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Primeira brasileira no boxe nos Jogos, Érica Matos perde na estreia

Punição no terceiro round faz a diferença na derrota para venezuelana. Apesar da decepção, brasileira comemora feito histórico na modalidade

Por Londres, Inglaterra

A baiana Érica Matos fez história neste domingo, ao se tornar a primeira brasileira a lutar boxe nas Olimpíadas, pelo peso-mosca (até 51kg) em Londres. Érica, no entanto, teve o mesmo destino de seu noivo, Róbson Conceição, e foi eliminada na estreia, derrotada pela venezuelana Karlha Magliocco por pontos, 15 a 14.

Erica Matos perde luta de boxe contra venezuelana (Foto: Reuters)Érica Matos leva a mão à cabeça após o anúncio da vitória da venezuelana Karlha Magliocco (Foto: Reuters)

Apenas momentos antes, a russa Elena Savelyeva e a norte-coreana Kim Hye Song fizeram história ao se tornarem as duas primeiras mulheres a competirem no boxe nas Olimpíadas. Savelyeva venceu a luta por 12 a 9 e se classificou para enfrentar a chinesa Cancan Ren nas quartas de final.

Logo em seguida, Érica entrou no ringue, de vermelho. De azul, Magliocco começou melhor, tomando o centro do ringue e a colocando contra as cordas. A venezuelana movimentava bastante as mãos e a baiana buscou o clinche para tentar contê-la. Um direto de direita de Magliocco atingiu em cheio o queixo de Érica, que sentiu, mas permaneceu de pé. Aparentemente assustada, a brasileira saiu em desvantagem de 3 a 2 no primeiro round.

Elena Savelyeva na luta de boxe contra Kim Hye Song (Foto: AP)Elena Savelyeva (dir.) e Kim Hye Song fizeram a
primeira luta feminina em Olimpíadas (Foto: AP)

Do lado de fora, os integrantes da equipe masculina incentivavam com gritos de "Pressão, pressão!" e "Coração, vai com o coração". Érica ouviu e voltou mais agressiva no segundo assalto. Seu momento foi interrompido pela árbitra, que ordenou que seu córner ajeitasse sua camisa, que saía do short. Magliocco aproveitou a paralisação e voltou melhor, combinando golpes. Um upper da venezuelana entrou. A baiana, contudo, se recuperou nos 30s finais, com um bom cruzado e um bom gancho, e terminou o assalto em vantagem de 3 a 1, virando o placar total para 5 a 4 a seu favor.

Os segundos iniciais do terceiro round foram de trocação franca. Magliocco novamente tomou a postura de agressora e Érica passou a buscar mais o clinche. Com 1m03s restando, a brasileira tomou uma advertência por agarrar demais, o que acresce dois pontos para a venezuelana. Foi a diferença para Magliocco num round muito equilibrado, que terminou em 5 a 3 para ela. Com isso, Magliocco virou de novo o combate, para 9 a 8.

Érica precisava recuperar a desvantagem e voltou mais ligada. Com bom jogo de pernas, ela fugia dos giolpes da rival, que buscou o clinche e a derrubou. Ambas as lutadores levaram uma falta por forçar uma queda, o que acrescentou dois pontos aos placares de ambas no round, mas deixou a baiana em perigo de desclassificação - três faltas resultam na eliminação. Érica pressionou nos segundos finais, tentando escapar dos clinches de Magliocco. Porém, a punição no terceiro round acabou fazendo a diferença para a venezuelana, que venceu o último assalto por 6 a 6 e o combate por 15 a 14.

Decepcionado, o técnico Cláudio Aires abaixou a cabeça e jogou uma toalha sobre ela. Érica saiu com lágrimas escorrendo do rosto. Assim terminava a primeira luta de uma boxeadora brasileira em Olimpíadas.

- Eu fui a primeira brasileira a participar do boxe nas Olimpíadas e entrei para a história. Tudo o que eu fiz foi para as outras meninas que estão vindo atrás de mim, para que elas se motivem, para que elas se sintam à vontade, porque não é difícil. É só dar o seu máximo. Eu vim preparada, só que lá de cima só sai um vitorioso, infelizmente. E dessa vez não fui eu, mas tenho que aceitar - conformou-se Érica Matos.