Ter um pai que fez história no Manchester United e disputou uma Copa do Mundo é simplesmente motivo de orgulho e alegria para muitos. Não para Kasper Schmeichel.
O goleiro do Leicester seguiu os passos de seu pai, Peter Schmeichel, e após 20 anos vai disputar um Mundial com as cores da Dinamarca. O feito, no entanto, não seria um problema se não fossem as comparações. Ele odeia ter de ouvi-las.
Kasper convive com a sombra de ser filho de um dos maiores goleiros de sua geração. Pelo United, faturou 15 títulos, entre eles cinco Campeonatos Ingleses e a Champions League da temporada 1998/99.
Pela seleção dinamarquesa, conquistou a Eurocopa de 1992 e se consagrou o melhor goleiro daquela edição. Ele também esteve na Copa de 1998, na França, quando sua equipe foi eliminada nas quartas de final pelo Brasil após derrota por 3 a 2.
– Não tem nenhuma ajuda na minha carreira. Tem sido completamente o oposto, eu sinto. Eu acho que teria jogado mais na Premier League se não fosse esse caso. A questão é que eu tenho 29 anos, sou casado, tenho dois filhos, mas as pessoas ainda me veem como filho de alguém. Eles ainda me veem como criança – afirmou Kasper ao Daily Mail, no final de 2015.
– Meu pai também odeia isso. E ele é implacável. Nós fomos jantar umas semanas atrás, um sujeito veio, apertou a mão dele e disse: "Você é uma lenda. Seu filho está indo bem, mas ele nunca será tão bom quanto você". Meu pai olhou para ele e falou: "Apenas vá embora. Você está vindo aqui para insultar meu filho e pensa que vai sair daqui com isso?" – contou.
Na temporada 2015/16, Schmeichel filho começou a escrever seu próprio nome no futebol. Pelo Leicester, fez parte da campanha histórica de um dos títulos mais inusitados da Premier League dos últimos anos.
A recompensa foi imediata. Kasper foi considerado o jogador do ano da Dinamarca em 2016, superando a estrela dinamarquesa Christian Eriksen, do Tottenham.
Aos 31 anos, ele tem na Copa do Mundo da Rússia a oportunidade de espantar de vez as comparações que o cerca desde o início de sua carreira profissional. A caminhada para isso começa no próximo sábado, quando a Dinamarca encara a seleção peruana, às 13h, pelo Grupo C.