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Por Redação do ge — Rio de Janeiro


A conquista de uma medalha olímpica é o auge para qualquer esportista do planeta. Mas quanto suor, dedicação, guarra e repetição há por trás de cada conquista dessa? A série "Minha Medalha", do Esporte Espetacular e do ge, propôs que os próprios ícones olímpicos brasileiros recontassem suas trajetórias.

Maurren Maggi relembra ouro olímpico conquistado por um centímetro

Maurren Maggi relembra ouro olímpico conquistado por um centímetro

Depois de Cesar Cielo, a segunda personagem da série é ninguém menos que Maurren Maggi, a primeira mulher brasileira campeã olímpica no atletismo, que revive as frustrações que antecederam o momento de maior felicidade de sua carreira, o ouro no salto em distância em Pequim 2008.

Maurren Maggi comemora ouro em Pequim 2008 — Foto: Mark Dadswell / Getty Images

Depois de surgir para o grande público no Pan-Americano de Winnipeg 1999, no Canadá, Maurren se lesionou em plena prova nas Olimpíadas de Sydney 2000, mas continuou com bons resultados, até que veio o episódio de doping pouco antes do Pan de Santo Domingo, em 2003, quando foi encontrado um esteroide que aumenta a força muscular. A ex-atleta alegou que foi resultado da aplicação de uma pomada cicatrizante.

Depois de dois anos suspensa, Maurren deu a volta por cima e retornou já com medalha de ouro no Pan do Rio de Janeiro, em 2007. O embalo seguiu com vitórias em provas internacionais e atingiu o ápice em Pequim 2008, quando conquistou o primeiro lugar no pódio das Olimpíadas por apenas um centímetro - saltou 7,04 m contra 7,03 m da russa Tatyana Lebedeva.

Maurren Maggi no pódio em Pequim 2008 — Foto: Stu Forster / Getty Images

Leia abaixo o depoimento de Maurren Maggi, marcada para sempre na história do atletismo brasileiro como a primeira mulher a conquistar uma medalha de ouro olímpica no esporte:

Em 1996 eu fiquei de fora da Olimpíada de Atlanta por 1cm. Em 2000, eu estava com o melhor salto do mundo, era favorita e me machuquei dentro da competição. Em 2004, fiquei fora por causa do doping. E em 2008, na minha cabeça, ninguém me tirava aquela medalha, ela era minha.

Eu sabia que tinha que fazer o primeiro salto para assustar um monte de adversárias, porque tinham adversárias ali, que iam saltar facilmente sete metros. E eu só ia assustar algumas delas assim e mostrar confiança vibrando bastante.

E aí eu começo a bater palma para chamar todo mundo: "Bora, vai". É muito forte essa situação para mim porque você bate palma e a mão arde, bate na perna e o corpo irradia e transforma aquilo em energia, e acorda o corpo inteiro, a atmosfera começa a girar ao seu redor.

Maurren Maggi dando a volta olímpica — Foto: Stu Forster / Getty Images

No primeiro salto, eu sabia que eu estava tão bem, tão bem assim com a adrenalina no auge da minha vida, que eu poderia queimar o salto no meio da corrida, de tão rápida e forte que eu estava. Mas eu tenho uma técnica muito boa de salto e consegui segurar o salto e aproveitar todos os centímetros que eu pude. E foi sensacional.

O tempo inteiro passava todas as Olimpíadas que eu tinha perdido, como favorita, de não ter ido, de ter ficado para trás, de ter sido cortada praticamente... Ficava o tempo inteiro de costas.

O momento mais tenso para mim, sem dúvida nenhuma, foi quando eu estava me preparando para fazer o último salto. Na verdade eu estava meio que me preparando para comemorar, e aí a bonita da Lebedeva foi lá e saltou acima de 7m, aí o público vibrou. Eu não olhei pra ela, mas tinham umas cadeiras e entre o vão das cadeiras, eu vi o resultado, assim de rabo de olho, eu vi o resultado. Aí, fui pra galera.

Acho que as pessoas que eu queria… elas estavam ali. Eu acho que o melhor de tudo isso era saber que eu ia ouvir o hino nacional. E que o mundo inteiro ia ouvir a minha música preferida.

Maurren Maggi no pódio das Olimpíadas de Pequim — Foto: Stu Forster/Getty Images

Eu juntei, na verdade… Para 2008, eu juntei tudo que eu pude na minha vida em relação à vivência, a tudo que eu já perdi, tudo que eu já conquistei, os melhores saltos, a minha personalidade forte, minha família e, principalmente, a força da minha filha, né? De estar longe dela numa Olimpíada. Ela tinha 3 anos de idade e eu precisei ficar um tempo longe dela pra manter o foco e continuar no foco do objetivo que eu queria, que era a medalha olímpica, né? A de ouro. Nem uma outra servia na minha cabeça, nem uma outra servia. E a bagagem minha era grande, pra 2008, era muito grande.

Eu penso nisso todos os dias da minha vida. Eu perdi uma olimpíada por 1cm, não fui, o que seria uma experiência incrível, pra começar. E ganhei uma olimpíada depois por 1cm. É o mesmo sentimento. É a mesma coisa. Não mudou nada assim. É inacreditável, sabe? É inacreditável. Tudo que eu passei assim, tudo que eu já passei na minha vida… É a medalha de ouro. Para mim, é tudo.

Maurren Maggi beija o pódio das Olimpíadas de Pequim — Foto: Stu Forster / Getty Images

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