Temos possibilidade muito boa de título na Copa do Mundo do Catar, diz Luiz Felipe Scolari sobre a Seleção de Tite

Luiz Felipe Scolari, também conhecido apenas como Scolari ou Felipão, é um ex-treinador e ex-futebolista brasileiro que atuava como zagueiro. Atualmente é diretor do Athletico PR Foi campeão do mundo de futebol como técnico da Seleção Brasileira em 2002 na Copa do Mundo do Japão e Coreia do Sul.
Luiz Felipe Scolari

Manter um treinador entre um ciclo e outro. E, no decorrer desses quatro anos, ver este profissional aproveitar ao máximo a nova safra de talentos que despontou em cenário internacional. É como se fosse uma tempestade perfeita para a Seleção Brasileiro. Pelo menos essa é a avaliação de Luiz Felipe Scolari, o mentor da conquista do último título mundial dos brasileiros em 2002, ao analisar o cenário que cerca a equipe nacional 20 anos depois, a poucos dias do desembarque no Catar.

Felipão acha que é hora de pôr fim a uma hegemonia europeia no Mundial. “Temos boa possibilidade de título”, afirma o  ex-treinador sobre os compatriotas brasileiros. “Em um jogo, tudo pode acontecer, mas chegamos muito bem.”

Na entrevista, o Scolari também conta o que vem à sua cabeça quando busca na memória os primeiros contatos com Cristiano Ronaldo em Portugal e o que mudou no futebol do país desde então.

Confira a entrevista

— Após a conquista do Brasil em 2002, os quatro títulos seguintes foram de países europeus. Como você explicaria essa sequência às portas de uma nova edição?

Luiz Felipe Felipe: Quando falamos da América do Sul, nós falamos dessa hegemonia de Brasil e Argentina. Não tivemos em Copas do Mundo situações em que a Colômbia estivesse entre as candidatas ao título, por exemplo. Mas na Europa são vários países com esse potencial, fortes de quatro em quatro anos. Agora, parece que ficamos sempre em desvantagem nos últimos anos até em finais [somente a Argentina jogou a decisão de 2014]. Mas, nesse Mundial de 2022 eu não apostaria nisso. Não consigo ver superioridade nas seleções europeias dessa vez. Acho que o Brasil vai brigar pelo título, sim. Claro que às vezes há o dia em que você não joga bem, e aí tudo pode acontecer.

— A Seleção tem Tite indo para sua segunda Copa seguida, algo raro em sua história. É algo que pode fazer a diferença?

Foi ótimo o Brasil ter permanecido com a mesma comissão. O trabalho foi evoluindo de tal forma que, hoje, temos a possibilidade muito boa de título. O trabalho foi muito bem feito, com observações e o estudo de diferentes formas de jogo. Junta tudo isso e o surgimento de alguns jogadores de muita qualidade, acho que chegamos muito bem.

— Há uma grande expectativa da comissão técnica e da torcida em torno dessas novas figuras. Eles podem fazer a diferença e aliviar a pressão ou a tão falada dependência de Neymar?

Acho que agora já é a hora desses novos, e sinto que eles estão à vontade para colocar em prática essa qualidade que surgiu e que façam por merecer a oportunidade que estão recebendo. Eles já estão calejados e já vivenciaram situações em seus clubes e na seleção também. Já jogaram grandes jogos e não sentiram nada. O que eu gostaria é que nossa torcida ajude esses jogadores e essa comissão técnica a se sentirem bem no Mundial

Sobre uma superdependência do Neymar ou qualquer outra coisa nessa linha, não é exatamente o que acontece hoje, mas, também, vamos pensar: qualquer time pode ter essa dependência dele porque ele é muito, muito bom. Ele fez a diferença. As pessoas podem ficar chateadas com uma coisa ou outra sobre o Neymar, mas eu digo para ti: ele é bom demais.

— Cruzando o Atlântico, falando de Portugal, você conseguia imaginar, em 2004, o “boom” por que passou o país para ter tantos jogadores e treinadores como referências mundiais?

Não dava para prever tudo isso que vem acontecendo com os jogadores e técnicos de lá, mas dava para notar um crescimento da seleção. Dava para notar o ambiente do país, de como as pessoas se preocupavam com tudo aquilo que a seleção precisava: das escalações às escolas de futebol. Naturalmente que vejo com bons olhos isso. De 2003 a 2008 em Portugal, também fiz parte de um grupo que começou a alicerçar isso que hoje vemos em prática: havia muitas exigências, muitos estudos, e eles geraram muito conhecimento.

— Sobre Cristiano Ronaldo, que agora vai jogar seu quinto Mundial: o que te primeiro vem à cabeça quando pensa no ainda adolescente que começou a jogar pela seleção sob sua orientação?

Eu me recordo daquele menino que eu tive em 2003 jogando com uma vontade enorme, uma disciplina com ele próprio, muito grande, e essa cobrança fez com que ele melhorasse a cada dia. Sempre vou me lembrar daquele menino que não se deixava abater por nada. Uma pessoa com quem você tem prazer de estar junto, pois ele é espetacular em todos os sentidos – de for a, não se conhece quem ele realmente é. Penso que agora, no final de sua carreira, ele ainda vai fazer que Portugal tenha chances no Qatar. Gostaria que encerrasse de uma forma muito bonita.

Foi uma alegria para mim trabalhar com ele, mas também tive em Portugal gente como Figo, Pauleta, outros jogadores maravilhosos que deram a sustentação para Cristiano naquele início de trabalho, de 2003 para 2004. A evolução dele foi facilitada aí por um grupo de jogadores veteranos de muito talento.

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