Japão 3×3 China: Samurais estreiam com altos e baixos na Copa do Leste Asiático

dom, 21/07/13
por Tiago Bontempo |

Copa do Leste Asiático – 1ª rodada – Japão 3×3 China
Seoul World Cup Stadium, Seul, Coreia do Sul – Público: 3.500 [vídeo]
Gols: Wang Yongpo (5′), Kurihara (33′), Kakitani (59′), Kudo (61′), Wang Yongpo (81′), Sun Ke (88′)

Com momentos brilhantes no ataque e terríveis na defesa, Japão cedeu empate no fim / Nikkan Sports

Uma nova seleção, as mesmas virtudes e os mesmos problemas. A boa notícia para os torcedores dos Samurais Azuis é que há talento de sobra nas novas opções do ataque – os estreantes Kakitani e Kudo contribuíram com um gol e uma assistência cada e o Japão ia superando a China por 3×1 na primeira rodada da Copa do Leste Asiático até os últimos dez minutos de partida. A má notícia é que a defesa continua comprometendo. Não soube segurar a pressão e cedeu um empate com gosto de derrota.

Ao menos pela escalação o italiano Alberto Zaccheroni não pode ser criticado; ele selecionou um time próximo do que era esperado, com vários nomes de destaque e promessas da J-League. Morishige, Aoyama, Yamaguchi, Takahagi, Kudo e Kakitani fizeram a primeira partida de suas carreiras pela seleção principal. Saito e Osako, que entraram na segunda etapa, também estrearam. Os mais experientes eram o capitão Komano (31 anos e no seu 76º jogo pelos Samurais) e o zagueiro Kurihara (29 anos, 18º jogo) – ironicamente, foram os piores em campo.

Do lado chinês, o interino Fu Bo tinha a vantagem de ter um elenco com força máxima. Ele escalou um time mesclando juventude e experiência – média de idade de 27,1 anos – e com seis atletas do Guangzhou Evergrande. O veterano Zheng Zhi (32 anos) continua como capitão.

As formações iniciais: ambos atuando no 4-2-3-1

Foi uma partida de reviravoltas e começou da pior forma possível para os nipônicos. Bastou cinco minutos para a dupla de zaga mostrar falhas. Primeiro foi Morishige, ao deixar um chinês finalizar dentro da pequena área em jogada de escanteio; a bola foi por cima. Depois foi Kurihara, ao ser driblado por Yu Dabao e cometer um pênalti infantil. Wang Yongpo cobrou no mesmo canto que Nishikawa pulou, mas não deu para o goleiro. 1×0 China.

O duelo ficou mais equilibrado a partir daí e o Japão começou a trocar mais passes, mas não criava chances de gol com a bola no chão. O empate veio no primeiro tempo, mas pelo alto. Takahagi bateu escanteio, a defesa afastou mal e Kudo, de cabeça, mandou a bola para a pequena área. Kurihara estava sem marcação e, também de cabeça, se redimiu do pênalti cometido: 1×1.

No segundo tempo, o ataque japonês finalmente mostrou seu potencial e brilhou a estrela de Kakitani. Aos 14 minutos, Makino cruzou à meia altura, o atacante do Cerezo Osaka se adiantou à marcação e ao goleiro e colocou no fundo das redes com um leve desvio de cabeça – era a virada japonesa. Dois minutos depois, Takahagi iniciou contra-ataque com um passe longo. Kakitani recebeu, saiu costurando a defesa adversária e serviu o terceiro gol de bandeja para Kudo: 3×1 e a vitória parecia assegurada.

Entretanto, os chineses não se abalaram. Com fôlego novo em cada uma das pontas de seu sistema ofensivo (Sun Ke entrou pelo lado direito e Zhang Xizhe pelo esquerdo), lançaram-se ao ataque e sufocaram a retaguarda japonesa. Em um momento em que a experiência poderia ser o fator de desequilíbrio, os mais veteranos do Japão falharam. Aos 36 minutos, Komano levantou demais o pé e cometeu um pênalti ao quase acertar uma voadora em Zhang Xizhe. Wang Yongpo cobrou novamente e desta vez ele deslocou Nishikawa, mandando no canto oposto do arqueiro: 3×2. Aos 42, o lateral Rong Hao cruzou pela esquerda e a bola atravessou a área até encontrar Sun Ke livre na segunda trave – Kurihara e Makino não marcaram e a China conseguiu um heroico empate.

Ao fim da primeira rodada, todo mundo tem um ponto no torneio disputado na Coreia do Sul. No jogo de ontem, os anfitriões pressionaram durante os noventa minutos e só não venceram porque o goleiro Eugene Galekovic fez defesas fantásticas e salvou a fraca atuação dos Socceroos, garantindo o 0×0. A segunda rodada acontece na cidade de Hwaseong. Coreia do Sul e China se enfrentam quarta-feira (24), enquanto Japão e Austrália medem forças no dia seguinte.

Notas:
Nishikawa – 6,5 - Não teve culpa nos gols que sofreu, pegou tudo que era defensável e ainda fez uma grande intervenção cara a cara com Yu Dabao no fim do primeiro tempo.
Komano – 5,0 - O capitão não contribuiu com o ataque, apesar de ser um lateral ofensivo. Na defesa foi mal e cometeu um pênalti.
Kurihara – 5,0 - Cedeu um pênalti no início da partida e pelo menos desse erro se redimiu ao empatar o jogo com um gol de cabeça. Estava fora de posição quando Nishikawa fez grande defesa no fim do primeiro tempo e chegou atrasado no lance do terceiro gol chinês.
Morishige – 5,5 - Não teve falhas cruciais, mas foi inseguro.
Makino – 6,0 - No ataque foi bem e deu a assistência para o gol de Kakitani. Defensivamente foi mal.
Yamaguchi – 6,0 - Muito recuado (às vezes quase como um terceiro zagueiro), pouco contribuiu com o ataque. Decente na marcação.
Aoyama – 6,0 - Quase teve uma assistência num cruzamento que Kudo não conseguiu cabecear por centímetros. Apareceu pouco no resto do jogo e foi substituído cedo.
Kudo – 7,0 - Grande estreia na seleção. Começou devagar mas apareceu bem ainda no primeiro tempo com uma assistência de cabeça para o gol de Kurihara. Deixou o seu no segundo tempo.
Takahagi – 7,0 - Movimentou-se bem e deu bons passes. Começou a jogada do primeiro e do terceiro gol japonês.
Haraguchi – 6,5 - Buscou jogo e mostrou vontade, mas parecia um pouco fora de sintonia com o resto do time.
Kakitani – 7,0 - Apagado no primeiro tempo, era acionado poucas vezes. No segundo, fez um gol de cabeça, deu a assistência para Kudo em uma jogada de craque e pouco depois perdeu um gol feito. Poderia ter saído como o herói do jogo.
Takahashi – 6,0 - Entrou para reforçar a defesa, mas não adiantou.
Saito – 5,5 - Jogou 20 minutos na vaga de Haraguchi. Estava afobado e errou o que tentou.
Osako – Sem nota - Entrou no finalzinho.
Zaccheroni – 5,0 - Não inventou na escalação e ia saindo com uma boa vitória apesar do início ruim. Fez alterações que não tiveram impacto na partida e sua defesa sucumbiu nos dez minutos finais.

Guia da Copa do Leste Asiático 2013

seg, 15/07/13
por Tiago Bontempo |

Testar novos jogadores em busca das futuras estrelas de suas seleções, ao mesmo tempo em que enfrentam os seus maiores rivais. Este é o objetivo de Coreia do Sul, Japão, China e Austrália na Copa do Leste Asiático, torneio criado pela EAFF (Federação de Futebol do Leste Asiático) que acontecerá entre 20 e 28 de julho na Coreia do Sul. Foram chamados apenas atletas que atuam nas ligas destes países, já que a disputa não acontece em uma data Fifa e os clubes não são obrigados a liberar os seus jogadores. Esta é a quinta edição da competição, que é realizada desde 2003 e sucede a extinta Copa Dinastia dos anos 1990.

O formato é simples: quatro times jogam entre si e o que somar mais pontos em três rodadas é o campeão. Normalmente os participantes são Japão, Coreia do Sul e China, todos com vagas diretas garantidas, e mais uma seleção que vem de uma eliminatória. O quarto participante da vez é a estreante Austrália, que conseguiu a vaga ao superar Coreia do Norte, Hong Kong, Taipé Chinesa e Guam na fase preliminar.

Existe também uma versão feminina do torneio, simultânea à masculina e com a participação de Coreia do Sul, Japão, China e Coreia do Norte.

Calendário de jogos
(Partidas no horário de Brasília)

20/07 – 07:00 – Coreia do Sul x Austrália
21/07 – 09:00 – Japão x China

24/07 – 08:00 – Coreia do Sul x China
25/07 – 08:00 – Japão x Austrália

28/07 – 05:15 – Austrália x China
28/07 – 08:00 – Coreia do Sul x Japão

Coreia do Sul

Viveu momentos de crise durante as Eliminatórias e se classificou para a Copa do Mundo no sufoco, com alguns resultados cruciais conseguidos apenas nos acréscimos das partidas e uma amarga derrota em casa para o Irã na última rodada que deixou os coreanos em segundo lugar no grupo, à frente do Uzbequistão apenas nos critérios de desempate. Choi Kang-Hee foi na prática um treinador interino que só tinha contrato até a metade deste ano. Apesar de vir de um ótimo trabalho com o Jeonbuk Motors, não conseguiu dar um padrão tático à sua seleção e foi alvejado de críticas durante toda a campanha. No fim, ele cumpriu a palavra e ficou no cargo apenas até garantir a vaga na Copa, mas não montou um time pensando em 2014.

A KFA tomou a decisão mais óbvia e contratou no mês passado o melhor nome disponível entre os treinadores locais: Hong Myung-Bo, uma verdadeira lenda do futebol coreano que teve papel de destaque em duas de suas maiores conquistas: o quarto lugar na Copa de 2002 (como zagueiro e capitão) e a medalha de bronze em Londres 2012 (como técnico). Ele tem carisma, sabe comandar um grupo e é visto como a figura ideal para guiar a seleção.

A geração atual já mostrou nas últimas Olimpíadas que tem potencial. A maior dificuldade tem sido lidar com a transição para esse grupo que ainda é muito jovem e com o sistema defensivo que tem se mostrado muito vulnerável. Os líderes desta seleção já vêm se destacando na Europa apesar da pouca idade: o volante Ki Sung-Yueng (24 anos, Swansea City), os meias Koo Ja-Cheol (24 anos, Wolfsburg) e Lee Chung-Yong (25 anos, Bolton) e também o atacante Park Chu-Young (27 anos, Arsenal), que vem em má fase e não tem sido convocado, mas deve ganhar chances com o novo treinador. Além da maior promessa de todas, o atacante Son Heung-Min (21 anos, Bayer Leverkusen).

Nenhum dos acima citados estará na Copa do Leste Asiático, mas o torneio será uma grande oportunidade de testar novas opções: dos 23 convocados, apenas nove estavam no grupo que encerrou as Eliminatórias, e apenas cinco deles têm 10 ou mais jogos pela seleção. Myung-Bo selecionou um grupo bem inexperiente com média de idade de 24,9 anos e com sete atletas que atuam na J-League. A Coreia vem com um certo favoritismo por jogar em casa e terá forte apoio da sua torcida, especialmente no duelo contra o arquirrival Japão.

Técnico: Hong Myung-Bo
Ranking da Fifa: 43º
Participações na Copa do Leste Asiático: 4
Melhor resultado: Campeã (2003 e 2008)

Elenco
Goleiros: Jung Sung-Ryong (Suwon Bluewings), Lee Bum-Young (Busan IPark)
Defensores: Kim Chang-Soo (Kashiwa Reysol), Kim Jin-Su (Albirex Niigata), Kim Min-Woo (Sagan Tosu),  Lee Yong (Ulsan Hyundai), Kim Young-Gwon (Guangzhou Evergrande), Jang Hyun-Soo (FC Tokyo), Hong Jeong-Ho (Jeju United), Hwang Seok-Ho (Sanfrecce Hiroshima)
Meio-campistas: Ha Dae-Sung, Yun Il-Rok e Ko Yo-Han (FC Seoul), Ko Mu-Yeol e Lee Myung-Joo (Pohang Steelers), Yeom Ki-Hun (Police FC), Lee Seung-Gi (Jeonbuk Motors), Cho Young-Cheol (Omiya Ardija), Park Jong-Woo (Busan IPark), Han Kook-Young (Shonan Bellmare)
Atacantes: Kim Shin-Wook (Ulsan Hyundai), Kim Dong-Sub (Seongnam Ilhwa), Seo Dong-Hyun (Jeju United)

 

Japão

Campeão da Copa da Ásia em 2011 e com a melhor campanha das Eliminatórias para 2014, o antes incontestável Alberto Zaccheroni vem sendo muito criticado pelos recentes resultados ruins – este ano os Samurais perderam cinco dos nove jogos disputados, incluindo as três derrotas na Copa das Confederações.

A maior preocupação é a defesa, especialmente a dupla de zaga, reprovada nos confrontos contra grandes seleções – foram nove gols sofridos nas três partidas contra Brasil, Itália e México no mês passado. As posições de centroavante e volante também precisam de novas opções. No gol, Kawashima deve continuar como número 1, mas tem falhado em jogos recentes e precisa ao menos ter uma sombra para lhe fazer pressão. Laterais e meias ofensivos é onde o Japão está mais bem servido e será difícil vermos nomes novos nas próximas convocações.

Como grande parte dos seus jogadores atua na Europa, veremos na Copa do Leste Asiático um Japão bem diferente do usual. O italiano Alberto Zaccheroni chamou um grupo jovem, com média de idade de 25,5 anos e várias caras novas. 15 dos 23 convocados ainda não têm no currículo nenhuma partida pela seleção principal, e apenas três deles têm mais de dez jogos: Komano, Makino e Kurihara são os mais experientes. Dos que faziam parte da seleção e atuam no Japão, não foram chamados Konno, Inoha, Endo, Kengo Nakamura e Maeda.

Há apenas um lateral de origem (Komano) e seis zagueiros, o que sugere outro retorno do 3-4-3, mas o próprio Zaccheroni afirmou que pretende utilizar o 4-2-3-1. ou seja, Moriwaki e Makino devem ser usados como laterais. Para o meio e o ataque vieram os jogadores que eram pedidos pela maioria, com exceção de Hisato Sato (Hiroshima) e Takuya Aoki (Omiya). É um grupo forte com (quase) o que há de melhor na J-League.

Técnico: Alberto Zaccheroni
Ranking da Fifa: 37º
Participações na Copa do Leste Asiático: 4
Melhor resultado: 2º lugar (2003, 2005 e 2008)

Elenco:
Goleiros: Shusaku Nishikawa (Sanfrecce Hiroshima), Shuichi Gonda (FC Tokyo), Takuto Hayashi (Vegalta Sendai)
Defensores: Yuichi Komano (Júbilo Iwata), Ryota Moriwaki e Tomoaki Makino (Urawa Reds), Yuzo Kurihara (Yokohama F-Marinos), Kazuhiko Chiba (Sanfrecce Hiroshima), Masato Morishige (FC Tokyo), Daisuke Suzuki (Kashiwa Reysol)
Meio-campistas: Toshihiro Aoyama e Yojiro Takahagi (Sanfrecce Hiroshima), Hideto Takahashi (FC Tokyo), Hotaru Yamaguchi e Takahiro Ogihara (Cerezo Osaka), Gaku Shibasaki (Kashima Antlers), Hiroki Yamada (Júbilo Iwata)
Atacantes: Yohei Toyoda (Sagan Tosu), Yoichiro Kakitani (Cerezo Osaka), Yuya Osako (Kashima Antlers), Manabu Saito (Yokohama F-Marinos), Masato Kudo (Kashiwa Reysol), Genki Haraguchi (Urawa Reds).

Nota: Shibasaki, doente, foi cortado. O lateral Yuhei Tokunaga (FC Tokyo) foi chamado para o seu lugar (editado em 17/07/2013).

 

China

Passa por um momento difícil. Dos seis jogos que disputou em 2013, venceu apenas um e perdeu os outros cinco. Vem de três derrotas seguidas em amistosos disputados em casa, e a última delas (um humilhante 5×1 contra a Tailândia) custou o emprego do técnico espanhol José Antonio Camacho.

A CFA anunciou um ousado plano: superar Japão e Coreia e se tornar a principal seleção da Ásia nos próximos 10 a 15 anos. Parece difícil, principalmente porque a seleção chinesa praticamente não evoluiu na última década. Desde a geração que levou o país à sua única Copa do Mundo, em 2002, e a um segundo lugar na Copa da Ásia, em 2004, os chineses viraram figurantes a nível continental. Nas Eliminatórias para a Copa de 2014, sequer chegaram à fase final. Em março deste ano, caíram para a pior posição de sua história no Ranking da Fifa: 109º.

Estrelas da seleção atual como o meia Zheng Zhi e o atacante Gao Lin não atingiram todo o potencial que era esperado no início de suas carreiras. Hoje não temos nenhum chinês atuando em uma liga relevante na Europa. Mas pode ser que isso mude em breve. Acredita-se no país que o zagueiro Zhang Linpeng, de 24 anos, seria capaz de se destacar no Velho Continente. Mas a maior promessa mesmo é o meia Wu Lei, de 21 anos, chamado de “o futuro do futebol chinês”. É bom ficar de olho nele.

Fu Bo, ex-auxiliar e que trabalhava com as categorias de base da seleção, é agora o técnico interino e chamou um grupo sem muitas surpresas, com alguns jogadores que não eram utilizados por Camacho, como o atacante Qu Bo e o zagueiro Du Wei, mas apenas um nome que nunca havia sido convocado – o zagueiro Shi Ke, de 20 anos, que é também o mais jovem do elenco. Apesar de todos os problemas, a China tem a seu favor o fato de poder jogar com força máxima, enquanto os três adversários usarão times B.

Técnico: Fu Bo (interino)
Ranking da Fifa: 100º
Participações na Copa do Leste Asiático: 4
Melhor resultado: Campeã (2005 e 2010)

Elenco
Goleiros: Zeng Cheng (Guangzhou Evergrande), Geng Xiaofeng (Shandong Luneng), Yang Zhi (Beijing Guoan)
Defensores: Zhang Linpeng, Sun Xiang e Rong Hao (Guangzhou Evergrande), Du Wei (Shandong Luneng), Liu Jianye e Wu Xi (Jiangsu Sainty), Li Xuepeng (Dalian Aerbin), Shi Ke (Hangzhou Greentown)
Meio-campistas: Huang Bowen e Zheng Zhi (Guangzhou Evergrande), Wang Yongpo e Cui Peng (Shandong Luneng), Zhang Xizhe (Beijing Guoan), Yang Hao (Guizhou Renhe), Wu Lei (Shanghai East Asia)
Atacantes: Gao Lin (Guangzhou Evergrande), Yang Xu (Shandong Luneng), Sun Ke (Jiangsu Sainty), Qu Bo (Guizhou Renhe), Yu Dabao (Dalian Aerbin)

 

Austrália

Assim como as seleções acima, os Socceroos também não estão no melhor dos momentos. Passaram por dificuldades nas Eliminatórias e vivem uma transição de gerações ainda mais complicada que a Coreia. A base do time está muito envelhecida e ainda depende de veteranos como Mark Schwarzer (40 anos), Lucas Neill (35) e Tim Cahill (33). A renovação não tem acontecido no ritmo ideal, mas o técnico alemão Holger Osieck vem introduzindo – muito por causa da pressão da imprensa local – jovens promessas como o talentoso Robbie Kruse (24 anos, Bayer Leverkusen) e também Tommy Oar (21 anos, Utrecht) e Tom Rogic (20 anos, Celtic).

Convidados pela EAFF para sua primeira participação na Copa do Leste Asiático, os oceânicos já passaram sufoco na fase preliminar. Usando um time B, venceram Hong Kong por apenas 1×0 e empataram em 1×1 com a Coreia do Norte. A classificação foi garantida só no saldo de gols, graças a goleadas contra Guam (9×0) e Taipé Chinesa (8×0). Os norte-coreanos terminaram com o mesmo número de pontos mas com quatro gols a menos de saldo.

A convocação foi anunciada de forma provisória com 24 nomes, sendo 19 atletas locais que já vinham treinando juntos desde a última segunda-feira (8) e mais cinco que atuam nas ligas japonesa, chinesa e coreana. Dez deles estavam na última convocação para as Eliminatórias. Às vésperas da viagem para Seul, dois jogadores que atuam na China, McKay (Changchun Yatai) e McGowan (Shandong Luneng), não haviam sido formalmente liberados, enquanto o Nagoya Grampus se recusou a ceder Joshua Kennedy, mesmo com a J-League não tendo jogos durante o torneio na Coreia.

“Os clubes estrangeiros criaram muitos problemas”, declarou Osieck. “Conversei com o Stojkovic [técnico do Nagoya] e ele concordou em deixá-lo [o Kennedy] jogar, mas logo em seguida recebemos um comunicado do clube negando a sua liberação. Não é uma situação boa e eu não aceito isso.” O limite para oficializar o elenco com 23 nomes é até 24 horas antes da partida de abertura.

Técnico: Holger Osieck
Ranking da Fifa: 40º
Participações na Copa do Leste Asiático: Estreante

Elenco
Goleiros: Eugene Galekovic (Adelaide United), Nathan Coe (Melbourne Victory), Mark Birighitti (Newcastle Jets)
Defensores: Ivan Franjic e Jade North (Brisbane Roar), Trent Sainsbury (Central Coast Mariners), Michael Thwaite (Perth Glory), Craig Goodwin (Newcastle Jets), Robert Cornthwaite (Chunnam Dragons), Ryan McGowan (Shandong Luneng)
Meio-campistas: Mark Milligan e Mitch Nichols (Melbourne Victory), Dario Vidosic (Adelaide United), Ruben Zadkovich e Joshua Brillante (Newcastle Jets), Aaron Mooy (Western Sidney Wanderers), Matt McKay (Changchun Yatai), Erik Paartalu (Tianjin Teda)
Atacantes: Archie Thompson e Connor Pain (Melbourne Victory), Mitchell Duke (Central Coast Mariners), Adam Taggart (Newcastle Jets), Tomi Juric (Western Sydney Wanderers)

Nota: No final, Kennedy foi o único a não ser liberado e o elenco oficial com 23 nomes foi anunciado um dia antes da partida de abertura (editado em 19/07/2013)

Japão termina Copa das Confederações com mais uma frustrante derrota

sáb, 22/06/13
por Tiago Bontempo |

Copa das Confederações – 1ª fase – Japão 1×2 México
Mineirão, Belo Horizonte – Público: 52.690 [vídeo]
Gols: Chicharito (54′, 66′), Okazaki (86′)

Kagawa lamenta: três derrotas em três jogos / Getty Images

Derrotas para Brasil (3×0), Itália (4×3) e agora México (2×1) resumiram a campanha japonesa na Copa das Confederações 2013. Ofensivamente, o time foi nulo na primeira partida, excelente na segunda e fraco na terceira. Defensivamente, foi mal nas três. A defesa, sempre vista como o principal ponto fraco mas que pouco foi exigida nas Eliminatórias, mostrou não estar à altura das grandes seleções. Os lentos volantes sofreram com a velocidade dos adversários e não deram proteção suficiente à zaga. Os meias se destacaram, mas a falta de uma presença de área ainda afeta a produtividade deles. Enfim, são os mesmos problemas que já eram apontados antes mesmo de começar as Eliminatórias, em 2011, e que mais uma vez foram levantados quando a equipe de Zaccheroni deu sinais de estagnação nos últimos jogos. Afinal, o Japão evoluiu com o treinador italiano ou não?

A partida disputada no Mineirão não valia muito, pois japoneses e mexicanos já estavam eliminados. Ainda assim, ambos entraram em campo com algo próximo do que têm de melhor. Nos Samurais Azuis, três mudanças: Hosogai substituiu o suspenso Hasebe (Endo herdou a braçadeira de capitão) enquanto Kurihara e Hiroki Sakai entraram nas vagas dos poupados Yoshida e Uchida.

Na El Tri, José Manuel de la Torre mexeu em todas as posições. No gol, Ochoa finalmente teve uma chance de ser titular. Na defesa, o capitão Francisco Rodríguez deu lugar ao jovem Diego Reyes. O veterano Torrado passou a capitanear a equipe e formou a dupla de volantes com Zavala, que retornou ao time e mandou Salcido para o banco. Mais à frente, Flores perdeu a vaga para Giovani dos Santos, deslocado para a ponta direita. Jimenez entrou no ataque ao lado de Chicharito Hernandez, e a formação que vinha sendo um 4-4-1-1 passou a ser um 4-4-2 mais tradicional.

As formações iniciais: Japão no 4-2-3-1 e México no 4-4-2

O Japão começou melhor e mais organizado. Chegou até a balançar as redes num chute de Endo de fora da área que foi desviado por Okazaki de calcanhar, mas o lance foi anulado por impedimento. Será que estava mesmo? Tire sua própria conclusão. Porém, os nipônicos mostravam dificuldades na saída de bola e na marcação, o que contribuiu para que os mexicanos logo passassem a controlar mais a bola e criassem mais chances de perigo. A principal delas no primeiro tempo foi quando Guardado apareceu como elemento surpresa dentro da área, escorando de cabeça um cruzamento pelo lado esquerdo, sem marcação. Kurihara e Konno estavam ocupados marcando os dois atacantes e os volantes não acompanharam. Kawashima teve sorte e a bola carimbou a trave.

No início da segunda etapa, o camisa 1 não teve tanta sorte assim. Novamente num cruzamento pela esquerda, desta vez com Guardado, Chicharito se adiantou a Kurihara e chegou na bola antes de Kawashima: 1×0. Não demorou muito e saiu o segundo, de novo na bola aérea. E do novo com Chicharito, do alto de seus 1,75 m. O irônico é que um minuto antes de sofrer o segundo gol Zaccheroni tinha tirado o centroavante Maeda e colocado o zagueiro Yoshida. Isso mesmo, com o time perdendo por 1×0, ele tirou um atacante e colocou um defensor. Lá estava o 3-4-3 de volta.

65 minutos: Maeda deu lugar a Yoshida e o Japão passou a atuar no 3-4-3

O italiano já tinha feito a mesma mudança tática no decorrer da partida contra a Austrália. O resultado? Gol sofrido dois minutos depois. Desta vez o castigo demorou apenas um minuto para vir. Foi só mudar para o 3-4-3 e imediatamente o México fez 2×0. Foi a sexta vez que a formação com três zagueiros foi usada por Zaccheroni e em nenhuma delas deu certo. 13 minutos depois, mais uma mudança e o sistema voltou para o 4-2-3-1 quando Nagatomo sentiu o joelho e teve que ser substituído. Kengo Nakamura entrou em seu lugar, deslocando Konno para a lateral esquerda e fazendo a ligação com o ataque, onde Honda tentava suprir a ausência de um centroavante.

78 minutos: Com a entrada de Nakamura, o Japão volta para o 4-2-3-1

Nakamura entrou bem e o Japão finalmente parecia capaz de tentar algo na partida. Honda estava visivelmente desgastado e quase não apareceu no segundo tempo, mas Kagawa ainda queria jogo. E foi do camisa 10 o preciso lançamento que encontrou Endo do outro lado da área mexicana, nas costas da defesa. Com um toque de primeira, ele serviu Okazaki, que finalizou também de primeira, à queima-roupa, e venceu o arqueiro Ochoa. Uma boa jogada trabalhada, mas foi só. O Japão se despediu da Copa das Confederações sem nenhum ponto, disse até logo ao Brasil e deixou uma imagem mais ou menos positiva por causa do jogo contra a Itália, mas os pontos negativos foram maiores. Se não quiser dar vexame na Copa do Mundo, Zaccheroni terá que corrigir em um ano os problemas que ele não arrumou nos últimos dois.

Histórico dos confrontos
Em partidas oficiais, o Japão só venceu o México uma vez (3×2, amistoso disputado em Fukuoka em 1996) e sofreu a terceira derrota. As outras duas foram em um amistoso em Hong Kong (1×0, em 2000) e na Copa das Confederações de 2005 (2×1, em Hannover). Existem mais dois confrontos entre seleções consideradas principais na época mas que acabaram não entrando no registro de jogos oficiais: uma vitória japonesa nas Olimpíadas de 1968 (2×0 com dois gols de Kamamoto, partida que valeu a medalha de bronze para os nipônicos) e um triunfo mexicano em jogo-treino (2×1 em Lausanne, Suíça) antes da Copa de 1998.

Notas:
Kawashima – 7,0 - Inseguro em alguns lances, mas fez boas intervenções e ainda defendeu um pênalti, impedindo o hat-trick de Chicharito. Sem culpa nos gols sofridos.
Hiroki Sakai – 5,5 - Apesar de ser um lateral ofensivo, quase não apareceu no ataque e ainda não foi bem na marcação. O primeiro gol mexicano saiu de um cruzamento pelo seu lado.
Kurihara – 6,0 - Vinha fazendo uma partida segura até falhar no lance do primeiro gol, quando não acompanhou Chicharito.
Konno – 6,0 - Regular na zaga. Virou lateral esquerdo no fim do jogo e subiu bastante ao ataque, mas sem sucesso.
Nagatomo – 6,0 - Travou um bom duelo com Giovani dos Santos na marcação mas não foi muito efetivo no ataque. Saiu sentindo o joelho no segundo tempo.
Hosogai – 6,0 - Razoável na marcação mas com participação zero no ataque.
Endo – 6,0 - Sofreu na marcação e não evitou que Mier desviasse de cabeça na primeira trave no primeiro gol mexicano. No entanto, era o único com bom passe na saída de bola e deu a assistência para o gol de Okazaki.
Okazaki – 7,0 - Mais uma vez, o melhor japonês em campo. Seu esforço foi recompensado com um gol no final.
Honda – 4,5 - No primeiro tempo, deu uma furada feia e foi desarmado duas vezes, dando dois contra-ataques perigosos ao México. Arrastou-se em campo no segundo tempo.
Kagawa – 6,5 - Esforçou-se, mas produziu pouco. Iniciou a jogada do gol de honra do Japão.
Maeda – 6,0 - Participativo no ataque, foi melhor que nas últimas partidas (o que não era muito difícil), mas ainda está longe de ser a solução dos problemas da seleção para a posição de centroavante.
Uchida – 5,0 - Entrou no lugar de Sakai para reforçar a defesa mas acabou falhando na marcação de Chicharito no segundo gol mexicano e ainda cometeu um pênalti.
Yoshida – 5,5 - Entrou no lugar de Maeda para formar o terceiro zagueiro no 3-4-3 de Zaccheroni, mas a defesa não melhorou – sofreu o segundo gol um minuto depois que ele entrou em campo.
Kengo Nakamura – 6,5 - Jogou pouco mais de 15 minutos mas foi sua melhor apresentação pela seleção em muito tempo. O Japão melhorou com ele em campo.
Zaccheroni – 2,0 - Escalou o time sem muitas surpresas, no usual 4-2-3-1,  mas colocou tudo a perder com péssimas alterações e a teimosia no 3-4-3 que nunca funcionou com o Japão. Admitiu o erro ao colocar Kengo e voltar para o 4-2-3-1, mas era tarde.

Classificação final do Grupo A

Pos. País Pontos J V E D GP GC SG
Brasil 9 3 3 0 0 9 2 7
Itália 6 3 2 0 1 8 8 0
México 3 3 1 0 2 3 5 -2
Japão 0 3 0 0 3 4 9 -5

Itália 4×3 Japão: Samurais perdem, mas impressionam com futebol ofensivo

qui, 20/06/13
por Tiago Bontempo |

Copa das Confederações – 1ª fase – Itália 4×3 Japão
Arena Pernambuco, Recife – Público: 40.489 [vídeo]
Gols: Honda (21′), Kagawa (33′), De Rossi (41′), Uchida (gol contra, 50′), Balotelli (52′), Okazaki (69′), Giovinco (86′)

Brilhante no ataque e com lapsos na defesa, o Japão acabou eliminado mais cedo / Getty Images

37 do segundo tempo. O placar da Arena Pernambuco mostra 3×3. Empurrado pela torcida local, o Japão encurrala e coloca a Itália na roda. Troca 26 passes em sequência, enquanto o estádio grita “olé”. Os tetracampeões mundiais eram dominados. Ainda assim, eles já tinham feito três gols. E fizeram o quarto. No momento que mais favorecia os japoneses, os italianos mataram o jogo em um contra-ataque: 4×3 na melhor partida da Copa das Confederações até agora.

Depois da derrota para o Brasil, em que atuou num 4-6-0 e de forma defensiva, Alberto Zaccheroni mudou o Japão de volta para seu 4-2-3-1 padrão, com Maeda à frente dos três meias. A Itália, treinada por Cesare Prandelli, veio com duas mudanças em relação ao time que venceu o México por 2×1 na estreia: Maggio no lugar de Abate na lateral direita e Aquilani substituindo Marchisio no meio-campo.

As formações iniciais: Itália no 4-3-2-1 e Japão no 4-2-3-1

Para a surpresa de muitos, os Samurais lançaram-se à frente desde o início e pressionaram os italianos nos primeiros 15 minutos. Quando o duelo ia se equilibrando, De Sciglio recuou mal e a bola ficou dividida entre Buffon e Okazaki. O árbitro argentino Diego Abal marcou pênalti e Honda cobrou bem: 1×0. Com a vantagem no placar, o Japão continuou dominando. Prandelli viu que sua equipe não conseguia jogar e trocou Aquilani por Giovinco com apenas 30 minutos. Mas sofreu o segundo logo depois, em uma falha defensiva. Konno tentou um passe para Kagawa; Chiellini e Montolivo poderiam ter cortado, mas eles não se entenderam e a bola sobrou com o camisa 10 nipônico, que mandou de voleio para as redes: 2×0.

O domínio ainda era japonês, e cabia mais. Buffon fez boa defesa numa cobrança de falta perigosa de Endo. A Itália só se encontrou quando aconteceu um apagão na defesa japonesa. Bastaram 12 minutos: cinco no fim do primeiro tempo e sete no início do segundo. Numa bola parada, num escanteio de Pirlo em que De Rossi ganhou da marcação de Hasebe e cabeceou para as redes, o placar diminuiu para 2×1. Antes do intervalo, Giaccherini não se importou com a marcação de Konno e acertou um chute na trave.

Começou a segunda etapa e o Japão ainda atacava, mas deu de presente o gol de empate quando Yoshida protegeu mal uma bola que estava para sair em tiro de meta; Giaccherini ganhou dele e cruzou rasteiro para o meio da pequena área, onde Balotelli estava livre para fazer o gol. A bola não chegou nele, mas Uchida colocou para dentro da própria meta: 2×2. Logo em seguida, a Azzurra chegou novamente e o árbitro marcou pênalti num chute de Giovinco em que a bola desviou na perna de Hasebe e depois em seu braço. Intencional? De forma alguma. Desviou a trajetória da bola? Desviou, mas a perna já tinha amortecido o chute. De qualquer forma, Balotelli foi para a cobrança, deslocou Kawashima e virou o jogo: 3×2.

A Itália só precisava defender o resultado e já estaria classificada com antecedência para a semifinal, o que favoreceu a manutenção da pressão nipônica. O gol de empate veio com o guerreiro Okazaki, que se adiantou à marcação na primeira trave e mandou para as redes, de cabeça, a bola cruzada por Endo. A montanha-russa que foi a partida mais uma vez fez com que os japoneses chegassem às alturas, e o gol da virada esteve por um fio – Okazaki e Kagawa acertaram a trave. De repente, um contra-ataque fulminante nos minutos finais e os asiáticos estavam lá embaixo novamente. Giovinco, que nunca tinha feito um gol pela sua seleção, marcou pela primeira vez. Ainda deu tempo de Yoshida empatar após mais uma bola na trave de Okazaki, mas o zagueirão estava impedido e o que seria o seu gol redentor foi anulado.

Foi a segunda derrota em dois jogos e o Japão já está eliminado da Copa das Confederações. A defesa cometeu falhas terríveis, mas dominar a Itália não é para qualquer um. Foi um futebol bonito e ofensivo que certamente deixou orgulhosos os torcedores dos Samurais Azuis. Honda e Kagawa brilharam e Okazaki conseguiu ser ainda melhor. Neste esporte, o time que domina nem sempre é o vencedor, mas se o Japão não tinha mostrado seu verdadeiro futebol no jogo anterior, agora os brasileiros já sabem o que podemos esperar deles.

Histórico dos confrontos
Não foi desta vez que o Japão conseguiu a primeira vitória contra a Itália em sua história. Mas os dois países só se enfrentaram em outras duas ocasiões: um empate por 1×1 num amistoso em Saitama em 2001 (gol de Yanagisawa) e uma goleada italiana por 8×0 nas Olimpíadas de Berlim em 1936.

Notas:
Kawashima: 5,5 - Sofreu quatro gols mas não cometeu falhas.
Uchida: 5,5 - Ficou o tempo todo preso na marcação e ainda fez um gol contra.
Yoshida: 5,0 - Não foi mal durante os 90 minutos, mas a falha terrível no segundo gol italiano comprometeu sua atuação.
Konno: 5,5 - Poderia ter ido melhor nos lances em que deixou Giaccherini chutar na trave e no quarto gol italiano, mas deu a assistência para o gol de Kagawa.
Nagatomo: 6,5 - Cresceu no segundo tempo e incomodou bastante a defesa italiana.
Hasebe – 6,0 - Bem melhor que nas partidas anteriores, o capitão foi firme na marcação (apesar de ter falhado no lance do gol de De Rossi), não teve culpa no pênalti que causou e por muito pouco não fez um golaço de fora da área.
Endo – 6,5 -  Deu a assistência para o gol de Okazaki mas não apareceu muito no resto do jogo.
Okazaki – 8,0 - O melhor em campo. Fez gol, acertou a trave duas vezes, iniciou contra-ataques… Estava inspirado.
Honda – 7,0 - Cobrou bem o pênalti no primeiro gol, apareceu bastante no ataque e quase fez um golaço no segundo tempo.
Kagawa – 7,5 - Desde 2011 ele não tinha uma partida tão boa pela seleção. Fez gol, comandou inúmeros ataques e por pouco não decidiu a vitória em favor do Japão – bateu na trave.
Maeda – 5,0 - Não participou muito das triangulações e desperdiçou as duas chances que teve.
Hiroki Sakai – 6,0 - Entrou no lugar de Uchida para deixar o lado direito mais ofensivo, mas teve pouco impacto na partida.
Havenaar – 5,5 - Entrou no lugar de Maeda. Não teve uma boa chance para finalizar.
Kengo Nakamura – Sem nota - Jogou dois minutos.
Zaccheroni – 6,5 - Teve méritos por fazer o time jogar no ataque e dominar a Itália, mas suas alterações não mudaram nada na partida.

Brasil 3×0 Japão: Samurais ainda não estão à altura de seu eterno algoz

dom, 16/06/13
por Tiago Bontempo |

Copa das Confederações – 1ª fase – Brasil 3×0 Japão
Estádio Nacional Mané Garrincha, Brasília – Público: 67.423 [vídeo]
Gols: Neymar (3′), Paulinho (48′), Jô (90′+3)

Kagawa bem que tentou, mas pouco produziu / Foto: Tiago Bontempo

O discurso era bonito. “Viemos para vencer”, disse um. “Sei como parar o Neymar”, declarou outro. “Podemos surpreender e vencer”, declarava um terceiro. A impressão era de que os japoneses tinham aprendido com os 4×0 do ano passado e vinham motivados para o jogo de abertura da Copa das Confederações, contra o Brasil em Brasília. E, principalmente, sem medo de enfrentar seu maior algoz, o qual nunca venceram com a seleção principal. No entanto, foi só a bola rolar no Mané Garrincha e os nipônicos pareceram ter esquecido de tudo o que disseram antes do jogo. O nervosismo era evidente e os erros em jogadas simples se repetiam. Desatenção no início dos dois tempos e um contra-ataque nos acréscimos resumiram mais uma incontestável vitória brasileira.

Se alguém surpreendeu do lado dos Samurais Azuis, foi Zaccheroni. Desta vez ele não escalou nenhum centroavante e mandou a campo uma formação que até parece um 4-4-2, mas na prática é um 4-6-0. O italiano só havia feito isso uma vez, e foi justamente naquele amistoso contra o Brasil. Se a formação foi a mesma, ao menos a estratégia foi diferente. Nada de tentar atacar e jogar de igual para igual como da outra vez, a postura era bem mais contida. Só que o golaço de Neymar no terceiro minuto de jogo colocou tudo isso por água abaixo.

O restante da primeira etapa foi até bom e o Japão chegou a levar perigo ao adversário em alguns momentos. A torcida (que parecia ser pelo menos 99% composta por brasileiros) chegou até a ensaiar vaias para o Brasil lá pelo 35º minuto. Mas, novamente, foi só começar o segundo tempo e, de novo no terceiro minuto, tudo o que Zaccheroni planejou foi por água abaixo. E no exato momento do segundo gol, Maeda, que se aquecia na beira do campo, foi chamado. Saiu Kiyotake, um dos poucos japoneses que não dava pra falar que estava jogando mal, e entrou o atacante do Júbilo Iwata que tem apenas dois gols na temporada da J-League e não marca pela seleção desde o ano passado. Seria ele o salvador da pátria? Nem de longe.

 As formações iniciais: O Japão com Okazaki um pouco mais à frente e Honda com liberdade para se
movimentar pelo meio-campo; o Brasil foi o mesmo que venceu a França por 3×0 no último amistoso

A formação voltou a ser o 4-2-3-1 mas o Japão continuou errando demais (o Brasil teve 31 desarmes) e deixou claro que não existe um Plano B. Endo estava num dia terrível, mas qual alternativa Zaccheroni tinha com o time perdendo por 2×0? Ele optou por colocar Hosogai, um volante de marcação. O capitão Hasebe até tentou compensar um pouco subindo ao ataque, mas sem sucesso. Os nipônicos não fizeram por merecer nem mesmo um gol de honra; apesar da atuação decente da dupla de zaga, o péssimo desempenho dos volantes e a falta de uma presença ofensiva para finalizar as jogadas comprometeram demais. O Brasil foi superior em todos os aspectos e aumentou sua vantagem no histórico de confrontos para oito vitórias, dois empates e nenhuma derrota.

Notas:
Kawashima: 5,0 - Sua única falha foi não ter segurado o chute de Paulinho; era uma bola defensável. No resto da partida foi bem.
Uchida: 5,0 - Ganhou a maioria dos duelos com Neymar mas também sofreu muito para marcá-lo. Nulo ofensivamente.
Yoshida: 5,5 - Não teve atuação ruim e ganhou praticamente todos os duelos dentro da área, mas estava quase caminhando ao invés de tentar marcar Jô no lance no terceiro gol.
Konno: 5,5 - Também ganhou vários duelos dentro da área mas foi incapaz de evitar os gols sofridos.
Nagatomo: 5,0 - Não teve tanto trabalho quanto Uchida na marcação, mas suas subidas ao ataque não influenciaram o jogo.
Hasebe: 4,0 - Péssimo na marcação, não conseguiu acompanhar o ritmo dos brasileiros.
Endo: 3,0 - Irreconhecível. Errou passes simples e marcou mal.
Kiyotake: 6,0 - Um dos poucos que dava a esperança de que poderia acontecer algo quando pegava na bola. No entanto, foi substituído no início do segundo tempo.
Kagawa: 5,0 - Alguém lembra quando foi a última vez que ele jogou realmente bem pela seleção?
Honda: 6,0 - Chamou o jogo para si e foi o principal nome do ataque japonês, mas pouco pôde fazer.
Okazaki: 5,0 - Perdeu a maioria das jogadas e pouco produziu.
Maeda: 5,0 - Manteve a regularidade de não fazer gol pela seleção. Passou em branco pelo oitavo jogo seguido.
Hosogai: 5,5 - Jogou 15 minutos e não impressionou.
Inui – Sem nota - Quatro minutos em campo, não teve tempo de fazer nada.
Zaccheroni: 3,0 - Não escalou mal, mas acabou vítima das limitações que ele mesmo impôs à sua seleção e não tinha o que fazer com o time perdendo por 2×0. Suas duas alterações não tiveram impacto nenhum.

Já garantido na Copa, Japão encerra Eliminatórias com vitória sobre Iraque

ter, 11/06/13
por Tiago Bontempo |

Eliminatórias – Fase 4 – Grupo B – Iraque 0×1 Japão
Grand Hamad Stadium, Doha, Catar – Público: 1.100 [vídeo]
Gol: Okazaki (89′)

Okazaki comemora: agora artilheiro isolado das Eliminatórias, com oito gols

Era praticamente um jogo-treino para o Japão, mais preocupado em poupar energias para a Copa das Confederações do que ganhar sua última partida nas Eliminatórias. Para o Iraque, por outro lado, era a última chance de continuar na briga por uma vaga na Copa do Mundo – qualquer resultado que não fosse uma vitória os deixaria matematicamente eliminados. Os “Leões da Mesopotâmia”, no entanto, não demonstraram mais vontade de vencer que os nipônicos, o que resultou num duelo com poucas chances de gol. Superiores tecnicamente, os Samurais Azuis ainda foram premiados nos minutos finais com um gol do sempre oportunista Okazaki.

A quatro dias da partida contra o Brasil, já se esperava um Japão bem modificado em relação ao que empatou com a Austrália há sete dias. Hasebe (suspenso) e Honda (ainda recuperando a condição física ideal) eram desfalques certos; Alberto Zaccheroni resolveu descansar também Uchida, Yoshida e Maeda. Kurihara teve um mal-estar e também ficou de fora, o que abriu espaço para Inoha formar a dupla de zaga com Konno. Hiroki Sakai, Hosogai, Kiyotake e Havenaar começaram como titulares. Endo herdou a braçadeira de capitão – “é o jogador mais próximo da minha idade”, brincou o técnico italiano na coletiva de imprensa no dia anterior.

O Iraque parecia abalado com a derrota sofrida para Omã em Mascate na semana passada. Além de relatos sugerindo um clima ruim entre jogadores e federação, a principal estrela desta geração e um dos maiores da história do país, o atacante e capitão Younis Mahmoud, anunciou que se aposentará do futebol após as Eliminatórias. Uma decisão surpreendente até porque ele tem “apenas” 30 anos e seria o grande nome da seleção em uma eventual participação na Copa do Mundo.

O treinador sérvio Vlado Petrovic teve dois desfalques por lesão: o defensor Salam Shaker e o meia Humam Tariq. Os meio-campos Nashat Akram e Muthana Khalid foram para o banco, totalizando quatro mudanças na equipe. O Iraque entrou com uma formação relativamente defensiva, com o volante Ateeh Saad bem recuado, em meio às duas linhas de quatro e com Younis isolado na frente.

As formações iniciais: Iraque no 4-1-4-1 e Japão no usual 4-2-3-1

O jogo em si seguiu em ritmo de treino do início ao fim. Para o desespero dos poucos iraquianos presentes no quase vazio estádio do Al Arabi, sua seleção produzia e arriscava pouco. O 0×0 se arrastava e, quando Abdul Zahra foi expulso aos 36 do segundo tempo, as esperanças da equipe mandante se extinguiram. Os Samurais já sairiam satisfeitos com um empate, mas ainda conseguiram achar um gol nos minutos finais. Okazaki roubou a bola no campo de defesa e puxou contra-ataque. Ele deixou com Endo, que invadiu a área livre pelo lado esquerdo; o vice-capitão não foi fominha e devolveu para Okazaki, que empurrou para as redes e anotou seu 33º gol em 63 jogos pela seleção.

No histórico dos confrontos, o Japão agora leva vantagem: são quatro vitórias, dois empates e três derrotas em nove jogos. O curioso é que depois do empate por 2×2 em 1993 que ficou conhecido como a “Agonia de Doha”, os japoneses venceram todos os quatro jogos seguintes e nunca mais perderam ou empataram com os iraquianos. E nenhuma dessas nove partidas foi disputada no Iraque, que atualmente manda seus jogos no Catar devido a medidas de segurança impostas pela Fifa.

Notas:
Kawashima – 6,5 - Teve pouco trabalho mas apareceu bem nos lances onde foi acionado.
Hiroki Sakai – 6,0 - Não teve impacto no ataque e até defendeu bem em certos lances, mas se complicou em algumas saídas de bola.
Inoha – 7,0 - Atuação firme e de poucas falhas, anulou Younis Mahmoud.
Konno – 7,0 - Pouco exigido no primeiro tempo, mas consistente no segundo.
Nagatomo – 6,0 - Desatento no início, quase custou um gol nos minutos iniciais. Melhorou no decorrer da partida, mas foi pouco incisivo.
Hosogai – 6,0 - Perdeu uma bola que quase deu um gol ao Iraque no primeiro tempo. Melhorou no segundo, mas mostrou muito pouco para ameaçar a titularidade de Hasebe.
Endo – 6,5 - Apagado em boa parte do jogo e errando jogadas fáceis, vinha tendo um dia atípico, mas se redimiu com a assistência para o gol da vitória.
Okazaki – 7,0 - Mostrou a vontade de sempre, mas ia apanhando demais e jogando de menos. No entanto, seu oportunismo característico apareceu no finalzinho – começou e terminou com ele a jogada do gol. Saiu como o herói do dia.
Kagawa – 6,0 - Continua devendo, mesmo tendo jogado na posição onde teoricamente rende mais.
Kiyotake – 7,0 - Foi o homem das bolas paradas e quem mais aparecia no setor ofensivo. fez um bom primeiro tempo mas acabou substituído cedo no segundo.
Havenaar – 5,5 - As duas melhores chances do Japão no primeiro tempo foram para ele – uma por baixo e outra no jogo aéreo. Mas ele desperdiçou as duas.
Kengo Nakamura – 6,0 - Entrou no lugar de Kiyotake mas jogou centralizado, deslocando Kagawa para a esquerda. Apareceu pouco.
Maeda – 5,5 - Substituiu Havenaar no segundo tempo mas nem parecia que estava em campo.
Takahashi – Sem nota - Ficou um minuto em campo e nem tocou na bola.
Alberto Zaccheroni – 6,5 - Fez o que se esperava: poupou jogadores e não correu riscos desnecessários.

Resultados, próximos jogos e classificação do grupo:
11/06 – Austrália 4×0 Jordânia (Melbourne) / Iraque 0×1 Japão (Doha, Catar)
18/06 – Austrália x Iraque (Sydney) / Jordânia x Omã (Amã)

Pos. País Pontos J V E D GP GC SG
Japão 17 8 5 2 1 16 5 11
Austrália 10 7 2 4 1 11 7 4
Omã 8 7 2 3 2 7 9 -2
Jordânia 7 7 2 1 4 6 16 -10
Iraque 5 7 1 2 4 4 7 -3

1º e 2º: Classificados para a Copa do Mundo
3º: Vai para a repescagem

Japão anuncia convocados para Copa das Confederações

qua, 05/06/13
por Tiago Bontempo |

Os 23 convocados para a Copa das Confederações foram anunciados hoje pelo técnico da seleção japonesa, o italiano Alberto Zaccheroni. Como já era esperado, a lista não trouxe nenhuma novidade. Dos 26 que haviam sido chamados para os jogos contra Bulgária e Austrália, foram cortados o lateral Yuichi Komano (Júbilo Iwata), o meia Keigo Higashi (FC Tokyo) e o atacante Masato Kudo (Kashiwa Reysol). Confira a convocação completa:

No sufoco e com gol nos acréscimos, Japão garante vaga na Copa do Mundo

ter, 04/06/13
por Tiago Bontempo |

Eliminatórias – Fase 4 – Grupo B – Japão 1×1 Austrália
Saitama Stadium 2002, Saitama – Público: 62.172 [vídeo]
Gols: Oar (81′), Honda (90′+1)

Com um gol de pênalti no fim da partida, Honda foi o herói do dia / Nikkan Sports

Johor Bahru, Malásia, 1997. Bangkok, Tailândia, 2005. Tashkent, Uzbequistão, 2009. E agora, Saitama, 2013. O empate de hoje contra a Austrália foi histórico não só por fazer do Japão o primeiro classificado para a Copa do Mundo via Eliminatórias pela terceira vez consecutiva como também por ser a primeira vez que essa vaga é conseguida em casa.

E a classificação esteve muito perto de escapar. De novo. O Japão de Zaccheroni vinha pressionado por duas derrotas seguidas e por pouco não sofreu a terceira, o que poderia levar a decisão para o último jogo, contra o Iraque em Doha – o que logo traz à mente a “Agonia de Doha” de 1993, a maior tragédia da história do futebol nipônico. Mas o bom retrospecto dos Samurais Azuis no estádio de Saitama (apenas uma derrota, para a Coreia do Sul em 2010) se manteve e Keisuke Honda coroou sua boa atuação com o gol salvador nos acréscimos do segundo tempo.

O Japão entrou em campo com o que pode ser considerado o time completo, com o retorno de Honda (campeão da Copa da Rússia com o CSKA) e Okazaki (vice-campeão da Copa da Alemanha com o Stuttgart). Existia a pressão por conseguir o resultado em casa e principalmente por mostrar um futebol mais convincente, mas a situação japonesa era até tranquila se comparada ao que enfrentam os australianos. Além do terceiro lugar no grupo e de ainda correr o risco de ficar fora da Copa do Mundo, a dificuldade na renovação do elenco é o que mais preocupa o torcedor dos Socceroos.

O técnico alemão Holger Osieck escalou “sangue novo” no seu time recheado de veteranos (média de idade de 30,6 anos, contra 27,7 do Japão) e levou vantagem pelo menos no primeiro tempo. Com Joshua Kennedy no banco, a aposta para o jogo aéreo era em Tim Cahill, isolado no ataque, mas quem ofereceu perigo mesmo foram os jovens e velozes pontas, Robbie Kruse (24 anos) pela direita e Tommy Oar (21 anos) pela esquerda.

Com as estratégias das duas equipes bem definidas – o Japão tentando impor seu toque de bola e a Austrália apostando nos contra-ataques e no jogo aéreo -, Kruse e Oar deixaram mais presos os laterais japoneses e aproveitaram as linhas adiantadas dos donos da casa para criar as principais chances do primeiro tempo em contra-ataques. A maior delas foi quando Brett Holman, o responsável pela ligação do meio com o ataque, lançou Kruse nas costas da defesa e Kawashima salvou, cara a cara com o australiano.

As formações iniciais: Japão no usual 4-2-3-1 e Austrália no 4-4-1-1

No segundo tempo, Osieck parecia satisfeito com o empate e sua equipe ficou mais fechada. O Japão trabalhava bem a bola, especialmente nas tabelas entre Honda e Kagawa, e quase marcou num chute do camisa 10 que encobriu Schwarzer mas tocou no travessão e foi pra fora.

O jogo era bom mas o 0×0 persistia. O empate, porém, era tudo que os nipônicos precisavam, e Zaccheroni resolveu fazer uma mudança. Tirou o inefetivo Maeda, colocou o zagueiro Kurihara e mudou a formação para o contestado 3-4-3. Mas, como dizia o ditado, o castigo veio a cavalo. Dois minutos depois, Oar jogou a bola na área e marcou um inesperado golaço, encobrindo Kawashima – era uma bola defensável, aliás. Seis minutos depois de colocar o time no 3-4-3, Havenaar já tinha entrado no lugar de Uchida e o 4-2-3-1 estava de volta. Talvez o italiano ficou com vergonha de tirar um zagueiro logo depois de ter colocado um.

Só restou ao Japão tentar o empate no desespero, e a grande chance veio quando Honda fez um cruzamento e a bola bateu no braço de McKay dentro da área. Pênalti. O camisa 4 se prontificou a bater a chutou com força, no meio do gol, enquanto Schwarzer caiu para o seu lado esquerdo. Delírio da torcida no lotado Saisuta.

Honda entra para a história assim como Masayuki Okano em 1997, Masashi Oguro em 2005 e Shinji Okazaki em 2009. Nada mais justo para o símbolo dessa seleção, que chegou da Rússia no dia 3, já jogou no dia 4 e mostrou estar recuperado das lesões que atrapalharam seu fim de temporada no CSKA. Surpreendeu até por aparecer no aeroporto com seu filho no colo, que nasceu no fim do ano passado – o fato havia sido mantido em segredo e só agora foi noticiado pela imprensa.

O último jogo das Eliminatórias, contra o Iraque, acontece apenas quatro dias antes da estreia na Copa das Confederações, então Zaccheroni certamente poupará os titulares. Será que já tivemos o bastante do seu 3-4-3 ou vem mais por aí?

Notas:
Kawashima – 6,0 - Fez uma grande defesa frente a frente com Kruse mas falhou no lance do gol australiano. Ainda é soberano no gol japonês, mas cometeu um erro crucial pelo segundo jogo seguido.
Uchida – 6,5 - Alternou bons e maus momentos. Apoiou pouco e sofreu para marcar Oar, mas mostrou dedicação e se jogou na frente da bola pra bloquear pelo menos dois chutes que poderiam causar perigo a Kawashima.
Yoshida – 7,0 - Pode-se dizer que ganhou a batalha com Cahill e fez o Japão não sofrer tanto no jogo aéreo. Bloqueou dentro da área um chute que poderia ser decisivo.
Konno – 6,5 - Atuação segura e com poucos erros.
Nagatomo – 6,0 - Apoiou pouco e teve dificuldades em marcar Kruse. Teve uma chance de definir no segundo tempo mas finalizou mal.
Hasebe – 6,0 - Esforçado, o capitão participou muito da marcação mas não influenciou o setor ofensivo.
Endo – 6,5 - Comandou a saída de bola e teve dois chutes que passaram com perigo, por cima do gol. Bem no primeiro tempo, mas contido no segundo.
Okazaki – 6,0 - Aguerrido na marcação, mas pouco apareceu no ataque. Destacou-se apenas na tabela com Honda que terminou na finalização de Kagawa com grande defesa de Schwarzer.
Honda – 7,5 - O nome do jogo. Chamou a responsabilidade para si desde o início, comandando as ações ofensivas japonesas e apareceu no momento decisivo, com o cruzamento que deu origem ao pênalti e a cobrança que colocou os Samurais na Copa do Mundo.
Kagawa – 7,0 - Mais participativo, está começando a jogar o que se espera dele na seleção. Movimentou-se bastante, fez grandes jogadas trocando passes com Honda e quase marcou um gol por cobertura; a bola bateu no travessão.
Maeda – 5,5 - Ainda destoa no sistema ofensivo japonês. Passa por má fase e completou o sexto jogo sem marcar pela seleção.
Kurihara – 6,0 - Entrou no lugar de Maeda para ser o terceiro zagueiro no meio de Yoshida e Konno, mas praticamente não teve que trabalhar.
Havenaar – 6,0 - Entrou no lugar de Uchida seis minutos depois de Kurihara, deslocando Konno para a lateral direita e fazendo o time voltar a jogar no 4-2-3-1. No entanto, quase não apareceu.
Kiyotake – sem nota - jogou apenas cinco minutos.
Zaccheroni – 3,0 - Fez o time jogar com mais vontade, mas continua insistindo no 3-4-3 e quase perdeu o jogo por causa disso. Tem que agradecer muito a Honda por ter salvo sua pele das avalanches de críticas que viriam com mais uma derrota.

Resultados, próximos jogos e classificação do grupo:
04/06 – Japão 1×1 Austrália (Saitama) / Omã 1×0 Iraque (Mascate)
11/06 – Austrália x Jordânia (Melbourne) / Iraque x Japão (Doha, Catar)
18/06 – Austrália x Iraque (Sydney) / Jordânia x Omã (Amã)

Pos. País Pontos J V E D GP GC SG
Japão 14 7 4 2 1 15 5 10
Omã 8 7 2 3 2 7 9 -2
Austrália 7 6 1 4 1 7 7 0
Jordânia 7 6 2 1 3 6 12 -6
Iraque 5 6 1 2 3 4 6 -2

1º e 2º: Classificados para a Copa do Mundo
3º: Vai para a repescagem

Japão tropeça nas próprias pernas e perde em Toyota para uma organizada Bulgária

qui, 30/05/13
por Tiago Bontempo |

Amistoso – Japão 0×2 Bulgária
Toyota Stadium, Toyota – Público: 41.353 [vídeo]
Gols: Manolev (3′), Hasebe (gol contra, 70′)

Kawashima: “foi minha responsabilidade” / Nikkan Sports

Um frangaço de Kawashima e um gol contra de Hasebe. A Bulgária nem precisou se esforçar muito no ataque para vencer o amistoso disputado em Toyota, já que os japoneses entregaram os dois gols da partida de bandeja. Os Samurais mostraram pouca inspiração no ataque e, apesar de ter pouco trabalho na defesa, duas falhas horrendas em jogadas de bola parada definiram a merecida vitória de uma equipe que se mostrou muito mais organizada.

Alberto Zaccheroni tinha como desfalques Honda, Gotoku Sakai e Okazaki, ainda com seus clubes na Europa para a disputa da final de suas respectivas copas nacionais – eles devem retornar antes do jogo contra a Austrália, mas podem não começar jogando por não terem tempo de treinar com o a seleção. Nagatomo ainda não está 100% fisicamente e começou no banco.

A Bulgária, atualmente em 52º no Ranking da Fifa (o Japão está em 30º), está longe de lembrar a grande equipe que tinha nos anos 1990, mas o técnico Lyuboslav Penev montou um time competitivo e vem fazendo uma boa campanha nas Eliminatórias. Está em segundo lugar no grupo que tem Itália (1º), República Tcheca (3º) e Dinamarca (4º). Apesar de ter um jogo a mais que os concorrentes, ainda está invicta. Desde 2012, só foi derrotada em amistosos, contra Turquia e Ucrânia.

Penev mandou a campo hoje um time que começou defendendo com duas linhas de quatro, num clássico 4-4-2, mas que com a bola alinhava-se num 4-1-4-1. Dyakov fazia o volante mais recuado enquanto Georgi Iliev ora posicionava-se ao lado de Delev no ataque, ora voltava pra armar e ora trocava de posição com Popov na ponta esquerda.

A grande novidade foi o Japão de volta ao 3-4-3, formação que não era utilizada por Zaccheroni desde a derrota em Pyongyang em novembro de 2011. O esquema tático assumidamente preferido do italiano já tinha sido usado algumas vezes, mas em nenhuma delas foi mostrado um bom futebol: nos empates em 0×0 com Peru e República Tcheca e num insosso 1×0 contra o Vietnã, todos em 2011. Agora vem a questão: por que diabos voltar a usar esse esquema que comprovadamente não dá certo?

Como Japão e Bulgária atuaram no primeiro tempo

Algumas razões bem simples indicam que não há sentido em atuar nesse 3-4-3. Primeira: o Japão mal tem um bom zagueiro a nível de seleção. Encontrar dois já tem sido difícil, quanto mais três. Segunda: colocando esse zagueiro extra, você perde um meia, justamente a posição onde o Japão mais tem diversidade de talentos. Terceira: esse meia que desaparece é justamente o que faz a função do camisa 10, e essa é posição onde mais rendem os dois principais jogadores do Japão, Honda e Kagawa.

É compreensível que Zaccheroni queira testar um plano B. Aliás, é mais do que necessário que sua equipe tenha alternativas. Mas se o Japão carece de zagueiros e tem bons meias ofensivos de sobra, por que não usar a lógica e aproveitar melhor o que se tem à disposição? Usar os recursos com eficiência é função primordial de um treinador.

De qualquer forma, os nipônicos mal tiveram tempo de mostrar alguma coisa dentro de campo e já saíram em desvantagem no placar. Aos 3 minutos, Manolev bateu uma falta que foi sem força e em cima de Kawashima, mas o camisa 1 tentou tirar de soco e errou feio, sofrendo um frango incrível. O ataque do Japão simplesmente não funcionava e mesmo com a intensa movimentação de Kagawa e Inui não foi capaz de criar uma chance clara de gol.

As equipes no segundo tempo – Kagawa centralizado, mas só até a entrada de Kengo Nakamura

Zaccheroni resolveu mexer no time por atacado e voltou do intervalo com quatro alterações – Hiroki Sakai, Nagatomo, Kiyotake e Havenaar nos lugares de Uchida, Komano, Yoshida e Maeda. A formação voltou a ser o 4-2-3-1 padrão. Por 24 minutos Kagawa atuou centralizado com seus ex-companheiros de Cerezo Osaka pelos lados: Kiyotake na direita e Inui na esquerda. Apesar de algumas boas trocas de passe, nem assim o Japão conseguiu se impor. Kagawa voltou para a esquerda quando Inui (o melhor japonês em campo, aliás) deu lugar a Kengo Nakamura.

Se o torcedor ainda acreditava em um resultado positivo, essa esperança praticamente morreu quando Zlatinski cobrou uma falta na área e Hasebe inexplicavelmente colocou para dentro do próprio gol. Apesar de uma certa pressão nos minutos finais, o Japão não fez muito por merecer nem um gol de honra – em toda a partida, Havenaar e Kurihara foram quem mais chegaram perto de marcar, em bolas aéreas.

Na próxima terça (04/06) o Japão recebe a Austrália em Saitama em busca do último ponto que falta para garantir a vaga na Copa do Mundo, com os ânimos já nem tão elevados como antes. E permanece o ponto de interrogação quanto à evolução da seleção sob o comando de Zaccheroni.

Japão de Zaccheroni: evolução ou estagnação?

sex, 24/05/13
por Tiago Bontempo |

Desde que o italiano Alberto Zaccheroni assumiu o comando da seleção japonesa, em outubro de 2010, os Samurais Azuis estabeleceram-se como a principal força do continente asiático. Tanto pela conquista da Copa da Ásia em 2011 (tornando-se o país que mais venceu a competição, com quatro títulos) quanto pela campanha até agora tranquila nas Eliminatórias. No Japão, tanto a torcida quanto a mídia tem se mostrado satisfeita com o seu selecionado. No entanto, há sinais de que o time pode estar estagnado ao invés de evoluindo.

Zaccheroni: apostando sempre nos mesmos jogadores / Nikkan Sports

Antes de começarem as Eliminatórias, fizemos um post onde listamos três problemas que o Japão precisava resolver para fazer uma boa campanha em 2014. Um ano e meio depois, nenhum deles está resolvido e o italiano não mostrou qualquer indício de que algo possa mudar. Vamos a eles:

1) Formar uma dupla de zaga confiável: Maya Yoshida se adaptou bem à Premier League e não tem feito feio contra alguns dos melhores atacantes do mundo. Porém, seu parceiro de zaga está jogando a J2 pela segunda vez em três anos, enquanto os reservas Kurihara e Inoha passam menos confiança ainda. É verdade que não há muito que possa ser feito para resolver esse ponto fraco, pois outras opções para a posição são praticamente inexistentes. Quem ainda pede pela convocação dos veteranos Tulio e Nakazawa certamente mudaria de ideia se assistisse seus últimos jogos pela J-League. Nomes como Mizumoto, Makino e Iwamasa também não estão no nível da seleção. Iwanami (Kobe) é uma promessa, mas ainda tem 18 anos e precisa de bem mais experiência. Ou seja, é um problema que não está mais que 50% resolvido e a defesa continua sendo a maior fraqueza do Japão.

2) Encontrar um sucessor de Endo: Com 33 anos, o jogador que mais atuou na história da seleção japonesa não vive mais os melhores dias de sua carreira. Ainda assim, os momentos de brilho que eventualmente mostra têm sido suficientes para se manter como titular. O problema é que, caso ele não jogue, não há ninguém com as mesmas características para substituí-lo, já que os volantes reservas (Hosogai e Takahashi) são essencialmente defensivos e sem tanta qualidade no passe. Shibasaki (Kashima) e Aoyama (Hiroshima) seriam ótimos reservas para Endo, por que não chamá-los? Kengo Nakamura também é uma boa opção para a função de segundo volante, mas Zaccheroni só o tem usado como reserva de Honda. Este é um problema que poderia estar acertado.

3) Um centroavante goleador: Mais um problema não resolvido. Maeda vinha fazendo um trabalho decente, mas seu rendimento caiu drasticamente. Tem apenas dois gols na atual edição da J-League e já faz oito meses desde a última vez que foi às redes pela seleção. Havenaar vem de um bom fim de temporada com o Vitesse na Holanda mas ainda não brilhou em jogos importantes pelos Samurais Azuis. Sem falar na tendência que o time tem em fugir de suas características de toque de bola pra tentar um cruzamento na área atrás do outro quando o grandalhão nipo-holandês está em campo. Toyoda e Sato já mostraram na J-League que sabem fazer gols com consistência, mas parece pouco provável que algum deles seja chamado. O jovem Masato Kudo (23 anos) chamou a atenção com seus oito gols na J1 e cinco na ACL e foi convocado agora, mas, se Zaccheroni não mudar a sua lógica, Maeda só não joga se estiver lesionado. Em seguida vem Havenaar, e só na ausência desses dois podemos esperar um nome diferente na posição do camisa 9. Número, aliás, que pertence a Okazaki, que tem marcado com frequência pela seleção apesar do desempenho ruim pelo seu clube – mais uma opção para o centroavante que dificilmente será utilizada.

Em resumo, o Japão de hoje é praticamente o mesmo de dois anos atrás, com os mesmos jogadores e os mesmos problemas. Na verdade, apareceu até um problema novo: com Endo sentindo o peso da idade e Hasebe passando a temporada inteira sendo usado em outras posições no Wolfsburg, a dupla de volantes não é mais inquestionável como há dois anos. E nenhum dos reservas mostrou estar à altura, já que Hosogai passou o último ano no banco do Bayer Leverkusen e Takahashi (que é sempre convocado mas quase não atuou na equipe de Zaccheroni) não é nem o melhor volante do FC Tokyo.

As listas de convocações são quase sempre as mesmas e só vemos nomes novos quando alguém está lesionado ou suspenso. Eventualmente apareceram novidades como Haraguchi, Miyaichi e Usami, mas eles foram só para treinar e ficar no banco durante as partidas. O único “novato” a ser utilizado algumas vezes foi Yuki Otsu, que teve uma boa participação em Londres 2012 mas não conseguiu se firmar nem no VVV-Venlo. Se compararmos os titulares de hoje com o time da Copa da Ásia, as únicas diferenças são que antes tínhamos Daisuke Matsui na meia direita, Honda vestia a 18 e Havenaar nem era cotado para a seleção.

O time-base japonês: a única dúvida é se joga Maeda ou Havenaar no ataque

Se por um lado usar sempre os mesmos jogadores pode ser bom para o entrosamento e união do grupo, por outro pode criar uma certa acomodação, já que o lugar de cada um estará garantido mesmo que jogue mal. A maior preocupação é a falta de um plano B, ou a falta de uma alternativa melhor do que colocar Havenaar e ficar lançando a bola na área esperando que ele resolva a situação com os seus 1,94 m.

A convocação para os próximos jogos (amistoso contra a Bulgária dia 30 de maio e Eliminatórias contra a Austrália dia 4 de junho) trouxe Higashi e Kudo como novidades, mas só porque foram chamados 26 atletas, para cobrir as vagas deixadas por Honda, Okazaki e Gotoku Sakai, que jogam a final da copa nacional com seus clubes no dia 1º de junho. É claro que não dava pra deixar de mencionar a inexplicável ausência de Kakitani, o melhor japonês em atividade na J-League. O mais provável é que os 23 que vão à Copa das Confederações sejam todos desse grupo:

Goleiros: Eiji Kawashima (Standard Liège), Shusaku Nishikawa (Sanfrecce Hiroshima), Shuichi Gonda (FC Tokyo)

Laterais: Atsuto Uchida (Schalke 04), Yuto Nagatomo (Internazionale), Yuichi Komano (Júbilo Iwata), Hiroki Sakai (Hannover), Gotoku Sakai (Stuttgart)

Zagueiros: Maya Yoshida (Southampton), Yasuyuki Konno (Gamba Osaka), Yuzo Kurihara (Yokohama F-Marinos), Masahiko Inoha (Júbilo Iwata)

Volantes: Makoto Hasebe (Wolfsburg), Yasuhito Endo (Gamba Osaka), Hajime Hosogai (Hertha Berlim), Hideto Takahashi (FC Tokyo)

Meias: Keisuke Honda (CSKA Moscou), Shinji Kagawa (Manchester United), Kengo Nakamura (Kawasaki Frontale), Hiroshi Kiyotake (Nuremberg), Takashi Inui (Eintracht Frankfurt), Keigo Higashi (FC Tokyo)

Atacantes: Shinji Okazaki (Stuttgart), Ryoichi Maeda (Júbilo Iwata), Mike Havenaar (Vitesse), Masato Kudo (Kashiwa Reysol)

Apesar de tudo o que foi citado acima, as virtudes são muitas e as estatísticas de Zaccheroni com o Japão falam por si só: 32 jogos, 20 vitórias, 8 empates, 4 derrotas, 60 gols marcados, 20 sofridos e 70,8% de aproveitamento. Os números do italiano não são nada ruins. Apesar da maioria dos jogos ser contra equipes inferiores que pouco testaram a defesa nipônica, nas partidas contra adversários de renome o Japão já mostrou que não deixa a desejar (com exceção da goleada sofrida para o Brasil). Se pegarmos apenas os jogos contra seleções do mesmo nível ou superiores, temos:

- Argentina: vitória (1×0)
- França: vitória (1×0)
- Brasil: derrota (0×4)
- República Tcheca: empate (0×0)
- Austrália: uma vitória (1×0) e um empate (1×1)
- Coreia do Sul: uma vitória (3×0) e dois empates (0×0 e 2×2)

Esta é a geração mais talentosa que o Japão já teve, especialmente os meias e laterais. Com a maioria atuando na Europa e vários deles titulares em grandes clubes, as expectativas dos japoneses estão mais altas do que nunca. Pode-se dizer que qualquer resultado pior do que chegar às quartas de final em 2014 será visto como uma decepção. Existe potencial para ir mais longe do que os Samurais jamais foram, mas um pouco de pressão em Zaccheroni não faria mal.



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