O nadador Felipe Françaestá, gradativamente, emergindo depois de um período vivendo em águas agitadas. A desilusão com o 13º lugar obtido nas Olimpíadas de Londres, em 2012, colocou em risco a carreira de um dos principais nomes da natação brasileira dos últimos anos. Nessa busca por uma redenção, o campeão mundial dos 50m peito em 2011 está reiniciando sua vida como nadador. Agora atleta do Corinthians, depois de 10 anos defendendo o Esporte Clube Pinheiros, o nadador busca nesse recomeço alcançar um sonho antigo: o ouro olímpico. Para chegar a esse objetivo, França terá que passar por alguns testes, entre eles o Troféu Maria Lenk, que está sendo realizado desde sábado nas piscinas do Parque Ibirapuera, em São Paulo.
- Estou em casa nova e com vida nova.
Tenho certeza que Deus abriu portas aqui no Corinthians e grandes
coisas vão acontecer. Agora vivo o momento de criação, de moldar o meu sonho - revelou França.
O nadador, que chegou a engordar 20kg, evoluiu muito sua condição física. Na balança, ele perdeu mais de 14kg, mas isso não pode ser quantificado apenas em perda de gordura. Nesse período de treinamento, ele ganhou força muscular.
- O Felipe está em plena evolução.
Está vindo muito bem nos treinos e conseguindo corresponder aos
objetivos traçados no planejamento que fizemos para esse ano.
Acreditamos que vamos colher muitos frutos desse trabalho. Estamos trabalhando para deixá-lo o mais atlético possível - contou Sérgio Marques, que trabalha como técnico de França desde agosto de 2013.
Essa evolução do nadador é acompanhada pela preparadora física do Corinthians e ex-nadadora olímpica, Julyana Kury.
- Ele está com uma condição física
boa, mas não é a ideal. Isso vai levar alguns meses. A gente
consegue falar a mesma língua. Consegui atingir a consciência do
nadador. Tive experiência em disputar uma Olimpíada, tenho
proximidade dele porque sei o que isso significa - disse Kury, que esteve na Olimpíadas de Pequim, na China, em 2008.
A comissão técnica que está cuidando do recomeço de França tem um vínculo forte com o atleta no passado. Marques e Julyana treinaram com ele no início da carreira. Os três fizeram parte da equipe de Suzano, na região metropolitana de São Paulo, cidade natal do nadador. Até hoje, o trio lembra daquela época.
- Foi onde eu nasci. Apesar de não ir
até lá há muito tempo, nós falamos de Suzano. Foi lá que eu
conheci o Sérgio (Marques) e a Julyana. Treinamos juntos. Suzano nunca vai
ser esquecido por nós.
Essa intimidade entre os três não criou uma barreira com os demais integrantes da equipe. Os 12 nadadores do Corinthians vivem uma integração que surpreendeu França.
- Tenho uma unidade com a equipe que eu
nunca tive. Vou citar um exemplo: o Diego (Stelzer), logo depois do Carnaval,
veio me abraçar. Ele queria saber como eu estava. Fiquei constrangido por isso. Nunca tive isso em uma equipe
de treino que se importasse. A preocupação é boa.
- O França, depois dos Jogos Olímpicos de 2012, teve
um baque muito grande na carreira. O ser humano tem o lado psicológico
muito forte. Aqui ele está encontrando uma relação de companheirismo que o ajuda a alcançar os seus objetivos - analisou Marques.
Além do Troféu Maria Lenk (de piscina longa), França quer disputar o Mundial de Doha (de piscina curta). No planejamento para 2014, ele ainda pretende melhorar o índice para o Pan-Pacífico da Austrália e, por fim, conseguir se integrar ao grupo dos principais nadadores do mundo no nado peito.
- Tenho certeza que o meu objetivo de ganhar uma Olimpíada
está um pouco longe, mas quero construir isso passo a passo. A derrota também faz parte da nossa
vitória. A experiência que tive em Londres faz com que eu não
repita o que fiz no passado.
Troféu Maria Lenk
Prova 200m Peito Masculino - Absoluto: Terça-feira
Prova 100m Peito Masculino - Absoluto: Quinta-feira
Prova 50m Peito Masculino - Absoluto: Sábado