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Por Carina Ávila — Reykjavik, Islândia


Albert Gudmundsson tem 21 anos, mas este nome é conhecido no mundo do futebol desde a década de 1940, quando a Islândia ainda era território da Dinamarca – a ilha nórdica só adquiriu a independência em 1944. Isso porque o jovem atacante da seleção tem o mesmo nome do bisavô, o primeiro islandês a se tornar jogador de futebol profissional.

Albert Gudmundsson tem apenas 21 anos, mas nome é famoso no país — Foto: Carina Avila

Gudmundsson-bisavô já havia vencido o campeonato nacional – amador até hoje – três vezes pelo Valur, quando assinou contrato com o Rangers, da Escócia, em 1944. Depois disso, a carreira deslanchou: foi para o Arsenal, da Inglaterra, depois para o Nancy, da França, e posteriormente para o Milan, da Itália. Antes de encerrar a carreira profissional, ainda voltou a atuar na França, pelo Racing de Paris e pelo Nice.

Estátua do bisavô de Gudmundsson em frente ao estádio Laugardalsvöllur, o maior da Islândia, onde fica a sede da federação islandesa de futebol — Foto: Carina Avila

Quando voltou para a Islândia, o primeiro jogador de futebol profissional da história do país decidiu entrar para a política. Em mais de três décadas de vida pública, foi vereador de Reykjavík, parlamentar islandês e ministro das Finanças e da Indústria. Albert Gudmundsson também foi candidato à presidência, em 1980, mas perdeu as eleições para Vigdís Finnbogadóttir, primeira mulher eleita presidente no mundo – ela foi reeleita diversas vezes e passou 16 anos no cargo. O ex-jogador ainda foi cônsul da França na Islândia por quase 20 anos e ocupou o cargo de embaixador islandês em Paris. Morreu em 1994, aos 70 anos.

Em 2010, ele foi homenageado com uma estátua localizada na sede da Federação Islandesa de Futebol (KSI), em Reykjavík. Pouco antes da Eurocopa, também foi lembrado em um belo comercial da maior empresa aérea da Islândia.

Veja o comercial da Icelandair sobre Albert Gudmundsson

Veja o comercial da Icelandair sobre Albert Gudmundsson

Futebol no sangue

Gudmundsson teve um filho, que também foi jogador de futebol (não chegou a sair do país e se profissionalizar como o pai, só atuou em times da Islândia): o ex-atacante Ingi Björn Albertsson. Ingi teve uma filha, Kristbjörg Ingadóttir, e como o futebol corre claramente no sangue desta família, ela foi uma jogadora de destaque no país e atuou diversas vezes pela seleção islandesa.

Kristbjörg, neta de Gudmundsson, casou-se com o jogador de futebol profissional Gudmundur Benediktsson, mais conhecido pelo apelido Gummi Ben. Ele se tornou mundialmente conhecido como narrador, na Eurocopa de 2016, com a narração aguda e extremamente eufórica do segundo gol da Islândia, marcado nos acréscimos, na vitória de 2 a 1 sobre a Áustria, que classificou o país para as oitavas de final do campeonato. A árvore genealógica futebolista seguiu com o filho deles, que tem o mesmo nome do bisavô.

Narrador fica maluco com o gol da Islândia contra a Áustria na Eurocopa

Narrador fica maluco com o gol da Islândia contra a Áustria na Eurocopa

Albert Gudmundsson bisneto atua no PSV, da Holanda, e é tido como uma das grandes promessas da Islândia. O jovem jogador faz parte da seleção islandesa que está representando o país pela primeira vez na Copa do Mundo e falou com o GloboEsporte.com sobre a missão de assumir com qualidade o posto de jogador, já que o futebol corre no sangue da família.

- Pelo que eu me lembre, tudo começou com meu bisavô. Ele foi o primeiro jogador de futebol profissional da Islândia. Depois dele, meu avô assumiu. Jogou pela seleção islandesa e foi artilheiro da seleção por muitos anos. E a filha dele, que é minha mãe, Kristbjörg Ingadóttir, também jogou futebol na Islândia, no Valur e no KR. Ela também jogou pela seleção e meu pai também jogou pela seleção. Então agora é minha vez de assumir.

O jovem Albert comentou as narrações divertidas do pai, que também estão circulando o mundo durante a Copa.

Estátua do bisavô de Gudmundsson em frente ao estádio Laugardalsvöllur, o maior da Islândia, onde fica a sede da federação islandesa de futebol — Foto: Carina Avila

- Depois que meu pai narrou o jogo na Eurocopa eu assisti ao replay e preciso dizer que foi muito engraçado. Ele também está narrando os jogos da Copa do Mundo, então acho que vai ser ainda mais engraçado. A narração que ele fez do primeiro gol da Islândia na história das Copas foi muito boa. Ele estava bem emocionado.

Sobre a Copa do Mundo, o jogador do PSV disse que o objetivo é passar da fase de grupos.

- Não crio expectativas. Posso prometer que vamos trabalhar duro e dar o nosso máximo para vencer a Croácia. Nossa missão na Copa é passar da fase de grupos e ver onde mais podemos chegar. É muito legal que outros países nos respeitem e estejam nos apoiando. Nós nos esforçamos muito, somos uma nação pequena e temos que dar tudo de nós em cada um dos jogos, então acho que as pessoas estão começando a respeitar isso.

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