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Por Bradesco — Direto de Auckland, Nova Zelândia

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Conheça os All Blacks, a seleção mais vitoriosa do rugby

Conheça os All Blacks, a seleção mais vitoriosa do rugby

Se o Brasil é conhecido como o país do futebol, a Nova Zelândia, sem sombras de dúvidas, é a terra do rúgbi. Assim como aqui nas terras da América do Sul não fomos os criadores oficiais do nosso esporte de referência, o país da Oceania não possui o título da criação. Contudo, carrega todos os outros títulos possíveis. O país é maior vencedor da Copa do Mundo da modalidade, estatisticamente uma das equipes mais vencedoras da história do esporte mundial. Precisamente 77% de vitórias em partidas contra outras seleções, além dos três títulos mundias de oito disputados.

- O rúgbi é um jogo nacional. Aqui ele é jogado exaustivamente em toda a parte da Nova Zelandia. Por isso, desde cedo, todas as crianças e jovens já estão muito expostos ao rúgbi. Os meninos e meninas começam a jogar aos cinco anos. Em todas as províncias, em todas as regiões, em todas as escolas e nos clubes - explica Ant Strachan, ex-All Blacks que jogou entre 1992 e 1995.

Ant Strachan foi um dos All-Blacks de 1992 a 1995 — Foto: Marcelo Prata

A camisa dos All Blacks é um dos símbolos máximos da imponência neozelandesa no rugby. O apelido do time se refere ao uniforme, todo preto, que veste a seleção do país desde 1893. Em seus 125 anos de existência, é possível afirmar que três quartos dos jogos disputados foram vencidos pela seleção.

- Aqui todos têm muitas oportunidades de ir melhorando seu jogo até chegar no nível All-Black. Podemos dizer que a Nova Zelandia é uma fábrica de jogadores de rúgbi - completa Ant.

Além da estruturação das equipes escolares, universitárias e clubes de base, que trabalham em conjunto para a formação de atletas da seleção, o sonho de ser um All-Black é uma questão cultural. A disciplina na formação e o legado da camisa preta são inspiração para milhões de jovens pelo mundo. E, para um All-Black, vestir o manto é agir de forma íntegra em todos os aspectos. Como conta Byan Williams, ex-jogador que fez parte da seleção entre 1970 e 1978.

- Os próprios jogadores organizam o vestiário após o jogo. Afinal, alguém tem que limpar o vestiário depois da partida. Por que não os próprios jogadores? Isso te ensina sobre os bons valores - diz.

Bryan Williams ex-All-Blacks, jogador entre 70 e 78 que recebeu o título honorífico britânico de "sir". — Foto: Marcelo Prata

O ritual Maori

Quem já conhece os All-Blacks e sua história sabe que antes de cada duelo uma apresentação é realizada em frente aos adversários. Repleta de gritos e caretas, o ato encanta e arranca suspiros dos espectadores pelos estádios do mundo. Se isso já chama a atenção, acredite, o tradicional haka tem um significado ainda mais intenso.

- Ha é a respiração. Ka é o fogo. Quando você está fazendo o haka você está fazendo a respiração do fogo ou a respiração da vida. Essa é uma herança dos polinésios que, na antiguidade, usavam o haka nos mais diferentes rituais pra celebrar a vida - explica Ceillhe Sperath, descendente de Maoris e historiadora.

A primeira exibição do haka num estádio veio com um time que era conhecido como "Os Invencíveis", em 1924. Com uma tradição ainda tímida, o ritual passou a chamar a atenção com as performances de vários times. Porém, foi apenas com a chegada do jogador Buck Shelford que o haka se tornou aquilo que podemos assistir hoje e que, tempos depois, os All-Blacks transformaram como parte do seu protocolo em partidas oficiais.

- Buck Shelford era o capitão do time em 1987. E ele tinha muito orgulho de suas raízes Maori. O que ele fez foi encorajar os outros jogadores a fazerem o haka da maneira correta. Com paixão, com sentimento, com todos fazendo os movimentos certos nos momentos certos - relembra Sir Bryan.

Jogadores de Rúgbi da Nova Zelândia fazem tradicional Haka antes de jogo contra o Brasil

Jogadores de Rúgbi da Nova Zelândia fazem tradicional Haka antes de jogo contra o Brasil

A performance de arrepiar deixa cada adversário reagindo de uma forma diferente. Observação, silêncio, deboche e até enfrentamento são alguns dos retornos que cada exibição que o time neozelandês realiza. O que praticamente transforma a abertura da partida num ponto de vantagem e intimidação dos mais poderosos do rúgbi mundial.

- Os povos de Samoa e Tonga fazem o haka para entrar num estado de concentração absoluta. É quase um transe. Pra que fiquem completamente focados no que precisam fazer. O esporte é como uma batalha. O haka é a preparação pra batalha - completa Ceillhe.

A soma da estruturação de base, dos valores do rúgbi e de um ritual intenso de conexão com os antepassados Maoris resulta num time imbatível. A disciplina e o legado All-Black coroam o que o esporte mostra para o mundo. Não é à toa que a Nova Zelândia se reconhece como a terra do rúgbi.

Bradesco
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