A lembrança do retorno à seleção brasileira em 2009, após uma grave lesão no joelho direito que a tirou dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, segue cristalina na memória. Afastada por oito meses, Juliana se recuperou e conquistou no mesmo ano o tetra do Circuito Mundial. Era como se fosse a primeira vez com o "manto sagrado". O medo de não jogar em alto nível deixou de ser um fantasma. Ao lado de Larissa, sua parceira por nove anos, a atleta escreveu outros capítulos de sua história. Juntas, elas levaram o hexa do Circuito
Mundial, o penta do Circuito Brasileiro e o bronze
na Olimpíada de Londres. Também estão no currículo da dupla dois ouros em Jogos Pan-Americanos e quatro medalhas em
Mundiais – um ouro, duas pratas e um bronze. Mas a trajetória de Juliana na seleção voltou a ser interrompida depois de um corte polêmico.
Um ano longe. Juliana foi cortada duas vezes da seleção brasileira, em dezembro de 2012 e em maio de 2013. O motivo foram as críticas ao sistema de rodízio de técnicos e parceiras
implantado pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para o Circuito
Mundial. Fora do torneio, ela disputou uma etapa
do Circuito Russo em julho do ano passado, com a anfitriã Maria
Prokopieva, e foi campeã em Anapa, às margens do Mar Negro. O futuro era
incerto. Há menos de duas semanas, a espera chegou ao fim com a convocação do técnico Marcos Miranda.
Vice-campeã do Circuito Brasileiro 2013/2014, a santista vislumbra uma nova era. Ao lado da atual parceira, Maria Elisa,
ela defenderá o Brasil nas etapas de abertura do Circuito Mundial, na China: o Open
de Fuzhou, de 22 a 27 de abril, e, na
semana seguinte, o Grand Slam de Xangai, de 29 de abril a 4 de maio.
- É como se eu estivesse chegando pela primeira vez na seleção. Me sinto como em 2009, o sentimento é o mesmo. Fiquei fora porque lesionei o joelho nas vésperas das Olimpíadas. Eu acordava e dormia pensando em Pequim e, de repente, tudo mudou. Foi difícil, mas eu voltei. E naquele mesmo ano, a gente foi tetracampeã mundial
e, pela primeira vez, a melhor dupla do mundo. O que eu mais queria era voltar para a seleção e fazer o que eu mais amo, que é jogar vôlei de praia. Mas aprendi que na vida as coisas acontecem no tempo certo. Estou muito feliz de voltar ao Circuito Mundial. É o torneio que eu mais gosto, onde estão as melhores atletas e os maiores desafios. O resultado a gente vê em dezembro.
Bem humorada, a jogadora compara a disputa do Circuito Mundial com o "Big Brother Brasil", como se a cada semana houvesse um "paredão" (eliminação de participantes do reality show).
- O Circuito mundial se define semana a semana. Eu costumo falar que é igual ao Big Brother (risos), é paredão toda a semana até a decisão. Passamos muito tempo longe de casa, da família e dos amigos, é um sacrifício. Não é só vôlei, tem muita cabeça.
Eu fiquei fora no ano passado e confesso que não acompanhei
muito. Ainda não sei qual é o cenário que vou encontrar, mas é uma casa
que eu visitei muitas vezes e conheço bem. Estou muito feliz e motivada.
Me senti acolhida em Saquarema, todos me receberam de braços abertos e estou esperançosa por um ano produtivo. O que vier vai ser maravilhoso e eu espero que seja o melhor possível.
Vou trazer tudo o que tem de mim, a minha experiência e as coisas que eu sempre almejei.
2016: medalha de ouro e gravidez
Quando o assunto são as Olimpíadas do Rio, em 2016, ela não esconde a vontade de representar o país e conquistar a medalha que lhe falta, mas prefere não pular etapas. É um plano futuro, que Juliana gostaria de aliar com outro desejo: o de ser mãe. Ao contrário de boa parte das atletas, que planejam adiar a gravidez para depois dos Jogos, Juliana pensa diferente.
- É claro que eu quero disputar 2016. Querer eu quero demais, assim como todas as jogadoras, mas não depende só de mim. Só de passar pelo Leme, eu já fico imaginando a arena que será montada ali, como nos Jogos Pan-Americanos. Meu sonho é conquistar a medalha de ouro e descobrir a gravidez durante os Jogos. Quase fiquei grávida em Londres, mas fechei a casa. Quero muito ser mãe e ter esse ouro, é o que falta. Se isso acontecer, vou lá no Cristo Redentor agradecer. Mas, ainda tem 2014, 2015... Estou planejando, sem criar expectativas.
Em busca da coroa do Rainha da Praia
Antes de vestir a amarelinha, Juliana irá brigar pelo título do Rainha da Praia, neste final de semana, nas areias de Ipanema, com transmissão do SporTV. A atleta foi coroada em 2005. A competição mantém o formato de 2013. Neste sábado, serão
disputados jogos com um set de 21 pontos, de acordo com as regras
oficiais da FIVB. A atleta com o maior número de vitórias em cada chave se
classifica para
a decisão no domingo. Para a final, disputada em melhor de três sets, a
jogadora poderá
escolher qualquer participante eliminada para compor sua dupla. A jogadora que vencer a partida será coroada. No Grupo A
estão Bárbara, Maria Elisa, Talita e Carol. No Grupo B, Ágatha,
Juliana, Taiana e Maria Clara. As reservas são Thais e Amanda.
- As meninas sempre falam isso de que o Rainha é um torneio
para se divertir, mas, na hora do jogo, muitas ficam nervosas. Todas entram com
esse espiríto, só que aí já vem aquela pressão por vitórias. É um torneio bacana e descontraído. Não chega a ser
100% descontraído porque você vai estar jogando com uma
pessoa diferente, que não é sua parceira, e por você querer ser rainha. Existe uma pressão. Quem controlar esses nervos, leva a melhor - finalizou.