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Por GloboEsporte.com (*) — São José dos Campos/SP


Campeão mundial e olímpico com a seleção brasileira de vôlei, o líbero Serginho, conhecido como Escadinha, acredita que o nível técnico dos líberos no país está abaixo de anos anteriores. Para ele, atletas que desempenham essa função precisam ser mais completos. Algo que, na opinião do defensor, está mais em falta atualmente.

Líbero Serginho é destaque do Vôlei Ribeirão — Foto: Juliana Kageyama/Divulgação

– Acho que o nível técnico dos nossos líberos caiu demais. Na minha cabeça, não entra um líbero que só passa e outro que só defende. Assim como na minha cabeça não vai entrar nunca um levantador que só passa, só levanta ou só saca. O líbero tem que ser completo, equilibrado. Tem que usar as duas funções muito bem, além de comunicação, cobertura. Tem que ser, mais ou menos, um termômetro e um técnico dentro de quadra – disse o jogador do Vôlei Ribeirão, que esteve em São José dos Campos no último sábado, 8, para disputar a última rodada da fase de classificação do Paulista.

Serginho critica técnica de geração atual de líberos brasileiros — Foto: Juliana Kageyama/Divulgação

– Hoje é difícil citar um nome. Quando um passa bem, ele não defende e vice-versa. O líbero precisa ter os dois fundamentos.Ter líberos restritos é muito ruim para o voleibol. Acho que é algo que precisa ser revisto. As categorias de base precisam trabalhar em líberos equilibrados – acrescentou.

SELEÇÃO BRASILEIRA

A conquista do ouro olímpico da Rio 2016 marcou a aposentadoria de Serginho da seleção brasileira. Multicampeão com a camisa verde e amarela, ele ressalta que, mesmo com a saída de alguns jogadores importantes, o país segue entre as potências mundiais.

– A seleção brasileira mantém um padrão de jogo ainda, por mais que tenham mudado algumas peças, mantém uma linha. Acredito que o Brasil hoje se encontra entre as quatro melhores do mundo. Pode ficar tanto em primeiro quanto quarto, porque o nível técnico é muito igual. Mas não deixa de ser uma seleção muito forte ainda e que vai continuar brigando por títulos – disse.

ADAPTAÇÃO DE LEAL E ATUAL GERAÇÃO

Dos atuais nomes da Seleção, alguns são destaques da nova geração. É o caso dos ponteiros Lucarelli e Douglas Souza, além do oposto Alan de 25 anos. Ciente do potencial de Leal, que estreou pelo Brasil neste ano após o processo de naturalização, Serginho ressalta que o atleta ainda vive processo de adaptação.

– Grandes jogadores estão surgindo, como é o caso do Alan, que é um oposto que tem ganhado oportunidade de jogar e tem correspondido em quadra. O próprio Leal também não é aquele Leal que se vê nos clubes, talvez por uma questão de adaptação, o que é normal. Nosso jogo é totalmente diferente do de Cuba. A seleção brasileira joga com mais velocidade, não são tantas bolas altas. Tanto que todos os times que jogam contra o Brasil, usam como arma o saque, porque sabem que com a bola na mão fica complicado por conta dos atacantes que nós temos – comentou.

Serginho se aposentou da seleção brasileira em 2016, mas segue jogando por clubes — Foto: Juliana Kageyama

ERA DAL ZOTTO

Após 16 anos do comando do técnico Bernardinho à frente da seleção, quem assumiu o desafio foi o treinador Renan Dal Zotto em janeiro de 2017. Para o líbero Serginho, Renan deve começar a colher em breve os frutos dos novos trabalhos.

– Não conheço o trabalho de perto do Renan, não sou o cara que pode falar dele com autoridade porque nunca trabalhamos juntos, na função de treinador. É difícil comentar algo dele, mas acho que tem conseguido manter um nível muito bom dentro da seleção e isso é o mais importante. Houveram alguns percalços desde que ele assumiu, a gente já sabia que manter a hegemonia é complicado – afirmou.

– Teve uma geração que passou e ganhou tudo. As pessoas querem comparar isso, e é difícil. Não dá para se comparar uma geração totalmente vencedora, consolidada que ganhou todos os títulos possíveis mais de uma vez. Mas, para mim, essa nova seleção está fazendo muito bem o papel dela - ressaltou o líbero.

Escadinha joga temporada 2019/20 no Vôlei Ribeirão — Foto: Juliana Kageyama

LÍDER ESCADINHA

Nesta temporada, Escadinha desempenha o papel de liderança com a equipe do Vôlei Ribeirão. Tendo como gestor do projeto o ponteiro Lipe, do Vôlei Taubaté, Serginho conta que a motivação para seguir na ativa vem de enxergar os novos talentos surgindo.

– É uma função que há alguns anos já venho desempenhando com muita tranquilidade, porque o tempo me deu essa bagagem. Acho que poder estar no meio de um molecada que tem esse potencial gigantesco é bacana. Mas faltam algumas coisas neles. A gente sabe que em alguns momentos falta experiência, o que é normal, eu também já passei por isso e agora tenho essa função de acalmá-los, dar o suporte emocional e técnico. Eles têm um futuro imenso pela frente, pelo potencial e eu sou feliz por ter essa missão. Estou conseguindo fazer bem o papel – concluiu.

(*) Colaborou Larissa Muradi sob supervisão de Danilo Sardinha

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