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Por Eduardo Moura — Porto Alegre


Enquanto 2018 chega ao fim, é hora de lembrar os principais capítulos da história escrita pelo Grêmio nesta temporada. São dois títulos conquistados no primeiro semestre, momentos de bom futebol, mas também de frustração e tristeza com as eliminações nas copas, especialmente na semifinal da Libertadores, estopim para uma briga jurídica com a Conmebol.

A apreensão do penúltimo mês do ano transformou-se em euforia com a permanência de Renato Gaúcho por mais um ano no comando técnico. E, no apagar das luzes, o goleiro e ídolo Marcelo Grohe deixou o clube após 19 anos. Confira abaixo a retrospectiva do Grêmio em 2018:

Menos de um mês... e título

Com um mês de temporada, o Grêmio já tinha uma taça em disputa. Por conta do Mundial de Clubes no fim de 2017, o elenco retornou na segunda quinzena de janeiro. E dia 14 de fevereiro estava marcada a primeira partida contra o Independiente, válida pela Recopa. Depois de empates em 1 a 1, na Argentina, e 0 a 0, na Arena, Marcelo Grohe saiu como herói e deu o título ao Grêmio nos pênaltis.

Jogadores levantam taça da Recopa — Foto: Lucas Uebel/Grêmio

A reconquista do Gauchão

O retorno tardio das férias obrigou o Grêmio a iniciar o Campeonato Gaúcho com a equipe de transição. O time formado por jovens das categorias de base teve péssimo rendimento. Não venceu nenhuma partida e chegou a frequentar a zona de rebaixamento.

Os vacilos nas rodadas iniciais aceleraram o retorno do elenco principal, pois a equipe ficou ameaçada de não classificar para a fase eliminatória do estadual. Renato bancou, e o time foi ao mata-mata.

A equipe sobrou ao chegar na fase decisiva. Eliminou o rival Inter nas quartas de final, com direito a 3 a 0 na Arena, e goleadas contra Avenida e Brasil de Pelotas, em semi e final, respectivamente. A taça do Gauchão foi reconquistada após oito anos. De quebra, também veio a confirmação de que Renato permaneceria no clube - ele tinha recebido uma proposta do Flamengo.

Renato comemorou título gaúcho e garantiu que ficava — Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com

Melhor fase do ano

O fim do estadual e o início do Brasileirão rendeu o melhor momento em termos de desempenho para o Grêmio em 2018. Em poucos dias, o time de Renato chegou a golear Santos por 5 a 1 (veja os melhores momentos abaixo) e Cerro Porteño por 5 a 0, em Brasileiro e Libertadores, respectivamente.

Foi apenas uma derrota, com o time reserva, para o Botafogo, em cerca de três meses. Naquele momento, a discussão sobre o "melhor futebol do Brasil", rótulo constantemente citado pelo treinador, voltou à tona novamente.

Melhores momentos: Grêmio 5 x 1 Santos pela 4ª rodada do Brasileirão

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Venda de Arthur

O recesso da Copa do Mundo chegou com uma bomba para o torcedor gremista: o volante Arthur deixaria o Grêmio rumo ao Barcelona, da Espanha, para ser companheiro de Messi e companhia.

A negociação entre os clubes havia sido acertada entre fevereiro e março. Mas o Grêmio batia o pé e garantia a presença do volante até o fim do ano. No entanto, quando a janela de transferências do verão europeu chegou, o Barcelona voltou à porta do Grêmio para exigir a ida antecipada. Pagou a mais, acertou algumas cláusulas de pagamentos variáveis aos gaúchos e levou o jovem.

Arthur deixou o Grêmio rumo ao Barcelona — Foto: REUTERS/Albert Gea

Perda de ídolos históricos

O 2018 foi um ano de duas perdas consideráveis para os gremistas. Os torcedores choraram a morte do ex-presidente Fábio Koff, tido como o maior dirigente da história do clube pelo Mundial e bicampeonato da América, além da participação em títulos da Copa do Brasil e Brasileiro.

O Grêmio também também perdeu o ex-atacante Tarciso, jogador que mais vezes vestiu a camisa tricolor. Foram 721 jogos disputados e 226 gols marcados.

Presidente Fábio Koff fica marcado na história do Grêmio e dos gremistas

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Classificação épica na Libertadores

Depois de obter a segunda melhor campanha na fase de grupos, o Grêmio encarou o tradicional Estudiantes, da Argentina, nas oitavas de final da Libertadores. O time de La Plata venceu o Grêmio em Quilmes e tinha a classificação nas mãos até os últimos instantes do jogo de volta, na Arena.

Mas Alisson surgiu como um raio em cobrança de falta de Luan para colocar o Grêmio de cabeça na briga. Nos pênaltis, o Tricolor passou de fase após André confirmar a vantagem obtida em erro de Campi. O êxtase daquela classificação nos últimos minutos e nas penalidades certamente ainda vive nos tricolores.

Grêmio avança na Libertadores após disputa de pênaltis contra o Estudiantes

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Eliminação doída

Alijado da briga pelo título brasileiro e eliminado nas quartas da Copa do Brasil pelo Flamengo, a Libertadores se desenhou como grande possibilidade do Grêmio no fim do ano. A semifinal com o River Plate iniciou da melhor maneira possível, com vitória por 1 a 0 em pleno Monumental de Nuñez.

Na Arena, bastava um empate para chegar outra vez na final. Só que, em 10 minutos, os argentinos viraram. Primeiro, em gol de Borré, aos 36, no qual a bola toca em sua mão antes de entrar.

Depois, Bressan viu o azar recair nas suas costas, quando chute de Scocco tocou em sua mão e o árbitro de vídeo apontou pênalti aos 41 minutos do segundo tempo, convertido por Pity Martínez. O zagueiro foi expulso, se desesperou, virou alvo da torcida e deixou o clube rumo ao FC Dallas, dos Estados Unidos.

Em jogo polêmico, River elimina o Grêmio da Libertadores

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Briga com a Conmebol

A eliminação para o River gerou mobilização do Grêmio no Tribunal Disciplinar da Conmebol. No intervalo do jogo, o técnico Marcelo Gallardo, que estava punido e não comandava a equipe na Arena, desceu de uma cabine ao vestiário, atitude considerada ilegal pela entidade. Além disso, ele utilizou comunicação via ponto eletrônico com seu auxiliar em campo.

Indignado, o Grêmio então pediu a reversão dos pontos do jogo no tribunal. Sem sucesso, a nova punição foi direcionada somente a Gallardo. A situação deixou a relação entre Grêmio e Conmebol estremecida. O presidente Romildo Bolzan Júnior enviou o documento assinado pelos quatro semifinalistas com compromisso por "Fair Play" para a Conmebol com as palavras "Sem valor" escritas por cima.

Romildo enviou documento original com "sem valor" escrito por cima — Foto: Eduardo Moura

Renovação de Renato

A reta final de 2018 foi marcada pela briga para a classificação direta à Libertadores no próximo ano e a negociação para a renovação de contrato com o técnico Renato Gaúcho. Na mira do Flamengo, o ídolo gremista recebeu oferta do clube carioca, mas escolheu permanecer no Grêmio. Em 2019, vai iniciar no comando do clube pela terceira temporada consecutiva.

– Foi um desejo da torcida. O Grêmio queria que o Renato ficasse, o Renato queria ficar. O Grêmio valorizou na medida do possível, ele se sentiu valorizado. (A negociação) Foi muito mais simples, menos traumática do que muitos pensam do que poderia ter sido ou foi – disse Romildo em entrevista ao GloboEsporte.com.

Renato negociou com o Flamengo, mas ficou no Grêmio — Foto: Lucas Uebel / Grêmio, DVG

Saída inesperada

De forma inesperada, a quatro dias do fim do ano, o clube gaúcho acertou a venda do goleiro Marcelo Grohe para o Al Ittihad, da Arábia Saudita, por cerca de US$ 3 milhões (R$ 11,7 milhões). Conforme o técnico Renato Gaúcho, um pedido do camisa 1, por conta da proposta financeira superior ao que recebia em Porto Alegre.

Grohe estava desde 2000 no Grêmio, fez mais de 400 jogos e foi tetracampeão gaúcho, campeão da Copa do Brasil, da Libertadores e da Recopa, além da Série B. A reformulação do elenco também teve a venda de outro titular, Ramiro, para o Corinthians, as saídas de Bressan, Cícero, Douglas e Bruno Grassi.

Marcelo Grohe deixou o Grêmio — Foto: Lucas Uebel / Grêmio, DVG

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