Kakitani faz dois e Japão conquista em Seul a inédita Copa do Leste Asiático
Copa do Leste Asiático – 3ª rodada – Coreia do Sul 1×2 Japão
Estádio Olímpico Jamsil, Seoul, Coreia do Sul – Público: 47.258 [vídeo]
Gols: Kakitani (25′, 0×1), Yun Il-Lok (33′, 1×1), Kakitani (90′+1, 1×2)
O capitão Komano levanta a taça / Getty Images
Ele jogou apenas duas partidas, mas se destacou em ambas. Nos 183 minutos em que Yoichiro Kakitani ficou em campo, o Japão balançou as redes cinco vezes e o astro do Cerezo Osaka contribuiu com três gols e uma assistência. Ao fim da Copa do Leste Asiático e do título inédito dos Samurais Azuis, não há dúvidas que Kakitani é quem está mais perto de garantir um lugar na seleção principal para a Copa de 2014. Ele foi o artilheiro do mini-campeonato e autor do gol do título nos acréscimos da partida final contra a Coreia do Sul. Ainda assim, os organizadores escolheram Hotaru Yamaguchi como o melhor jogador da competição. Vai entender.
A seleção de Alberto Zaccheroni veio para a “decisão” contra os donos da casa exatamente com a mesma escalação dos 3×3 contra a China. Todos os onze titulares da segunda rodada ficaram de fora. E o goleiro do Vegalta Sendai, Takuto Hayashi, foi o único a não entrar em campo nenhuma vez. Hong Myung-Bo também escalou o mesmo time da primeira partida, com a diferença de que o goleiro Jung Sung-Ryong e o meia Yun Il-Lok foram titulares em todos os jogos.
Quem estava de olho neste último confronto do torneio era a China, que havia vencido a Austrália por 4×3 poucas horas antes e poderia sair com o título caso Japão x Coreia terminasse 0×0. Se o placar final fosse 1×1, a decisão seria no número de cartões amarelos, pois japoneses e chineses ficariam iguais em todos os critérios. Empate a partir de 2×2 daria o título aos nipônicos, que também levariam a taça com qualquer vitória. Já os anfitriões tinham uma missão mais difícil. Precisavam vencer por pelo menos dois gols de diferença – um triunfo por 1×0 ou 2×1 daria o bicampeonato à China.
A grande rivalidade e ressentimento que existe por parte dos coreanos com os japoneses foi manifestada com vaias para o hino nacional do Japão e até uma faixa na torcida local que dizia: “Não há futuro se você esquece o passado do seu país”. O Estádio Olímpico Jamsil recebeu o maior público do torneio e, assim como nos jogos anteriores, os donos da casa adotaram uma postura ofensiva e se impuseram em campo desde o início.
As formações iniciais: Coreia do Sul e Japão no 4-2-3-1
Apesar do domínio, o ataque adversário criava pouco perigo para a meta de Nishikawa. O Japão não conseguia contra-atacar, mas surpreendeu na primeira chance que teve. Morishige cortou um lançamento dentro da área nipônica, Aoyama ficou com a bola e imediatamente mandou um passe longo para o campo de ataque. Kakitani superou a linha de impedimento e saiu de frente com Sung-Ryong. Finalização no canto e 1×0 no placar.
O ataque sul-coreano sofria com a incapacidade de balançar as redes. Não faziam um golzinho desde a penúltima rodada das Eliminatórias, quando ganharam por 1×0 do Uzbequistão – e ainda foi um gol contra. Desta vez, o problema não era nem a conclusão, era a criação de jogadas em si que não fluía. Mas bastou um descuido na marcação, um chute bem colocado de fora da área de Yun Il-Lok e, depois de 348 minutos de seca, os Taeguk Warriors finalmente marcaram um gol. Uma conclusão sensacional do meio-campo do FC Seoul, mas um momento de brilho que não se repetiu no resto do jogo.
O 1×1 deixava o Japão empatado com a China em todos os critérios, mas os Samurais tinham a vantagem de ter menos cartões amarelos. Haraguchi, Aoyama e Makino foram advertidos nesta partida, o que significava que os nipônicos tinham um total acumulado de seis cartões, apenas um a menos que os chineses. Os últimos dez minutos de jogo tiveram um clima de tensão porque mais um amarelo levaria a decisão do campeão para o sorteio, e um gol sofrido daria o título para a China. No final, nada disso importou com a grande jogada que fez Haraguchi nos acréscimos e o gol marcado por Kakitani no rebote.
O que cada país leva de volta para casa?
Japão - Tem na J-League ótimas opções para o ataque. Kakitani provou que é convocação obrigatória. Osako, Saito, Toyoda, Kudo, Yamada e Takahagi tiveram bons momentos. Yamaguchi também pode ganhar chances. A defesa, por outro lado, foi ruim, com exceção dos goleiros.
Coreia do Sul - Foi superior nos três jogos e não ganhou nenhum. O ataque mostrou não estar à altura dos titulares que jogam na Europa. A defesa quase não foi testada e sofreu dois gols em contra-ataques. Destaque para Yun Il-Lok e também para Kim Jin-Su, lateral do Albirex Niigata.
China - Definitivamente evoluiu desde os decepcionantes resultados da era Camacho. O atacante Sun Ke fez um grande torneio. Yu Dabaio e Wu Lei também tiveram boas atuações.
Austrália - Decepcionante. Conseguiu apenas um ponto e no jogo em que foi pior. O goleiro Galekovic se destacou.
Notas:
Nishikawa – 6,0 - Não teve que fazer defesas difíceis. Saiu bem do gol em quase todos os cruzamentos na área japonesa, mas falhou nos acréscimos do segundo tempo e quase sofreu o segundo gol.
Komano – 6,0 - Não contribuiu com o ataque mas foi decente na marcação. Jogou o primeiro tempo na lateral direita e o segundo na esquerda.
Kurihara – 6,5 - Muito mais seguro que na primeira partida, não perdeu nenhuma disputa pelo alto.
Morishige – 6,5 - Ganhou a maioria das divididas e marcou bem.
Makino – 6,5 - Desta vez fez um bom trabalho na marcação. Não subiu muito ao ataque e, lesionado, foi substituído no início do segundo tempo.
Yamaguchi – 6,0 - Deu espaço para Yun Il-Rok chutar de fora da área no gol coreano, mas no resto da partida foi bem na marcação.
Aoyama – 6,5 - Fez o lançamento para o primeiro gol de Kakitani no único grande momento do Japão no primeiro tempo.
Kudo – 6,0 - Ficou mais recuado e sacrificou-se na marcação ao acompanhar as subidas de Kim Jin-Su.
Takahagi – 5,5 - Apagado no primeiro tempo. Um pouco melhor no segundo, mas ainda assim abaixo da média.
Haraguchi – 6,5 - Não se destacou nos 90 minutos, mas foi dele a jogada que resultou no gol do título nos acréscimos.
Kakitani – 7,0 - Fez dois gols e decidiu o título para o Japão.
Tokunaga – 6,0 - Entrou no lugar de Makino mas jogou na lateral direita, invertendo o lado de Komano. Não ajudou o ataque mas também não comprometeu na defesa.
Yamada – 6,0 - Substituiu Kudo e foi discreto.
Toyoda – 6,5 - Entrou no finalzinho e teria ficado sem nota não fosse um lance em que salvou um gol certo em cima da linha após falha de Nishikawa.
Zaccheroni – 6,5 - Escalou exatamente o mesmo time da primeira partida. A defesa esteve mais segura, mas muito mais por deméritos dos sul-coreanos. Apostou em Kakitani para o ataque e foi recompensado com o título do torneio.
Pos. | País | Pontos | J | V | E | D | GP | GC | SG |
1º | Japão | 7 | 3 | 2 | 1 | 0 | 8 | 6 | 2 |
2º | China | 5 | 3 | 1 | 2 | 0 | 7 | 6 | 1 |
3º | Coreia do Sul | 2 | 3 | 0 | 2 | 1 | 1 | 2 | -1 |
4º | Austrália | 1 | 3 | 0 | 1 | 2 | 5 | 7 | -2 |