Preparado para a Copa? Ressurgente Japão derrota a Bélgica em Bruxelas

ter, 19/11/13
por Tiago Bontempo |

Amistoso – Bélgica 2×3 Japão
Estádio Rei Baidouin, Bruxelas [vídeo]
Gols: Mirallas (15′, 1×0), Kakitani (37′, 1×1), Honda (53′, 1×2), Okazaki (63′, 1×3), Alderweireld (79′, 2×3)

Os “loiros” Honda e Kakitani foram o destaque da vitória japonesa / Foto: Reprodução

O navio estava afundando. O Japão vivia seu pior momento nos últimos três anos e meio e não parecia capaz de conseguir algo nos amistosos contra Holanda e Bélgica na Europa. Mas as coisas mudam rápido no futebol. O capitão Zaccheroni enfim deixou de lado a relutância em mexer no time e guiou a nau japonesa para fora da tempestade. Se a partida contra os holandeses já tinha sido a melhor dos Samurais Azuis em 2013 mesmo com um empate, o que dizer de um triunfo contra um cabeça de chave da Copa do Mundo na casa deles? Definitivamente foi uma guinada de rumo que fez os nipônicos encontrarem novos horizontes e se encherem de confiança para o maior desafio que essa geração encontrará pela frente, no Brasil ano que vem. É claro, sempre com um pé atrás pela evidente e irreparável fraqueza do sistema defensivo.

Zaccheroni fez seis mudanças no time que começou o jogo. Na defesa, Kawashima voltou para o gol, Morishige ganhou uma chance ao lado de Yoshida na zaga e os dois Sakais foram testados nas laterais – Hiroki na direita e Gotoku na esquerda. A dupla de volantes, Yamaguchi e Hasebe, foi mantida. No ataque, Kagawa retornou ao time titular em sua usual posição na meia esquerda, compondo o trio de armadores com Honda, pelo centro, e Kiyotake, pela direita. Kakitani voltou a ter uma oportunidade como centroavante.

A Bélgica vinha com uma certa pressão por ter perdido o amistoso anterior, também em casa, para a Colômbia, por 2×0. O técnico Marc Wilmots mudou cinco titulares: saíram Meunier, Defour, Fellaini, De Bruyne e o lesionado Benteke. Van Buyten, Dembéle, Mirallas, Mertens e Lukaku saíram jogando desde o início. Alderweireld foi deslocado da zaga para a lateral direita e Hazard, que foi meia esquerda contra a Colômbia, desta vez atuou centralizado.

As formações iniciais: ambos no 4-2-3-1

Os primeiros minutos de bola rolando repetiram o roteiro do jogo contra a Holanda. O Japão começou com o pé no acelerador e tinha mais volume de jogo, mas levou o gol na primeira chegada com perigo do adversário. E em uma lambança da defesa, desta vez com três erros grosseiros. Primeiro com Yoshida, totalmente batido por Lukaku na corrida. Depois com a saída de gol desnecessária de Kawashima, que ficou no vácuo. Por fim, Gotoku Sakai estava bem posicionado na frente do gol vazio para afastar o perigo mas dormiu no ponto e foi antecipado por Mirallas.

O Japão era ligeiramente melhor e tocava bem a bola, mas chegou ao empate só a poucos minutos do intervalo e de forma inesperada: com um cruzamento e gol de cabeça. Pela direita, Hiroki Sakai centrou e Kakitani, na pequena área, escorou para as redes de Mignolet: 1×1. Hasebe quase virou ainda no primeiro tempo, com uma bomba de fora da área que o arqueiro belga mandou para escanteio em grande intervenção.

Os Samurais voltaram para a segunda etapa com Endo e Okazaki nas vagas de Yamaguchi e Kiyotake e mantiveram a postura ofensiva. O gol da virada não demorou e veio em uma bela troca de passes envolvendo quatro jogadores. Endo encontrou espaço perto da área, recebeu de Gotoku Sakai e fez um passe lateral para o centro. Kagawa executou o corta-luz e a bola chegou em Honda, com tempo para dominar e fuzilar: 2×1.

O ritmo não diminuiu e, enquanto a Bélgica ainda pensava no que fazer, os japoneses ampliaram em outra troca de passes: Kakitani recebeu de Hasebe na área e, de primeira, deixou Okazaki na cara do gol, que definiu também de primeira. Festa japonesa e vaias da torcida local em Bruxelas. Até aí os nipônicos mandavam no jogo, mas recuaram assim que anotaram o terceiro e o panorama mudou. Os donos da casa finalmente acordaram e por meia hora testaram a defesa asiática, que demonstrou insegurança e nervosismo em alguns momentos.

Apesar do bom trabalho de Honda em prender a bola e cadenciar o jogo, praticamente não havia mais contra-ataques. Só um time jogava. Uma falha coletiva em jogada de escanteio permitiu ao zagueiro Alderweireld cabecear sozinho e diminuir a 11 minutos do fim. Zaccheroni colocou Hosogai e Konno nos lugares de Kagawa e Gotoku Sakai para reforçar a retaguarda. Apesar de vários sustos e longos quatro minutos de acréscimo, os Samurais enfim puderam comemorar uma merecida vitória.

Histórico de confrontos: 4J, 2V, 2E, 0D, 9GP, 4GC
O Japão nunca perdeu para a Bélgica. No primeiro duelo, em 1999, empate por 0×0 em amistoso. Em 2002, empate por 2002 na Copa do Mundo. Em 2009, goleada por 4×0 na Copa Kirin. Agora, no primeiro duelo entre os países fora do Japão, os nipônicos venceram novamente. Okazaki é o artilheiro do confronto, com dois gols.

Notas
Kawashima – 5,0 - Falhou feio no primeiro gol ao sair de sua meta e errar o tempo de bola. Cada vez mais, sua titularidade é ameaçada por Nishikawa.
Hiroki Sakai – 7,0 - Foi bem na defesa e ótimo no apoio. Cruzou para o primeiro gol japonês, marcado por Kakitani.
Morishige – 6,0 - Ia bem até quase entregar o jogo no 88º minuto com um passe errado que iniciou contra-ataque belga. Ainda foi driblado no mesmo lance.
Yoshida – 6,0 - Sua lentidão comprometeu no primeiro gol sofrido, quando perdeu na corrida para Lukaku. No entanto, compensou com vários desarmes e um chute bloqueado quase em cima da linha, quando a bola já tinha passado por Kawashima.
Gotoku Sakai – 6,0 - Com ótima participação ofensiva, colaborou no segundo gol nipônico. Mas deixou a desejar na defesa. Bobeou de forma incrível no primeiro gol sofrido ao “esquecer” de marcar Mirallas.
Hasebe – 6,0 - Não foi perfeito na marcação mas apareceu bem no ataque, com um chute muito perigoso de fora da área no fim do primeiro tempo e ao iniciar a jogada do gol de Okazaki.
Yamaguchi – 6,0 - Teve dificuldades na marcação e subiu pouco ao ataque, mas ficou na média.
Kiyotake – 5,5 - Pouco produtivo no primeiro tempo, foi substituído no intervalo.
Honda – 7,5 - Melhor japonês em campo. Fez gol, deu bons passes, fez desarmes, levou perigo em cobranças de falta e ainda prendeu bem a bola quando o Japão vencia no segundo tempo.
Kagawa – 6,5 - Começou perdendo demais a bola mas estava sempre participativo e buscando jogo, além de fazer um bom trabalho no marcação. Por pouco não deixou o dele – acertou a trave.
Kakitani – 7,0 - Finalmente fez uma grande partida como centroavante na seleção. Desta vez ele não perdeu a chance que teve e fez de cabeça o primeiro gol japonês na partida. Ainda deu assistência para o terceiro em um belo passe de primeira que deixou Okazaki na cara do gol. Se Osako praticamente garantiu a vaga na Copa na partida anterior, Kakitani fez o mesmo hoje.
Endo – 6,5 - Entrando no segundo tempo, com o adversário mais cansado, ele mostrou que rende mais. Destacou-se com bons passes e assistência para o gol de Honda.
Okazaki – 6,5 - Entrou no intervalo na vaga de Kiyotake, reforçou a marcação e ainda marcou seu 36º gol pela seleção – mais dois e ele empata com Hiromi Hara com o terceiro maior artilheiro dos Samurais Azuis.
Osako – 6,0 - Entrou em campo com o placar em 3×1 e não teve muito o que fazer.
Hosogai – 6,0 - Jogou os últimos dez minutos e não comprometeu.
Konno – 6,0 - Entrou ao 40 do segundo tempo como lateral esquerdo, para reforçar a marcação, e fez bem seu papel.
Zaccheroni – 7,0 - Fez bem em promover mudanças na escalação e testar mais opções. Colocou o time de volta nos trilhos. Mas ainda deve estar quebrando a cabeça com os problemas sem solução da defesa.

Japão reencontra bom futebol e sufoca Holanda em amistoso, mas fica no empate

sáb, 16/11/13
por Tiago Bontempo |

Amistoso – Holanda 2×2 Japão
Cristal Arena, Genk, Bélgica – Público: 13.616 [vídeo 1] [vídeo 2] [vídeo 3]
Gols: Van der Vaart (12′, 1×0), Robben (37′, 2×0), Osako (44′, 2×1), Honda (60′, 2×2)

Osako fez gol e deu assistência – problema do ataque resolvido? / Foto: Sanspo

Uniforme novo, futebol renovado? Foi o melhor jogo da seleção japonesa no ano. Um 2013 que não tem sido nada bom para os Samurais Azuis – apesar de ter sido o primeiro país a se classificar para a Copa do Mundo via Eliminatórias e da inédita conquista na Copa do Leste Asiático, resultados ruins acumulavam-se: eram oito derrotas em 17 jogos no ano. Mais uma e o pior recorde da história seria igualado: em 1978 e 1981, o Japão perdeu nove vezes. Zaccheroni deixou de ser unanimidade e era bombardeado com críticas pela relutância em fazer mudanças no time, por não convocar jogadores que se destacavam na J-League e por não consertar os pontos fracos da seleção. Os dois últimos compromissos do ano, partidas na Bélgica primeiro contra a Holanda (oitavo no Ranking da Fifa) e depois contra os belgas (em quinto lugar), não pareciam ser a melhor oportunidade para reverter a situação. Duas derrotas por larga margem poderiam custar o emprego do treinador italiano.

O amistoso de hoje foi realizado em campo neutro, mas os holandeses estavam a poucas horas de casa (Genk fica a 160 quilômetros de Amsterdã e a 90 de Eindhoven). Entretanto, a torcida japonesa parecia ser maioria no estádio do Racing Genk e não deixou de pressionar Zaccheroni, com faixas que criticavam a preparação para a Copa do Mundo e pediam a convocação de Okubo (Kawasaki Frontale), o artilheiro da J-League, e do vice-artilheiro Kawamata (Albirex Niigata), o atacante com a melhor porcentagem de gols por finalização. O cargo do italiano nunca esteve tão ameaçado, mas a última convocação, embora não tenha agradado a todos, trouxe sinais de melhora.

Duas novidades deram uma nova dimensão à equipe: Osako e Yamaguchi. O primeiro mostrou que não é só um bom jogador, pode ser bem mais que isso. Tem faro de gol – teve apenas uma chance para marcar e finalizou de primeira, sem parar para pensar, como se espera de um goleador. O segundo deixou mais dinâmico o meio-campo dos Samurais, encaixou perfeitamente no esquema e jogou como se fosse um veterano da seleção. Desde já merecem ser titulares. Não é porque (ainda) atuam na liga japonesa que devem ser convocados de vez em quando apenas para ficar assistindo aos jogos do banco.

Zaccheroni treinou o 3-4-3 mas escalou o time no 4-2-3-1; Holanda de Van Gaal atuou no usual 4-3-3

Boas opções para os principais problemas do Japão (centroavante e volante) foram encontradas, mas talvez o maior deles não tenha como ser resolvido: a defesa. Mas sejamos justos. Se não há ninguém melhor que Yoshida e Konno para a zaga, eles não comprometeram em nenhum momento hoje. O Japão começou o jogo de forma vibrante, acuando a Holanda em seu campo de defesa; perdeu algumas boas oportunidades nos chutes errados de Yamaguchi e Okazaki e, de forma típica, sofreu o gol no primeiro chute adversário, após falha defensiva. Uchida errou totalmente um recuo de cabeça e entregou de bandeja para Van der Vaart, que só deu um toquinho por cima de Nishikawa: 1×0. O jogo ficou equilibrado a partir daí e os holandeses ampliaram em um momento de brilho das suas estrelas. Com categoria, Van der Vaart fez uma rápida inversão de jogo e Robben, pelo flanco direito, fez a sua jogada já manjada mas que parece sempre dar certo. Cortou para dentro e tirou de uma só vez a (frouxa) marcação de Nagatomo e Hasebe. Chute cruzado de perna esquerda, no alto, fora do alcance de Nishikawa e 2×0 no placar.

Deu tempo dos asiáticos diminuírem antes do intervalo, graças ao esforço de Hasebe, que driblou Nigel de Jong, carregou a bola até a frente da área e serviu Osako, que concluiu de primeira, rasteiro e no canto de Cillessen. O gol deixou o Japão motivado para voltar com tudo no segundo tempo, com Kagawa e Endo em campo nas vagas de Kiyotake e Hasebe. Só que desta vez a pressão não foi só nos minutos iniciais – só deu Japão nos 45 minutos restantes.

Primeiro Honda deixou Kagawa na cara do gol, mas ele foi desarmado antes da conclusão. Depois Honda chutou de longe e acertou o travessão, bem na forquilha da trave. No 15º minuto aconteceu uma verdadeira pintura, um gol que merece ser visto e revisto no mundo inteiro. Começou no lançamento de Endo no campo de defesa, então veio a sequência de passes: de Uchida para Okazaki, para Honda, de volta para Uchida, para Osako, mais uma vez para Honda e do camisa 4 para o gol. Futebol coletivo executado com perfeição.

A virada quase saiu em duas grandes jogadas de Kagawa. Em uma ele puxou contra-ataque e chutou cruzado da entrada da área: Cillessen fez grande defesa e mandou para escanteio. Em outra, o camisa 10 deixou Kakitani (que havia entrado no lugar de Osako) livre na frente do gol mas o chute foi para fora, tirando tinta da trave. Conforme o final da partida se aproximava, a torcida japonesa se inflamou e o coro de “Vamo Nippon” ficou ainda mais forte nos últimos minutos, mas a Laranja Mecânica se segurou.

Para alguns veículos da mídia, foi o Japão que “arrancou um empate” e não a Holanda que segurou um empate. Há uma grande diferença aí. A Holanda pode até não ter jogado com o time completo, desfalcada de Van Persie (lesionado) e Sneijder (poupado), além do zagueiro Martins Indi que seria titular mas machucou-se na última hora, mas quem assistiu ao jogo viu como os japoneses foram melhores – isso até a mídia holandesa admitiu.

Os japoneses jogaram com espírito de Copa do Mundo, um atuação que lembrou o jogo contra a Itália pela Copa das Confederações. É claro que de uma hora para outra o time não virou favorito a vencer a Bélgica no próximo amistoso (terça-feira, às 18h). Uma derrota seria totalmente normal. Mas Zaccheroni encontrou duas peças que faltavam no quebra-cabeças e, mais importante, a equipe jogou motivada e explorando ao máximo suas virtudes. Resta ver se serão capazes de manter o nível, e se existe alguma fórmula mágica para a defesa não comprometer – coisa que parece impossível.

Histórico de confrontos: 3J, 0V, 1E, 2D, 2GP, 6GC
Na primeira vez em que Japão e Holanda se enfrentaram, em 2009, a situação era idêntica: amistoso com os dois países já classificados para a Copa. Vitória holandesa por 3×0. No Mundial da África do Sul eles se encontraram novamente, na fase de grupos, e os europeus triunfaram de novo, por 1×0. O gol de Osako foi o primeiro da história dos Samurais contra a Laranja Mecânica.

Notas:
Nishikawa – 6,0 - Apenas por opção de Zaccheroni, foi titular no lugar de Kawashima. Não teve culpa nos gols sofridos. Trabalhou pouco e foram só dois chutes onde realmente precisou se esforçar, mas em um deles deu um susto ao não segurar a bola de primeira.
Uchida – 6,0 - Falhou de forma bisonha ao tentar um recuo de cabeça que se tornou uma assistência para Van der Vaart. Redimiu-se com uma boa participação ofensiva e grande contribuição no segundo gol nipônico.
Yoshida – 6,0 - Teve pouco trabalho e não comprometeu.
Konno – 6,5 - Jogou com inteligência e estava sempre bem posicionado.
Nagatomo – 6,0 - Começou apoiando bastante e levou muito perigo nos cruzamentos. Falhou no gol de Robben ao deixar espaço para a tradicional jogada do holandês.
Hasebe – 6,5 - Foi bem na marcação, apesar de ter falhado justamente no lance do segundo gol sofrido, ao cair no drible de Robben. Criou a jogada do primeiro gol japonês.
Yamaguchi – 6,5 - Não sentiu o peso de ser titular e merece ter mais chances. O meio-campo dos Samurais pareceu melhor com Yamaguchi e mais um (Hasebe no primeiro tempo e Endo no segundo) do que com Endo e Hasebe juntos.
Okazaki – 6,0 - Ofensivamente não foi bem; perdeu uma grande chance no início do jogo e foi desarmado em várias oportunidades. Compensou pela atuação defensiva; foi muito esforçado na marcação e parou vários ataques adversários. Teve um momento de destaque ao participar da sequência de passes no segundo gol.
Honda – 7,5 - Apagado no primeiro tempo mas brilhante no segundo. Deixou companheiros na cara do gol, chutou bola na trave e guardou o seu no melhor lance da partida.
Kiyotake – 6,0 - Começou bem pelo lado esquerdo do ataque mas aos poucos foi sumindo do jogo. Substituído no intervalo por Kagawa.
Osako – 7,5 - A solução para o ataque japonês? Osako aproveitou da melhor forma possível a chance que teve. Um chute e um gol, além de uma assistência.
Kagawa – 7,0 - Jogou só os 45 minutos finais (no lugar de Kiyotake) mas fez muito mais que nos últimos 180 minutos pela seleção. Perdeu uma grande chance quando Honda o deixou na cara do gol, mas no restante do segundo tempo puxou contra-ataques, deu dribles e deixou Kakitani em condições de fazer o gol da virada. Uma grande atuação para voltar a ganhar confiança.
Endo – 6,5 - Marcou bem e mostrou classe e precisão nos lançamentos.
Kakitani – 5,0 - Entrou no lugar de Osako e teve a grande chance de fazer o gol da virada, frente a frente com Cillessen, mas chutou para fora.
Gotoku Sakai – 6,0 - Jogou na lateral esquerda e manteve o time ofensivo até o final.
Hiroki Sakai – 6,0 - Entrou na lateral direita a 12 minutos do fim e, assim como Gotoku, manteve o padrão.
Zaccheroni – 7,0 - Com a corda no pescoço, fez o time voltar a jogar bem. Testou opções no time titular e a maioria das mudanças foram positivas. Mas a defesa ainda não mostra segurança.

Novo uniforme do Japão é apresentado

dom, 10/11/13
por Tiago Bontempo |

Agora é oficial: o novo uniforme dos Samurais Azuis, que será usado na Copa do Mundo, foi anunciado pela Adidas. O design é o mesmo que já circulava pela internet em imagens que vazaram. Com um tom de azul mais claro que o traje anterior e detalhes em vermelho, chamam a atenção os raios saindo do escudo da JFA na frente da camisa. Uma referência que pode pegar muito mal com os vizinhos China e Coreia do Sul, pois a bandeira do sol nascente era o símbolo do Império Japonês na época em que esses países foram invadidos antes da Segunda Guerra Mundial e gera ressentimento até hoje.

A estreia do novo uniforme será neste sábado (16/11), em amistoso contra a Holanda na cidade de Genk, na Bélgica.

Uchida e Kagawa apresentam o novo uniforme

 

O uniforme de goleiro (correção: não é o reserva!)

A versão da seleção feminina, com estrela e patch de campeãs do mundo e detalhes em rosa

Com derrota em Belarus, Japão chega ao fundo do poço na Era Zaccheroni

ter, 15/10/13
por Tiago Bontempo |

Amistoso – Belarus 1×0 Japão
Estádio Torpedo, Zhodino, Belarus [vídeo]
Gol: Yan Tigorev (44′)

Honda: único a se destacar em um time fora de foco / Foto: Sanspo

O time que entrou em campo foi exatamente o mesmo da derrota para a Sérvia no último amistoso. O futebol xoxo e sem inspiração também foi o mesmo, ou até pior – esta é uma séria candidata a pior partida de toda a Era Zaccheroni. O Japão nem começou tão mal. Chegou com perigo três vezes nos primeiros 12 minutos, com um chute para fora de Kagawa, uma finalização de Okazaki que o goleiro mandou para escanteio e um erro na saída de bola que deixou Kakitani na cara do gol; o arqueiro belarrusso defendeu. Mas foi só.

Os nipônicos tinham mais posse de bola, mas pararam de criar chances e deixaram o adversário equilibrar a partida. Tirando alguns eventuais cruzamentos de Honda que levaram certo perigo e algumas bolas enfiadas pelo camisa 4 que não chegaram ao destino por pouco, o ataque japonês não produziu mais nada. Belarus tentava ir para cima mas esbarrava em erros técnicos, como o escorregão que sofreu Kornilenko quando foi dominar a bola dentro da área e furadas na hora de chutar na meta de Kawashima. O volante Tigorev, no entanto, acertou no fim do primeiro tempo um chutaço de fora da área que redimiu todos os erros dos companheiros. No ângulo de Kawashima.

As formações iniciais: Japão e Belarus no 4-2-3-1

Belarus (que já estava jogando com metade do time RESERVA) voltou do intervalo com quatro alterações, enquanto o Japão não mudou. Porém, Zaccheroni decidiu mexer passados apenas cinco minutos. Saiu o apagado Kakitani e entrou Morishige. Isso mesmo, saiu um atacante e entrou um zagueiro. Com o time perdendo e apenas tocando a bola sem objetividade, sem variar as jogadas, o treinador italiano mudou a formação para o 3-4-3 que já foi testado e reprovado inúmeras vezes.

O panorama da partida não mudou. Se Belarus pouco fez no ataque durante os 90 minutos (a defesa japonesa, com exceção dos laterais esquerdos, não teve um desempenho ruim), o sistema defensivo dos europeus foi impecável e não deu a menor chance aos asiáticos. A cinco minutos do fim, a última cartada de Zaccheroni foi tirar o lateral/ala Uchida e tentar a sorte no jogo aéreo com o grandalhão Havenaar, fazendo o sistema voltar para o 4-2-3-1. Não deu certo.

O Japão no 3-4-3 após a entrada de Morishige no lugar de Kakitani

Se fizermos um gráfico com o desempenho da seleção japonesa desde a Copa de 2010, este é sem dúvida o ponto mais baixo já atingido. Zaccheroni havia começado muito bem, ganhando da Argentina na sua estreia em 2010 e conquistado a Copa da Ásia em janeiro de 2011. A primeira derrota veio só em novembro, para a Coreia do Norte, quando a classificação para a fase seguinte das Eliminatórias já estava garantida. Em 2012, perdeu apenas duas vezes: para o Uzbequistão (apesar de ter sido o time reserva uzbeque, também era uma situação onde a classificação para a fase seguinte das Eliminatórias já estava assegurada) e os 4×0 diante do Brasil. Só em 2013 que a coisa desandou.

Em 17 jogos este ano, foram sete vitórias, dois empates e oito derrotas. Se tirarmos da conta a Copa do Leste Asiático em que foi usado um time B, temos o seguinte: um empate contra a Austrália; vitórias contra Letônia, Canadá, Iraque, Guatemala e Gana – os africanos seriam os únicos do nível do Japão, mas jogaram com os reservas; e derrotas para Jordânia, Bulgária, Brasil, Itália, México, Uruguai, Sérvia e Belarus. O revés sofrido hoje foi contra o adversário pior colocado no Ranking da Fifa (80º) entre os que ganharam do Japão (42º) este ano. Belarus, que ficou em último lugar no seu grupo nas Eliminatórias, até deu trabalho para França e Espanha, mas jogou hoje com metade do time reserva, enquanto os nipônicos estavam com todos os titulares.

É uma situação que lembra muito a de 2010, quando o Japão perdeu quatro amistosos seguidos antes da estreia na Copa do Mundo e o técnico Takeshi Okada esteve prestes a entregar o cargo. Zaccheroni pode não estar tão ameaçado quanto Okada esteve na época, mas as coisas podem piorar. Apesar do “fundo do poço” no título deste post, ainda é possível chegar mais fundo. Ainda mais se os próximos amistosos são contra Holanda (16/11) e Bélgica (ainda não confirmado).

Histórico de confrontos: Esta foi a primeira vez que os dois países se enfrentaram.

Notas
Kawashima – 6,0 - Pegou o que era defensável. Sem chance no gol sofrido.
Uchida – 6,0 - Foi bem na defesa, mas apoiou pouco.
Yoshida – 6,0 - Ainda inseguro em alguns momentos, mas marcou bem.
Konno – 6,0 - Não comprometeu.
Nagatomo – 5,0 - Mais uma vez foi mal e pouco contribuiu no ataque e na defesa.
Hasebe – 5,5 - Pressionou o adversário no lance em que Kakitani ficou na cara do gol, mas no geral teve atuação apagada.
Endo – 5,5 - Pouco útil no ataque. Na defesa, quase comprometeu com um passe errado que resultou numa falta perigosa para Belarus.
Okazaki – 5,5 - Pelo menos tentou um chute a gol, mas perdeu a bola demais. Pouco produtivo.
Honda – 6,5 - O melhor japonês em campo (ou o único que parecia com vontade de jogar a sério), criou alguns lances de perigo.
Kagawa – 5,0 - Mais uma partida ruim. Já está merecendo ficar no banco.
Kakitani – 5,0 - Perdeu um gol na cara do goleiro. Ficou apagado no resto do jogo e foi substituído no início do segundo tempo.
Morishige – 6,0 - Entrou no lugar de Kakitani e o Japão mudou para o 3-4-3. Levou perigo pelo ar nas subidas ao ataque.
Gotoku Sakai – 5,5 - Substituiu Nagatomo mas não foi muito melhor.
Yamaguchi – 6,0 - Seguro na marcação, mas não apareceu muito no ataque.
Havenaar – Sem nota - Entrou nos últimos cinco minutos para tentar algo no jogo aéreo. Não teve uma chance de finalizar.
Zaccheroni – 4,0 - Escalou força máxima mas o time se arrastava em campo. Mudou para o 3-4-3 no segundo tempo, sem resultado. Voltou para o 4-2-3-1 nos últimos cinco minutos e, de novo, não adiantou. Está sem ideias para fazer o time funcionar e novamente insistiu em uma formação que não dá certo no Japão.

* A palavra Bielorrússia não é mais usada (ou não deveria ser) desde a separação da União Soviética e oficialmente o país se chama Belarus. Na língua portuguesa, o único gentílico reconhecido é “bielorrusso”, mas por estar defasado e fazer referência ao nome antigo do país, usamos aqui o termo “belarrusso”.
** Existem duas formas de escrever os nomes das pessoas de Belarus: uma na língua belarrussa e outra em russo. Utilizamos aqui a versão em russo, que é um pouco mais fácil de ler mas principalmente porque é a forma adotada pela Fifa.

Sérvia vence o Japão em jogo de poucas chances e despedida de Dejan Stankovic

sex, 11/10/13
por Tiago Bontempo |

Amistoso – Sérvia 2×0 Japão
Estádio Karadjordje, Novi Sad, Sérvia [vídeo]
Gols: Tadic (59′), Jojic (90′)

Kakitani: anulado pela defesa sérvia / Foto: Nikkan Sports

Começou mal a série de amistosos na Europa que encerrará o ano da seleção japonesa. Na cidade de Novi Sad, a segunda maior da Sérvia, os anfitriões se deram melhor em um amistoso de pouquíssimas jogadas de perigo para os dois lados. Nas duas únicas chances reais que os sérvios criaram no segundo tempo, saíram os dois gols da partida. Os japoneses também tiveram duas boas oportunidades de marcar durante os 90 minutos, mas desperdiçaram.

O clima era de festa para os donos da casa. O meia Dejan Stankovic, aos 35 anos, fez sua despedida oficial dos gramados. O ex-companheiro de Nagatomo na Inter de Milão tem o recorde de partidas pelo seu país. Era 102, mesmo número do ex-atacante Savo Milosevic; com os dez minutos que atuou, completou 103 e ficou com o recorde exclusivamente para si. Todos os jogadores da Sérvia entraram em campo com uma camisa com o número 103 e várias homenagens foram feitas a Stankovic. Após os primeiros dez minutos de bola rolando, a partida foi interrompida e os atletas das duas seleções se enfileiraram para se despedir de “Deki”.

Stankovic ganhou uma camisa do Japão de presente de Zaccheroni,
com quem já trabalhou na Inter e na Lazio. Foto: Nikkan Sports

Os dois times não vivem seus melhores momentos. O Japão de Zaccheroni (42º no Ranking da Fifa) está cercado de incertezas, enquanto na Sérvia (43ª) a única certeza é que eles já estão fora da Copa do Mundo. A federação parece apoiar o trabalho do treinador Sinisa Mihajlovic, mas seu contrato acaba no fim do ano e a torcida não está satisfeita com os resultados recentes. Nas Eliminatórias, estão em terceiro no grupo liderado pela Bélgica e que tem a Croácia em segundo, restando apenas um jogo contra a Macedônia só para cumprir tabela.

Taticamente, os dois vieram no usual 4-2-3-1. O Japão com todos os titulares (Kakitani definitivamente ganhou a posição na frente) e a Sérvia com a maior parte deles – o grande desfalque é o zagueiro Neven Subotic, que resolveu tirar “férias” da seleção até o ano que vem. Ivanovic foi para a zaga e abriu espaço para Rukavina na lateral direita. Na outra lateral, Kolarov ficou no banco e Tomovic começou jogando.

As formações iniciais: Sérvia e Japão no 4-2-3-1

No início a Sérvia envolveu o Japão, mas não criou perigo. De tanto tocar a bola para o campo de defesa, a torcida local até ensaiou algumas vaias de vez em quando. A linha de defesa se mostrava segura quando exigida, mas do meio para frente faltava criatividade, tanto que as únicas chances que a sérvia teve na primeira etapa vieram de erros nipônicos. Primeiro quando Kagawa perdeu a bola no campo de defesa, mas a finalização passou à esquerda da meta de Kawashima. Depois quando Yoshida tentou cortar um cruzamento ou recuar para o goleiro mas só conseguiu deixar a bola nos pés do adversário, que entrou livre pelo lado da grande área; com Kawashima fechando o ângulo, a jogada foi invertida para a segunda trave e o primeiro gol poderia ter saído não fosse por Uchida, que bloqueou o chute.

Aos poucos os Samurais passaram a tocar melhor a bola e ocupar mais o campo de ataque. O grande momento foi em uma rápida troca de passes de Honda para Hasebe, que de primeira deixou Kagawa na cara do gol. Stojkovic defendeu. No segundo tempo, o padrão se repetiu: japoneses com mais posse de bola mas sem criar muito. Até que, após jogada individual de Dusan Basta, que driblou Nagatomo e serviu seu xará, Dusan Tadic, dentro da área, saiu o primeiro gol. Yoshida, Konno e Hasebe estavam perto do sérvio mas não impediram que ele dominasse e finalizasse para as redes.

Depois disso, só deu Japão até o fim do jogo. Ou quase. Com a saída de Kakitani para a entrada de Kiyotake, que jogou pela meia direita, Okazaki tornou-se o centroavante. Apesar de uma certa pressão, era pouco para merecer o empate. Até o apito final foi apenas uma chance clara de gol criada – e desperdiçada. Os sérvios tiveram a sua também, aos 45 do segundo tempo, e foram mortais no contra-ataque que começou com um passe errado de Hosogai.

Na próxima terça-feira (15/10) o Japão joga em Belarus contra a seleção local. Em 16 de novembro, enfrenta a Holanda em Genk, na Bélgica. Um amistoso contra os belgas, também em novembro, deve ser confirmado em breve.

Histórico de confrontos: 7J, 2V, 0E, 5D, 3GP, 13GC
Os dois países só se enfrentaram em amistosos até hoje, e este foi o quinto triunfo sérvio em sete partidas. As únicas vitórias do Japão foram por 1×0, em 1996 (gol de Kazu) e em 2001 (gol de Junichi Inamoto). Além de hoje e de uma vitória dos europeus por 3×0 em 2010, todos os jogos anteriores foram contra a antiga Iugoslávia (lembrando que a Sérvia herdou todos os resultados da Iugoslávia).

Notas
Kawashima – 6,0 - Quase não teve que trabalhar com as mãos. Quando chutaram em seu gol, foi indefensável.
Uchida – 7,0 - Melhor do Japão na defesa e muito bem no ataque. Está em grande fase.
Yoshida – 5,0 - Sem jogar no Southampton, mostrou estar sem ritmo de  jogo. Quase entregou um gol de graça no primeiro tempo e poderia ter ido melhor nos lances dos gols sofridos.
Konno – 6,0 - Algumas boas intervenções e algumas falhas, mas em menor grau que Yoshida.
Nagatomo – 5,5 - Não contribuiu muito com o ataque. Na defesa, foi driblado no lance do primeiro gol.
Hasebe – 6,0 - Fez um bom primeiro tempo e deixou Kagawa na cara do gol. Caiu no segundo e foi substituído.
Endo – 5,5 - Não se destacou nem no ataque nem na marcação.
Okazaki – 5,5 - Acertou em alguns lances e pecou em outros. Teve uma chance de empatar o jogo no segundo tempo, quando saiu da ponta direita para ser o centroavante, mas chutou para fora.
Honda – 6,5 - As boas jogadas do Japão sempre passaram pelos seus pés, mas não conseguiu ser decisivo. Levou perigo em uma cobrança de falta.
Kagawa – 5,0 - Aparenta falta de confiança. Reserva no Manchester United, não tem conseguido mostrar seu melhor futebol. Teve a melhor chance do Japão na partida, mas perdeu frente a frente com o goleiro.
Kakitani – 5,5 - Teve apenas uma chance de finalizar e mandou em cima do goleiro.
Hosogai – 5,5 - Apesar de estar em boa fase na Bundesliga, não tem aproveitado as chances na seleção. Entrou no lugar de Hasebe e seu único lance de destaque foi negativo: errou um passe que terminou no segundo gol sérvio.
Kiyotake – 6,0 - Substituiu Kakitani mas jogou pela meia direita. Teve pouco impacto.
Inui – Sem nota - Jogou apenas cinco minutos na vaga de Kagawa.
Havenaar – Sem nota - Entrou no finalzinho para tentar a sorte no jogo aéreo, mas não teve tempo de fazer algo.
Zaccheroni – 5,5 - Escalou o time como se esperava, com força máxima. Como de costume, as substituições não fizeram muita diferença.

Japão leva susto, mas reage e vence reservas de Gana em Yokohama

ter, 10/09/13
por Tiago Bontempo |

Amistoso – Japão 3×1 Gana
Nissan Stadium, Yokohama – Público: 64.525 [vídeo]
Frank Acheampong (24′, 0×1), Kagawa (50′, 1×1), Endo (64′, 2×1), Honda (72′, 3×1)

Jogada individual de Kagawa deu início à reação japonesa / Sanspo

O Japão continua perdendo muitas chances de gol. A defesa ainda não é segura quando pressionada. Mesmo assim, apenas o talento de seus meias e atacantes foi o bastante para ganhar de virada de Gana no amistoso disputado em Yokohama. É preciso ressaltar, porém, que os Samurais Azuis atuaram com praticamente a sua força máxima, enquanto as Estrelas Negras jogaram com a maior parte do time reserva.

Japão A versus Gana B
Na seleção da casa, Okazaki foi o único desfalque no time titular. Com dores no joelho esquerdo, o atacante já retornou para a Alemanha. O volante Aoyama, com apendicite, também não estava disponível. Assim, Kiyotake manteve a vaga no meio-campo ao lado de Honda e Kagawa. Zaccheroni tinha escalado um time misto na última sexta-feira contra a Guatemala, mas hoje o Japão veio com o que pode ser considerado força total.

Atual 24ª colocada no Ranking da Fifa (atrás apenas da Costa do Marfim entre as seleções africanas), Gana vem de uma vitória em casa contra a Zâmbia por 2×1 que colocou os Estrelas Negras na fase final das Eliminatórias da África. Do grupo de 26 jogadores, no entanto, apenas 17 viajaram ao Japão. Ficaram de fora nomes importantes como Michael Essien, Asamoah Gyan, André Ayew,  Mubarak Wakaso, Kwadwo Asamoah e Emmanuel Agyemang-Badu, todos poupados, além do lesionado Kevin-Prince Boateng. O técnico Kwesi Appiah trouxe praticamente um time reserva do meio para a frente, e até mesmo usuais titulares da defesa começaram no banco, como o goleiro Fatau Dauda, o lateral Daniel Opare e o zagueiro Jonathan Mensah.

As formações iniciais: Japão no 4-2-3-1 e Gana em um híbrido entre 4-2-3-1 e 4-4-2

O jogo começou equilibrado mas aos poucos os nipônicos passaram a controlar mais as ações. A primeira grande chance foi aos 23 minutos, em um lançamento de Kagawa que encontrou Kiyotake livre por trás da defesa; o domínio foi bom mas a finalização saiu em cima do goleiro. No contra-ataque seguinte, Gana abriu o placar. Hasebe desarmou Inkoom antes que o ganês pudesse armar o chute na frente da área, mas a bola rebateu em Nagatomo e sobrou para Acheampong, que emendou de primeira. A bola bateu no traseiro de Uchida (!) e entrou no canto de Kawashima.

Um lance mais de azar do que falha da defesa, mas a retaguarda japonesa claramente sofria com os contra-ataques. Por outro lado, os Samurais perdiam gols feitos na frente. Aos 28, Kagawa roubou e bola e passou para Kakitani, que invadiu a área pelo lado esquerdo e serviu Honda, que chegava livre pela direita. Com o goleiro batido, o camisa 4 fez o mais difícil e mandou por cima do gol.

O Japão voltou bem melhor do intervalo e empatou apenas cinco minutos depois, com uma arma que pareciam relutantes em usar: o chute de fora da área. Em jogada individual, Kagawa saiu da ponta esquerda, cortou por dentro e foi carregando até concluir rasteiro, no canto do goleiro: 1×1. É bem verdade que a defesa deu muito mais espaço do que deveria.

A virada veio também com um chute de fora da área, agora com Endo, após tabela com Honda. E novamente a defesa africana contribuiu. A bola passou entre os braços de Razak Braimah. O Japão não diminuiu o ritmo e fez o terceiro em jogada de bola parada. Endo retribuiu a assistência do gol anterior e cruzou para a cabeçada de Honda: 3×1.

A dez minutos do fim, Zaccheroni tirou Kiyotake, colocou Morishige e mudou a formação para o 3-4-3. Os nipônicos se seguraram até o fim sem muitos sustos e pelo menos Zaccheroni pode comemorar o fato de não ter sofrido gol com o sistema de três zagueiros pelo segundo jogo seguido. Não que isso seja relevante quando os adversários são Guatemala e o time reserva de Gana.

os próximos amistosos dos Samurais Azuis serão disputados na Europa, contra Sérvia (11/10) e Belarus (15/10). Há a possibilidade também de enfrentar a Bélgica em novembro – a conferir.

Histórico de confrontos: 4J, 4V, 0E, 0D, 12GP, 7GC
Esta foi a quarta vez que Japão e Gana se enfrentaram, todos em amistosos e todos com vitória japonesa. Foram duas em 1994 (3×2 e 2×1) e um épico 4×3 em 2009 que ficou marcado por inúmeras lambanças da defesa dos Samurais e uma sensacional virada nos minutos finais. Os dois países se enfrentaram também nas Olimpíadas de Tóquio, em 1964, com triunfo dos africanos (3×2), mas a partida não é considerada um jogo de seleção principal. O artilheiro do confronto é Kazuyoshi Miura, o “King Kazu”, com três gols.

Notas
Kawashima – 6,0 - Sem culpa no gol sofrido. Pouco exigido no resto da partida.
Uchida – 5,5 - Apoiou mais que Nagatomo, mas sem ser efetivo. Também não foi bem na defesa.
Yoshida – 6,0 - O único da linha de quatro defensores que não comprometeu.
Konno – 5,5 - Ficou perdido em alguns momentos, quando a defesa foi pressionada.
Nagatomo – 5,5 - Abaixo da média no ataque e também na defesa.
Hasebe – 6,0 - Firme na marcação e com poucas falhas, focou na defesa e deu liberdade para Endo criar.
Endo – 7,5 - Apesar de não ter sido perfeito na marcação, decidiu o jogo com seus passes e quando subiu ao ataque. Um gol e uma assistência.
Kiyotake – 6,0 - Fez um bom primeiro tempo, mas o gol que perdeu na cara do goleiro comprometeu sua atuação. Sumiu na segunda etapa.
Honda 7,0 - Perdeu um gol sem goleiro no primeiro tempo “à la Yanagisawa”, mas se redimiu no segundo com um gol, uma assistência e uma grande atuação.
Kagawa – 7,0 - Deu bons passes e lançamentos no primeiro tempo. Iniciou a reação japonesa no segundo com uma jogada individual e um belo gol.
Kakitani – 6,5 - Teria uma assistência se Honda não tivesse perdido um gol feito. Movimentou-se bem no resto do jogo.
Gotoku Sakai – 5,5 - Substituiu Uchida na lateral direita. Foi fraco na marcação.
Osako – 6,0 - Mostrou menos que Kakitani e ainda está atrás na disputa para ser o centroavante da seleção.
Morishige – 6,0 - Entrou a dez minutos do fim no lugar de Kiyotake, mudando o sistema para o 3-4-3. Não comprometeu.
Yamaguchi – 6,0 - Nos oito minutos que jogou na vaga de Hasebe, fez bem seu trabalho.
Manabu Saito – sem nota - Sem tempo de ter algum impacto.
Makino – sem nota - Ficou menos de 20 segundos em campo até o jogo acabar.
Zaccheroni – 6,5 - Escalou força máxima, fez o time voltar melhor do intervalo sem nenhuma substituição e testou seu 3-4-3 nos últimos 10 minutos. Em contrapartida, a defesa ainda não parece segura nos momentos de pressão.

Aplicado, Japão faz o dever de casa e supera a frágil Guatemala em amistoso

sex, 06/09/13
por Tiago Bontempo |

Amistoso – Japão 3×0 Guatemala
Nagai Stadium, Osaka – Público: 46.244 [vídeo]
Honda (50′), Kudo (69′), Endo (76′)

Honda, Kagawa e Endo se destacaram, mas o nome do jogo foi Hasebe / Sanspo

Fazia tempo que o torcedor japonês não comemorava uma vitória da sua seleção em casa. A última vez foi em fevereiro, em amistoso contra a Letônia. E a história daquele jogo foi bem parecida com a de hoje. Domínio completo contra um adversário que praticamente não ameaçou e 3×0 no placar. Apesar de um primeiro tempo morno e sem muitas chances criadas, na segunda etapa o Japão fez valer sua superioridade técnica e construiu uma vitória sem sustos. A defesa, que mal foi testada, finalmente terminou um jogo sem levar gols – foram 19 sofridos nos últimos sete jogos.

Alberto Zaccheroni resolveu testar alguns jogadores e deixou no banco vários usuais titulares: Kawashima, Uchida, Konno e Honda. Ganharam oportunidades Nishikawa no gol, Gotoku Sakai na lateral direita, Morishige na zaga, Kiyotake na meia esquerda e Osako foi escolhido para ser o centroavante. Com Honda de fora, Kagawa começou jogando centralizado.

Guatemala em maus lençóis
A Bicolor não enfrenta um bom momento. Em 93º no Ranking da Fifa, a última vitória foi em outubro do ano passado, contra a Jamaica (2×1) pelas Eliminatórias. Desde então, foram 12 jogos, oito derrotas e quatro empates, além de terem ficado de fora da Copa do Mundo (a qual nunca participaram) e até mesmo da Copa Ouro. O técnico paraguaio Ever Hugo Almeida foi substituído por Víctor Hugo Monzón em fevereiro, mas o novo treinador durou apenas quatro jogos: derrota para a Colômbia (4×1), empate com Belize (0×0) e duas goleadas sofridas diante de Argentina (4×0) e Estados Unidos (6×0). O chileno Sergio Pardo, que trabalhou praticamente toda a carreira no futebol guatemalteco e atualmente treina o Deportivo Mictlán, foi chamado para atuar como interino – ele convocou apenas jogadores da liga local.

A aparente fragilidade do adversário ficou evidente assim que a bola rolou em Osaka. Os guatemaltecos se fecharam em uma linha com cinco defensores e três meio-campistas dando proteção, com dois atacantes mais abertos na frente. Os nipônicos tinham espaço para tocar a bola o quanto quisessem, mas falharam em criar chances claras de gol mesmo com os sucessivos erros individuais dos centro-americanos. O empate sem gols ao fim do primeiro tempo teve um certo ar de frustração.

As formações iniciais: Japão no 4-2-3-1 e Guatemala em um 3-5-2 que se tornava um 5-3-2 sem a bola

Mas foi só começar o segundo tempo e o Japão mostrou que era outro time em campo. Com cinco minutos, Nagatomo foi à linha de fundo e cruzou na segunda trave; o goleiro Paredes saiu mal, Honda chegou antes de seu marcador e cabeceou para as redes: 1×0. As alterações que Zaccheroni fez no intervalo – Honda e Kakitani nos lugares de Kiyotake e Osako – melhoraram a equipe imediatamente. Eles passaram a fazer mais triangulações e tabelas que confundiram a defesa adversária em vários lances. “O Japão jogou por diversão”, resumiu o técnico italiano ao fim da partida.

Mesmo com a área da Guatemala cheia de defensores, os Samurais conseguiam penetrar na retranca e chegaram ao segundo gol com uma troca de passes pelo chão. De Hasebe para a ultrapassagem de Kagawa, e do camisa 10 para a finalização de Kudo na pequena área, no melhor estilo Okazaki. A 15 minutos do fim, Endo definiu o placar final na bola parada, em uma falta de frente para o gol. A bola bateu nas costas de Castrillo e tirou totalmente o goleiro da jogada.

Momentos antes do gol de Endo, Zaccheroni tirou Kagawa e colocou o zagueiro Konno, mudando a formação para o 3-4-3. No entanto, o panorama não mudou: os guatemaltecos nem chegaram perto de um gol de honra e os japoneses se mantiveram no campo de ataque até o fim. Os números explicam bem a disparidade entre as equipes: 62% de posse de bola e 25×3 nas finalizações em favor dos asiáticos.

Na próxima terça-feira o Japão entra em campo novamente para o último amistoso em casa no ano, contra Gana, em Yokohama, às 7:30 (horário de Brasília). Os Samurais Azuis encerram o ano com uma excursão à Europa em outubro, onde jogarão contra Sérvia (11/10) e Belarus (15/10).

Histórico de confrontos: 2J, 2V, 0E, 0D, 5GP, 1GC
Japão e Guatemala só haviam se enfrentado uma vez anteriormente. Foi em 2010, logo após a Copa do Mundo, com Hiromi Hara ainda como treinador interino. Zaccheroni assumiu o cargo depois dessa partida, que também aconteceu no Nagai Stadium – os Samurais venceram por 2×1 com dois gols de Takayuki Morimoto.

Notas
Nishikawa – 6,0 - Praticamente não foi exigido.
Gotoku Sakai – 6,0 - Chegou a dar um susto na defesa, mas não comprometeu. Precisa mostrar mais se quiser fazer sombra a Uchida ou Nagatomo.
Morishige – 6,0 - Pouco acionado na defesa. Foi perigoso no jogo aéreo quando subiu ao ataque.
Yoshida – 6,0 - Normalmente atua como zagueiro direito, mas hoje jogou pela esquerda. Fez alguns bons desarmes. No ataque, perdeu um gol sem goleiro.
Nagatomo – 6,5 - Apoiou bastante e, apesar de errar vários cruzamentos, acertou o que resultou no gol de Honda.
Hasebe – 7,5 - Melhor jogador em campo. Na defesa, inúmeros desarmes e antecipações. No ataque, deixou companheiros em boas condições várias vezes – a cereja do bolo foi o passe milimétrico para Kagawa no segundo gol. Agora em um novo clube e com motivação renovada, o capitão mostrou que ainda merece ser titular.
Endo – 7,0 - Decente na marcação e sempre perigoso nos lançamentos. Fez um gol de falta.
Okazaki – 6,0 - Melhor japonês no primeiro tempo, mostrou a aplicação de sempre tanto no ataque quanto na defesa. Caiu de produção no segundo e errou demais.
Kagawa – 7,0 - Centralizado no primeiro tempo, buscou jogo e não se escondeu, mas ficou faltando aquele algo a mais que se espera do craque do time. Na segunda etapa, foi para a meia esquerda e rendeu mais. Deu assistência para o gol de Kudo.
Kiyotake – 6,0 - Apareceu bastante nos 45 minutos que jogou, mas foi afobado nas finalizações.
Osako – 6,0 - Boa movimentação. Arriscou alguns chutes a gol.
Honda – 7,0 - Fez o time melhorar no instante em que entrou em campo. Marcou um gol de cabeça e a todo momento buscava as tabelas com Kagawa e Kakitani.
Kakitani – 6,5 - Mais produtivo que Osako, buscou mais a aproximação com os meias.
Kudo – 6,5 - Entrou na vaga de Okazaki e, com a mesma característica de “centroavante que joga pelas pontas”, apareceu dentro da área no momento certo e guardou o seu. Perdeu outras duas boas chances de marcar.
Konno – 6,0 - Substituiu Kagawa e atuou como zagueiro central, quando Zaccheroni mudou a formação para o 3-4-3. Praticamente não teve trabalho.
Aoyama – 6,0 - Jogou onze minutos no lugar de Endo e não apareceu muito.
Zaccheroni – 7,0 - Testou alternativas na escalação, fez mudanças que melhorou o time no intervalo e saiu com uma vitória tranquila.

Japão 2×4 Uruguai: ataque uruguaio expõe ainda mais a frágil defesa japonesa

qua, 14/08/13
por Tiago Bontempo |

Amistoso – Japão 2×4 Uruguai
Miyagi Stadium – Público: 45.883 Vídeos: [1]  [2]
Forlán (27′, 0×1), Forlán (29′, 0×2), Suárez (52′, 0×3), Kagawa (54′, 1×3), Álvaro González (58′, 1×4), Honda (72′, 2×4)

O ataque japonês fez boa partida, mas a defesa comprometeu – de novo / Sanspo

19 gols sofridos nos últimos sete jogos – média de 2,7 por partida. Se por um lado o ataque dos Samurais Azuis tem feito o seu trabalho (14 gols nesse mesmo período, média de 2 por jogo), a defesa continua um problema sem solução. Em um amistoso onde Japão e Uruguai vieram praticamente com força máxima, o ataque uruguaio se sobressaiu e deixou mais exposta do que nunca a fragilidade da defesa japonesa, que só não sofreu uma goleada em casa pela boa atuação do sistema ofensivo e pelas defesas de Kawashima.

Alberto Zaccheroni fez uma convocação que agradou boa parte de imprensa e público, tanto por aproveitar alguns dos destaques da Copa do Leste Asiático, como Kakitani, Toyoda e Yamaguchi, quanto por deixar de fora nomes que já não vinham convencendo no ataque há muito tempo: Maeda e Havenaar. Com exceção de Nagatomo, que tinha treinado em separado e não estava em condições de jogo, o Japão entrou em campo com todos os titulares – chamou a atenção a presença de Kakitani à frente do trio de meias.

No Uruguai, Óscar Tabárez também teve apenas um desfalque, o atacante Cavani. Conhecido por não jogar com um esquema tático fixo, o técnico uruguaio vinha utilizando tanto o 4-3-3 quanto o 3-4-3, mas desta vez ele escalou sua equipe num 4-4-2. Com a ausência de Cavani, o ataque foi composto pela dupla Forlán-Suárez. Lodeiro ganhou a vaga no onze inicial e atuou como um volante que saía para armar, enquanto Gargano tinha mais responsabilidades defensivas.

As formações iniciais: Japão no 4-2-3-1 e Uruguai no 4-4-2

A Celeste começou o jogo fechada e assistindo o adversário trocar passes. Os Samurais adiantaram suas linhas e tinham o controle da bola, mas não conseguiam entrar dentro da grande área. Os contragolpes uruguaios foram a principal arma para explorar a adiantada retaguarda nipônica. A primeira grande chance veio com um passe de Lodeiro que deixou Suárez na cara do gol; ele superou Yoshida na corrida mas Kawashima defendeu. Poucos minutos depois, Suárez novamente ganhou na velocidade e entrou livre na área. Desta vez, o ele tocou para trás e serviu Forlán: 1×0. Dois minutos depois, o Uruguai ampliou, de novo com Forlán, agora em cobrança de falta. A bola foi no canto de Kawashima, mas o goleiro tinha saído antes para o lado errado e foi pego no contrapé: 2×0. Mesmo com mais posse de bola, o Japão pouco ameaçava. Até chegou perto numa tabela entre Okazaki e Kakitani, mas Muslera saiu bem e abafou o chute do atacante do Cerezo Osaka.

A defesa japonesa parece piorar a cada jogo. Se já estava mais do que provado que não é capaz de se segurar quando pressionada, também mostrou todo tipo de fraqueza ao lidar com contra-ataques. Uchida desatento na linha de impedimento, Yoshida sempre perdendo na corrida e Sakai com inexplicáveis recuos errados. E foi com um erro de Yoshida que os sul-americanos fizeram 3×0 no início do segundo tempo: Maxi Pereira cruzou pela direita, o zagueiro cortou mas a bola ficou com Suárez, desmarcado dentro da área e com todo o espaço para uma finalização tranquila, rasteira e no canto.

Os asiáticos responderam imediatamente e diminuíram numa troca de passes de Endo para Honda, com conclusão de Kagawa e participação decisiva de Okazaki sem a bola, tirando um marcador e o goleiro da jogada. O início de reação sofreu um baque na investida seguinte do Uruguai. Um passe genial de Lodeiro para Suárez na linha de fundo, um toque por cima do goleiro e a conclusão do desmarcado González na segunda trave mostraram a facilidade com que o Uruguai envolvia a defesa japonesa quando atacava: 4×1.

A cobrança de falta perfeita de Honda, no ângulo, serviu para evitar o vexame de uma goleada sofrida em casa. Ofensivamente foi uma boa partida de Okazaki, Honda, Kagawa e Endo, mas Kakitani e Toyoda ficaram devendo, assim como os laterais. Já a defesa continua um problema que Zaccheroni não consegue resolver – não há opções melhores na J-League e nenhum dos testados na Copa do Leste Asiático foi bem. Seria hora de mudar o esquema tático?

Declarações de Zaccheroni após a partida
“Reunimos os jogadores há apenas dois dias e alguns deles não estavam em totais condições de jogo, mas cometemos erros demais.”
“No segundo tempo fomos mais compactos e mais rápidos. Melhoramos muito, especialmente quando Endo passou a avançar mais.”
“A federação não me pediu para ganhar a Copa do Mundo, apenas para levar o Japão ao próximo nível, e eu sei que meus jogadores são capazes disso.”

Histórico de confrontos: 5J, 1V, 1E, 3D, 11GP, 16GC
Todos os jogos entre Japão e Uruguai até hoje foram amistosos, e todos aconteceram no Japão. Este foi o quinto duelo e a terceira vitória da Celeste, que já havia ganhado em 1985 (4×1) e 2008 (3×1). A única vitória japonesa foi em 1996 (5×3). Em 2003, houve um empate em 2×2. Forlán é o artilheiro do confronto, com três gols – além dos dois de hoje, ele havia marcado no duelo de 2003.

Notas:
Kawashima – 6,5 - Falhou no gol de falta de Forlán – a bola veio no seu canto, mas saiu antes da hora e foi pego no contrapé. Fez grandes defesas e evitou um vexame ainda pior.
Uchida – 5,0 - Quando subiu ao ataque, errou passes demais. Deixou espaços na defesa e comprometeu ao errar o tempo da linha de impedimento. Ficou preso no segundo tempo e sua contribuição ofensiva foi nula.
Yoshida – 4,0 - Péssima partida. Não conseguia acompanhar os atacantes uruguaios e falhou na marcação de Suárez no primeiro gol, além de ter rebatido uma bola nos pés do mesmo Suárez, autor do terceiro. Foi o primeiro a ser substituído.
Konno – 5,5 - Não comprometeu tanto quanto os companheiros de defesa, mas fez a falta que resultou no segundo gol de Forlán e não deu segurança ao setor.
Gotoku Sakai – 4,0 - Até começou bem, com alguns cruzamentos perigosos, mas foi péssimo defensivamente. Chegava atrasado na marcação e duas vezes deu a bola de presente para o adversário em recuos bizarros que quase terminaram em gol do Uruguai.
Hasebe – 6,0 - Sem brilho, mas consistente na marcação.
Endo – 6,0 - Deu bons passes, participou bastante do ataque e começou a jogada do segundo gol japonês. O ponto negativo foi quase ter feito um gol contra em jogada de escanteio ao cabecear para trás – a bola bateu no travessão. Além de ter deixado Suárez livre no terceiro gol sofrido.
Okazaki – 6,5 - O mais perigoso do Japão no primeiro tempo. No segundo, contribuiu para o gol de Kagawa ao dividir com Gargano e tirar também Muslera da jogada, deixando o gol aberto para a conclusão do camisa 10.
Honda – 7,0 - Uma assistência e um golaço de falta. Foi muito bem no ataque e poderia até ter tido mais uma assistência.
Kagawa – 6,5 - Fez boa partida. Voltava para buscar jogo e foi participativo no ataque. Sofreu faltas, fez um gol e deveria ter feito mais um, mas parou em Muslera.
Kakitani – 5,5 - A “estreia” com os titulares da seleção não foi boa. Sua escalação foi uma evolução em termos de movimentação e troca de passes com o trio de meias, mas faltou um controle melhor da bola de costas para o gol. Teve uma grande chance frente a frente com Muslera e desperdiçou.
Inoha – 6,0 - Entrou no lugar de Yoshida e não comprometeu, mas também não deu mais segurança à defesa.
Toyoda – 5,5 - Jogou 26 minutos na posição de centroavante e quase não apareceu.
Yamaguchi – 6,0 - Um ou outro bom passe, mas sem muito destaque para o substituto de Hasebe.
Komano – 6,0 - Entrou a sete minutos do fim no lugar de Uchida mas jogou na lateral esquerda, deslocando Sakai para a direita. Ao menos tornou o time mais ofensivo, mas não teve tempo de causar um impacto maior.
Zaccheroni – 6,0 - Desta vez não teve muita culpa, pois escalou o time que era esperado. Os “menos piores” defensores disponíveis estavam em um péssimo dia e comprometeram o resultado.

Kakitani faz dois e Japão conquista em Seul a inédita Copa do Leste Asiático

dom, 28/07/13
por Tiago Bontempo |

Copa do Leste Asiático – 3ª rodada – Coreia do Sul 1×2 Japão
Estádio Olímpico Jamsil, Seoul, Coreia do Sul – Público: 47.258 [vídeo]
Gols: Kakitani (25′, 0×1), Yun Il-Lok (33′, 1×1), Kakitani (90′+1, 1×2)

O capitão Komano levanta a taça / Getty Images

Ele jogou apenas duas partidas, mas se destacou em ambas. Nos 183 minutos em que Yoichiro Kakitani ficou em campo, o Japão balançou as redes cinco vezes e o astro do Cerezo Osaka contribuiu com três gols e uma assistência. Ao fim da Copa do Leste Asiático e do título inédito dos Samurais Azuis, não há dúvidas que Kakitani é quem está mais perto de garantir um lugar na seleção principal para a Copa de 2014. Ele foi o artilheiro do mini-campeonato e autor do gol do título nos acréscimos da partida final contra a Coreia do Sul. Ainda assim, os organizadores escolheram Hotaru Yamaguchi como o melhor jogador da competição. Vai entender.

A seleção de Alberto Zaccheroni veio para a “decisão” contra os donos da casa exatamente com a mesma escalação dos 3×3 contra a China. Todos os onze titulares da segunda rodada ficaram de fora. E o goleiro do Vegalta Sendai, Takuto Hayashi, foi o único a não entrar em campo nenhuma vez. Hong Myung-Bo também escalou o mesmo time da primeira partida, com a diferença de que o goleiro Jung Sung-Ryong e o meia Yun Il-Lok foram titulares em todos os jogos.

Quem estava de olho neste último confronto do torneio era a China, que havia vencido a Austrália por 4×3 poucas horas antes e poderia sair com o título caso Japão x Coreia terminasse 0×0. Se o placar final fosse 1×1, a decisão seria no número de cartões amarelos, pois japoneses e chineses ficariam iguais em todos os critérios. Empate a partir de 2×2 daria o título aos nipônicos, que também levariam a taça com qualquer vitória. Já os anfitriões tinham uma missão mais difícil. Precisavam vencer por pelo menos dois gols de diferença – um triunfo por 1×0 ou 2×1 daria o bicampeonato à China.

A grande rivalidade e ressentimento que existe por parte dos coreanos com os japoneses foi manifestada com vaias para o hino nacional do Japão e até uma faixa na torcida local que dizia: “Não há futuro se você esquece o passado do seu país”. O Estádio Olímpico Jamsil recebeu o maior público do torneio e, assim como nos jogos anteriores, os donos da casa adotaram uma postura ofensiva e se impuseram em campo desde o início.

As formações iniciais: Coreia do Sul e Japão no 4-2-3-1

Apesar do domínio, o ataque adversário criava pouco perigo para a meta de Nishikawa. O Japão não conseguia contra-atacar, mas surpreendeu na primeira chance que teve. Morishige cortou um lançamento dentro da área nipônica, Aoyama ficou com a bola e imediatamente mandou um passe longo para o campo de ataque. Kakitani superou a linha de impedimento e saiu de frente com Sung-Ryong. Finalização no canto e 1×0 no placar.

O ataque sul-coreano sofria com a incapacidade de balançar as redes. Não faziam um golzinho desde a penúltima rodada das Eliminatórias, quando ganharam por 1×0 do Uzbequistão – e ainda foi um gol contra. Desta vez, o problema não era nem a conclusão, era a criação de jogadas em si que não fluía. Mas bastou um descuido na marcação, um chute bem colocado de fora da área de Yun Il-Lok e, depois de 348 minutos de seca, os Taeguk Warriors finalmente marcaram um gol. Uma conclusão sensacional do meio-campo do FC Seoul, mas um momento de brilho que não se repetiu no resto do jogo.

O 1×1 deixava o Japão empatado com a China em todos os critérios, mas os Samurais tinham a vantagem de ter menos cartões amarelos. Haraguchi, Aoyama e Makino foram advertidos nesta partida, o que significava que os nipônicos tinham um total acumulado de seis cartões, apenas um a menos que os chineses. Os últimos dez minutos de jogo tiveram um clima de tensão porque mais um amarelo levaria a decisão do campeão para o sorteio, e um gol sofrido daria o título para a China. No final, nada disso importou com a grande jogada que fez Haraguchi nos acréscimos e o gol marcado por Kakitani no rebote.

O que cada país leva de volta para casa?

Japão - Tem na J-League ótimas opções para o ataque. Kakitani provou que é convocação obrigatória. Osako, Saito, Toyoda, Kudo, Yamada e Takahagi tiveram bons momentos. Yamaguchi também pode ganhar chances. A defesa, por outro lado, foi ruim, com exceção dos goleiros.

Coreia do Sul - Foi superior nos três jogos e não ganhou nenhum. O ataque mostrou não estar à altura dos titulares que jogam na Europa. A defesa quase não foi testada e sofreu dois gols em contra-ataques. Destaque para Yun Il-Lok e também para Kim Jin-Su, lateral do Albirex Niigata.

China - Definitivamente evoluiu desde os decepcionantes resultados da era Camacho. O atacante Sun Ke fez um grande torneio. Yu Dabaio e Wu Lei também tiveram boas atuações.

Austrália - Decepcionante. Conseguiu apenas um ponto e no jogo em que foi pior. O goleiro Galekovic se destacou.

Notas:
Nishikawa – 6,0 - Não teve que fazer defesas difíceis. Saiu bem do gol em quase todos os cruzamentos na área japonesa, mas falhou nos acréscimos do segundo tempo e quase sofreu o segundo gol.
Komano – 6,0 - Não contribuiu com o ataque mas foi decente na marcação. Jogou o primeiro tempo na lateral direita e o segundo na esquerda.
Kurihara – 6,5 - Muito mais seguro que na primeira partida, não perdeu nenhuma disputa pelo alto.
Morishige – 6,5 - Ganhou a maioria das divididas e marcou bem.
Makino – 6,5 - Desta vez fez um bom trabalho na marcação. Não subiu muito ao ataque e, lesionado, foi substituído no início do segundo tempo.
Yamaguchi – 6,0 - Deu espaço para Yun Il-Rok chutar de fora da área no gol coreano, mas no resto da partida foi bem na marcação.
Aoyama – 6,5 - Fez o lançamento para o primeiro gol de Kakitani no único grande momento do Japão no primeiro tempo.
Kudo – 6,0 - Ficou mais recuado e sacrificou-se na marcação ao acompanhar as subidas de Kim Jin-Su.
Takahagi – 5,5 - Apagado no primeiro tempo. Um pouco melhor no segundo, mas ainda assim abaixo da média.
Haraguchi – 6,5 - Não se destacou nos 90 minutos, mas foi dele a jogada que resultou no gol do título nos acréscimos.
Kakitani – 7,0 - Fez dois gols e decidiu o título para o Japão.
Tokunaga – 6,0 - Entrou no lugar de Makino mas jogou na lateral direita, invertendo o lado de Komano. Não ajudou o ataque mas também não comprometeu na defesa.
Yamada – 6,0 - Substituiu Kudo e foi discreto.
Toyoda – 6,5 - Entrou no finalzinho e teria ficado sem nota não fosse um lance em que salvou um gol certo em cima da linha após falha de Nishikawa.
Zaccheroni – 6,5 - Escalou exatamente o mesmo time da primeira partida. A defesa esteve mais segura, mas muito mais por deméritos dos sul-coreanos. Apostou em Kakitani para o ataque e foi recompensado com o título do torneio.

Pos. País Pontos J V E D GP GC SG
Japão 7 3 2 1 0 8 6 2
China 5 3 1 2 0 7 6 1
Coreia do Sul 2 3 0 2 1 1 2 -1
Austrália 1 3 0 1 2 5 7 -2

Japão 3×2 Austrália: Sistema ofensivo resolve, mas defesa parece sem solução

qui, 25/07/13
por Tiago Bontempo |

Copa do Leste Asiático – 2ª rodada – Japão 3×2 Austrália
Hwaseong Stadium, Hwaseong, Coreia do Sul – Público: 1.458 [vídeo] [vídeo 2]
Gols: Saito (26′, 1×0), Osako (56′, 2×0), Duke (76′, 2×1), Juric (79′, 2×2), Osako (79′, 3×2)

A defesa comprometeu de novo, mas desta vez o ataque resolveu / Nikkan Sports

Definitivamente foi uma apresentação melhor do que na estreia contra a China. A seleção japonesa formada apenas com jogadores que atuam na J-League teve mais tempo para treinar, estava mais entrosada e ia vencendo a Austrália por 2×0 pela segunda rodada da Copa do Leste Asiático. Faltando 15 minutos para acabar, o jogo estava tranquilo. Até que um apagão na defesa nipônica cedeu o empate aos Socceroos em menos de cinco minutos. Replay do jogo anterior? Só não foi porque os Samurais reagiram e marcaram o terceiro gol logo na saída de bola. Se a defesa voltou a falhar quando pressionada, pelo menos no ataque o triunfo foi garantido pelos dois gols de Osako com duas assistências de Toyoda e pelo golaço de Manabu Saito.

Nas escalações, contraste total entre as duas seleções. O alemão Holger Osieck mandou a campo exatamente o mesmo time que sofreu para segurar um empate sem gols com a anfitriã Coreia do Sul no jogo de abertura. Uma equipe consideravelmente experiente (média de idade de 27,9 anos), mas que mostrou uma enorme deficiência na criação de jogadas.

Já o italiano Alberto Zaccheroni trocou todos os onze titulares depois do empate em 3×3 com a China na primeira rodada. Com média de idade de 25 anos, foram cinco estreantes – Suzuki, Chiba, Ogihara, Yamada e Toyoda – entre os titulares e vários nomes que já estavam acostumados a jogarem juntos. Na última seleção olímpica, estavam Gonda, Suzuki, Tokunaga, Ogihara e Saito (além de Osako, que atuou no Pré-Olímpico mas não foi convocado para Londres). Os dois zagueiros, Chiba e Suzuki, formaram a dupla de zaga do Albirex Niigata em 2011.

As formações iniciais: Japão no 4-2-3-1 e Austrália no 4-4-1-1

Com a bola rolando, os dois países demonstraram ter evoluído em comparação ao primeiro jogo. Os Socceroos não ficaram retraídos no campo de defesa como fizeram contra a Coreia e até deram trabalho à retaguarda japonesa, que pelo menos no início ia reagindo satisfatoriamente bem. O Japão, mesmo com um time 100% alterado, tocava bem a bola e ameaçava com Yamada e principalmente Saito. O atacante do Yokohama F-Marinos está em grande fase e foi o ponto de desequilíbrio no primeiro tempo – fez uma pintura de gol ao atravessar a frente da área conduzindo a bola, driblar Jade North e chutar colocado no canto de Galekovic, no chamado finesse shot.

No segundo tempo, a defesa mostrou as fraquezas de sempre. Foi só o adversário pressionar e eles cederam dois gols em um intervalo de quatro minutos. Já são 14 gols sofridos nos últimos cinco jogos – uma incrível média de 2,8 por partida. Pelo menos desta vez o time encontrou forças para reagir e buscar a primeira vitória nesses cinco jogos. Méritos para o quarteto ofensivo em que todos se destacaram – Saito com os dribles, Yamada com a técnica, Toyoda como pivô e Osako com as finalizações.

No outro jogo da rodada, disputado ontem no mesmo estádio de Hwaseong, os donos da casa fizeram mais uma partida onde foram superiores e criaram mais chances, mas saíram novamente com um 0×0 e vendo o goleiro adversário ser o melhor em campo. Assim, o Japão é o único com uma vitória em duas rodadas e pode ficar com o título do torneio até mesmo se empatar com a Coreia do Sul na rodada final, neste domingo – desde que a China não vença a Austrália por mais de um gol de diferença.

Notas:
Gonda – 6,5 – Foi seguro e não teve culpa nos gols que sofreu.
Moriwaki – 6,0 - Até subiu ao ataque algumas vezes, mas não produziu muito. Decente na marcação.
Daisuke Suzuki – 5,0 - Mostrou qualidade no passe na saída de bola e iniciou a jogada do primeiro gol de Osako, mas o apagão no segundo tempo comprometeu sua atuação. Estava perdido nos dois gols da Austrália.
Chiba – 5,5 - Inseguro em alguns momentos. Substituído por Kurihara no final.
Tokunaga – 5,5 – Teria feito uma boa partida não fosse pela bola perdida que resultou no primeiro gol australiano.
Ogihara – 6,0 - Não apareceu muito, mas foi bem na distribuição.
Takahashi – 6,5 - Pela primeira vez titular, ficou até com a braçadeira de capitão. Foi bem  na marcação com alguns desarmes importantes.
Saito – 7,0 - Desde o início era o jogador mais perigoso em campo. Fez um golaço.
Osako – 7,5 - Jogando mais recuado no ataque, se entendeu bem com Toyoda e foi preciso nas finalizações. Decidiu o jogo.
Yamada – 6,5 - Fez bonitas jogadas e deu bons passes. Teve azar de não ter uma assistência; colocou a bola na cabeça de Toyoda duas vezes mas em ambas o atacante desperdiçou.
Toyoda – 6,5 - O lado positivo foram as duas assistências para Osako. O lado negativo é que ele não foi bem na sua especialidade, as finalizações. Em duas oportunidades de cabeça, mandou uma em cima do goleiro e outra para fora. Zaccheroni fez comentários positivos sobre o centroavante do Sagan Tosu após a partida.
Yamaguchi – 5,5 - Entrou no lugar de Ogihara, sem muito impacto.
Kudo – 6,5 - Substituiu Saito e participou do lance do gol decisivo.
Kurihara – 6,0 - Ocupou a vaga de Chiba nos últimos dez minutos e não comprometeu.
Zaccheroni – 6,0 - Colocou para jogar todos os convocados até agora, menos o terceiro goleiro, Hayashi. Armou bem a equipe mas fez alterações que não tiveram muito impacto e parece não saber o que fazer para arrumar a defesa.

Classificação e próximos jogos:
28/07 – 05:15 – Austrália x China
28/07 – 08:00 – Coreia do Sul x Japão

Pos. País Pontos J V E D GP GC SG
Japão 4 2 1 1 0 6 5 1
China 2 2 0 2 0 3 3 0
Coreia do Sul 2 2 0 2 0 0 0 0
Austrália 1 2 0 1 1 2 3 -1


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