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Lugano e Hugo de León: confiança uruguaia na Copa das Confederações

Atual e antigo capitães da Celeste Olímpica falam sobre a seleção
do Uruguai em perfil exclusivo para o Esporte Espetacular

Por Montevidéu, Uruguai

Em sexto lugar nas eliminatórias da Copa do Mundo, o Uruguai sofre por estar fora da zona de classificação. Restando cinco jogos, a Celeste ainda tem chances de se recuperar e garantir a vaga. Antes disso, a seleção uruguaia disputa a Copa das Confederações em solo brasileiro. 

O Esporte Espetacular traz o perfil da atual campeã da Copa América e quarta colocada na última Copa do Mundo, que vem ao Brasil confiando na força de seu ataque, mas convivendo com fortes críticas dentro de seu próprio país.

Os jornalistas uruguaios, como Martin Charquero, têm criticado muito a manutenção de praticamente todo o time da Copa, recheado de veteranos. Dizem que o técnico Oscar Tabárez ignora os bons valores da seleção sub-20 e, que mesmo com um poderoso ataque, a falta de um plano de renovação pode prejudicar a Celeste. O capitão uruguaio Diego Lugano prefere focar na potência do trio formado por Cavani, Suarez e Forlán.

lugano uruguai x bolivia (Foto: EFE)O capitão Lugano comemora um gol uruguaio (Foto: EFE)

- Não só pela qualidade futebolística deles. Isso eles mostram em cada grupo, no clube que eles jogam. Mas principalmente porque, quando eles vêm para a seleção, são os jogadores que mais correm, que mais compromisso têm, que mais jogam para o time. Já estive em muitos vestiários e nem sempre vi craques deste nível com essa humildade e compromisso. Essa é nossa verdadeira força. Nós, o resto dos jogadores, temos que dar respaldo futebolístico para que eles possam se destacar no ataque – afirma o camisa 4 do Málaga.

Quando o Uruguai chegar ao Brasil para disputar a Copa das Confederações estará dando mais um passo de uma história de confrontos que remonta ao começo do século.  Engana-se quem pensa que essa disputa começou no primeiro confronto, em 1916, quando o Uruguai bateu o Brasil por 2 a 1 na Copa América disputada na Argentina.

A primeira partida entre brasileiros e uruguaios foi realizada na fronteira que divide os dois países. Lá estão as cidades irmãs: a uruguaia Rivera e a brasileira Santana do Livramento.  Foi em 1902, na divisa, que se deu o primeiro embate futebolístico entre as nações vizinhas. Foi também nesta localidade que nasceu um dos melhores zagueiros uruguaios, que tem sua história intimamente ligada ao futebol brasileiro: Hugo De León, defensor que jogou por Botafogo, Santos, Corinthians, mas, principalmente, pelo Grêmio, onde levantou o Brasileiro e a Libertadores como capitão da equipe.

hugo de león grêmio adeus, olímpico (Foto: Site oficial do Grêmio)Hugo de León campeão pelo Grêmio (Site oficial)

- Eu digo que fiz a faculdade do futebol no Uruguai, mas a minha formatura como jogador e como pessoa eu fiz no Grêmio e no futebol gaúcho. Acredito que foi lá no Rio Grande do Sul e no Campeonato Brasileiro durante o período de convívio. Todo o uruguaio que foi daqui para lá teve a felicidade de fazer a formatura na escola brasileira. Participar dessa escola com aquele estilo uruguaio que tínhamos, mas esse último polimento foi com a qualidade que tem o futebol brasileiro. E, logicamente, o convívio com aqueles grandes treinadores, grandes jogadores, aqueles grandes confrontos fazem com que você tenha um crescimento num futebol que é um dos maiores e mais difíceis de ter sucesso – ensina o ex-zagueiro.

Agora, os dois capitães, o antigo e o atual, aguardam que esse confronto quase centenário se repita na Copa das Confederações. Eles sabem que a tradicional garra uruguaia vai estar presente e que essa característica é capaz de superar qualquer má fase eventual. De León lembra sempre as disputas aguerridas entre os dois países.

hugo de león grêmio adeus, olímpico (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)Hugo de León em recente visita à Porto Alegre (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)

- É engraçado porque é um convívio sadio até que chega o jogo Uruguai e Brasil. Aí aparece uma inimizade de uma hora para a outra. Uma inimizade que é incrível. Como é que você convive 364 dias do ano de uma maneira tão tranquila e no momento desse confronto parece que você encontrou um inimigo a partir de noventa minutos de futebol – explica o antigo capitão.

Já o atual detentor da faixa de capitão prefere lembrar o orgulho que tem de vestir a camisa da celeste bicampeã do mundo e bicampeã olímpica.

- É um sentimento nosso, de orgulho de pertencer ao país, de tradição, de família, de escola, do bairro, do seu pai, dos seus amigos e nosso. Levamos para dentro do campo e quando aflora, acho que... Não sei se dará muito resultado, mas dá muito orgulho – encerra Lugano.