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Por Isabela Reis — Rio de Janeiro


Leandro Damião pode voltar ao Brasil. O atacante 'bigode grosso' de 34 anos se despede do Japão após quatro temporadas e está em busca de novos desafios do outro lado do mapa. De férias em São Paulo, o centroavante já rescindiu com o Kawasaki Frontale, time da primeira divisão japonesa.

Relembre os três gols de Leandro Damião com a camisa da seleção brasileira

Relembre os três gols de Leandro Damião com a camisa da seleção brasileira

O vínculo com o clube japonês se encerrou ainda no ano passado. O jogador chegou a receber ofertas para ficar no Japão, inclusive de outras equipes, mas escolheu ir em busca de novas oportunidades. Desde então, ele e o empresário estudam propostas para começar a jogar já no início da temporada de 2024.

O futuro de Damião ainda não está decidido, mas a definição já tem "meio caminho andado" em segredo. O retorno ao Brasil é visto com bons olhos e está nas opções, em meio a concorrência de outras equipes sul-americanas. Agora, o foco do jogador é se manter em forma nesse período de negociações.

— Eu não fecho portas para ninguém. A vida de jogador é assim, enquanto o clube não decide totalmente o que quer o jogador tem que fazer a parte dele. Então, eu tenho que fazer a minha parte. Estou mantendo a minha forma física, para poder já chegar jogando e ajudar. Tem chance (de ficar) no Brasil, como tem chance também para fora — contou Damião, em entrevista ao ge.

Desde que deixou o Internacional em 2018, entraram na prateleira de títulos duas J. League (2020 e 2021), duas Supercopas do Japão (2019 e 2021), uma Copa da Liga Japonesa (2019) e uma Copa do Imperador (2021), sem contar as conquistas pessoais de artilharia. Mas o que motiva Damião a deixar para trás uma trajetória tão estável e bem-sucedida? O desejo de se manter em movimento.

— Era o momento de sair, de procurar novos ares, de ir para outros lugares. Foi por isso que eu não quis continuar, eu acho que lá meu trabalho foi feito. Eu não queria me acomodar. Sempre fui um jogador que quer estar competindo, quer estar jogando e ajudando o time. A minha carreira é sempre estar querendo algo mais — comentou.

Leandro Damião em jogo do Internacional, clube que defendeu por cinco anos — Foto: Reprodução/Instagram

— Não quero chegar ao ponto de outros jogadores com idade avançada, aonde eles vão pro clube e não conseguem dar resultados. Eu não. Sempre me cuidei desde cedo, sempre fui um cara com esse pensamento.

Apesar da decisão clara sobre a saída do Kawasaki Frontale, o jogador vê com muita gratidão o tempo que passou por lá. Damião assegura que o conforto que a família teve, o apoio da torcida japonesa e o desenvolvimento profissional são motivos para ter muito orgulho desse "ciclo encerrado".

Em especial, porque, segundo o centroavante, as temporadas no Japão o ajudaram a amadurecer e a ganhar habilidades importantes para aperfeiçoar a forma de jogar. Leandro Damião volta ao futebol sul-americano quatro anos mais velho e garante que chega mais maduro, mais tranquilo e com escolhas melhores sobre quando usar a força em campo.

O camisa 9 se aprimorou longe, mas o futebol brasileiro nunca saiu do radar. Mesmo em outra liga e continente, ele conta que via os jogos sempre que possível, ou seja, quando os fusos horários permitiam. A preferência era por partidas que acontecessem à noite aqui no Brasil, o que significa que ele poderia assistir na manhã japonesa. O acompanhamento permitiu que o jogador percebesse como o cenário brasileiro mudou de uns anos para cá.

— Acho que na minha época os elencos eram muito menos de disputados. Até tinham jogadores específicos, mas não era o elenco todo que era tão bom. Hoje eu vejo que alguns clubes do Brasil tomaram essa decisão de montar meio que dois times fortes no mesmo elenco, para ter essa competição entre eles. Na minha época, eu vejo que muitos clubes ainda não tinham essa estrutura. Acho que mudou bastante.

Muitas coisas aconteceram durante a passagem pelo Japão, mas a forma de comemorar não foi uma das alterações. Muito famosa no período em que jogou em clubes brasileiros, a pose com os dedos em cima da boca, que definiu o apelido de "Bigode Grosso", se manteve. A brincadeira era uma homenagem ao senhor Natalino, pai de Damião, que também é conhecido como Seu Bigode e que pôde vê-la do outro lado do mundo.

— Os japoneses gostam muito das comemorações, eles têm muito essa alegria do povo brasileiro. E com certeza o bigode ficou muito marcado para eles lá também. Até hoje eles mandam foto com a pose, com saudades e agradecendo pelos gols que fiz — disse o ex-jogador do Kawasaki Frontale.

Leandro Damião faz comemoração do 'bigode grosso' em partida do futebol japonês — Foto: Kawasaki Frontale

Ao longo da carreira, Damião jogou no Internacional, Flamengo, Cruzeiro, Santos e teve uma pequena passagem pelo Betis, da Espanha. A trajetória mais marcante foi pelo Colorado, em que ficou por cinco anos e ganhou três Campeonatos Gaúchos e uma Libertadores, com um dos gols do título, contra o Chivas, do México, em 2010.

— Eu sempre fui um jogador competitivo, em todos os clubes em que passei. E pretendo, nos vários clubes que eu for agora, poder ajudar com títulos e em prol do clube também.

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