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Por Hector Werlang — Salvador


Carlos Queiroz, 66 anos, nasceu em Nampula, em Moçambique, ainda na época em que o país africano era colônia de Portugal. Antes de decidir o futebol como meio de vida, estudou Engenharia Mecânica. O mundo da bola conheceu, então, um homem que faria história: classificou diferentes seleções para quatro Copas.

Tamanha experiência, que conta ainda com passagem por gigantes europeus, o tornou atração na Copa América com a Colômbia, a primeira seleção sul-americana que aceitou dirigir. No trabalho de transformar o talento de Mina, James, Falcao em título, deu uma primeira mostra com a vitória diante da Argentina. E se mostrou um belo frasista.

Carlos Queiroz, técnico da Colômbia — Foto: Thiago Bernardes/CA2019

Toda entrevista coletiva de Queiroz é uma atração. Ao falar em um portunhol peculiar, com sotaque português, comanda o show. Não é raro, ao perceber uma pergunta que aborde um tema que não deseje falar, rir e, educadamente, dizer:

- Não caio nessa, amigo.

Mas há mais boas respostas. Queiroz é um técnico que, além do conhecimento tático demonstrado no passado recente, sabe gerir bem um grupo. Ele tem batido nessa tecla desde que assumiu a Colômbia. E, por vezes, parece citar trechos de um livro de autoajuda.

Sonho todos os dias em ser o melhor do mundo. Então, enquanto não se pague tributos, sonho. Mas há concorrência, jogadores e treinadores, com o mesmo objetivo de chegar ao céu, que sequer é o limite.

O mais importante para a Colômbia é trabalhar a coesão e a harmonia. Quero tornar a equipe funcional, atacando, defendendo e com boas transições. Futebol tem essa magia, não termina nunca.

Estamos competindo, e todos estão na corrida para chegar primeiro. Alguns estão mais à frente. É imaginar: todos estão posicionamos para uma corrida de 100 metros. Uns, a 83 metros, outros a 65 metros. Todos estão se posicionando para o sprint final.

Se a equipe fez coisas boas, agora queremos fazer muito boas. Se queremos ser extraordinários, precisamos fazer coisas extras.

Os quatro exemplos foram dados na coletiva de véspera do confronto com o Paraguai, neste domingo, na Fonte Nova. Com a Colômbia já classificada, Queiroz pode preservar alguns atletas. Mas ele sabe que o grande testa está por vir:

- Jogamos só duas partidas, não ganhamos nada. Tenho a humildade de reconhecer que as coisas começam agora. A Copa América começa agora no mata-mata. Assim, será tudo para o vencedor e nada para o perdedor.

Ele tem experiência de sobra para saber, afinal, começou como campeão mundial sub-20 com Portugal de Figo e Rui Costa. Levou África do Sul (2002), Portugal (2010) e Irã (2014 e 2018) para edições de Copas. E ainda trabalhou no Real Madrid e no Manchester United. Quem sabe não aumenta o currículo com a Colômbia campeã da Copa América, algo que só ocorreu em 2001.

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