A central Valeskinha, do Curitiba Vôlei, revelou ao ge que vai se despedir das quadras no fim da temporada, aos 45 anos de idade. Campeã olímpica em Pequim 2008, tetracampeã brasileira e medalhista de prata da Copa do Mundo, em 2003, Valeskinha é sinônimo de dedicação e amor ao esporte. A edição da Superliga que começa no final de outubro, será a última de um dos principais nomes do vôlei feminino no Brasil.
Valeskinha tem lutado nas últimas semanas, ao lado da gestora do Curitiba Vôlei, Gisele Miró, para manter o projeto do time na capital paranaense. Porém, o Curitiba Vôlei está passando por diversas dificuldades financeiras.
Curitiba Vôlei luta pela sobrevivência
Mesmo com convites para jogar na Itália, a atleta gostaria de fazer a temporada de despedida na capital paranaense. Ela atualmente está fazendo faculdade de Educação Física, em Curitiba e planeja montar uma escolinha.
Valeskinha também tem tentado buscar apoio e patrocínio, usando seu nome e experiência para de alguma maneira manter o projeto de portas abertas e dizer adeus ao esporte jogando na cidade que a acolheu.
– Assumi o Curitiba Vôlei, para que possamos manter a Superliga viva aqui na cidade. É difícil vir aqui falar que estamos sem apoio, e que talvez isso não aconteça. É triste ter que relatar essa situação. Peço encarecidamente para todas as pessoas envolvidas nisso, no governo, na prefeitura, empresários, que se mobilizem, que se sensibilizem, para que possamos manter a Superliga viva aqui em Curitiba – disse Valeskinha ao ge.
Campeã olímpica, Valeskinha busca apoio para manter vivo o Curitiba Vôlei
Falta de apoio
Se logo após a eliminação olímpica no vôlei de praia, nesta terça-feira, o duas vezes medalhista Alison revelou que o esporte está carente de investimento, na capital paranaense o vôlei de quadra está enfrentando o mesmo problema.
Há 15 dias, Gisele Miró se reuniu com o prefeito de Curitiba, Rafael Greca. O político manifestou que quer a continuidade da equipe na cidade. Porém, até agora, nenhum investimento foi feito no suporte ao projeto. A gestora aguarda um novo encontro com o prefeito.
Houve também a tentativa de inscrever o projeto na Paraná Esporte, mas a o retorno foi negativo, de acordo com Miró, que garante que a equipe dá retorno de imagem na casa de R$ 900 milhões.
Miró também revelou ao ge que vai se afastar da gestão do Curitiba Vôlei e que, nessa semana, pagou R$ 18 mil do próprio bolso para garantir que o clube dispute a Superliga nesta temporada.
– Infelizmente, nesse momento, eu estou me retirando, me afastando completamente. Eu achei que (a Valeskinha) era a pessoa ideal, que chorou quando eu disse que não ia mais estar à frente do Curitiba Vôlei. Eu falei que vou fazer um último esforço em nome do esporte de Curitiba e do esporte paranaense, vou pagar a inscrição, ela é bem cara para manter a Superliga no Paraná, mas acho que vale a pena, sim – disse Gisele Miró ao ge.
Gestora do Curitiba Vôlei, Gisele Miró anuncia saída e fala da falta de apoio para o time
Ex-tenista e atleta olímpica, Gisele Miró estava à frente do Curitiba Vôlei desde 2017. Ela se mostrou bastante chateada com a falta de apoio e com o fato de várias atletas paranaenses deixarem Curitiba para buscar uma carreira melhor em clubes de outros estados.
– Boa sorte para a Valeskinha, espero que Curitiba acorde. O paranaense em si é apaixonado pelo esporte, pelo voleibol principalmente, é o segundo esporte do país, atrás só do futebol. Que tudo dê certo. Espero estar ajudando de alguma forma todos os esportes, é o que eu gosto de fazer, mas um pouquinho mais afastada. Realmente é muito desgastante a gente falar e não ser escutado. Não se trata de verba, mas sim de um sistema inteiro de apoio aos atletas, principalmente voltado à educação – completou Miró.
Ao ge, a Prefeitura de Curitiba informou que o Curitiba Vôlei por dois anos recebeu recursos por meio do Programa Municipal de Incentivo ao Esporte". O município explicou ainda que "a equipe não apresentou projeto para o exercício 2021, cujo prazo para apresentação encerrou no dia 20 de dezembro de 2020". A Prefeitura completou dizendo que "sempre auxiliou o time com a cessão de locais para treinamento e espaços para o aprimoramento e preparação física das atletas".
Sobre a reunião de Gisele Miró com Rafael Greca, a prefeitura reforçou que a gestora do Curitiba Vôlei "foi recebida pelo secretário do Esporte, Lazer e Juventude, Emilio Trautwein, na segunda-feira (2/8), onde novamente foi esclarecido o caminho correto para receber recursos públicos". Ainda conforme a prefeitura, "na reunião também foi reafirmado que o apoio continua desde que dentro do permitido pela legislação".
História do Curitiba Vôlei
O Curitiba Vôlei surgiu em agosto de 2016 e conquistou o título da Superliga B em 2018, já com Valeskinha no time. Desde então, a equipe curitibana disputa a elite e sempre alcançou os playoffs da Superliga Feminina.
Neste momento, o clube está lutando para manter as portas abertas. Para manter o esporte de alto rendimento vivo na capital paranaense e para dar a Valeskinha um time para se despedir de uma carreira tão vitoriosa.
A carreira de Valeskinha
Valeskinha coleciona títulos pela seleção brasileira e também por clubes do país – tem nove títulos da Superliga defendendo Curitiba, Flamengo, Osasco e Rio de Janeiro. Jogou também na Itália e na Turquia.
Na seleção, a principal conquista é a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Valeskinha também possui quatro títulos de Grand Prix, uma Copa dos Campeões, uma prata na Copa do Mundo (2003) e dois ouros em mundiais militares, em 2011 e 2015. A atleta foi eleita ainda a melhor bloqueadora do mundo em 2003.
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