LONA Edição Especial - Olimpíadas 2016 - 987

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EDITORIAL

Grécia antiga desafia o Rio de Janeiro em 2016

ESTREIA

Brasil estreia em cinco modalidades na Rio 2016 Brayan Valêncio, Dieniffer Santos e Giovana Canova

Os Jogos Olímpicos tiveram origem na cidade de Olympia, na Grécia Antiga, no século VII. O símbolo da Olimpíada é composto por cinco anéis entrelaçados, sendo que cada um deles representa um dos continentes existentes - o anel de cor azul é a Europa, o anel preto a África, o vermelho as Américas, o amarelo a Ásia e o verde a Oceania. Em setembro de 2009, o Brasil teve a cidade do Rio de Janeiro escolhida para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 e, agora, no ano das Olimpíadas, se vê em uma situação complicada. Os jogos do Rio-2016, vão acontecer entre os dia 5 e 21 de agosto. O presidente do Comitê Olímpico Internacional afirmou que a realização dos jogos será algo muito desafiador devido à situação do país – que enfrenta uma grande crise política e econômica – mas que as Olimpíadas deixarão uma forte mensagem de esperança para o Brasil. Na época em que foi escolhido como cidadesede, nem o Rio de Janeiro, nem o Brasil enfrentavam os problemas atuais. Naquele momento, estimava-se que a competição criaria cerca de 120 mil empregos e movimentaria R$ 50 bilhões. Os resultados e balanços financeiros só vão aparecer no fim do evento, mas já está claro que a visão nada pessimista daquele ano não corresponde ao que vemos agora em 2016.

Os Jogos Olímpicos no Rio trouxeram muitas oportunidades para os atletas brasileiros. Como país sede do evento mundial, uma vaga em cada modalidade já é garantida, desde que os requisitos técnicos impostos pelo Comitê Olímpico sejam totalmente cumpridos. A novidade fica por conta das cinco modalidades que pela primeira vez terão times brasileiros femininos e masculinos disputando medalhas. Veja quais são os cinco esportes: 1- Rugby de 7: A modalidade rugby estreou em Paris no ano de 1900, porém o jogo oficial era feito com 15 atletas em campo. Os jogos Olímpicos Rio 2016 inovaram e o jogo irá acontecer com sete atletas de cada equipe. Sendo um esporte ainda pouco conhecido pelo público brasileiro, o rugby sevens nacional promete impressionar os espectadores, pois as equipes chegam bem preparadas, a feminina com um título de vitória em 2004 no Campeonato Sul-Americano da categoria. Como o jogo acontece: as duas equipes de sete atletas avançam pelo campo na tentativa de marcar pontos, passando uma bola oval de mão em mão, sempre para trás. 2 - Ginástica de Trampolim: A modalidade surgiu na década de 30, quando um professor e ginasta dos EUA, George Nissen, criou a modalidade observando trapezistas em circos e a elasticidade nas redes de segurança. Como acontece: saltando em um trampolim, os atletas devem realizar saltos acrobáticos no ar, e são avaliados pela dificuldade, execução e tempo de voo em cada série.

Apesar de todos os problemas, a ocasião traz saldos bastante positivos para o país e para a cidade do Rio de Janeiro, como investimentos federais, obras e uma enorme exposição internacional, já que as olimpíadas representam um enorme palco para o esporte mundial, por agregar os mais variados esportes – esses que valorizam, principalmente, o esforço individual e o trabalho em equipe, reforçando a importância do fair-play.

Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes Pró-Reitora Acadêmica Carlos Longo

EXPEDIENTE

Esta edição do LONA foi feita pensando em mostrar toda essa preparação para receber os jogos e apresentar tanto os prós quanto os contras da realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Todo o material foi produzido em conjunto com os alunos do segundo ano de Jornalismo da Universidade Positivo.

3 - Golfe Olímpico: O Golfe surgiu na Escócia na Idade Média, e no ano de 1900 também estreou nas Olímpiadas em Paris, permanecendo como modalidade até 1904. Após 112 anos, o Golfe voltará às Olimpíadas nos jogos Rio 2016. Como o jogo acontece: com seus devidos tacos, os jogadores devem acertar a bolinha nos 18 buracos do campo com o menor número possível de tacadas.

Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professor-orientador Felipe Harmata Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Diagramação Fernanda Umlauf e Brayan Valêncio Edição

4 - Hóquei sobre grama: A modalidade olímpica foi inventada no antigo Egito mais de 4 mil anos atrás. A Argentina é o único país sul-americano a ganhar medalhas na modalidade. E é a única modalidade que já viu países de todos os continentes conquistarem medalhas. Como o jogo acontece: com 11 jogadores de cada lado, os jogadores utilizam um taco para conduzir a bola, passar e finalizar em direção ao gol. Vence a equipe que marcar mais em 60 minutos de partida. 5 - Badminton Olímpico: O esporte surgiu na Índia, na época da colonização Inglesa. Sua estreia foi em Barcelona no ano de 1922, porém as duplas mistas e disputas por medalhas na modalidade aconteceram só no ano de 1996 em Atlanta. Até hoje só 10 países chegaram ao pódio nessa modalidade. Como o jogo acontece: com uma raquete, os atletas devem fazer com que a peteca toque o campo do adversário, passando por cima da rede - vence quem marcar mais pontos. Ana Martins, Ana Clara Faria, Brayan Valêncio e Fernanda Umlauf Revisão Ana Paula Mira Ilustrações Ana Clara Faria Reportagens Alunos do 2º ano de Jornalismo da Universidade Positivo


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ABERTURA

Pentatleta Yane Marques será a porta-bandeira da delegação brasileira Ela é a segunda mulher e primeira nordestina a conduzir a bandeira; apesar das confirmações, parte do evento ainda é segredo Brayan Valêncio

31; Yane é uma das favoristas ao ouro do categoria na qual disputa. Levy garante que a cerimônia está “espetacular” e que a equipe responsável por criar o show teve liberdade total para montar o espetáculo, sem qualquer tipo de “censura” ou “corte”. Ele também garante que um astro internacional participará do evento, mas apenas será revelado no momento da cerimônia. Muitas surpresas ainda aguardam o evento que marcará a abertura dos Jogos Olímpicos de Verão Rio 2016. Enquanto isso, ficam os questionamentos: quem irá acender a pira olímpica? E quem será o artista internacional? Façam suas apostas.

O encerramento A pentatleta Yane Marques, de 32 anos, será a porta-bandeira do Brasil na entrada da delegação - Crédito: Divulgação/Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno

05 de agosto é o dia que marca o início dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Segundo o Comitê Organizador local, mais de cinco bilhões de pessoas ou 80% da população mundial estará o assistindo à abertura do evento que está marcada para as 20h de sexta-feira, no Estádio Jornalista Mario Filho – mais conhecido como Maracanã – e tem duração aproximada de três horas. Para o evento de abertura já está confirmada a participação dos cantores Anitta, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elza Soares e Wesley Safadão, além da modelo Gisele Bündchen e da atriz ganhadora de um Emmy Internacional Fernanda Montenegro. Para o momento da entrada das delegações de cada país participante dos Jogos, a pentatleta Yane Marques já está confirmada como porta-bandeira do Brasil. A grande dúvida da abertura é quem irá acender a Pira Olímpica. Oscar Sch-

midt e Pelé são os principais nomes nas especulações, mas outros nomes que poderiam cumprir a função mais importante da cerimônia são: o ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, o ex-técnico da seleção brasileira de futebol Zagallo, o surfista Gabriel Medina, a ex-jogadora de basquete Hortência ou o ex-nadador Gustavo Borges. A cerimônia promete surpreender com efeitos tecnológicos e até hologramas simulando uma passarela por onde passará Gisele Bündchen. Todo o projeto está nas mãos de um dos mais renomados diretores de cinema do país, Fernando Meirelles que dirigiu o premiado internacionalmente Cidade de Deus (2002). A abertura marcará o início de um momento no qual o mundo inteiro estará com os olhos voltados ao Rio de Janeiro e, segundo Sidney Levy – diretor do Comitê Rio 2016 –, 12 mil atletas

A abertura marcará o início de um momento no qual o mundo inteiro está com os olhos voltados ao Rio de Janeiro. estarão presentes no já tradicional momento em que as delegações entram com a bandeira de seus países. O diretor explica que o momento das entradas de cada delegação é o momento no qual se atinge a maior audiência de cada país. A medalhista olímpica Yane Marques, do pentatlo moderno, foi escolhida para carregar a bandeira por meio de votação popular – cujo resultado foi divulgado no último domingo,

Pouco se sabe sobre a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos Rio 2016; as únicas garantias são de que o palco do evento será o mesmo que o da abertura, o Maracanã, e que o horário de início será também o mesmo, 20h, mas a duração do evento será menor e terá duração de 2h30 entre shows, homenagens e alusões aos próximos jogos que serão realizados em Tóquio, em 2020. O encerramento acontece na segunda-feira, 21 – 16 dias após o evento de abertura –, e não há confirmações dos convidados. O cantor Biel era o único nome confirmado para o evento, mas, com polêmicas envolvendo sua conduta, o cantor foi desconvidado pelo Comitê Olímpico Rio 2016. Apesar de todo o sigilo por parte dos diretores, que são os mesmos da abertura, já é certo que algumas baterias de escolas de samba do Rio de Janeiro farão parte do evento.


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MODALIDADES OLIMPICAS

Conheça as principais modalidades que compõem os Jogos Olímpicos De onde surgiram e quais são as regras são questões que poucos fãs dos mais variados esportes conhecem Ana Clara Faria

Atletismo A modalidade está presente nas Olimpíadas desde os primeiros Jogos da Antiguidade, em 776 a.C, realizados na Grécia, com provas de corrida e arremesso de peso. Já na primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 1896, o atletismo estava presente. Atualmente a competição é dividida em categorias que variam entre provas de corrida, marcha atlética – a passos curtos e sem flexão do joelho –, salto triplo, em distância, em altura e com vara, arremesso de peso, lançamento de disco, dardo e martelo e, também, a união de várias provas no heptatlo (para o atletismo feminino) e no decatlo (masculino). As provas de corrida são realizadas individualmente e em equipe (revezamento), e os percursos, com ou sem obstáculos, têm de 100m a 10.000m de distância – com exceção da maratona, na qual o atleta deve percorrer 42,195 km. Recordistas: o finlandês Paavo Nurmi é o maior medalhista da história do atletismo, somando 12 conquistas entre 1920 e 1928. O queniano Patrick Musyoki detém o recorde da maratona de 2h03m45s. O atleta jamaicano Usain Bolt alcançou três recordes mundiais nos Jogos de Pequim, em 2008, ganhando medalha de ouro nas provas de 100m, 200m e revezamento 4x100m – todas desempenhadas no menor tempo já registrado na história do atletismo olímpico. Nos Jogos de Londres 2012, Bolt superou os próprios recordes de 2008 nas provas de 100m e revezamento 4x100m.

Vôlei Criado em 1895 nos Estados Unidos, em Massachusetts, pelo diretor de Educação Física William George Morgan, o esporte estreou nas Olimpíadas nos Jogos de Tóquio, em 1964, com medalha de ouro para a União Soviética no voleibol masculino e para o Japão no categoria feminina. Com um total de nove medalhas olímpicas no esporte, o Brasil é superado no ranking mundial apenas pela União Soviética, com um total de 12 medalhas. Nosso país conquistou três ouros e duas pratas nos últimos três Jogos: a seleção masculina foi campeã em Atenas 2004 e vice em Pequim 2008 e Londres 2012, enquanto a seleção feminina conquistou dois ouros nestes dois últimos Jogos. Recordistas: a seleção feminina cubana de vôlei é a única a vencer três vezes consecutivas em Jogos Olímpicos, conquistando o título em Barcelona 1992, Atlanta 1996 e Sidney 2000. Nos arredores da quadra, o técnico José Roberto Guimarães já foi treinador de três seleções campeãs: a masculina nos Jogos de 1992 e a feminina em 2008 e 2012.

Vôlei de praia A modalidade foi originada do vôlei de quadra, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos na década de 20. O vôlei de praia entrou nas Olimpíadas em 1996, nos Jogos de Atlanta. Na estreia, as brasileiras Sandra e Jackeline conquistaram o título feminino, enquanto o ouro masculino ficou com os norte-americanos Kiraly e Steffes. A Europa conquistou sua primeira medalha de ouro no vôlei de praia apenas em Londres 2012, com os alemães Julius Brink e Jonas Reckermann. Nos últimos três Jogos Olímpicos, estão entre os grandes destaques as americanas Kerri Jennings e Misty May – campeãs em 2004, 2008 e 2012 pelo vôlei de praia feminino –, os também estadunidenses Todd Rogers e Phil Dalhausser (campeões em 2008) e a dupla brasileira Ricardo e Emanuel (campeã em 2004). O Brasil é o país com o maior número de medalhas na modalidade, são 11 no total, sendo sucedido pelos Estados Unidos, com 9 medalhas. Recordistas: o americano Charles (ou “Karch”) Kiraly, além de conquistar o título no vôlei de praia em 1996, também foi duas vezes campeão olímpico no vôlei de quadra – em Los Angeles 1984 e Seul 1988.

Basquete Criado em 1891 nos Estados Unidos pelo professor de Educação Física James Naismith, o esporte entrou para a lista de modalidades olímpicas em 1936, nos Jogos de Berlim. Com cinco jogadores em quadra para cada equipe, a partida de basquete tem duração de 40 minutos – divididos em quatro tempos. As cestas podem valer de um a três pontos, dependendo da posição de lançamento da bola pelo jogador. Nas Olimpíadas deste ano, 24 times participarão do evento – 12 masculinos e 12 femininos. Recordistas: o brasileiro Oscar Schmidt, que participou de cinco Olimpíadas de 1980 a 1996, é o maior “cestinha” da história do basquete nos Jogos Olímpicos, acumulando 1.093 pontos – o ex-jogador conquistou, também, o título de maior cestinha em uma única partida olímpica ao marcar 55 pontos contra a seleção espanhola nos Jogos de Seul (1988). A norte-americana Teresa Edwards, assim como Oscar, disputou em cinco Olimpíadas (entre 1984 e 2000), conquistando a medalha de ouro em quatro delas.


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Futebol A versão moderna do esporte foi criada em 1863, na Inglaterra, após sua definição como modalidade distinta do rúgbi. Nas Olimpíadas, o futebol teve sua estreia nos Jogos de Paris, em 1900, com apenas três países competindo oficialmente – França, Bélgica e Grã-Bretanha, que foi a primeira campeã olímpica na ocasião. O futebol feminino, no entanto, só passou a fazer parte do cronograma olímpico em Atlanta no ano de 1996. Atualmente, a modalidade é disputada nos Jogos por 16 equipes no masculino e 12 no feminino. As quatro medalhas de ouro dos Estados Unidos em Jogos Olímpicos foram conquistadas exclusivamente pela seleção feminina de futebol, que venceu as competições em 1996, 2004, 2008 e 2012 (nos Jogos de 2000, a equipe foi vice-campeã). Apesar de ser o país com maior número de títulos em Copa do Mundo, a seleção brasileira masculina do Brasil conta com três medalhas de prata conquistadas em Los Angeles 1984, Seul 1988 e Londres 2012, e busca seu primeiro ouro nas Olimpíadas em sua própria casa. Recordistas: a brasileira Cristiane é recordista em número de gols no futebol feminino, marcando 12 vezes ao longo das três últimas edições dos Jogos.

Natação Juntamente com o atletismo a modalidade está presente nas Olimpíadas desde a primeira edição da Era Moderna, estreando nos Jogos em 1896, a competição olímpica de natação é atualmente composta por 16 provas – tanto no masculino quanto no feminino –, nas quais os atletas devem realizar quatro estilos de nado ao longo da competição: borboleta, peito, livre e costas. As provas são realizadas individualmente e, no revezamento, em equipes de quatro nadadores, variando de 50m até 800m de distância. Os Estados Unidos lideram o ranking mundial no esporte com um total de 520 medalhas olímpicas (destas, 230 são de ouro). A Austrália, em segundo lugar, coleciona um total de 178 medalhas. O Brasil se encontra na 29ª posição, com 13 medalhas e apenas um ouro – conquistado por César Cielo em Pequim 2008. Recordistas: o norte-americano Michael Phelps, além de ser o maior medalhista da história das Olimpíadas (com 21 no total), tem o maior número de ouros conquistados em uma mesma edição dos Jogos: em 2008, Phelps foi campeão nas oito provas de disputou, superando o recorde do também americano Mark Spitz – que ganhou sete medalhas de ouro nas Olimpíadas de Munique em 1972.

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Tênis O esporte que foi originado na Inglaterra, estreou nas Olimpíadas já nos primeiros Jogos da Era Moderna em 1896, em Atenas. Quatro anos depois, nos Jogos de Paris, a tenista Charlotte Cooper tornou-se a primeira mulher a vencer uma disputa olímpica. As provas são disputadas individualmente – prova simples –, em duplas e duplas mistas, e a partida é dividida em três ou cinco sets, com seis games em cada. Para vencer um set, o jogador deve estar em vantagem de, no mínimo, dois games em relação ao adversário. As partidas podem ser disputadas em diversos tipos de quadra, são eles: saibro (composto de terra batida, tornando o jogo mais lento); grama (que dá aos tenistas maior agilidade em relação ao anterior); e o piso rápido ou piso duro (compostas normalmente de grama sintética ou de cimento, com piso regular.) Recordistas: as irmãs estadunidenses Venus e Serena Williams são as atletas com o maior número de medalhas de ouro dos Jogos Olímpicos – cada uma com quatro ouros. O australiano Samuel Groth detém o recorde de saque mais rápido de todos os tempos, em um lance com a bola a uma velocidade de 263 km/h. A campeã olímpica mais jovem da modalidade é a norte-americana Jennifer Capriati: ela tinha apenas 16 anos quando venceu a categoria feminina nos Jogos de Barcelona, em 1992.

Ginástica artística Praticada na Antiguidade, a ginástica artística também já era modalidade Olímpica nos Jogos de Atenas em 1896. As provas são disputadas individualmente e em equipes, e uma banca de nove jurados define a pontuação de cada atleta com base em seu desempenho nos aparelhos. Na categoria masculina há provas em barra fixa, barras paralelas, argolas, cavalo com alças, solo e salto. Na feminina, as atletas realizam provas em barras assimétricas, solo, salto e barra de equilíbrio. O brasileiro Arthur Zanetti, paulista de 26 anos, tornou-se o primeiro campeão olímpico em ginástica artística do país ao levar o ouro nos Jogos de Londres, em 2012, na prova das argolas, desbancando o chinês cotado como favorito, Yibing Chen. Recordistas: a ex-ginasta ucraniana Larissa Latynina, nos três Jogos Olímpicos dos quais participou (Melbourne 1956, Roma 1960 e Tóquio 1964), conquistou um total de 18 medalhas – esse recorde olímpico foi superado apenas em 2012 pelo nadador Michael Phelps. A romena Nadia Comaneci, nas Olimpíadas de Montreal em 1976, recebeu nota máxima de todos os jurados na prova com barras assimétricas – uma conquista inédita na história do esporte, ressaltada pela idade da jovem ginasta: Nadia tinha apenas 14 anos na época.


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PROMESSAS

Cinco promessas do Brasil com chances de brilhar nas Olimpíadas Nomes como Arthur Zanetti, Sarah Menezes, Daniel Dias, Isaquias Queiroz e Fabiana Murer são cotados ao ouro em suas modalidades Gabriel Belo

Dezenas de representantes competirão nas mais variadas categorias, e surpresas, é claro, são sempre bem-vindas. Mas alguns atletas que já vêm escrevendo sua história nos últimos anos chegarão ao Rio de Janeiro com boas chances de se destacar individualmente. Conheça, alguns dos nomes que podem brilhar pelo Brasil nas Olimpíadas.

Arthur Zanetti O paulista marcou história quando, nas Olimpíadas de Londres, tornou-se o primeiro atleta latino-americano a conquistar uma medalha olímpica na ginástica artística. Em 2016, ele volta a competir na sua categoria (Argolas) após ter acumulado uma série de conquistas individuais e coletivas nos últimos anos. Foram 11 medalhas desde 2012, sendo oito delas de ouro, nas mais importantes competições de ginástica artística do mundo. Zanetti chega ao Rio em seu auge físico e técnico, tendo vencido a Copa do Mundo de ginástica, nas argolas, em maio deste ano. Chega como um dos principais nomes do país na busca por medalhas, estando entre os favoritos na sua modalidade. Sarah Menezes Em 2012, tornou-se a primeira mulher a conquistar uma medalha de ouro no judô. Na ocasião, acabou sendo uma grande surpresa, visto que ela chegou a Londres sem tanta bagagem no esporte. Suas conquistas consistiam em torneios júnior, além de um bronze no Pan-Americano de 2011. Por isso, sua vitória sobre a experiente Alina Dumitru, campeã em Pequim-2008, foi surpreendente e inspiradora para diversos atletas que disputarão os Jogos Olímpicos. Sarah seguiu acumulando medalhas nos últimos anos e chega ao Rio de Janeiro em boa fase. Em 2016, conquistou o ouro em Havana, no campeonato Pan-Americano, prata em Guadalajara no World Masters, e bronze em Samsun e Paris, em competições referentes ao Grand Prix e Grand Slam de judô, respectivamente.

Daniel Dias Atleta paralímpico mais bem-sucedido da história do esporte brasileiro, o nadador Daniel Dias vem sendo sinônimo de medalhas. Detentor do recorde mundial nas provas de 149 e 200m livre, 100m costa e 200m medley, Daniel é o recordista de medalhas de ouro, são oito no total, nos Jogos Parapan-americanos. Seu quadro de conquistas em Pa-

raolímpiadas também é vasto, tendo conquistado nove medalhas em Pequim (2008) e seis em Londres (2012), vencendo todas as provas que disputou. Recentemente, venceu o campeonato europeu na categoria em que disputou, o 50m costas, na cidade de Funcha, em Portugal, batendo seu próprio recorde mundial, fazendo a marca de 34s95 e confirmando a grande forma. Assim, sua participação no Rio-2016 tem tudo para repetir o sucesso das Olimpíadas disputadas anteriormente, chegando novamente como favorito para as provas que for disputar.

Isaquias Queiroz Isaquias Queiroz vem se apresentando como um fenômeno da canoagem velocidade. Ele, que remava durante a infância na Bahia por necessidade, foi aos 14 anos para São Paulo em busca de treinamento e profissionalização. Deu certo. Em 2015, recebeu prêmios como melhor atleta brasileiro do ano após as conquistas nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, quando levou dois ouros. O baiano competirá em três categorias no Rio 2016, todas em canoagem velocidade. Serão três provas, na canoa C1 1.000m, C1 200m e C2 1.000m. Ele, que passou por muitas dificuldades durante a infância, é apontado pelos especialistas em canoagem como “medalha certa” para o Brasil. No momento, resta aguardar e torcer para que o favoritismo se confirme.

Fabiana Murer A atleta inicialmente praticava ginástica artística, desde os 7 anos, quando aos 16, por ser muito alta para o padrão do esporte, decidiu começar a praticar o atletismo. Experiente no salto com vara, Fabiana Murer, de 35 anos, pretende se aposentar do ofício após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. E isso só aumenta suas expectativas, visto que os resultados recentes são bons e uma medalha seria uma maneira triunfal de encerrar sua participação no esporte. Em 2015, Murer foi ouro no Troféu Brasil de Atletismo e Prata nos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Em 2016 ainda, Fabiana conquistou o novo recorde sul-americano em São Bernardo do Campo, no Troféu Brasil de Atletismo, atingindo 4,87m ao ar livre. Uma conquista no Rio ajudaria a “apagar” a marca que seu nome deixou na história das Olimpíadas. Em Pequim, no ano de 2008, uma de suas varas sumiu nas vésperas de um salto importante, fato que tirou sua concentração e a atrapalhou em um momento decisivo, adiando o sonho de conquistar medalhas em Olimpiadas. A chance de redenção será em casa.


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ALIMENTAÇÃO

Uma em cada quatro refeições nas Olimpíadas será vegetariana Opções de refeições vegetarianas foram garantidas pela Sociedade Vegetariana Brasileira em reunião com o Comitê Olímpico Internacional Kamila Deffert e Érica Diniz

Cerca de 24% dos alimentos consumidos por atletas e visitantes durante os Jogos Olímpicos de 2016 serão vegetarianos, segundo levantamento realizado pelo Instituto norte-americano, Harris Interactive. A estimativa foi realizada através do calculo entre dados Anuário Estatística de Turismo e a proporção de vegetarianos dos respectivos países. Segundo as estimativas do Ministério de Turismo a expectativas de visitantes é de 300 a 500 mil turistas estrangeiros. A opção de refeições vegetarianas e veganas nos jogos foi garantida pela Sociedade Vegetariana Brasileira em parceria com outras ONG’s em uma reunião com o Comitê Olímpico Internacional (COI). Segundo o secretário executivo da sociedade, Guilherme Carvalho, antes mesmo de a Sociedade Vegetariana fazer o pedido oficial para inclusão de opções veganas, o COI já havia dado essa abertura e afirmado esse desejo, porque a preocupação em atender bem os atletas que vivam em uma dieta com qualquer tipo de restrição já existia. Diante da apresentação do parecer da Sociedade Vegetariana, que apresentou os dados de que aproximadamente 24% das refeições demandadas nas Olimpíadas seriam vegetarianas, o Comitê Olímpico abraçou ainda mais a ideia. A Iniciativa Rio Alimentação Sustentável decidiu incluir “opções veganas” como uma das solicitações a serem feitas aos fornecedores de serviços de alimentação para os atletas e delegações. A alimentação para o público, em geral, ainda está sendo decidida pelo Comitê. Além disso, existirão 86 pontos de venda de comida espalhadas pelos locais dos jogos; esses números não incluem vendedores ambulantes. As comidas vegetarianas atendem diferentes tipo de público, não apenas as pessoas que não consomem carnes e derivados de animais, mas pessoas que possuem algum tipo de doença. “A comida vegana está entre as mais

inclusivas do mundo, porque ela pode atender, com qualidade nutricional e culinária, a onívoros, vegetarianos, veganos, intolerantes e alérgicos a lactose, entre outros casos que podem acontecer. Muitas pessoas, mesmo não vegetarianas, estão buscando fazer o máximo de refeições sem carnes e derivados de animais ao longo da sua semana. Para todas estas, e para quem mais se sentir à vontade para tentar, a troca de refeições com carne por refeições sem carne só traz benefícios”, afirma Guilherme Carvalho, secretário -executivo da SBV. Segundo Geovana Rafaella, que irá viajar para acompanhar as Olímpiadas no Rio de Janeiro, a variação de comida nos jogos é muito importante, afinal, nem todos os turistas e atletas consomem carne. “Eu, por exemplo, sou intolerante ao glúten e há alguns alimentos que eu não posso consumir. Já a minha mãe é vegetariana e o maior medo dela, e o meu também, é acabar tendo que procurar lugares na cidade que vendem refeições para nós duas”, declarou.

Opções no Rio Em um levantamento realizado pela Revista Vegetariana de 2016, a edição de abril trouxe mais de 250 estabelecimentos, espalhados pelo país, especializados em comida vegana (estrita). Só no Rio de Janeiro foram encontrados mais de sessenta restaurantes. O Brasil é considerado um dos países com maior número de vegetarianos. Segundo pesquisa realizada pelo ibope há dois anos, 8% da população brasileira é vegetariana, o que equivale a 15,2 milhões de pessoas. O comércio vegetariano no país vem crescendo cada vez mais. Durante o ano de 2012, essa área movimentou mais de 40 milhões em dinheiro, e no ano passado chegou a 55 milhões, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF). A expectativa é de que durante esse ano, por causa dos

Buffet Bouquet Garni - Crédito: Érica Diniz

jogos Olímpicos, o movimento cresça o dobro em comparação ao ano passado. Segundo Caio Kim, sócio da empresa de comida vegana, Buena Vibra, a olímpiada vai ajudar a movimentar o comércio, “As encomendas já começaram a aumentar, principalmente no Rio de Janeiro”, comentou. Caio conta que ele e a antiga sócia-proprietária Tainá começaram a empresa Buena Vibra por acaso. Em 2012, ela preparou uma torta viva (é uma torta feita com alimentos crus) para presentear uma amiga e colocou o passo a passo da receita, junto com informações nutricionais em um post de uma rede social, para que as outras pessoas pudessem conhecer. Como a torta viva era algo diferente e que chamava atenção por causa das cores e das propriedades nutricionais, ela despertou o interesse das pessoas, e logo pedidos de encomenda começaram a surgir. A partir daí, eles começaram a desenvolver outras receitas e incluir algumas utilizadas no dia a dia. O público variado torna esse tipo de alimentação mais abrangente. “Nosso público não é somente de veganos e vegetarianos, tem pessoas curiosas com esse estilo de alimentação e que passam a adotá-la, ou não, posteriormente”, afirma Caio. Alguns intolerantes e alérgicos a determinados alimentos encontram nas receitas do Buena Vibra a possibilidade de variar seu car-

dápio. A alimentação sem nada de origem animal e sem glúten foi algo que atraiu diversas pessoas. Outro estabelecimento vegetariano, no Rio de Janeiro, é o restaurante Bouquet Garni, que desde 1992 traz a proposta de comida saudável (vegetariana, sem glúten, sem lactose). O restaurante passou de pai para filho mantendo o mesmo conceito. O sócio-proprietário Rafael Konzen diz que é muito gratificante continuar o negócio da família ao mesmo tempo em que aperfeiçoa o padrão de atendimento e qualidade de modo que agrade desde os clientes mais antigos até os mais novos. “Tem pessoas que vinham aqui com os pais quando eram crianças e hoje trazem os seus filhos para almoçar, isso que é bacana”, conta. O buffet tem diversas opções de saladas, pratos quentes, sobremesas, frutas e todos os pratos servidos são de origem orgânica e recebem uma plaquinha informando se são isentas de algum ingrediente ou se seguem alguma dieta específica. Para quem têm algum tipo de restrição alimentar, como intolerância a glúten (proteína do trigo e derivados) ou lactose (leite e derivados), contar com esse tipo de informação é essencial. Aos sábados o buffet é vegano, ou seja, sem nenhum alimento de origem animal. O restaurante tem também uma loja com produtos sem glúten e sem lactose.


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PROJETO

Plano Brasil Medalha tem como meta país entre os 10 melhores Criado em 2012, nas Olimpíadas de Londres, o plano visa uma melhor preparação dos atletas brasileiros Sabrina Miranda e Thaiane França

Com o fim dos jogos olímpicos de Londres no ano de 2012, a ex-presidente Dilma Rousseff e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, lançaram o Plano Brasil Medalhas, com a ideia de representar uma nova conquista em relação aos investimentos no esporte, visando à preparação de atletas brasileiros para os Jogos Rio 2016. A meta proposta pelo Plano é fazer com que o Brasil seja classificado, pela primeira vez na história, entre os 10 melhores da competição. Além da verba arrecadada de empresas estatais, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petrobras, Correios, BNDES e Banco do Nordeste, a distribuição das verbas iniciadas em 2013, que seguem até este ano, terá o acrescimo de mais 1 bilhão de reais, como complemento ao orçamento do Ministério do Esporte. Vale destacar que o Plano foi lançado em setembro de 2012 pelo governo federal para garantir recursos adicionais de R$ 1 bilhão ao Ministério do Esporte, divididos em duas ações: preparação dos atletas e construção de centros de treinamento novos e modernos. A preparação de atletas se deu por

meio de convênios de entidades com o Ministério, projetos aprovados por meio da Lei de Incentivo e patrocínio de empresas estatais. Também foi criada, por lei, a Bolsa Pódio, a sexta categoria do programa Bolsa Atleta, destinada a patrocinar atletas de modalidades individuais com chances de disputar finais e medalhas nos Jogos. Atualmente, 236 atletas são patrocinados (104 paralímpicos e 132 olímpicos). Modalidades coletivas – 179 atletas – também são apoiadas por meio de convênios, Lei de Incentivo e estatal. Para a preparação já foram destinados cerca de R$ 328 milhões.

Centro de Formação Olímpica em Fortaleza, no Ceará - Crédito: Brasil 2016

Os investimentos já apresentam resultados. Na comparação entre os dois ciclos olímpicos (2009-2012 e 20132016), houve aumento na conquista de medalhas em campeonatos mundiais e equivalentes (copas do mundo, ranking, etc). No primeiro ciclo, o país conquistou 40 medalhas. Neste ciclo, foram 67, apresentando um aumento

de 27 medalhas. Na construção de centros de treinamento foram investidos cerca de R$ 450 milhões. Entre as 20 modalidades beneficiadas pelo programa, estão o vôlei, o atletismo, o boxe, judô, natação, basquete, canoagem, ciclismo, futebol feminino, handebol, ginástica artística, handebol, hipismo,triatlo, tênis, vela, modalidades aquáticas, entre outras. Segundo informações disponibilizadas no site da Secretaria do Esporte, o valor adicionado ao investimento é dividido em duas partes, sendo 328 milhões de reais, em apoio ao programa Bolsa Pódio, que beneficia desta vez os atletas, com a contração de técnicos e equipes multidisciplinares dos mais diversos esportes, além das viagens, e os 452,2 milhões são destinados a reformas dos centros de treinamentos dos para a utilzação dos próprios atletas.

Vila Olímpica localizada na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro - Crédito: Brasil 2016

O programa também prevê melhorias nos aspectos físicos e técnicos dos atletas. Na visão do Ministério do Esporte, o investimento deve também beneficiar a estrutura, como construções de mais centros selecionados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), além da qualidade de novos equipamentos para a execução das atividades. Um grande exemplo de desenvolvimento deste programa está sendo construído no Nordeste, que terá em breve uma das estruturas mais modernas para a realização de treinamentos e competições de mais de 20 modalidades olímpicas e paraolímpicas. O Centro de Formação Olímpica do Nordeste (CFO) está localizado em frente à Arena Castelão, em Fortaleza, e vai fazer parte da Rede Nacional de Treinamento estruturada pelo Ministério do Esporte. Iniciada em agosto de 2013, tinha término previsto para o primeiro semestre de 2015. Embora algumas partes das instalações já tenham sido entregues, como a pista de skate, alojamento para 248 atletas, áreas de ginástica olímpica e rítmica, a obra ainda não foi concluída.


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TERRORISMO

ABIN afirma que chances de ataques terroristas são reais

Vila Olímpica para quê?

Gabriela Rodrigues e Nathalie Oda

Álex Biega

O governo reforçou os investimentos na área de segurança pública para os Jogos Rio 2016 devido aos últimos ataques terroristas em diversos países pelo mundo As chances de acontecerem ataques terroristas nos Jogos Olímpicos não podem ser descartadas, segundo a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e integrantes da Polícia Militar (PM). A possibilidade de ataque surgiu com uma mensagem postada em novembro de 2015 pelo francês Maxime Hauchard via Twitter. Apesar de a postagem ter sido feita no ano passado, apenas em abril deste ano foi divulgada. A mensagem de Maxime, um possível terrorista, dizia que o Brasil seria o próximo país atacado pelos terroristas. É importante lembrar que o “aviso” foi publicado logo após os atentados que aconteceram em Paris em novembro do ano passado. A ABIN afirmou que isso preocupa, visto que o Brasil irá sediar as Olimpíadas de 2016. Um integrante da corporação da Polícia Militar de Curitiba, que optou por não relevar sua identidade, também afirmou que existe a possibilidade de ataque terrorista no Brasil durante os jogos, principalmente por ser um evento de grande porte e que atrai pessoas do mundo todo. Mas também disse que o país está preparado para isso; “Tudo foi feito antecipadamente já prevendo o ataque nas Olimpíadas, as forças policiais foram designadas para isso e receberam as devidas instruções ‘’, ressalta o profissional. Outra preocupação destacada pelo integrante da PM é em relação às pessoas que seguem a ideologia proposta pelos grupos terroristas e que podem pratica-la de maneira individual. “Não tem como prever com 100% de certeza que ninguém presente nos jogos jogue uma bomba no meio de uma multidão, ainda mais se for em um ambiente público e aberto”, afirma. Ainda falou que as chances são remotas, mas não nulas.

Apesar disso, o policial militar, já participou de treinamentos contra o terrorismo e garantiu que os policiais designados para isso são altamente treinados, além de já trabalharem com cães farejadores preparados para encontrar drogas e explosivos. Além disso, também são informadas quais instruções devem ser repassadas aos reféns, caso uma situação dessas aconteça. A Prefeitura do Rio de Janeiro foi questionada sobre as medidas que serão tomadas para proteção do público e dos atletas em relação aos ataques terroristas e ao aumento de homicídios no estado, entre outros assuntos que envolvem segurança na cidade para as Olimpíadas. Porém, não houve resposta por parte da Prefeitura. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), entre janeiro e abril de 2016, o número de roubos de rua no estado do Rio de Janeiro aumentou 23,7% em relação ao mesmo período de 2015. O número passou de 31.083 para 38.461 casos. Já os casos de homicídios foram de 1.486 para 1.715, apresentando um aumento de 15,4%. Em junho deste ano, o governador do Rio, Francisco Dornelles, decretou estado de calamidade pública, devido à grave crise financeira. De acordo com o decreto, que foi publicado a 49 dias do início das Olimpíadas, o governo teme um total colapso na segurança pública, na saúde, educação, mobilidade e gestão ambiental. Tal decreto levou o presidente interino, Michel Temer, a autorizar um repasse de 2,9 bilhões de reais para o estado. De acordo com a Medida Provisória do Governo Federal, o empréstimo deverá ser destinado para auxiliar nas despesas com Segurança Pública em decorrência dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. O professor de Educação Física, Carlos Eduardo Venâncio, de 54 anos, irá assistir aos jogos no Rio de Janeiro. Disse que não está preocupado com a possibilidade de ataque terrorista durante as Olimpíadas, visto que não acredita que isso possa acontecer, mas sim com a violência urbana no Rio de Janeiro. “Me sinto seguro em participar de um

evento desse, acredito que os assaltos podem causar muito mais problemas, mas, mesmo assim, acho que o Brasil está preparado ”, afirma Carlos Eduardo. Visto que o risco do ataque não pode ser descartado, o Ministério da Defesa afirmou que um satélite israelense será utilizado para auxiliar na segurança do evento. O Ministério ainda lançou um vídeo demonstrativo do satélite Eros-B sobrevoando alguns pontos da cidade carioca. A tecnologia conta com câmeras de alta resolução e ajudará na identificação de possíveis ataques. Também haverá 85 mil profissionais que serão designados para a segurança dos Jogos, sendo 47 mil da Força Nacional de Segurança e o restante do Ministério da Defesa.

Cerco ao terrorismo A Operação Hashtag, que tem como objetivo descobrir se existem participações de brasileiros em organizações criminosas de alcance internacional, como o Estado Islâmico, por exemplo. No dia 21 de julho, a Polícia Federal decretou a prisão temporária de 10 pessoas que apresentaram algum tipo de envolvimento com ações terroristas, sendo o líder do grupo um curitibano, o período de detenção tem prazo de 30 dias e podem ser prorrogados por mais 30. Segundo a Polícia, os detidos poderão responder pelos crimes de promoção de uma organização terrorista e também por realização de atos preparatórios de terrorismo, ambos previstos na Lei 13.260/2016. A pena para o primeiro crime é de cinco a oito anos de prisão, além de uma multa. Para quem executa atos preparatórios, a pena varia de três a quinze anos de detenção. O ministro da Justiça, Alexandre Moraes, disse em coletiva que a operação não tem nenhuma relação com a advertência de grupos de monitoramento das atividades do Estado Islâmico. E ainda afirma que a prisão dos 10 integrantes dessa possível célula terrorista no Brasil é “muito importante”.

Os jogadores da NBA (liga masculina de basquete) e da WNBA (liga feminina de basquete) convocados para defender os Estados Unidos não vão ficar hospedados na Vila dos Atletas. Segundo o secretário municipal de turismo do Rio de Janeiro, Nilo Sérgio Felix e confirmado pelas autoridades americanas, os atletas vão ficar hospedados em dois transatlânticos ancorados a 3 km do Pier Mauá durante a realização dos jogos. Os navios que vão hospedar os jogares também vão contar com 360 convidados, como ex-atletas da NBA e diretores das franquias americanas de basquete. Batizado de “Silver Cloud”, um dos navios conta com uma infraestrutura luxuosa para receber os astros. Construído em 1994, a embarcação conta com 26 restaurantes, 7 tipos diferentes de suítes, 2 piscinas, 7 saunas, 2 academias, biblioteca, cassino, spa e um espaço de 156 metros de comprimento por 22 de largura. Já os familiares dos atletas ficarão ancorados em outro navio. O “Norweigan Cruise também” ficará no Pier Mauá com 3.700 pessoas, entre elas familiares e amigos dos jogadores. Essa não é a primeira vez que os Estados Unidos decidem não ficar na Vila Olímpica. Em 2004 nos jogos de Atenas na Grécia, os astros da NBA também ficaram hospedados em um navio. A opção de ficar fora da hospedagem oficial dos atletas não é pela falta de leque que os hotéis cariocas dão aos visitantes, já que o número de hotéis de luxo no Rio de Janeiro supera 70. De acordo com a USA Basketball (Confederação Norte-americana de Basquete), a decisão de ficar em um transatlântico é para evitar o assédio dos fãs e diminuir a chance de doenças como dengue e Zika vírus. A seleção estadunidense masculina já confirmou seus jogadores que vêm para o Rio: DeMarcus Cousins e DeAndre Jordan; Kyrie Irving, Klay Thompson, Jimmy Butler, Kyle Lowry e DeMar DeRozan; Kevin Durant; Carmelo Anthony; Paul George; Draymond Green e Harrison Barnes. A seleção feminina americana também já está confirmada. As jogadoras são: Seimone Augustus, Sue Bird , Tamika Catchings, Tina Charles, Elena Delle Donne, Sylvia Fowles , Brittney Griner, Angel McCoughtry , Maya Moore, Breanna Stewart, Diana Taurasi e Lindsay Whalen. As seleções americanas de basquete masculino e feminino são as maiores vencedoras dos jogos olímpicos. São 14 medalhas de ouro para os homens e 7 de ouro para as mulheres, além de 1 de prata para as duas equipes.


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DINHEIRO

Orçamento total dos Jogos Rio 2016 é ainda indefinido Apesar do aumento de 35% no valor total de gastos, ajustes emergenciais fora do orçamento são realizados a poucos dias do início do evento Ana Clara Faria e Bruno Laurentino

De acordo com os valores apresentados na quarta atualização da Matriz de Responsabilidades, divulgada pela Autoridade Pública Olímpica – consórcio formado pela União, pelo Estado e Município do Rio de Janeiro para o planejamento e execução das obras relativas aos Jogos Olímpicos Rio 2016 –, o orçamento total do evento chega a R$ 39,07 bilhões neste ano. O valor atual corresponde a um aumento de cerca de 35% com relação ao valor inicial de R$ 28,8 bi estipulado em 2009, no período de candidatura do país para sede do evento. Ainda assim, problemas técnicos identificados nos últimos dias constituem gastos adicionais ainda

não definidos e que, portanto, não estão inseridos no orçamento divulgado. Do orçamento oficial, aproximadamente 57% dos custos são de investimento privado e 43% vindos de verbas públicas. Esse orçamento é dividido em três grupos: financiamento do Comitê Organizador dos Jogos – instituição privada que contribui com um valor de R$ 7,4 bi; Matriz de Responsabilidades, com R$ 7,07 bi em gastos com instalações esportivas e demais obras de infraestrutura relacionadas ao evento; e Plano de Políticas Públicas – ou Legado –, com investimento em 27 projetos que, apesar de não terem relação

direta com os Jogos, dizem respeito a obras de infraestrutura urbana – como intervenções na linha de metrô da cidade, nos Laboratórios de Controle de Doping, BRTs (sistema de ônibus municipal) e VLT (Veículo Leve sobre Trilhos, sistema inaugurado em junho deste ano na capital do estado). Os custos em obras de legado somam R$ 24,6 bi, sendo, portanto, a maior parcela de gastos dos três grupos. Nas tabelas a seguir, há mais detalhes sobre os gastos inclusos no orçamento oficial dos Jogos, na Matriz de Responsabilidades e no Plano de Políticas Públicas.

O professor Istvan Kasznar, pós-doutor em Administração e coordenador do Núcleo de Estudos das Contas e da Gestão dos Esportes (NECE) da Fundação Getúlio Vargas, observa que a variação do valor total dos gastos com os Jogos nos últimos anos não é um fato preocupante: “É natural que, havendo inflação no Brasil, o valor nominal de um ano tenha que ser recuperado e reajustado por um IGP [Índice Geral de Preços] ou por um IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo]”, explica. “O que, todavia, é sabido e tende a ser complicado é que certos orçamentos são apresentados antes das Olimpíadas com um valor, e depois da

Gastos: Matriz de Responsabilidades (janeiro de 2016/em R$ 1.000,00) Municipal

Estadual

Federal

Privado

Total

Barra

652,60

Não divulgado

903,66

4.119,50

5.675,76

Deodoro

Não divulgado

Não divulgado

825,41

Não divulgado

825,41

Copacabana

Não divulgado

7,60

7,30

60,00

74,90

Maracanã

38,50

Não divulgado

Não divulgado

60,00

98,50

Multirregião

40,90

Não divulgado

362,40

Não divulgado

403,30

Total

732,00

7,60

2.098,77

4.239,50

7.077,87

Gastos: Plano de Políticas Públicas (janeiro de 2016/em R$1.000,00) Esfera de governo

Recursos municipais

Municipal

3.947,62

Estadual

Recursos estaduais

Recursos privados

Total

1.222,30

9.174,99

14.344,91

1.417,31

9.979,46

8.562,15

Federal Total

Recursos federais

264,41 3.947,62

Fonte: Relatório do Tribunal de Contas da União - TC 008.576/2016-5.

8.562,15

1.486,71

264,41 10.592,30

24.588,78


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ocorrência das Olimpíadas os valores mudam”, diz Kasznar. Ele também cita as surpresas que eventualmente acontecem e, consequentemente, ocasionam no aumento dos custos – como os problemas apontados recentemente na Vila Olímpica. A discussão teve início após a delegação australiana fazer críticas às condições de infraestrutura da Vila dos Atletas, espaço destinado à hospedagem de equipes participantes dos Jogos. Algumas das irregularidades mencionadas pelos australianos – e, posteriormente, por delegações de outros países – são referentes a falhas no encanamento, no sistema elétrico e falta de limpeza e acabamento nos apartamentos. “Eu estou quase colocando um canguru

na frente do prédio [Vila dos Atletas] pra fazer com que eles se sintam mais em casa”, disse o prefeito Eduardo Paes (PMDB-RJ), em entrevista coletiva, em resposta às declarações da equipe australiana. Como solução para o embate, Paes entregou no último dia 27 as chaves da Vila Olímpica para a chefe da delegação do país, Kitty Chiller – que presenteou o prefeito com um canguru de pelúcia com luvas de boxe. Devido à necessidade de ajustes adicionais – como a do episódio citado acima – que não estavam inicialmente previstos no orçamento oficial, Kasznar comenta que ainda é difícil calcular os impactos de custos extras do evento. “É muito difícil você apropriar e fazer esse cálculo no momento. Depois a gente

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poderá ter uma ideia mais clara quando as Olimpíadas acabarem, mas, por ora, ainda é muito difícil afirmar quanto seja”, pondera o professor. Após a declaração de “estado de calamidade pública” pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro – com a solicitação de repasse federal de R$ 2,9 bilhões para auxílio nos investimentos em Segurança Pública para os Jogos –, o prefeito Eduardo Paes, em coletiva realizada no dia 21 de junho, afirmou que a crise econômica no estado não tem relação com os gastos com as Olimpíadas, e que o evento não será prejudicado pela situação do governo estadual. Kasznar avalia como correta a atitude do governador interino Francisco Dornelles (PP) em declarar a situação emergencial do estado: “Dada

uma situação em que a conta de salários dispara, em termos reais, 17% acima da inflação em quatro anos; a conta de petróleo despenca 45% em termos reais também em quatro anos, não havendo royalties, o tamanho do buraco é explosivo, torna muito difícil a extração da conta pública estadual”, explica.

Obras As instalações olímpicas são divididas em quatro regiões: Barra, Deodoro, Maracanã e Copacabana. Alguns dos locais de destaque são o Parque Olímpico, complexo com quase 2 milhões de metros quadrados que será palco de 16 modalidades dos Jogos, o Complexo Esportivo de Deodoro – que sediará competições de modalidades


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Projetos/Ações

% Exec Física MAI/2016 Deodoro Norte

Estádio Olímpico de Canoagem Slalom

100,00%

Centro Olímpico de BMX

100,00%

Arena da Juventude

100,00%

Centro Olímpico de Hóquei sobre Grama

92,12%

Domínio Comum de Deodoro

98,18%

Centro de Mountain Bike

100,00%

Estádio de Deodoro

98,19%

Adequação do Centro Aquático de Deodoro

100,00%

Adequação do Centro Olímpico de Tiro

98,29% Deodoro Sul

Adequação do Centro Olímpico de Hipismo (Pista de Cross Country, Arena de Salto e Adestramento, Clínica Veterinária, Acomodações dos Tratadores e Baias dos Cavalos)

81,99%

Barra da Tijuca Construção do Centro Olímpico de Tênis

90,11%

Construção do Velódromo Olímpico

89,80%

Construção da Arena do Futuro

100,00%

Construção do Centro Olímpico Aquático

99,00%

Fonte: Relatório do Tribunal de Contas da União - TC 008.576/2016-5.

como hóquei, canoagem, mountain bike, hipismo e pentatlo moderno – e o Estádio Olímpico, construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e que receberá, juntamente com o Maracanã, as equipes de Futebol das Olimpíadas. Para a hospedagem das delegações participantes, foi construída a Vila dos Atletas, local integrado à Vila Olímpica. Dentre as instalações esportivas, o Velódromo é a obra que apresentou mais problemas: entregue em 26 de junho, com seis meses de atraso, alguns dos obstáculos encontrados ao longo da construção do Velódromo foram a rescisão de contrato, o processo de recuperação judicial da empreiteira res-

ponsável pelas obras e equívocos no projeto. A Autoridade Pública Olímpica (APO), responsável pelas instalações, declara em nota que “todas as obras estão praticamente prontas nas quatro áreas de competição e foram entregues ao Comitê Rio 2016”, afirmando que o país está pronto para receber os Jogos.

Legado Sobre os possíveis retornos financeiros ocasionados pela realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Marcelo Proni observa que é preciso considerar os setores da região que não receberão investimento financeiro direto. “Tem uma parte da população que é prejudicada porque deixa de receber outros serviços públicos que poderiam ser prestados pela Prefeitura, pelo governo estadual”, avalia. “Então, o legado pode ser positivo para alguns e negativo para outros. Esse balanço só vai poder ser feito mesmo depois que acabarem os Jogos”, conclui Proni. O legado dos Jogos envolve também fatores não calculáveis, como a imagem da cidade olímpica e do país em relação aos turistas. “O Rio de Janeiro já é uma cidade altamente turística, com potencial. A Copa do Mundo já fez esse

papel de divulgar o país no mundo inteiro, de reforçar a imagem de um país que recebe bem o turista estrangeiro”, analisa Proni. O professor Istvan Kasznar comenta a potencial percepção positiva do país após o fim dos Jogos, classificando a memória das experiências dos turistas no Rio de Janeiro como parte do legado “intangível” das Olimpíadas: “Um país como o Brasil, sétima economia do mundo, não pode ficar ‘fechado’, tem que mostrar que a gente está aqui com energia, que somos um povo grande, que somos um povo forte e que, apesar de todas as confusões políticas e econômicas que temos, sabemos nos superar”, diz Kasznar.


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TOCHA OLÍMPICA

Tocha Olímpica: viajando o Brasil de Norte a Sul A tocha, um dos principais símbolos olímpicos, passou por todos os estados do país e atraiu grande público por toda sua trajetória Brayan Valêncio, Giovana Canova e Dieneffer Santos

A Tocha Olímpica chegou ao Brasil no dia 03 de maio, em Brasília, e tem rodado todo o país até chegar ao seu destino final: a abertura dos jogos olímpicos no dia 05 de agosto no Estádio do Maracanã. Até a chegada ao Rio de Janeiro, serão 95 dias de revezamento; 27 Estados visitados; 300 cidades participantes; 20 mil quilômetros percorridos; 10 mil milhas de área; e 12 mil condutores da tocha em todo o Brasil.

Ao passar por Caruaru, em Pernambuco, os condutores, a equipe de segurança e todos os curiosos que estavam perto, homenagearam o cantor Luís Gonzaga cantando e dançando a música “A vida do Viajante” - música oficial do revezamento da tocha no Brasil. A partir dali, toda vez que um condutor é um membro da Força Nacional, a música é cantada e dançada durante o percurso.

Além dos dados, alguns fatos marcaram a presença da Tocha no Brasil.

A passagem da Tocha Olímpica pelo Brasil também é sinônimo de polêmica, a começar pelo tombo do técnico da nadadora Joanna Maranhão e também da dona das lojas MagazineLuiza – que acabou aproveitando o incidente e ofereceu um “tombo nos preços” dos produtos –, passando pelo desconvite do cantor MC Biel após o funkeiro ter assediado uma jornalista, também a morte da onça Juma, que foi abatida após ser exposta em frente Comando Militar da Amazônia durante a passagem do revezamento até a prisão de um homem na cidade de Maracaju, no Mato Grosso do Sul, que tentou apagar a tocha olímpica jogando um balde de água no objeto.

No dia 03/05, a Tocha finalmente desembarcava em terras tupiniquins e, em pleno processo de impeachment, Dilma exerceu seu último grande compromisso antes de ser afastada da presidência da república 9 dias depois. A cerimônia de abertura ficou marcada pelas grandes manifestações que pediam o arquivamento do processo de impeachment. Alguns dias após o início do revezamento no Brasil, alguns assuntos viralizaram na internet, entre eles uma tocha olímpica que estava em um site de vendas pelo preço de R$ 120 mil e um atleta paraolímpico que caiu da cadeira de rodas e se apoiou nas próprias pernas para não ir totalmente para o chão.

No Paraná não foi diferente: chegando no estado no dia 25 de junho, a Tocha Olímpica foi responsável por paralisar todas as cirurgias do Hospital Municipal Padre Germano Lauck por seis dias

Presidente Dilma Rousseff acende a primeira Tocha Olímpica no início dos revezamentos no Brasil - Créditos: Rio 2016

Tocha Olímpica alimenta o espírito lúdico da população - Crédito: Gabriel Krambeck

em Foz do Iguaçu. Em Curitiba houve “recompensa” para quem conseguisse apagar o objeto símbolo dos Jogos Olímpicos, mas ninguém conseguiu cumprir a proposta. Já no dia 28 de julho, manifestantes contrários aos jogos conseguiram apagar a Tocha em Angra dos Reis e obrigaram a organização e a segurança do evento a cancelar a passagem pelo trecho além de causarem o cancelamento dos shows que aconteceriam na cidade pela noite. A enfermeira Elisangela Lira Bonifácio conta que conduzir a Tocha Olímpica foi um sentimento único para ela: “O dia 25 de junho foi um dia emocionante, inesquecível. Só de pensar em cada momento, eu sinto a emoção novamente da espera, da ansiedade, da satisfação. Quando acendi a minha tocha, sentir meu coração mais aquecido e queria fazer o melhor. Me sentir uma atleta ganhando a medalha de ouro. Consegui olhar as pessoas e ver a satisfação de estarem ali”. Para ela, o revezamento é muito mais que um simples evento: “O ser humano precisa se descobrir primeiro por dentro para transformar a vida. E a tocha olímpica está dando a oportunidade de muitos brasileiros se descobrirem e mostrar ao mundo que podemos sim, ser verda-

deiras pessoas que sabemos o sentido da vida e que o mundo para ser melhor só depende de nós mesmos. Se cada um fizer o seu melhor a gente constrói algo melhor.” O professor Tiago Galati de Barretos, São Paulo, conduziu a Tocha no dia 19 de julho e conta que é indescritível a sensação de poder carregar a Tocha: “É um evento inesquecível, tanto para quem é atleta, quanto para as pessoas que buscam o esporte como a solução de muitos problemas”. O revezamento da Tocha marca o período pré -olímpico e, até o momento que acenderem a pira olímpica, no dia 05 de agosto, certamente terão vindo a público outras histórias curiosas e diferentes sobre a polêmica Tocha Olímpica.


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TOCHA OLÍMPICA

O revezamento da tocha no Paraná Passando pelos principais pontos turísticos do Paraná, o caminho da tocha pelo estado contou com a participação de grandes figuras do esporte paranaense Roberty Souza

O revezamento da Tocha Olímpica passou duas vezes no Paraná. A primeira passagem aconteceu entre os dias 28 de junho e 1º de julho e passou pelas seguintes cidades. Londrina, Arapongas, Maringá, Campo Mourão, Cascavel, Matelândia, Medianeira, São Miguel do Iguaçu, Santa Terezinha do Itaipu, Foz do Iguaçu, Céu Azul, Santa Tereza do Oeste, Realeza, Francisco Beltrão, Pato Branco. Depois disso, ela passou pelos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Após chegar ao extemo sul do país, a tocha seguiu rumo ao Rio de Janeiro, retornando para Santa Catarina em seguida para o Paraná, mas agora pela região metropolitana de Curitiba. O dia 14 de julho ficou marcado como o dia que o símbolo dos Jogos Olímpicos passou pela capital paranaense. O revezamento começou na cidade de São José dos Pinhais. Por lá, foram 23 condutores que carregaram a tocha. Entre os condutores, a jornalista Helen Anacleto e a ex-boxeadora Rosilete dos Santos, que é uma das responsáveis pela Centro de Excelência do Boxe, projeto que atende mais de 200 crianças ensinando boxe em Curitiba. A tocha olímpica chegou por volta das 10h30 da manhã. O revezamento

começou no Museu Oscar Niemeyer e o primeiro a carregar o símbolo olímpico em terras curitibanas foi o Moisés Batista, atleta paralímpico do QuadriRugby, que é o rugby em cadeiras de rodas. “É uma emoção única na minha vida, os jogos acontecem no meu país e eu tenho essa oportunidade, estou muito feliz.” O percurso durou cerca de 9 horas, envolveu 170 condutores nos 36 km de extensão. Passou pelos principais pontos turísticos da cidade como o Jardim Botânico, Parques Barigui, Tingui e Tanguá, além das ruas de Santa Felicidade. Entre os condutores, atletas, ex-atletas e pessoas indicados pelos patrocinadores, Murilo Gimenes foi um dos diversos indicados pelos patrocinadores do revezamento e conta com uma forte ligação com o esporte. È um dos responsáveis pelo Clube de Xadrez de Curitiba. Sobre a emoção de ser um dos condutores, Gimenes afirma que “o esporte pode sim transformar o mundo e que a escola é o local onde começa essa transformação.” Jade Barbosa, da ginástica artística participou do revezamento em Curitiba. A atleta de 25 anos se disse muito emocionada em participar desse momento. O ex-jogador de vôlei e me-

Passagem da tocha entre os condutores de Curitiba - Crédito: Gabriel Krambeck

Passagem da Tocha por Curitiba atrai público de todas as idades - Crédito: Gabriel Krambeck

dalhista de ouro nos Jogos Olímpicos em Barcelona, Jorge Edson, conduziu a tocha perto do Colégio Estadual do Paraná e falou sobre a emoção de “participar” dos jogos novamente. “A emoção de participar disto aqui é ímpar. Uma coisa é você ganhar uma medalha longe daqui, outra coisa é você passar com essa chama aqui que representa a união de todos os povos, é um sentimento único”. Mas, além do revezamento oficial, existia um paralelo, com apenas um condutor em todo o trajeto. Trata-se de José de Moraes conhecido como Pé na Rua. Apesar do calor que fez no dia, Pé na Rua garantiu que estava bem fisicamente para acompanhar o fim do percurso, na Pedreira Paulo Leminski. “Vou acompanhar os 36 quilômetros, estou inteiro”. Não eram só atletas, ex-atletas, convidados e a população em geral que acompanharam esse dia histórico em Curitiba. A imprensa internacional se fez presente. A TV chinesa CCTV acompanhou o trajeto da tocha no Brasil desde a cidade de Belém, no Pará. Andrew Peng diz que “os jogos no Rio de Janeiro serão um sucesso, principalmente pelo empenho e dedicação do povo brasileiro”. Segundo ele, os chineses estarão de olho nas disputas do

tênis de mesa, vôlei e futebol. Chester Willians foi campeão da Copa do Mundo de Rugby em 1995, pela África do Sul. Ele era o único jogador negro da equipe e a conquista veio junto com um momento importante da história do país: o fim do regime separatista, o apartheid. Após 92 anos, o rugby voltou ao calendário olímpico e Chester foi convidado por um dos patrocinadores. Sobre a chance de ser um dos condutores, o sul-africano disse: “Eu não acreditava [que poderia conduzir a tocha], para ser honesto, quando soube que fui escolhido entre mais de 70 mil pessoas, foi um sentimento incrível”. O ex-jogador fez seu percurso no bairro de Santa Felicidade. O fim do trajeto aconteceu no início da noite na Pedreira Paulo Leminski. O último condutor e responsável por acender a pira olímpica foi o curitibano, exjogador de vôlei de praia e medalhista olímpico Emanuel. No dia seguinte, o revezamento passou por cidades como Fazenda Rio Grande, Araucária e Ponta Grossa. No dia 16 de julho, a última cidade do estado que recebeu o fogo olímpico foi a cidade de Castro, depois disso o comboio seguiu para o Estado de São Paulo.

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TOCHA OLÍMPICA

“Foi como participar da história”: a experiência de conduzir a Tocha no Paraná A jornalista Helen Anacleto, conhecida pela ligação com o esporte, foi um dos destaques do revezamento da tocha por Curitiba e Região Metropolitana Brayan Valêncio, Giovana Canova e Dieneffer Santos

Ser um condutor da tocha olímpica não é para qualquer um. E, em meio a tantas críticas e polêmicas, todos os dias diversas pessoas seguraram o objeto que representa não só os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, mas também representa a esperança de dias melhores. Em meio a todas essas polêmicas, entrevistamos uma condutora mais que especial, porque além de ser ligada aos esportes, ela também é jornalista de rádio e televisão. Confira nossa entrevista com a jornalista Helen Anacleto, apresentadora do programa televisivo BG Esporte da RIC TV. A) Você se inscreveu para ser uma condutora? Não, fui indicada por um dos patrocinadores do revezamento. Recebi o

e-mail da assessoria do patrocinador em janeiro, perguntando se eu gostaria de ser uma condutora. Quase morri do coração! Achei que fosse até alguma brincadeira. Quando liguei pra me certificar, vi que era verdade e fiquei incrédula por um bom tempo. Depois da indicação, tive que escrever uma espécie de autobiografia explicando o meu envolvimento com o esporte. Após uns dois meses, recebi a resposta. B) Como soube que tinha sido selecionada? Estava há um tempo na expectativa. Sabia que a resposta estava por sair naqueles dias... Estava no carro, trabalhando, até que fui olhar o e-mail e “PLIM”, estava lá o manual do condutor. Abri sem saber bem o que era, até que tudo se fez bem claro.

Passagem da tocha entre os condutores de Curitiba - Crédito: Gabriel Krambeck

C) Qual foi a sua reação ao ser selecionada?

na política e, às vezes, as coisas acabam se misturando. É do jogo.

Fiquei absolutamente incrédula. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Liguei pra família, pros amigos, mal consegui trabalhar no dia. Foi emocionante. Realmente, passou um filme pela minha cabeça.

G) Como imaginava que fosse ser o momento da condução?

D) O que significa ser uma condutora para você? Significou realizar um sonho. Sempre amei as Olimpíadas, acompanho desde muito pequena. E, de repente, tão acostumada a contar histórias, eu vou fazer parte dessa que é uma das maiores do esporte, de todos os tempos. Em tempos tão turbulentos no país, carregar a tocha foi conduzir, de alguma forma, um pouco de esperança de dias melhores. E) Qual a sua ligação com o esporte? Quase não tive escolha: venho de uma família de quatro irmãos. Todos fissurados por futebol. Meu amor pelo esporte vem do ambiente de torcida que eu sempre tive em casa. No início da adolescência fui atleta. Jogava vôlei e representei minha cidade, Faxinal, em campeonatos importantes pelo Estado. Quando fiquei mais velha, infelizmente não cresci o que precisava e acabei desistindo de me profissionalizar. Fiz jornalismo para não me afastar totalmente disso tudo. F) Você sofreu críticas por ser uma condutora? Ainda não, pelo menos pessoalmente. Mas é evidente que é preciso analisar que há muitas críticas com fundamento. A gente vive um período turbulento

Helen Anacleto conduz a tocha em Curitiba - Crédito: Arquivo pessoal

É tudo bem rápido, né? Seriam 3 minutos que valeriam a vida toda. Eu não tinha ideia de como seria, de verdade. Minha única vontade era não cair ou derrubar a tocha, porque sou meio descoordenada (risos). Eu queria muito poder ver minha família e meus amigos reunidos lá naquele momento. Achava que isso seria o que faria tudo ficar ainda maior. H) E como foi carregar a Tocha Olímpica? Foi o dia mais especial que tive, de longe. Foi como participar da história, ver tudo passar diante dos olhos. Sempre achei que os Jogos Olímpicos são o maior evento da Terra. Participar disso vai, com certeza, fazer parte das histórias que a gente guarda pra contar pros filhos e netos. I) Conhece alguma história curiosa sobre o revezamento da tocha ou pretendia fazer algo diferente? Tenho acompanhado as conduções em todo o país e acho que cada local é único. Em Salvador, o Olodum sempre presente; a tocha também já foi levada pelo surfista Carlos Burle, no Recife, o que foi bem bacana, também. Achei que a passagem dela por Caruaru, quando os agentes cantaram Luiz Gonzaga, também foi de arrepiar. Não fiz nada de diferente. Me manter em pé já foi um desafio! (risos). A gente não consegue planejar muito um momento tão grande e tão rápido como esse, né?


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TECNOLOGIA

Empresa paranaense lança aplicativo inovador para táxi com foco nos Jogos Rio 2016 O aplicativo Táxi ADV da empresa paranaense I9algo traz uma nova maneira de publicidade para os taxistas Leonardo Coelho e Talita Brasileiro Machado

De olho nos Jogos Olímpicos Rio 2016, a empresa paranaense, I9algo, lançou um novo aplicativo especialmente para táxis, para oferecer aos passageiros informações sobre pontos turísticos e criar um espaço publicitário com anúncios para os clientes. A I9algo instalou em março de 2016 o seu novo aplicativo, Táxi ADV, plataforma de mídia digital para veículos, em 110 táxis do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. O Táxi ADV usa uma plataforma baseada no conceito iDOOH Mídia, Interactive Digital Out Of Home, em português, “mídia digital e interativa fora de casa”. Além de transmitir informações turísticas, o aplicativo interage com o passageiro, exibe notícias, alertas com sons, disponibiliza QR Codes, imagens e oferece a compra de tickets.

Criadores De maneira estratégica, a empresa escolheu a cidade carioca por acreditar que em ano de Jogos Olímpicos seria um bom negócio para o empreendimento. Para André Straube, fundador da empresa, o momento é propício às novas criações. “A entrada no Rio de Janeiro é estratégica para apresentarmos nosso produto a visitantes de todo o Brasil. Em período de Jogos Olímpicos

a cidade estará cheia, e, por isso, é uma grande oportunidade de mostrarmos nosso aplicativo para os brasileiros e turistas do mundo inteiro”. Lucas Gibson, CEO da empresa, diz que a ferramenta utilizada é uma novidade na categoria. “Com essa nova plataforma é possível interagir com o usuário e ter noção do impacto que as propagandas causam. O passageiro pode, durante o trajeto, escolher hotel, restaurante, danceteria, enfim, um leque enorme de opções que o aplicativo proporciona”. Lucas Gibson considera que o aplicativo é uma forma de os taxistas competirem com novas tecnologias e novas opções de locomoção que estão surgindo, como o Uber. “Em momento de rivalidade com o Uber, o Táxi ADV pode ser uma ótima saída.” O novo aplicativo já conquistou muitas empresas parceiras, que acreditam que o Táxi ADV vai direcionar ao público certo suas propagandas e vai dar visibilidade privilegiada para cada anúncio. Geolocalização é uma das opções mais inovadoras oferecidas pela empresa, pois quando o táxi estiver passando perto de qualquer um de seus anunciantes o aplicativo vai transmitir imediatamente no display a publicidade de seu parceiro. O departamento de criação da empresa acredita que o Táxi ADV é mais eficiente que anúncios em outdoor ou ônibus, e com custo menor.

Aplicativo pode ser a solução de concorrência com o Uber - Crédito: Divulgação

Aplicativo Táxi ADV da empresa paranaense I9algo - Crédito: Divulgação

Experiência

Inovação

O taxista Mário Jorge, 56 anos, que trabalha no ramo há 30 anos, está ansioso com o aumento de trabalho e lucro durante os Jogos Olímpicos Rio 2016. Ele experimentou o novo aplicativo e disse que o uso de novas tecnologias é positivo na concorrência com o Uber. “Eu não sou um taxista contra Uber, acho que tem espaço para todo mundo, e

A I9algo é uma empresa que desenvolve soluções inovadoras a partir de ideias que recebe em um site, de pessoas comuns que queiram tirar do papel uma inovação. A empresa está incubada de forma residente na Intec, Incubadora Tecnológica do Tecpar, o que significa que ela está instalada no Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar).

“Acho que tem espaço para todo mundo, e o Táxi ADV me ajuda a oferecer novas opções para o meu passageiro”. o Táxi ADV me ajuda a oferecer novas opções para o meu passageiro.” A engenheira Renata Rodrigues, 27 anos, é natural de Santa Catarina e foi auxiliar o irmão no Rio de Janeiro. Eles trabalham em um restaurante com foco nos Jogos do Rio 2016. “Eu adorei a novidade. Eu e meu irmão estamos há pouco tempo na cidade e sempre usamos táxi para nos deslocarmos. Percebemos que os taxistas que usam o Táxi ADV estão interessados em nos oferecer benefícios durante a corrida.”

De acordo com o gerente da Intec, Gilberto Passos Lima, como a i9algo é uma empresa de ideias, é importante que o primeiro produto esteja sendo comercializado. “Quando um projeto dá certo e é comercializado, isso abre as portas para que novas ideias sejam lançadas e, posteriormente, entrem no mercado. O Táxi ADV é uma inovação e tem tudo para se destacar no auxílio dos taxistas na competição com a concorrência.” Além do display, os anúncios podem ser colocados do lado interno e externo do veículo, através de adesivos e painéis luminosos, como nos táxis de Nova York. A novidade ainda não tem previsão de quando vai chegar a Curitiba, tudo vai depender do desempenho do aplicativo durante os Jogos Olímpicos.


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TURISMO

Turismo no Paraná durante os jogos movimenta a economia do Estado instituto Brasileiro de Turismo prevê que o fluxo de turistas estrangeiros deve aumentar também no Paraná Izabela Moreira

A realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro deve aumentar o fluxo de turistas estrangeiros em todo o país, é o que prevê a presidente da Embratur, Jeanine Pires. Entre os lugares que receberão esse acréscimo no turismo, o Paraná ganha destaque. A consultora de viagens, Cibele Miranda, conta que os lugares mais procurados são as Cataratas do Iguaçu e as belezas naturais de Curitiba. O turismo no Paraná tende a aumentar a economia do estado, gerando assim mais empregos e rendas. A ideia seria que tanto o estado como a prefeitura de Curitiba trabalhassem juntos para atrair mais turistas para o Paraná nesse período de jogos olímpicos, visando então os benefícios acima citados. A consultora de viagens afirma que a capital paranaense está preparada para o turismo em massa. A hotelaria, os restaurantes e o transporte público são capacitados para uma boa estadia na cidade. Para as seleções e equipes que vêm ao país, Curitiba, por exemplo, tem um dos estádios elogiados

pela FIFA e pode servir como campos de treinamento. Cibele acredita que as vendas de pacotes turísticos no Brasil terão um aumento de 50%, Vale relembrar que a Embratur (Instituto Brasileiro do Turismo) fará isenção do visto durante os jogos e confirmou em seu site que a medida foi tomada como estratégia para atrair mais visitantes para o país. Quanto ao aumento de turistas em Curitiba, espera-se que a cidade tenha visibilidade global e o aumento virá em parcelas, ao longo dos próximos anos. A prefeitura de Curitiba acredita que a economia nas olimpíadas seja igual ou maior do que em 2014. O Instituto Municipal do Turismo relata que Curitiba é a capital que está em segundo lugar das cidades do Brasil com melhor infraestrutura turística. Em comparação com a Copa do Mundo, a cidade recebeu 214 mil turistas e mais de 400 milhões de reais no período do campeonato mundial. Os números indicam que o ‘turista-copa’ gastou em média R$600,00 por dia. Lucas Masiero, estudante de Turismo na UFPR, relata que os professores não estão focando as aulas em relação às Olimpíadas, mas que vem recebendo palestras que tratam de todo esse movimento na área durante o acontecimento de grandes eventos, como é o caso da Copa do Mundo e das Olímpiadas. Sobre a relação do Estado com a Copa, Masiero conta: “O Paraná não é foco das olimpíadas como Rio, então em relação aos turistas nacionais isso não vai mudar muito. Os internacionais podem, principalmente pelas Cataratas, vir para cá”.

Parque Nacional do Iguaçú - Crédito: Fotos Públicas

Conheça a logística preparada pelos Correios para o Rio 2016 Empresa brasileira vai ser responsável pelas partes de entregas e logísticas dos jogos Olímpicos Rio 2016 Álex Biega

O responsável pelo transporte dos equipamentos e por toda a logística interna desse processo nos jogos Olímpicos Rio 2016 será os Correios, fundado em 1969. Devido ao grande número de atletas e pela grande infraestrutura que os jogos necessitam, os Correios irão mobilizar 1.500 funcionários para despachar, receber e transportar os aproximadamente 30 milhões de itens que estarão em movimento durante os jogos. A logística montada para os jogos irá durar cerca de 35 meses e só terá fim no segundo semestre de 2017, com a total desmobilização da operação. Ao todo, serão transportados 80 mil partes de equipamentos esportivos, 120 mil cadeiras, 30 mil camas, 30 mil colchões, 25 mil mesas, 18 mil sofás, 300 quilômetros de alambrados, cerca de 36 mil bagagens de atletas, 8,6 mil amostras para antidoping e mais os itens que serão usados nas partidas, como 840 bolas de basquete, 2.931 bolas de futebol e 25 mil bolinhas de tênis, isso tudo além das 17 mil entregas previstas durante a edição dos jogos olímpicos. Essa é a primeira vez que uma empresa responsável pela parte de entregas nacionais fica destinada a cuidar da parte logística de um evento Olímpico. “Nossa expectativa é repetir a experiência bem-sucedida da operação logística dos Jogos Pan-Americanos de 2007 do Rio de Janeiro, quando ficamos encarregados de todo o transporte e montagem da estrutura do evento”, afirma Wagner Pinheiro de Oliveira, presidente dos Correios, em entrevista ao brasil2016.gov.br, site oficial dos jogos Rio 2016.

Os materiais que vão ser usados nas Olimpíadas estão sendo guardados em dois depósitos no estado do Rio de Janeiro. As unidades foram construídas nas cidades de Duque de Caxias e na Barra da Tijuca, bairro da capital. Cada espaço conta com 87 mil metros quadrados. Além de todos os itens transportados e da mão de obra envolvida, o Comitê Organizador contará com 170 caminhões e 2 mil equipamentos de transporte, como empilhadeiras, tratores e guindastes. Os gastos que os Correios terão com os jogos não serão baratos. Estimasse que a empresa gaste cerca de R$ 180 milhões, distribuídos em despesas de funcionários, transporte e operações extras. O planejamento dos Correios começou em 2014, quando o contrato com o Comitê Organizador foi oficializado. Mesmo assim, um grupo de especialistas já esteve presente nos jogos de Londres 2012 para poder observar e implementar técnicas utilizadas lá nos jogos deste ano. Além disso, a equipe também participou dos jogos de inverno de Sóchi na Rússia em 2014, com intuito de adquirir experiências extra e evitar erros que aconteceram nos jogos de Pequim em 2008, quando varas de atleta de salto da atleta Fabiana Murer sumiram durante as provas finais da modalidade. Os Correios foram selecionados para cuidar da logísticas e transportes dos jogos em 2013 em um processo que envolveu empresas internacionais. Além de operadores logísticos, os Correios também são patrocinadores oficias dos Jogos Rio 2016.


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ECONOMIA

Banco Central lança moedas comemorativas para as Olimpíadas 2016 Para comemorar o acontecimentos dos jogos olímpicos no país, foram feitas moedas com imagens das 14 principais modalidades esportivas Luís Felipe Farias, Nicole Smicelato e Patricia Sankari

As moedas comemorativas Rio 2016 foram lançadas em diferentes modelos. A clássica moeda de um real ganhou “caras” diferentes, e homenageia 14 esportes, entre eles o Golfe e o Rúgbi, que não participavam dos Jogos há mais de 90 anos. Os mascotes Tom (mistura de todas as plantas das florestas brasileiras) e Vinicius (mistura de todos os animais brasileiros) também ganharam estampas. Foram lançadas moedas de cinco reais em dois modelos: prata e ouro. A de prata tem 16 designers diferentes, entre eles estão os representantes da fauna e flora: borboleta, pau-brasil, orquídea, mico-leão dourado, helicônia, tucano-de-bico-preto, toninha, bromélias. Os estilos musicais também ganharam destaque nas moedas de prata, como o forró, samba e a Bossa Nova. A moeda de ouro tem apenas quatro modelos, um deles estampa a Tocha Rio 2016. Os outros três designers, mostram esportes que estão ligados aos lemas olímpicos: Fortius (mais forte) representado pela luta olímpica, Altius (mais alto) simbolizado pelo salto com vara e Citius (mais rápido) que é retratado pela corrida de 100m rasos.

Senhor numismática O hobbie de colecionar moedas, podendo ainda trocá-las e comercializá-las, é conhecido como numismática. Há quarenta anos neste ramo, Carmelino de Souza Gomes vende e troca moedas antigas e promocionais. “É um ótimo e lucrativo negócio”, diz ele. Com a criação destas moedas olímpicas, suas vendas cresceram e sua coleção também. “É simplesmente genial, tanto para meu ofício como para quem quer ter uma lembrança física das Olimpíadas aqui no Brasil” comentou Carmelino. “O mínimo que cada uma vale é cinquenta por cento a mais do valor da moeda”, explicou Carmelino. Ele disse que moedas novas, comemorativas, ou até mesmo cédulas, dão uma “alavancada” no negócio da numismática. “Logo teremos moedas escassas e que não circulam, conseguir estas moedas é o que complica.” Para Carmelino estas moedas são o “legado das Olimpíadas”. Ao lembrar das grandes vendas que já fez com pessoas daqui e até do outro lado do mundo, ele disse: “Tenho muitos clientes estrangeiros, na sua maioria chineses e

Moedas comemorativas das Olimpíadas - Crédito: Luís Felipe Farias

russos, que vêm aqui, compram milhares de moedas apenas para revenderem em seu país. Outro dia, um chinês comprou oito mil moedas, saiu com a mala cheia”.

quando criança, eles lembrarão destas moedas e lembrarão das Olimpíadas no Brasil.” Carlos comprou o álbum e algumas moedas no valor de centro e trinta reais (levou a bandeira custando sessenta reais).

Ultimamente, as moedas mais procuradas das Olimpíadas são o mascote e a entrega da bandeira devido à baixa tiragem de dois milhões cada. Outras consideradas raras são a do paratriatlo, rugby e boxe. A Casa da Moeda fabricou um álbum para os colecionadores e distribuiu pelo Brasil. Álbum que os estrangeiros do ramo também estão colecionando.

Na sua loja no centro da cidade, Carmelino passa o dia comprando, vendendo e encomendando moedas. Várias delas de vários países e até mesmo de outros séculos estão à venda lá. Sua coleção é imensa apesar do pequeno espaço. Além das moedas, livros, pôsteres, cartazes, estojos e catálogos fazem a loja, enfileirados nas estantes junto com os muitos potes e caixinhas que separam as moedas. Um telefone para encomendas e um computador para pesquisas, fazem o dia-a-dia de Carmelino.

Novo colecionador, o servidor público Carlos Eduardo Vargas foi à loja do numismático para comprar as moedas olímpicas para seus filhos. Eduardo acredita que esta seja uma ótima lembrança para quando seus filhos crescerem: “Assim como eu tive algumas moedas Carmelino de Souza Gomes - Crédito: Luís Felipe Farias

Você tem uma dessa? Você já viu a moeda bimetálica temática de um real das olimpíadas de 2012? Esse edital recente está entre as cinco moedas de R$1 mais raras para os colecionadores. O motivo é a temática da bandeira das olimpíadas de Londres em 2012 cunhada no exemplares, e a pequena quantidade produzida pelo banco central, menos de 2 milhões. Na época, uma parte foi comercializada em embalagens especiais para colecionadores por R$ 9,50, e nos dias de hoje, você pode vender esse exemplar por no mínimo R$20,00. Segundo os colecionadores, esse valor tende a crescer bastante ao longo dos anos.


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VOLUNTÁRIOS

Voluntários se preparam para as Olimpíadas do Rio Pessoas das mais diversas localidades do país e do mundo viajam para o Rio de Janeiro para participar da organização dos jogos Guilherme Dias e Maiara Mara

Já pensou em ter a chance de ver de pertinho os Jogos Olímpicos, além de poder ajudar na organização, ficar perto dos atletas, e o melhor de tudo, sem gastar quase nada? Esse vai ser o trabalho de mais de 50 mil voluntários que se inscreveram para ajudar nos trabalhos das Olimpíadas Rio 2016. A lista com os 50 mil primeiros chamados foi divulgada no final de 2015, mas ainda restam muitos nomes para serem chamados. O prazo máximo para entrevistas dos candidatos foi até o dia 30 de abril. Os aprovados receberam uma “carta-convite” e nela ficaram sabendo os cargos, áreas funcionais e instalações para os quais foram selecionados. Após isso, o candidato teria que aceitá-la e então se tornaria oficialmente um voluntário. Os voluntários também passarão por um treinamento para aprender o que terão que desempenhar nos jogos. Os treinamentos começaram no dia 13 de abril e em junho começou o treinamento das outras cinco cidades que irão receber o futebol. De acordo com o Comitê Olímpico, aproximadamente 140 mil pessoas serão capacitadas. Somente no Rio de Janeiro, a Universidade Estácio de Sá irá oferecer 120 professores para a preparação dos primeiros 50 mil voluntários. Dos primeiros 50 mil aprovados, 82% são brasileiros e 18% estrangeiros. A maior porcentagem de voluntários vem do próprio Rio de Janeiro, com 46%. O índice de aprovados no Paraná foi de menos de 3%. As mulheres são maioria perante os homens, sendo 55% da lista. Karina Sonaglio estudante de jornalismo, foi aprovada logo na primeira chamada e conta que chorou ao saber da notícia e acredita que o número tão baixo de paranaenses aprovados se deve ao fato de que poucos se inscreveram: eu sinceramente não acredito que [o índice de paranaenses inscritos] tenha sido muito alto. Pode ter toda uma questão ‘sou antiolimpí-

adas’ de muitas pessoas e aí não se inscreveram”. O estudante de jornalismo Luis Izalberti também foi selecionado no final do ano passado e será voluntário na área de imprensa. Para ele, todos têm direito a ser contra o evento: “Acho que qualquer um que quiser pode ser contra as olimpíadas, mas acho isso um desperdício de energia numa altura dessas. Que as olimpíadas não são uma prioridade frente a todos os problemas é um fato, mas o momento de tentar intervir na realização do evento já passou. É válido que aqueles Voluntários em fase de preparação para os jogos Rio 2016 - Crédito: Rio 2016 que se opõem mostrem desagrado, mas não podemos meu foi voluntário na Copa e me condeixar isso influenciar negativamente tava como era o trabalho de voluntário, nas atividades, prejudicar nossa hospieu acabei ficando super empolgada e talidade. As pessoas têm que entender juntei isso com o amor que eu sinto que as olimpíadas são uma circunspelas Olimpíadas e com a vontade de tância, talvez até uma desculpa, mas conhecer o Rio. O processo de seleção o problema está no sistema político e foi mais fácil do que eu imaginava que administrativo, não nela”. Para Izalberti, seria. Achei que iam ter várias e longas a pequena quantidade de voluntários etapas, pelo processo começar lá em selecionados no Paraná é uma questão 2014. Mas não foi, teve só a dinâmica de logística: “Não vejo relação dos pouonline, que foi muito rápida, aí depois a cos voluntários no Paraná com isso. Em entrevista”, finalizou a estudante. todos os estados temos gente contra os jogos e em todos temos muita gente a favor também. Não sei a proporção Cortes daqui mas acho que é muito mais uma questão geográfica, de dificuldade lo- Porém, nem tudo são flores. Cerca de 2.500 voluntários inscritos e aprovados gística mesmo”. foram cortados da lista oficial para voKarina e Luis são o contrário do que luntariado nos Jogos. Os motivos vão imagina a estudante Carolina Souza, desde a falta de documentos necessáque considera um espanto o número rios, como até candidatos que são protão pequeno de paranaenses chama- curados pela polícia com mandado de dos na primeira lista. “Realmente, o nú- prisão expedido. mero de paranaenses na lista é muito pequeno, eu, até agora, não achei nin- Segundo nota divulgada pela Agência guém do nosso estado sendo volun- Brasileira de Inteligência (ABIN), todas tário”, afirmou Carolina sem saber que as pessoas, brasileiras ou não, credenuma estudante como ela já havia sido ciadas para trabalhar nos Jogos Olímselecionada. Ela também contou como picos do Rio de Janeiro vão passar por foi o processo de seleção e o por que uma perícia em bancos de dados de indecidiu se candidatar para vaga. “Eu teligência do Brasil e de países com os decidi me candidatar porque um primo quais a agência mantém cooperação.

Anfitriões acolhem voluntários No começo de Junho, o COB lançou uma plataforma online para que anfitriões possam hospedar voluntários que venham de outras partes do país, ou do exterior. O aplicativo estará disponível para moradores da Região Metropolitana da cidade se cadastrar, e funciona como uma espécie de “Airbnb”, onde o anfitrião se cadastra para receber voluntários, que consecutivamente se cadastra para achar um local de hospedagem. O app tem o nome “Meu Lugar no Rio” e é baseado em uma plataforma montada para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que foi realizada em 2013, também no Rio de Janeiro. Segundo dados divulgados pelo COB, cerca de duas mil pessoas já estão cadastradas no aplicativo. Apenas voluntários aprovados no programa podem ter acesso à plataforma. Todas as informações podem ser encontradas em www.meulugarnorio.com.br. As Olimpíadas do Rio acontecem entre os dias 5 e 21 de agosto, e as Paralímpiadas acontecem de 7 a 18 de setembro. Segundo o Comitê Olímpico Organizador, ainda não há previsão para uma divulgação de uma nova lista de selecionados, nem de quantas pessoas serão chamadas para integrar o time de voluntários.


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PREVENÇÃO

Brasil disponibiliza camisinha aos atletas Após situações delicadas em edições anteriores, Comitê Olímpico Internacional disponibiliza número alarmante de preservativos para os atletas Camila da Fonseca, Letícia Neco e Raul Daniel

Os Jogos Rio 2016 estão batendo recorde de distribuição de camisinhas e lubrificantes em Vila Olímpica na história da competição. A estimativa é que sejam disponibilizados 450 mil preservativos, o que representa o triplo do número distribuído nos jogos de Londres em 2012. Entre os materiais fornecidos estão também 100 mil preservativos femininos e 175 mil unidades de lubrificantes, segundo o Comitê Olímpico. Ocupado por cerca de 17 mil pessoas entre atletas, técnicos, treinadores e demais integrantes, os kits ficarão disponíveis para todos os membros das delegações hospedadas na Vila Olímpica, durante os 19 dias de jogos. A prática de distribuição de camisinhas esteve presente em outras edições da competição, porém ganhou destaque na última, depois que surgiram notícias com relatos de atletas que, supostamente, teriam participado de atos sexuais envolvendo membros das mais diversas delegações. Em 2016 a distribuição chama atenção pelo número: está estimado que cada atleta terá direito a quantidade de 40 a 45 preservativos, em média. A preocupação com a questão sexual é sempre recorrente quando se fala dos Jogos Olímpicos. Além do evento reunir diversos atletas, das mais variadas modalidades, o nível de testosterona

e adrenalina dos atletas se encontra elevado devido aos treinos e à competição, tornando então os jogos um ambiente propício para o ato sexual.

Disposição sexual durante competições Além dos níveis elevados de adrenalina e testosterona, outras hipóteses explicam este tipo de comportamento. O psicólogo e sexólogo, Chrystiano Nogueira dos Santos, comenta que o fato de alguns treinadores orientarem a abstinência sexual durante o treinamento para grandes competições faz com que os atletas acumulem energias e acabem enxergando o sexo como uma recompensa, visto que todo esse acúmulo de libido e energia faz com que o desempenho dos atletas seja melhor e maior. Chrystiano também afirma que a união das mais diversas etnias e culturas faz com que os participantes enxerguem a oportunidade como um prato cheio onde podem buscar diferentes formas de lidar com seus desejos. “A Vila Olímpica é onde se estabelece um pequeno universo de segredo e confidencialidade”, comenta. A energia acumulada, o nível elevado da competição, a distância de seus países e a grande convivência com participantes de outras culturas são os principais responsáveis pelo ato sexual acontecer em grandes números durante eventos esportivos

Crédito - Divulgação Ministério da Saúde

desse porte.

dos por médicos.

Além da tendência a relações físicas entre atletas nestas datas, outro fator influenciou a medida adotada pelo Ministério da Saúde e do Comitê Olímpico: o zika vírus. Evitar a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, principalmente o Zika Virus, foi um argumento de peso para a decisão da quantidade de preservativos que seriam fornecidos aos atletas e às delegações.

Um desses casos aconteceu no Senegal, o paciente sentiu os sintomas quando voltou para sua casa nos Estados Unidos, notou a presença de sangue no sêmen e, no mesmo dia, sua esposa começou a ter sintomas da febre Zika. A mulher não deixou o país e teve relações sexuais com o marido um dia após o seu retorno. O sêmen do paciente com Zika não foi examinado. No entanto, a esposa do paciente teve a doença diagnosticada e a única explicação plausível seria o contágio sexual. Eles viviam no Colorado, uma região onde, na época do acontecido, não existem mosquitos e onde não há ocorrência de doenças destinadas do mosquito Aedes aegypti. O Zika Vírus jamais tinha sido reportado no hemisfério Ocidental.

O risco do zika vírus No último mês, o australiano Jason Day, 28 anos, líder do ranking mundial de golfe, anunciou que não participaria das Olimpíadas 2016 por medo de contrair o vírus do Zika. O Ministro da Saúde afirma que “é quase zero” a chance de contaminação nos Jogos Rio-2016. O principal argumento surge do fato de que em 2014, durante a Copa do Mundo, também se especulava sobre um surto de dengue, doença também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o que não se concretizou. O risco de transmissão sexual do vírus da zika ainda não foi comprovado cientificamente, alguns casos intrigam cientistas e foram suficientes para que os preservativos fossem recomendaVila Olímpica no Rio de Janeiro - Crédito: Rio 2016

Concluiu-se, assim, que o vírus pode ser transmitido pelo sexo, o que torna recomendável a adoção de práticas sexuais mais seguras entre pessoas infectadas e não infectadas, ou que estiveram em locais atingidos pela doença. O Brasil está passando por uma epidemia da doença o que torna o uso dos preservativos algo essencial, e isso não somente durante os Jogos Olímpicos no Rio mas também durante todo período epidêmico atual.


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FUTEBOL NAS OLÍMPIADAS

A história do esporte mais popular do mundo nos Jogos Olímpicos Guilherme Coimbra

O torneio será disputado pela 24ª vez no Rio em 2016. Brasil busca ouro inédito nas categorias masculina e feminina Criado em meados do século XIX pelos britânicos, o futebol só se tornou uma modalidade olímpica com moldes competitivos no ano de 1908. Disputado em 1900 e 1904, o esporte era apenas de exibição. Em 1900, o torneio contou com apenas três países em disputa: Bélgica, França e Grã-Bretanha. O ouro ficou com os inventores do futebol, que venceram os franceses. Em 1904, com somente dois participantes (Canadá e Estados Unidos), o título ficou com os canadenses. De lá para cá, desde que se tornou oficialmente uma modalidade olímpica, o torneio de futebol foi disputado 23 vezes, estando fora somente na edição de 1932, em Los Angeles. Além de idealizadores do esporte e vencedores da primeira edição de exibição dentro das Olimpíadas, os britânicos são também os primeiros campeões olímpicos da história do futebol. Com 18 gols marcados em apenas três jogos, a Grã-Bretanha derrotou a Dinamarca na final de 1908 por 2 a 0, gols de Chapman e Woodward. Essa decisão foi reeditada na edição seguinte, em 1912, com nova vitória dos britânicos, desta vez por 4 a 2. Os gols foram marcados por Walden, Hoare (2) e Berry. Os dinamarqueses descontaram com dois gols de Anthon Olsen. De lá para cá, foram 16 campeões diferentes. Surgiram mitos como a geração de ouro do Uruguai, denominada de “Celeste Olímpica”, que conquistou duas medalhas douradas em Paris (1924) e Amsterdã (1928) – títulos que abriram alas para o bicampeonato mundial de futebol dos uruguaios. Sem o mesmo brilho de uma Copa do Mundo e longe de ter uma valorização do mesmo porte pela FIFA, o futebol nos Jogos Olímpicos abre espaço para as chamadas zebras. O Brasil, detentor do maior número de títulos mundiais,

Torneio de futebol disputado pela primeira vez nos moldes competitivos, em 1908, nos Jogos Olímpicos de Londres - Crédito: Arquivo/Museu Virtual do Futebol

nunca conquistou uma medalha de ouro olímpica. As poderosas Itália e Alemanha, tetracampeãs do mundo, conquistaram apenas uma medalha cada e há muito tempo – Itália em 1936 e Alemanha Oriental em 1976.

O Brasil nos jogos O êxito obtido em mundiais com cinco títulos, não reflete quando o assunto é Jogos Olímpicos. O Brasil estreou na competição em 1952, em Helsinque, e caiu nas quartas de final para a Alemanha Oriental, empatando em 2 a 2 no tempo normal e perdendo por 2 a 0 na prorrogação.

A supremacia nos Jogos Olímpicos é da seleção da Hungria, com três títulos. Comandada pelo lendário Ferenc Puskás, Sándor Kocsis e cia, a seleção húngara conquistou A seleção o primeiro conquistou “Sem o mesmo brilho de uma ouro em medaCopa do Mundo e longe de ter uma cinco 1952, em lhas, sendo valorização do mesmo porte pela três de prata Helsinque, na Finlân- FIFA, o futebol nos Jogos Olímpicos (1984, 1988 e dia. As ou2012) e duas abre espaço para as chamadas tras duas de bronmedalhas ze (1996 e zebras” foram con2008). quistadas em 1964, em Tóquio, e 1968, na Cidade Na primeira final, em 1984, nos Jogos do México. Olímpicos de Los Angeles, o algoz do Brasil foi a França, que bateu os brasiMaiores vencedores: leiros por 2 a 0, com gols de Brisson e 3 ouros – Hungria Xuereb. 2 ouros – Grã-Bretanha, Uruguai, União Soviética e Argentina Em Seul, em 1988, a geração de Taffa1 ouro – Bélgica, Itália, Suécia, Iugoslá- rel, Careca, Romário, Bebeto e cia bavia, Polônia, Alemanha Oriental, Tche- teu na trave diante da União Soviética. coslováquia, França, Espanha, Nigéria, Com um empate no tempo normal por Camarões e México 1 a 1, gols de Romário (Brasil) e Do-

brovolskyi (União Soviética), o jogo foi para a prorrogação. Aos 13 minutos do primeiro tempo, Savichev aproveitou falha do sistema defensivo brasileiro e marcou o gol que deu o ouro aos soviéticos. O fracasso mais recente, em 2012, nos jogos de Londres, teve o México como algoz da vez. Comandada por Oribe Peralta, a seleção mexicana derrotou o Brasil por 2 a 1.

A vez das mulheres A inclusão do futebol feminino nos Jogos Olímpicos foi apenas no ano de 1996, em Atlanta, e contou com oito equipes. As anfitriãs norte-americanas acabaram ficando com o ouro, após vencerem a China na decisão por 2 a 1. O Brasil perdeu a disputa pelo bronze para a Noruega e ficou com o 4º lugar. Das cinco edições disputadas até hoje, os Estados Unidos venceram quatro. A única derrota foi nos jogos de Sydney, quando a Noruega bateu as americanas na decisão e conquistou a medalha de ouro. O Brasil conquistou duas medalhas de prata, nos jogos de 2004, em Atenas, e 2008, em Pequim.


LONA > Edição 987 > Curitiba, 02 de agosto de 2016

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Calendário Olímpico

Chegada das últimas delegações

Abertura


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Infográfico do Calendário dos jogos- Crédito: Brayan Valêncio

Encerramento


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