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Equilíbrio e coragem: 'Somos fortes como time', analisa técnico do Japão

Há três anos no comando, Zaccheroni exalta evolução do futebol do país com ajuda de brasileiros, mas teme desgaste por viagem

Por Brasília

Alberto Zaccheroni técnico treino Japão (Foto: Reuters)Zaccheroni: espírito de luta para Japão surpreender
na Copa das Confederações (Foto: Reuters)

Alberto Zaccheroni completou 60 anos no último 1º de abril, data conhecida no Brasil como o dia da mentira. O presente veio depois, quando o técnico transformou em verdade o sonho de o Japão disputar mais uma Copa do Mundo. A seleção comandada pelo treinador italiano foi a primeira a conquistar em campo a vaga em para o Mundial de 2014 ao encerrar as eliminatórias da Ásia com 17 pontos, na liderança do Grupo B. No sábado, a equipe fará sua estreia na Copa das Confederações diante do Brasil, às 16h, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Além da seleção brasileira, os outros adversários japoneses serão Itália e México no Grupo A. Apesar da dificuldade da chave, o técnico aposta na força coletiva para surpreender e aponta como objetivo jogar com concentração e de forma simples.

- Nós somos fortes como um time. Costumo dizer que equilíbrio e coragem devem ser as nossas palavras-chave - disse o treinador, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.

Depois de comandar times como, por exemplo, Milan, Lazio, Internazionale de Milão e Juventus, Zaccheroni assumiu o comando da equipe japonesa em outubro de 2010. No ano seguinte, conquistou a Copa da Ásia (foi o quarto título do país na competição). Na Terra do Sol Nascente, o treinador ganhou a simpatia e conquistou a confiança da torcida e da mídia (veja ao lado o vídeo sobre o treino japonês na última quarta).

A Copa das Confederações será mais um teste para os orientais antes do Mundial de 2014. O comandante quer do time simplicidade e concentração. E sem faltar espírito de luta. Assim, os Samurais Azuis prometem brigar por um lugar ao sol, seja do oriente ou do ocidente.

GLOBOESPORTE.COM: Qual foi a importância dos brasileiros na evolução do futebol no Japão?

Alberto Zaccheroni: O futebol brasileiro tem, obviamente, um papel muito importante no desenvolvimento do futebol no Japão. Ainda hoje, muitos bons jogadores jogam no país, como no passado teve muitas estrelas como Zico, Leonardo e muitos outros. A posse de bola, a técnica individual e o controle do jogo são características fortes hoje no Japão. De fato, o futebol brasileiro foi o que influenciou e ainda influencia mais a J-League.

Acredito que o progresso é evidente. Isso é devido ao bom trabalho da equipe e todos aqueles que trabalham em torno dele. Eu não acho que a defesa era o ponto fraco da minha equipe. Existe sempre um bom equilíbrio entre todos os setores. Mas a minha visão do jogo, no entanto, será buscar o ataque, e trabalhar mais a busca de gols."
Alberto Zaccheroni, técnico do Japão

Quando Mano Menezes ainda estava no comando da seleção brasileira, ele disse que os japoneses mostraram grande progresso na marcação, principalmente por ter um treinador italiano. A parte defensiva realmente era um dos pontos fracos da equipe quando o senhor assumiu o cargo?

Acredito que o progresso é evidente. Isso é devido ao bom trabalho da equipe e todos aqueles que trabalham em torno dele. Eu não acho que a defesa era o ponto fraco da minha equipe. Existe sempre um bom equilíbrio entre todos os setores. Mas a minha visão do jogo, no entanto, será buscar o ataque, e trabalhar mais a busca de gols.

Quais são os principais desafios do Japão na Copa das Confederações?

Será bom aproveitar essa grande experiência, lidar com equipes de grande habilidade e experiência internacional. É claro que eu estou um pouco preocupado, pois, devido ao nosso cronograma rígido com jogos classificatórios, não teremos muito tempo para estarmos prontos, no caminho certo. E o fato de chegarmos ao Brasil dois dias antes do jogo de abertura não ajuda (Japão chegou nesta quarta-feira, vindo de Doha, no Catar). Mas estou confiante de que vamos evoluir de jogo para jogo e no entusiasmo de todos nós.

Alberto Zaccheroni comemoração Japão Eliminatórias (Foto: AFP)Zaccheroni foi jogado para o alto na comemoração pela vaga na Copa do Mundo de 2014 (Foto: AFP)

Como o Japão vê a Copa das Confederações? Como um ensaio para o Mundial, um teste de força?

Como eu disse, esta é uma excelente oportunidade. É o tipo de competição que me faz amar meu trabalho.

O Japão está no grupo difícil na Copa das Confederações. O que esperar da equipe durante a competição? Pode sonhar com título?

Nesta fase, todos os adversários são muito fortes. A única cara nova é o Taiti, mas o que dizer sobre Espanha, Uruguai e também a Nigéria? Mas, novamente, queremos mostrar o quanto o futebol japonês cresceu e jogar todos os jogos com a concentração correta e de forma simples. Fazer o nosso melhor. Se pudermos fazer isso, estarei satisfeito.

Ter a oportunidade de jogar campeonatos difíceis como aqueles na Europa é uma coisa muito importante. Nossos jogadores estão agora muito bem aceitos, não apenas para o nível técnico, mas também para uma mente aberta, a atitude e a vontade de aprender. Vejo com orgulho e prazer que os jogadores japoneses estão vivendo essa experiência no caminho certo. Isso torna meu trabalho mais interessante."
Alberto Zaccheroni, técnico do Japão

Quem é o principal destaque da equipe?

Nós somos fortes como um time. Costumo dizer que equilíbrio e coragem devem ser as nossas palavras-chave.

O fato de 14 jogadores do Japão atuarem na Europa facilita para o desenvolvimento do trabalho?

Claro que ter a oportunidade de jogar campeonatos difíceis como aqueles na Europa é uma coisa muito importante. Nossos jogadores estão agora muito bem aceitos, não apenas no nível técnico, mas também para uma mente aberta, a atitude e a vontade de aprender. Vejo com orgulho e prazer que os jogadores japoneses estão vivendo essa experiência no caminho certo. Isso torna meu trabalho mais interessante. O único "problema" é que a distância e a diferença de tempo entre o Japão e a Europa é muito grande, e nós sempre temos que lidar com isso também.

O que você pensa sobre o Brasil?

Como o Brasil não está jogando as Eliminatórias, enfrentará todos os jogos com grande concentração. E os jogadores sabem que não terão muitas oportunidades para mostrar o futebol. Ter a chance de jogar essa competição em casa com estas premissas será muito importante. Espero muito do Brasil, em termos de jogo, claro, mas também sobre a organização e ambiente.