Preparado para a Copa? Ressurgente Japão derrota a Bélgica em Bruxelas
Amistoso – Bélgica 2×3 Japão
Estádio Rei Baidouin, Bruxelas [vídeo]
Gols: Mirallas (15′, 1×0), Kakitani (37′, 1×1), Honda (53′, 1×2), Okazaki (63′, 1×3), Alderweireld (79′, 2×3)
Os “loiros” Honda e Kakitani foram o destaque da vitória japonesa / Foto: Reprodução
O navio estava afundando. O Japão vivia seu pior momento nos últimos três anos e meio e não parecia capaz de conseguir algo nos amistosos contra Holanda e Bélgica na Europa. Mas as coisas mudam rápido no futebol. O capitão Zaccheroni enfim deixou de lado a relutância em mexer no time e guiou a nau japonesa para fora da tempestade. Se a partida contra os holandeses já tinha sido a melhor dos Samurais Azuis em 2013 mesmo com um empate, o que dizer de um triunfo contra um cabeça de chave da Copa do Mundo na casa deles? Definitivamente foi uma guinada de rumo que fez os nipônicos encontrarem novos horizontes e se encherem de confiança para o maior desafio que essa geração encontrará pela frente, no Brasil ano que vem. É claro, sempre com um pé atrás pela evidente e irreparável fraqueza do sistema defensivo.
Zaccheroni fez seis mudanças no time que começou o jogo. Na defesa, Kawashima voltou para o gol, Morishige ganhou uma chance ao lado de Yoshida na zaga e os dois Sakais foram testados nas laterais – Hiroki na direita e Gotoku na esquerda. A dupla de volantes, Yamaguchi e Hasebe, foi mantida. No ataque, Kagawa retornou ao time titular em sua usual posição na meia esquerda, compondo o trio de armadores com Honda, pelo centro, e Kiyotake, pela direita. Kakitani voltou a ter uma oportunidade como centroavante.
A Bélgica vinha com uma certa pressão por ter perdido o amistoso anterior, também em casa, para a Colômbia, por 2×0. O técnico Marc Wilmots mudou cinco titulares: saíram Meunier, Defour, Fellaini, De Bruyne e o lesionado Benteke. Van Buyten, Dembéle, Mirallas, Mertens e Lukaku saíram jogando desde o início. Alderweireld foi deslocado da zaga para a lateral direita e Hazard, que foi meia esquerda contra a Colômbia, desta vez atuou centralizado.
As formações iniciais: ambos no 4-2-3-1
Os primeiros minutos de bola rolando repetiram o roteiro do jogo contra a Holanda. O Japão começou com o pé no acelerador e tinha mais volume de jogo, mas levou o gol na primeira chegada com perigo do adversário. E em uma lambança da defesa, desta vez com três erros grosseiros. Primeiro com Yoshida, totalmente batido por Lukaku na corrida. Depois com a saída de gol desnecessária de Kawashima, que ficou no vácuo. Por fim, Gotoku Sakai estava bem posicionado na frente do gol vazio para afastar o perigo mas dormiu no ponto e foi antecipado por Mirallas.
O Japão era ligeiramente melhor e tocava bem a bola, mas chegou ao empate só a poucos minutos do intervalo e de forma inesperada: com um cruzamento e gol de cabeça. Pela direita, Hiroki Sakai centrou e Kakitani, na pequena área, escorou para as redes de Mignolet: 1×1. Hasebe quase virou ainda no primeiro tempo, com uma bomba de fora da área que o arqueiro belga mandou para escanteio em grande intervenção.
Os Samurais voltaram para a segunda etapa com Endo e Okazaki nas vagas de Yamaguchi e Kiyotake e mantiveram a postura ofensiva. O gol da virada não demorou e veio em uma bela troca de passes envolvendo quatro jogadores. Endo encontrou espaço perto da área, recebeu de Gotoku Sakai e fez um passe lateral para o centro. Kagawa executou o corta-luz e a bola chegou em Honda, com tempo para dominar e fuzilar: 2×1.
O ritmo não diminuiu e, enquanto a Bélgica ainda pensava no que fazer, os japoneses ampliaram em outra troca de passes: Kakitani recebeu de Hasebe na área e, de primeira, deixou Okazaki na cara do gol, que definiu também de primeira. Festa japonesa e vaias da torcida local em Bruxelas. Até aí os nipônicos mandavam no jogo, mas recuaram assim que anotaram o terceiro e o panorama mudou. Os donos da casa finalmente acordaram e por meia hora testaram a defesa asiática, que demonstrou insegurança e nervosismo em alguns momentos.
Apesar do bom trabalho de Honda em prender a bola e cadenciar o jogo, praticamente não havia mais contra-ataques. Só um time jogava. Uma falha coletiva em jogada de escanteio permitiu ao zagueiro Alderweireld cabecear sozinho e diminuir a 11 minutos do fim. Zaccheroni colocou Hosogai e Konno nos lugares de Kagawa e Gotoku Sakai para reforçar a retaguarda. Apesar de vários sustos e longos quatro minutos de acréscimo, os Samurais enfim puderam comemorar uma merecida vitória.
Histórico de confrontos: 4J, 2V, 2E, 0D, 9GP, 4GC
O Japão nunca perdeu para a Bélgica. No primeiro duelo, em 1999, empate por 0×0 em amistoso. Em 2002, empate por 2002 na Copa do Mundo. Em 2009, goleada por 4×0 na Copa Kirin. Agora, no primeiro duelo entre os países fora do Japão, os nipônicos venceram novamente. Okazaki é o artilheiro do confronto, com dois gols.
Notas
Kawashima – 5,0 - Falhou feio no primeiro gol ao sair de sua meta e errar o tempo de bola. Cada vez mais, sua titularidade é ameaçada por Nishikawa.
Hiroki Sakai – 7,0 - Foi bem na defesa e ótimo no apoio. Cruzou para o primeiro gol japonês, marcado por Kakitani.
Morishige – 6,0 - Ia bem até quase entregar o jogo no 88º minuto com um passe errado que iniciou contra-ataque belga. Ainda foi driblado no mesmo lance.
Yoshida – 6,0 - Sua lentidão comprometeu no primeiro gol sofrido, quando perdeu na corrida para Lukaku. No entanto, compensou com vários desarmes e um chute bloqueado quase em cima da linha, quando a bola já tinha passado por Kawashima.
Gotoku Sakai – 6,0 - Com ótima participação ofensiva, colaborou no segundo gol nipônico. Mas deixou a desejar na defesa. Bobeou de forma incrível no primeiro gol sofrido ao “esquecer” de marcar Mirallas.
Hasebe – 6,0 - Não foi perfeito na marcação mas apareceu bem no ataque, com um chute muito perigoso de fora da área no fim do primeiro tempo e ao iniciar a jogada do gol de Okazaki.
Yamaguchi – 6,0 - Teve dificuldades na marcação e subiu pouco ao ataque, mas ficou na média.
Kiyotake – 5,5 - Pouco produtivo no primeiro tempo, foi substituído no intervalo.
Honda – 7,5 - Melhor japonês em campo. Fez gol, deu bons passes, fez desarmes, levou perigo em cobranças de falta e ainda prendeu bem a bola quando o Japão vencia no segundo tempo.
Kagawa – 6,5 - Começou perdendo demais a bola mas estava sempre participativo e buscando jogo, além de fazer um bom trabalho no marcação. Por pouco não deixou o dele – acertou a trave.
Kakitani – 7,0 - Finalmente fez uma grande partida como centroavante na seleção. Desta vez ele não perdeu a chance que teve e fez de cabeça o primeiro gol japonês na partida. Ainda deu assistência para o terceiro em um belo passe de primeira que deixou Okazaki na cara do gol. Se Osako praticamente garantiu a vaga na Copa na partida anterior, Kakitani fez o mesmo hoje.
Endo – 6,5 - Entrando no segundo tempo, com o adversário mais cansado, ele mostrou que rende mais. Destacou-se com bons passes e assistência para o gol de Honda.
Okazaki – 6,5 - Entrou no intervalo na vaga de Kiyotake, reforçou a marcação e ainda marcou seu 36º gol pela seleção – mais dois e ele empata com Hiromi Hara com o terceiro maior artilheiro dos Samurais Azuis.
Osako – 6,0 - Entrou em campo com o placar em 3×1 e não teve muito o que fazer.
Hosogai – 6,0 - Jogou os últimos dez minutos e não comprometeu.
Konno – 6,0 - Entrou ao 40 do segundo tempo como lateral esquerdo, para reforçar a marcação, e fez bem seu papel.
Zaccheroni – 7,0 - Fez bem em promover mudanças na escalação e testar mais opções. Colocou o time de volta nos trilhos. Mas ainda deve estar quebrando a cabeça com os problemas sem solução da defesa.