Japão termina Copa das Confederações com mais uma frustrante derrota
Copa das Confederações – 1ª fase – Japão 1×2 México
Mineirão, Belo Horizonte – Público: 52.690 [vídeo]
Gols: Chicharito (54′, 66′), Okazaki (86′)
Kagawa lamenta: três derrotas em três jogos / Getty Images
Derrotas para Brasil (3×0), Itália (4×3) e agora México (2×1) resumiram a campanha japonesa na Copa das Confederações 2013. Ofensivamente, o time foi nulo na primeira partida, excelente na segunda e fraco na terceira. Defensivamente, foi mal nas três. A defesa, sempre vista como o principal ponto fraco mas que pouco foi exigida nas Eliminatórias, mostrou não estar à altura das grandes seleções. Os lentos volantes sofreram com a velocidade dos adversários e não deram proteção suficiente à zaga. Os meias se destacaram, mas a falta de uma presença de área ainda afeta a produtividade deles. Enfim, são os mesmos problemas que já eram apontados antes mesmo de começar as Eliminatórias, em 2011, e que mais uma vez foram levantados quando a equipe de Zaccheroni deu sinais de estagnação nos últimos jogos. Afinal, o Japão evoluiu com o treinador italiano ou não?
A partida disputada no Mineirão não valia muito, pois japoneses e mexicanos já estavam eliminados. Ainda assim, ambos entraram em campo com algo próximo do que têm de melhor. Nos Samurais Azuis, três mudanças: Hosogai substituiu o suspenso Hasebe (Endo herdou a braçadeira de capitão) enquanto Kurihara e Hiroki Sakai entraram nas vagas dos poupados Yoshida e Uchida.
Na El Tri, José Manuel de la Torre mexeu em todas as posições. No gol, Ochoa finalmente teve uma chance de ser titular. Na defesa, o capitão Francisco Rodríguez deu lugar ao jovem Diego Reyes. O veterano Torrado passou a capitanear a equipe e formou a dupla de volantes com Zavala, que retornou ao time e mandou Salcido para o banco. Mais à frente, Flores perdeu a vaga para Giovani dos Santos, deslocado para a ponta direita. Jimenez entrou no ataque ao lado de Chicharito Hernandez, e a formação que vinha sendo um 4-4-1-1 passou a ser um 4-4-2 mais tradicional.
As formações iniciais: Japão no 4-2-3-1 e México no 4-4-2
O Japão começou melhor e mais organizado. Chegou até a balançar as redes num chute de Endo de fora da área que foi desviado por Okazaki de calcanhar, mas o lance foi anulado por impedimento. Será que estava mesmo? Tire sua própria conclusão. Porém, os nipônicos mostravam dificuldades na saída de bola e na marcação, o que contribuiu para que os mexicanos logo passassem a controlar mais a bola e criassem mais chances de perigo. A principal delas no primeiro tempo foi quando Guardado apareceu como elemento surpresa dentro da área, escorando de cabeça um cruzamento pelo lado esquerdo, sem marcação. Kurihara e Konno estavam ocupados marcando os dois atacantes e os volantes não acompanharam. Kawashima teve sorte e a bola carimbou a trave.
No início da segunda etapa, o camisa 1 não teve tanta sorte assim. Novamente num cruzamento pela esquerda, desta vez com Guardado, Chicharito se adiantou a Kurihara e chegou na bola antes de Kawashima: 1×0. Não demorou muito e saiu o segundo, de novo na bola aérea. E do novo com Chicharito, do alto de seus 1,75 m. O irônico é que um minuto antes de sofrer o segundo gol Zaccheroni tinha tirado o centroavante Maeda e colocado o zagueiro Yoshida. Isso mesmo, com o time perdendo por 1×0, ele tirou um atacante e colocou um defensor. Lá estava o 3-4-3 de volta.
65 minutos: Maeda deu lugar a Yoshida e o Japão passou a atuar no 3-4-3
O italiano já tinha feito a mesma mudança tática no decorrer da partida contra a Austrália. O resultado? Gol sofrido dois minutos depois. Desta vez o castigo demorou apenas um minuto para vir. Foi só mudar para o 3-4-3 e imediatamente o México fez 2×0. Foi a sexta vez que a formação com três zagueiros foi usada por Zaccheroni e em nenhuma delas deu certo. 13 minutos depois, mais uma mudança e o sistema voltou para o 4-2-3-1 quando Nagatomo sentiu o joelho e teve que ser substituído. Kengo Nakamura entrou em seu lugar, deslocando Konno para a lateral esquerda e fazendo a ligação com o ataque, onde Honda tentava suprir a ausência de um centroavante.
78 minutos: Com a entrada de Nakamura, o Japão volta para o 4-2-3-1
Nakamura entrou bem e o Japão finalmente parecia capaz de tentar algo na partida. Honda estava visivelmente desgastado e quase não apareceu no segundo tempo, mas Kagawa ainda queria jogo. E foi do camisa 10 o preciso lançamento que encontrou Endo do outro lado da área mexicana, nas costas da defesa. Com um toque de primeira, ele serviu Okazaki, que finalizou também de primeira, à queima-roupa, e venceu o arqueiro Ochoa. Uma boa jogada trabalhada, mas foi só. O Japão se despediu da Copa das Confederações sem nenhum ponto, disse até logo ao Brasil e deixou uma imagem mais ou menos positiva por causa do jogo contra a Itália, mas os pontos negativos foram maiores. Se não quiser dar vexame na Copa do Mundo, Zaccheroni terá que corrigir em um ano os problemas que ele não arrumou nos últimos dois.
Histórico dos confrontos
Em partidas oficiais, o Japão só venceu o México uma vez (3×2, amistoso disputado em Fukuoka em 1996) e sofreu a terceira derrota. As outras duas foram em um amistoso em Hong Kong (1×0, em 2000) e na Copa das Confederações de 2005 (2×1, em Hannover). Existem mais dois confrontos entre seleções consideradas principais na época mas que acabaram não entrando no registro de jogos oficiais: uma vitória japonesa nas Olimpíadas de 1968 (2×0 com dois gols de Kamamoto, partida que valeu a medalha de bronze para os nipônicos) e um triunfo mexicano em jogo-treino (2×1 em Lausanne, Suíça) antes da Copa de 1998.
Notas:
Kawashima – 7,0 - Inseguro em alguns lances, mas fez boas intervenções e ainda defendeu um pênalti, impedindo o hat-trick de Chicharito. Sem culpa nos gols sofridos.
Hiroki Sakai – 5,5 - Apesar de ser um lateral ofensivo, quase não apareceu no ataque e ainda não foi bem na marcação. O primeiro gol mexicano saiu de um cruzamento pelo seu lado.
Kurihara – 6,0 - Vinha fazendo uma partida segura até falhar no lance do primeiro gol, quando não acompanhou Chicharito.
Konno – 6,0 - Regular na zaga. Virou lateral esquerdo no fim do jogo e subiu bastante ao ataque, mas sem sucesso.
Nagatomo – 6,0 - Travou um bom duelo com Giovani dos Santos na marcação mas não foi muito efetivo no ataque. Saiu sentindo o joelho no segundo tempo.
Hosogai – 6,0 - Razoável na marcação mas com participação zero no ataque.
Endo – 6,0 - Sofreu na marcação e não evitou que Mier desviasse de cabeça na primeira trave no primeiro gol mexicano. No entanto, era o único com bom passe na saída de bola e deu a assistência para o gol de Okazaki.
Okazaki – 7,0 - Mais uma vez, o melhor japonês em campo. Seu esforço foi recompensado com um gol no final.
Honda – 4,5 - No primeiro tempo, deu uma furada feia e foi desarmado duas vezes, dando dois contra-ataques perigosos ao México. Arrastou-se em campo no segundo tempo.
Kagawa – 6,5 - Esforçou-se, mas produziu pouco. Iniciou a jogada do gol de honra do Japão.
Maeda – 6,0 - Participativo no ataque, foi melhor que nas últimas partidas (o que não era muito difícil), mas ainda está longe de ser a solução dos problemas da seleção para a posição de centroavante.
Uchida – 5,0 - Entrou no lugar de Sakai para reforçar a defesa mas acabou falhando na marcação de Chicharito no segundo gol mexicano e ainda cometeu um pênalti.
Yoshida – 5,5 - Entrou no lugar de Maeda para formar o terceiro zagueiro no 3-4-3 de Zaccheroni, mas a defesa não melhorou – sofreu o segundo gol um minuto depois que ele entrou em campo.
Kengo Nakamura – 6,5 - Jogou pouco mais de 15 minutos mas foi sua melhor apresentação pela seleção em muito tempo. O Japão melhorou com ele em campo.
Zaccheroni – 2,0 - Escalou o time sem muitas surpresas, no usual 4-2-3-1, mas colocou tudo a perder com péssimas alterações e a teimosia no 3-4-3 que nunca funcionou com o Japão. Admitiu o erro ao colocar Kengo e voltar para o 4-2-3-1, mas era tarde.
Classificação final do Grupo A
Pos. | País | Pontos | J | V | E | D | GP | GC | SG |
1º | Brasil | 9 | 3 | 3 | 0 | 0 | 9 | 2 | 7 |
2º | Itália | 6 | 3 | 2 | 0 | 1 | 8 | 8 | 0 |
3º | México | 3 | 3 | 1 | 0 | 2 | 3 | 5 | -2 |
4º | Japão | 0 | 3 | 0 | 0 | 3 | 4 | 9 | -5 |