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Para Doda, hipismo brasileiro tem chances de medalha em Londres

Com 2 desfalques, equipe de saltos faz primeiro treino no local da competição e afirma ter mais jogo de cintura para superar desafios do que os rivais

Por Londres

Imprevistos todos os principais adversários tiveram, mas nenhum conta com o jeitinho brasileiro para superar os obstáculos. É pensando assim que o cavaleiro Alvaro Affonso de Miranda, o Doda, acredita que a equipe nacional de saltos pode sonhar com mais um pódio olímpico, a partir do próximo domingo. A seleção teve dois cortes às vésperas dos Jogos. Primeiro, o cavalo de Karina Johannpeter precisou passar por uma cirurgia. Na semana passada, o problema foi com o cavalo de Luiz Francisco de Azevedo, o Chiquinho, que sofreu uma fratura durante o último treino na Holanda, antes do embarque para as Olimpíadas.

Chiquinho, Zé Roberto Reynoso, Jean Maurice Bonneau, Rodrigo Pessoa, Cacá e Doda londres 2012 olimpiadas (Foto: Bianca Rothier / Globoesporte.com)Chiquinho, Zé Roberto Reynoso, Jean Maurice Bonneau, Rodrigo Pessoa, Cacá e Doda formam a equipe brasileira de saltos nas Olimpíadas de Londres (Foto: Bianca Rothier / Globoesporte.com)

- Eu acho que o Brasil está entre os cinco, com grandes chances de brigar por medalha, até de ouro. Vai depender muito do dia da decisão.Todas as equipes tiveram problemas de saúde com os cavalos e com os cavaleiros também. Eu acho que o nosso diferencial é que o brasileiro está mais acostumado a lidar com situações adversas. Se uma coisa acontece de última hora, a gente tem um pouco mais de calma e tenta se virar. Já as outras equipes estão acostumadas com tudo muito certinho, então, qualquer imprevisto, até um cavalo tossindo, já consegue desestabilizar a equipe inteira. Eu espero que eles não consigam superar as dificuldades deles como a gente vai superar as nossas - afirmou Doda, depois do primeiro treino no Greenwich Park, onde as competições de hipismo são disputadas.

O hipismo brasileiro já subiu ao pódio três vezes em provas de saltos em Olimpíadas. Conquistou dois bronzes por equipes (com Luiz Felipe de Azevedo, André Johannpeter, Doda e Rodrigo Pessoa), em Atlanta 1996 e em Sydney 2000. Em Atenas 2004, Rodrigo Pessoa ganhou sua terceira medalha. Desta vez de ouro, no individual. Experiente, ele sabe que não é hora de arriscar.

- Agora não tem mais reserva. Não pode quebrar mais nada. Temos que ser cuidadosos. Vamos treinar duas vezes por dia, mas o importante é não fazer nada muito diferente do habitual - disse o maior vencedor do hipismo brasileiro, que em Londres também acumula a função de técnico.

Com os cortes, além de Rodrigo Pessoa e Doda, o Brasil vai ser representado por Zé Roberto Reynoso e Carlos Eduardo Mota Ribas, o Cacá, que entra no lugar de Chiquinho. Passado o susto, mesmo sem poder competir, o atleta de 27 anos decidiu acompanhar o grupo.

Carlos Eduardo Mota Ribas Cacá Luiz Francisco de Azevedo Chiquinho londres 2012 olimpiadas (Foto: Bianca Rothier / Globoesporte.com)Cacá substitui Chiquinho no time brasileiro
(Foto: Bianca Rothier / Globoesporte.com)

- Eu realizei um sonho de ter entrado para a equipe do Brasil, meu maior foco era chegar às Olimpíadas. Eu acompanhei isso com o meu pai (Chiquinho é filho do medalhista olímpico Luiz Felipe de Azevedo). De repente, houve uma fatalidade com o meu cavalo. Acontece uma vez em mil. Na hora, eu fiquei tão mal que eu falei para eles que eu não teria o que acrescentar, mas depois me chamaram para conversar e me convenceram a vir. Está sendo ótimo vivenciar ainda mais de perto as Olimpíadas. E aí, para as próximas, eu já vou estar mais preparado.

Enquanto Chiquinho tenta ganhar experiência, Doda e Rodrigo Pessoa esbanjam conhecimento. Estão nas Olimpíadas pela quinta e pela sexta vez, respectivamente. Rodrigo pensa em se aposentar depois do Rio, em 2016.

- Eu não me queixo, mas essa vida não é simples. São viagens toda a semana. São 40, 45 competições por ano. Não sei exatamente o que eu vou fazer depois, para onde a vida vai me levar. De alguma forma eu vou estar envolvido com os cavalos. Seja no Brasil ou no exterior, talvez até com alguma equipe estrangeira - revelou o porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Londres.

Já Doda quer ir bem mais longe, quem sabe alcançar o recorde do cavaleiro canadense Ian Millar, que, aos 65 anos, está na sua décima participação olímpica.

- A grande vantagem do nosso esporte é que a gente pode competir até muito mais tarde. Em qualquer outro esporte, quando o atleta está começando a pegar experiência, talvez já seja a última oportunidade. Esta é a minha quinta vez nas Olimpíadas e, se Deus quiser, ainda tenho mais cinco aí pela frente. Isso tira a pressão da gente e a cada ano vai deixando a gente com mais experiência e força. Claro, dependendo de ter um cavalo em forma e de qualidade - afirmou Doda.