagate e está em "liberdade supervisionada" desde 2018 — Foto: REUTERS/Juan Carlos Ulate

Bryan Ruiz e Andrea Salas, esposa de Keylor Navas, deram suas versões na última sexta-feira e também negaram. Salas falou em nome do marido e declarou que o ex-goleiro do Real Madrid precisou fazer tratamento contra depressão depois da entrevista de Adrián Gutiérrez, em 2018.

– Keylor ficou bastante deprimido... Ele se sentiu bastante frustrado e desamparado. Estava com um estado de espírito completamente diferente, não conseguia dormir. Ele tinha que tomar comprimidos e quase não falava conosco. Sua dignidade foi questionada – declarou Salas.

Nos depoimentos, Celso Borges e Bryan Ruiz confirmaram que havia um desgaste grande com Jorge Luis Pinto. Eduardo Li admitiu que a intenção da federação era renovar o contrato com o técnico após a Copa do Mundo de 2014, quando a Costa Rica foi eliminada nas quartas de final e fez sua melhor campanha no torneio.

Os jogadores eram contra e por isso queriam forçar a saída do treinador. Na época, Pinto optou por pedir demissão e deixou o comando da equipe costarriquenha pouco depois do Mundial.

Ex-presidente da federação, Eduardo Li chegou a ser preso no caso Fifagate em 2015 e extraditado aos Estados Unidos. Em novembro de 2018, ganhou “liberdade supersvisionada” e voltou para a Costa Rica. Foi banido pela Fifa em 2017.

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