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Frio, frio, frio. É isso que se pode falar do Finkel

agosto 18, 2013

Não sei se eram esperados bons resultados no Troféu José Finkel considerando a data: ruim para os que estiveram no Mundial de Barcelona, que foram obrigados a estender o polimento, e péssimo pela temperatura. Por que não realizar o torneio em setembro, quando o inverno paulistano já deu uma trégua? Não sem razão, a reclamação dos nadadores foi geral pelo frio. No último dia o termômetro registrava 13ºC no início das provas, em uma piscina aberta. Precisa falar mais? Difícil esperar recordes e marcas nessa situação.

Olha só a reclamação contundente do João Gomes Jr., campeão dos 50m peito:

– Não havia necessidade de colocar uma competição em São Paulo no inverno. Mas estamos aqui, somos pagos para competir e defender o clube, temos que nadar com o que dão pra gente.

João Gomes Jr.

João Gomes Jr. (Foto: Satiro Sodré)

Na saída dos 1500m o argentino Juan Pereyra também fez um baita desabafo (leia-se crítica), ao Sportv:

– Hoje com o frio a única estratégia é não travar. É lamentável, embora o calendário tenha sido feito assim e todos já sabiam. Podia ter se evitado, se fazer em uma piscina coberta, ou em outro lugar, mais pro Norte. Afinal de contas o Brasil tem extenso  litoral, podia aproveitar isso. O frio é igual para todos, mas não é favorável para a questão dos tempos.

Ainda assim, alguns poucos vieram: um recorde brasileiro por Poliana Okimoto nos 1500 livre, o mais antigo da natação feminina: tinha 12 anos. Mas não houve nenhum recorde sul-americano. E a argentina Julia Sebastian mostrou-se bastante completa no estilo peito e, além de vencer todas as provas do estilo, ainda bateu dois recordes de campeonato.

As gringas, aliás, dominaram no último dia de competição. Julia e as holandesas do Minas, Frederike Heemskerk e Wendy van de Zanden. E só elas para colocarem outro ritmo para Joanna Maranhão, que, como nadadora bastante completa, sofre há anos por ser isolada a melhor nadadora de suas provas no Brasil. Simplesmente não há rivais à altura.

Julia Sebastian (Foto: Satiro Sodré)

Julia Sebastian (Foto: Satiro Sodré)

Sobre a disputa mais importante para os que pagam os salários, sem chances, deu Minas Tênis Clube. Disparado na frente, inclusive – 2593 pontos contra 1919 do Corinthians e 1631 do Pinheiros, terceiro colocado. Foi o nono título dos mineiros, e o terceiro consecutivo. Entramos numa nova era após o domínio extenso do Pinheiros na última década.

Leonardo de Deus mostrou porque foi o investimento feito pelo Corinthians, que costuma apelar mais para sua própria base ao invés de trazer reforços. Financeiramente não valia a pena segurar o contrato com Thiago Pereira, mas Leo era um nome forte – nadador olímpico e mais barato para estimular os mais jovens. Ele foi o nome dos donos da casa na competição. Foram quatro medalhas de ouro, três em provas individuais. E o troféu eficiência da competição foi para ele também: marcou sozinho 125 pontos para o clube.

No feminino, a argentina foi a mais eficiente, com 141 pontos para o Unisanta.

Voltemos para a velha discussão das provas de velocidade? A Joanna Maranhão falou coisas bastante interessantes sobre o assunto, mas isso fica para outro post. Apenas uma ilustração: os melhores índices técnicos vieram nas provas de 50 metros nos estilos. No feminino, Etiene Medeiros do SESI foi a melhor, com 28”25 nos 50m costas, e houve um empate nos 50m peito masculino com o tempo de Felipe Lima na eliminatória e o tempo da final de João Gomes Jr., 27”59.

Agora a ficar de olho, e assunto que também merecerá um post mais elaborado mais tarde, com várias entrevistas interessantes, é o Campeonato Mundial Júnior de Dubai, de 26 a 30 de agosto. Serão 31 nadadores na delegação brasileira, que embarca na segunda-feira. Geração bacana vindo por aí.

‘Não tenho vergonha de nada’. Ainda tem café no bule da Joanna?

agosto 16, 2013

Desabafos, desabafos, sinceridade acima de tudo. Joanna Maranhão não tem, nem nunca teve papas na língua, mas está longe de ser uma atleta pouco consciente. Seja da sua capacidade, seja das suas dificuldades.

Joanna Maranhão na prova dos 200m borboleta (Foto: Satiro Sodré)

Joanna Maranhão na prova dos 200m borboleta (Foto: Satiro Sodré)

O emocional é um dos aspectos mais pesados na prova de um atleta. Fala-se, em tom de brincadeira e com muito fundo de verdade, que o psicológico em uma prova de natação é 90%, contra 10% de treino. O treino condiciona seu corpo, chega até a tornar mecânico o movimento, os detalhes, a forma. E na hora H, o que fala mais alto é o motivacional. Joanna tem um lado emocional conturbado, refletido na crise de pânico e no choro com a repórter Mariana Brochado durante o Mundial de Barcelona. E ela sabe disso. São 26 anos nas costas, nove de sua primeira grande competição, as Olimpíadas de Atenas. O que mudou e o que dá pra esperar? Ainda tem café no bule?

– Sou muito mais disciplinada do que eu era antes, em alimentação, descanso. Não curto mais perder noites de sono, eu raramente saio. Meu talento está dentro de mim. Essa questão financeira tem colocado muita pressão dentro de mim para que o resultado saia. E a ordem não é essa. É como se eu tivesse com várias setinhas de pressão na cabeça, é um peso a mais. Como se eu estivesse nadando com paraquedas. O prazer tem que vir da rotina, e isso eu já tenho. Tenho que tirar essa pressão.

Isso foi dito por Joanna após levar os 200m borboleta no Troféu José Finkel, com 2’12”68, tempo abaixo do que ela fez em Barcelona (2’14”07).

– Eu não tenho a menor vergonha do que eu passei, inclusive me orgulho de toda a minha jornada. Conquistas, decepções. Quando eu subo no bloco e ganho, ou quando perco.

Pra fechar, o recorde brasileiro mais antigo agora é dela, depois da quebra da marca dos 1500m por Poliana Okimoto. Nos 400m medley, 4’40”01, feito em Atenas em 2004. Dá pra quebrar essa marca?

– Eu treino pra isso. Está no meu corpo e eu vou colocar pra fora. Já fiz 4’40” várias vezes, de tudo quanto é forma. Só falta baixar.

Na quarta-feira, seu primeiro ouro veio na prova, com 4’49”09.

***

Etiene Medeiros conseguiu vencer bem os 50m costas, mantendo sua hegemonia, mesmo aumentando bastante sua marca do Mundial (fez 27”83 em Barcelona, e 28”25 no Finkel). Seu maior desafio, além do cansaço pós-Mundial? A temperatura paulista não dá trégua para a pernambucana…

– A gente tem que encarar como se fosse mais um desafio. Passar esse frio, ser pós-Mundial, são desafios, mas sempre um aprendizado. A gente tem que aprender, não pode dar uma relaxada. Não foram tempos expressivos, mas temos que superar o cansaço.

E sem dúvida, após o histórico quarto lugar em Barcelona, muita coisa mudou pra nadadora de 22 anos.

– Muda muita coisa. As pessoas olham diferente pra você, você cai na piscina de outra forma. Mas tenho que controlar a sensação de bem-estar também. Porque ainda tem muita coisa no segundo semestre.

***

O quarteto mágico de peitistas brasileiro deixou sua marca na prova dos 100m peito. Felipe Lima marcou seu território como o melhor do país na prova atualmente, e venceu com 1’01”02. João Luiz Gomes Junior foi segundo, Felipe França o terceiro e Henrique Barbosa, quarto.

– Os 59” foi uma ocasião especial que aconteceu no Mundial. Aqui as condições não foram favoráveis. O frio, o clima, muitas coisas que fazem a diferença. A extensão do polimento até aqui foi determinante para o resultado. Tinham ótimos nadadores na final, mas tive a felicidade de sair vencedor – disse Felipe.

E que ele realmente puxe a atenção e treino de todos pra prova olímpica.

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CURTINHAS

– Daniel Orzechowski não gostou do tempo (25”31), mas venceu os 50m costas

– Leo de Deus foi absoluto nos 200m borboleta, com 1”58”26

– A argentina Julia Sebastian voltou a se destacar e  bateu o recorde de campeonato nos 100m peito, com 1’09”44

– As provas de sexta terão Thiago Pereira nos 50m borboleta (pra matar a curiosidade!), com Nicholas Santos; Joanna Maranhão nos 200m medley, além dos 400m livre e do revezamento 4×100 livre.

– O Minas TC segue forte rumo ao bicampeonato. Está com 1599 pontos, 321 à frente do Corinthians. O Pinheiros é o terceiro.

Ressaca aparece no Finkel. E não precisava ser assim

agosto 12, 2013

Falar apenas de resultados no primeiro dia do Troféu José Finkel não é o mais interessante, digamos assim. Primeira competição grande no Brasil que não vale seletiva e índice para nenhuma outra. Uma ressaca de muitos que estiveram no Mundial de Barcelona, e poucos tempos expressivos. É bacana atentar para outra coisa: a ressaca pós-competição daqui tá longe de ser o que se passa na cabeça de muitos nadadores de fora.

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Quem chamou a atenção para o assunto foi o nadador Léo de Deus, que venceu os 100m costas com 55”29, e foi finalista em Barcelona.

– Todos estão saindo do Mundial e batendo recordes mundiais, temos que pensar internacionalmente. Eles estão nadando bem, melhorando, baixando marcas. Então nós temos que pensar dessa mesma forma.

Não vale a pena deixar de lado a busca por melhores resultados só porque é um torneio de nível mais fraco. O polimento ainda está nas veias! Falta a adrenalina do Mundial, sem dúvidas. Mas o descanso e a “curva positiva” do desempenho dos atletas ainda está firme e forte. Antes dos treinos pesados voltarem para começar um novo ciclo, por que não gastar toda essa energia agora? O momento da natação brasileira é bom, e o bonde internacional vem mostrando que poucos estão relaxando: foram 6 recordes mundiais batidos na etapa holandesa da Copa do Mundo de natação.

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Poliana Okimoto ficou surpresa com o recorde

Poliana Okimoto ficou surpresa com o recorde

Poliana Okimoto foi, sem dúvida, a atração do primeiro dia. Depois de 3 medalhas em Bracelona, a nadadora do Minas despretensiosamente nadou os 1500m apenas para somar pontos pro seu clube, a acabou levando um recorde de 12 anos (!!): fez 16’26″90, e é a nova recordista brasileira da prova

– Sinceramente, eu não esperava bater esse recorde. Saindo do Mundial eu tive muitos compromissos com clube, patrocinadores, imprensa, perdi muitos treinos. Jamais imaginaria que após 20km nadados no Mundial eu ia conseguir mudar o ritmo pra piscina, que são coisas completamente diferentes. Meu técnico está de parabéns de novo! Em tão pouco tempo conseguiu me fazer readquirir esse ritmo e bater essa marca

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CURTINHAS

-Na prova dos 100m costas, Etiene Medeiros tinha o melhor tempo, mas acabou não nadando a final, sofrendo com uma forte indisposição. Ela ainda ficou fora do revezamento 4x50m livre, e é até dúvida para os próximos dias. Como não disputa nada na terça, pode ser que esteja melhor na quarta-feira.

– Essa acabou sendo a única prova individual não vencida por um nadador que esteve no Mundial. Quem levou foi Natalia de Luccas, do Corinthians, promessa do Mundial Junior de Dubai, que será em duas semanas, com a boa marca de 1’02”46.

– Manuella Lyrio (2’01”32) e Nicolas Oliveira (1’48”40) venceram os 200mlivre.

– Thiago Pereira perdeu a prova dos 100m costas para resolver problemas familiares. Ficou muito abatido com a morte de uma parente e não voltou a tempo de Volta Redonda. Mas está confirmado para nadar o restante da competição.

– Thiago que, a propósito, abriu mão dos 200m medley para nadar os 50m borboleta, que é no mesmo dia. O motivo? “Sempre quis nadar essa prova, resolvi mudar um pouquinho. Afinal, a gente só tem os dois melhores do mundo, né (risos)?” [em referência a Cesar Cielo, que não nada a competição, e Nicholas Santos].

– Amanhã as eliminatórias começam às 9h da manhã, com Thiago Pereira e Daynara de Paula nos 100m borboleta. Também serão disputados os 200m peito e os 1500m livre masculino. As finais começam às 17h. O Troféu José Finkel vai até sábado.

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Matéria do dia na CBN: Recorde brasileiro de Poliana Okimoto é destaque do primeiro dia do Finkel

Sem Cielo, começa o Troféu José Finkel

agosto 12, 2013
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Finalmente, após Londres 2012, teremos um Campeonato Brasileiro Absoluto de Natação sem buscas de índices. Agora é a vez dos que estiveram no Mundial de Barcelona usarem o que resta de combustível depois do polimento (período de treino leve e específico pré-competição) antes de um descanso, enquanto os outros nadadores veem como a segunda mais importante competição de sua temporada. Neste ano, o Troféu José Finkel será em piscina longa, no Corinthians.

Piscina do Corinthians (Reprodução Instagram)

Piscina do Corinthians (Reprodução Instagram)

Disputa de clubes à parte (Minas TC tentando segurar seu título, Corinthians com sua equipe em casa, Pinheiros sempre na briga etc), a grande ausência, é claro, é a de Cesar Cielo, que vai usar o período para um descanso – duas semanas de folga que começaram após o retorno de Barcelona. Desde que se desvinculou do Flamengo usou o Maria Lenk como um pré-Mundial e não tem obrigações com nenhum clube para se “desgastar” no Finkel.

Além dele, nomes mais conhecidos também estão fora: Bruno Fratus, ainda se recuperando de cirurgia no ombro, e Kaio Márcio, que recentemente teve seu recorde mundial dos 200m borboleta batido na etapa de Eindhoven da Copa do Mundo. O medalhista da prova de maratona por equipes no Mundial Allan do Carmo também está fora da competição.

Os medalhistas Thiago Pereira e Felipe Lima estão devidamente inscritos – embora Thiago não esteja inscrito na prova dos 200m medley. Vai manter a tentativa de virar um nadador de 100m borboleta, se arriscará nos 50m do estilo (!!) e nos 100m costas, além de passar dor novamente nos 400m medley. O que, aliás, é algo que não é novidade alguma, mas chama sempre a atenção: só pelo tempo de balizamento, Thiago tem vantagem de 16 segundos com relação ao segundo melhor tempo da prova dos 400m.

Os reforços estrangeiros são destaque novamente no Minas: são duas holandesas, a Femke Heenskerk, que já nada há dois anos pelo clube, e Wendy van de Zanden. O Unisanta terá a argentina Julia Sabastián novamente e o Grêmio Náutico União tem a compatriota de Julia, Florencia Perotti.

O Finkel começa nesta segunda-feira, com eliminatórias a partir das 9h e finais às 17h.

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CURTINHAS

– Segundo a CBDA, são 348 inscritos de 41 clubes brasileiros, sendo metade paulistanos: 20.

– O Pinheiros tem o maior número de inscritos, com 66. Corinthians tem  57. Flamengo e Pinheiros estão empatados como os maiores vencedores, cada um com 12 títulos em 41 anos de competição

– O primeiro dia terá as provas de 200m livre, 100m costas, a série fraca de 1500m e o revezamento 4x50m livre.

– O Finkel rola enquanto a etapa da Copa do Mundo na Holanda acabou com 6 recordes mundiais batidos e a etapa do próximo fim de semana, em Berlim, promete ser também muito forte

– O Mundial Junior de Dubai será em duas semanas, e muitos atletas disputam o Finkel como preparo final para o torneio que tem tudo para ter o Brasil muito bem representado

Papo sincero com Cesão: Cielo, sem perder a majestade

agosto 7, 2013

A entrevista coletiva com César Cielo na manhã de hoje rendeu bastante, como sempre. Cielo fala muito bem e, dentro do que “pode” falar, sempre faz algumas revelações interessantes pra quem tem presta atenção às sutilezas.

Cielo mostra as medalhas do Mundial

Cielo mostra as medalhas do Mundial

O que mais me chamou atenção de cara foi quando ele disse que as medalhas de ouro no Mundial de Barcelona o fizeram crer que ele “está de volta”, o que é fator importantíssimo pra um cara que construiu sua carreira em confiança e determinação, e quando ele disse que está doido pra voltar a treinar, empolgado com seus resultados.

Com todas as questões negativas que envolveram César Cielo atualmente – individualidade que beirou o egoísmo, fim abrupto de um projeto idealizado e criado por ele e que deixou “desamparados” vários outros atletas, evitar nadar revezamentos para se poupar para suas provas individuais, a pouca explicação e recusa de se pronunciar no caso do doping, etc –, é impossível negar o tamanho dele como atleta, como profissional. Uma cabeça tão capaz que, não à toa, o levou a conquistar quase todos os seus objetivos traçados até hoje. Recordista mundial de 50m e 100m livre até hoje (ok, tem os trajes. Mas todos tinham na época), tricampeão mundial, único a conseguir isso na mesma prova.

Quando voltou de Londres, cabisbaixo, deixou escapar na chegada no aeroporto que precisava “recuperar o prazer em nadar”. Poucos deram atenção. Mas é imprescindível a importância de ter prazer no que faz, imagino que para qualquer atleta. Foi um baita desabafo, preocupante. Hoje, Cielo disse o seguinte:

– O mais importante é sentir falta da água, saudade do treino. Pra quando voltar, voltar com vontade. Na natação, dos fatores que você precisa pra ter sucesso, um é você estar feliz, e você querer. Se você não quiser, em algum lugar do mundo vai ter alguém que quer muito. E na final todos querem muito. Na minha cabeça eu tenho que querer mais. Pra dizer a verdade eu estava querendo treinar esses dias porque estava me sentindo bem. A sensibilidade corporal estava leve. Mas o Scott não me deixou treinar, quer guardar isso pra quando eu voltar.

Cielo e a medalha dos 50m borboleta, a 'mais importante' (Foto: Sátiro Sodré/CBDA)

Cielo e a medalha dos 50m borboleta, a ‘mais importante’ (Foto: Sátiro Sodré/CBDA)

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ALBERTINHO

Um assunto muito delicado e que estava “entalado” na garganta de muita gente pra perguntar ao Cielo veio à tona: afinal, e a história de deixar o Albertinho Silva da forma como tudo aconteceu e, de repente, trocá-lo por um norte-americano? A mágoa do treinador na época ficou bastante evidente. Entre o emocional de manter o seu “pai” da natação, que o abraçou aos 16 anos, no início dos trabalhos dele em São Paulo, no Pinheiros, e buscar algo diferente do que o levou a apenas o bronze em Londres, a escolha foi fria.

– O profissional fala mais alto nessa hora, não tem jeito. Hoje a natação não encaixa na minha vida, minha vida encaixa na natação. Se eu precisasse mudar de país, aprender outra língua, italiano, holandês, seria um desafio, mas eu faria por ser o melhor pra minha carreira. O profissional sempre falou mais alto na minha vida. Tenho mais quatro, cinco anos de carreira, vislumbro nadar até 2018, 2019, e era uma decisão que eu tinha que tomar em função de resultado e buscar o melhor que eu queria pra mim. Dá certo e não dá certo como em qualquer emprego. Decidi treinar com o Scott, que estava com olhar e motivação pra eu conseguir buscar os resultados de novo, e hoje eu vi que foi uma opção muito certa.

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DOPING

Cielo também foi questionado sobre o caso do doping. E sempre que se consegue fazê-lo falar sobre isso, é uma resposta que rende.

– Não tem como esquecer o que aconteceu, faz parte e fará até o resto da minha vida. Mas pelo caminho que agente traçou nesses últimos anos mostra a genuinidade de tudo o que a gente fez. Todo o processo depois de Londres em busca das medalhas foi muito intenso. Mudou bastante minha rotina, meus treinos, e tive a sorte de achar um cara que comprou essa ideia e até mudou de país pra conquistar tudo o que a gente imaginou. O que muita gente pode ter visto como uma descida na minha carreira depois de Londres, ele viu como oportunidade.

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REVEZAMENTO?

Cielo voltou a considerar nadar a prova dos 100m, mas apenas com o intuito de nadar o 4x100m livre. Sem treinar especialmente pra isso. A ideia dele é nadar os 100m livre dentro do treinamento que ele está fazendo, controlando energia pra passar bem os primeiros 50m, mas sem morrer no final.

– Futuramente eu quero nadar sim esse revezamento, principalmente no Pan e na Olimpíada. Acho que temos tempo pra brigar com os melhores do mundo.

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Ouça a matéria na CBN sobre as palavras do nadador: Com dois ouros, Cielo volta animado e ansioso para retornar aos treinos: ‘Eu voltei’

Olímpico ou não olímpico? Eis a questão

agosto 6, 2013

Discussão bastante antiga da natação é a questão das provas que não fazem parte de um calendário olímpico, e que acabam sendo disputadas em campeonatos mundiais. Não é de hoje que o Brasil vem se destacando com atletas especializados em… velocidade. Não, não é em crawl, peito, costas, borboleta, medley… E sim em girar os braços de forma muito rápida. Em algumas vezes, brigar com os melhores do mundo nos estilos graças (e apenas) a essa característica.

Temos casos emblemáticos da natação brasileira, começando por Fernando Scherer, César Cielo, Nicholas Santos. Certa vez, o técnico Albertinho Silva disse, sobre Flávia Delaroli nadando 50m costas: “Eu nunca vi uma coisa tão feia nadar tão rápido”. Não era sua especialidade, mas dava certo.

Muitas atletas especialistas em seus estilos acabam se destacando em Mundiais nas provas rápidas. Nicholas Santos nos 50m borboleta, Felipe França nos 50m peito, e até Etiene Medeiros nos 50m costas, melhor colocação brasileira em um Mundial.

Não faltaria margem para críticas a celebrar vitórias na velocidade em detrimento da resistência e preparo específico para as mais duras provas olímpicas, certo? Bom, para Albertinho, errado.

Albertinho treina Thiago Pereira

Albertinho treina Thiago Pereira

– A gente ouve muita coisa aí. Vamos parar um pouco com essa hipocrisia de prova olímpica e não olímpica. Tanto o Ricardo Moura (coordenador técnico da CBDA), quanto eu ou (Fernando) Vanzella não somos tão bobinhos de não saber o que o Brasil precisa e as provas que valerão em 2016 aqui. Isso foi um campeonato Mundial onde todos se prepararam para todas as provas, não teve diferença. A regra nessa competição é uma, como no futebol. Copa do Brasil, Libertadores, Campeonato Brasileiro, são todos diferentes. O que vale é a taça, a medalha, ou a quase medalha (no caso de Etiene). Adversários do mundo todo estavam lá. Isso não tem nenhuma importância nessa competição. Até para não estimular o treinador para não trabalhar só nas não olímpicas, o índice para as provas olímpicas usado foi o da FINA, fortíssimo. Pras provas não olímpicas colocamos o quarto tempo do mundo do último Mundial, para levar somente quem tinha mesmo chances de medalhas.

Etiene Medeiros e seu técnico, Fernando Vanzella

Etiene Medeiros e seu técnico, Fernando Vanzella

É uma análise importante, levando em consideração o Mundial de Barcelona. Mas o problema é bem mais embaixo que esse. Questionei Albertinho sobre o fato de nadadores brasileiros hoje não serem capazes de atuar em alto nível em provas de 50m, 100m e 200m do mesmo estilo. Geralmente “param” nos 50m, nem mesmo nadando bem os 100m. O bronze de Felipe Lima nos 100m peito foi uma exceção, e um alento. Uma discussão que tivemos com o Coach Alex Pussieldi no Almanaque Esportivo da CBN do último domingo. E ele reconheceu: estamos engatinhando no nosso preparo. Mas já é um começo.

– No sentido da motivação foi provado que faz diferença. Se pegar o Felipe França em 2009, ele foi vice mundial nos 50m peito, e nem nadou os 100m. Mas isso o motivou a nadar o 100m para as Olimpíadas de 2012. Ele fez 59” aquele ano. E com certeza isso impactou no Felipe Lima e nos outros. A medalha dessa vez veio no 100m. A gente precisa de mídia, apoio dos clubes, confederação, suporte. Talvez o caminho mais rápido até hoje de ter resultados foram as provas de 50m. Já pros 200m, talvez seja uma das provas mais difíceis de treinar. Hoje já pode se considerar velocidade, mas se passar do ponto, não termina. E se não for no limite, pode achar que faltou. Se for ver o Japão, eles não trabalham velocidade. Por questões antigas, não têm o biotipo, mas nos 200m, 400m, tem sempre dois japoneses nas finais. O Brasil está ganhando uma cara, com a confiança que veio dos 50m. E começaremos a buscar os resultados nos 100m. O que falta são mais atletas.

***

Assim que chegaram de Barcelona, Thiago Pereira, Albertinho, Etiene Medeiros e Vanzella concederam entrevista coletiva no SESI.

Thiago Pereira (ainda) não descartou os 400m medley de vez

Thiago Pereira (ainda) não descartou os 400m medley de vez

Feliz da vida, Thiago falou sobre as medalhas, as conquistas, sua evidente melhora depois “de velho”. Chegou a dizer “pô, tô abaixando tempo como se tivesse 15 anos, mas estou com 27!”. Disse que pretende continuar investindo na prova dos 100m borboleta, a qual nunca incluiu em seu cardápio olímpico, mas está despertando seu interesse. Sobre nadar os 400m, a grande novela que deu certo no Mundial de Barcelona? A dúvida persiste, mas a prova continuará, de uma forma ou de outra, sendo nadada.

– Tenho que nadar ela nem que seja em período de treino, e é uma prova que ainda vai me dar muita base pros 200m medley.

Que assim seja!

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Matéria pós-coletiva de hoje na CBN: Após melhor resultado em um Mundial, brasileiros comemoram evolução

‘Marola’ rolando solta: a fortíssima final da velocidade

agosto 2, 2013

Uma final mais forte que as Olimpíadas de 2012. Pra um Mundial um ano após os jogos de Londres, não era muito o que se esperava. O último tempo entre os classificados foi de 21”74. Primeiro que Florent Manaudou foi impiedoso e arregaçou nas semis: nadou para a segunda melhor marca da história após o fim dos trajes tecnológicos, e fez 21”37 nos 50m livre. Segundo que, olhe bem, raia a raia, os rivais que tentarão impedir o trimundial de César Cielo. São três campeões olímpicos: Ervin (2000), o próprio Cielo (2008) e Manaudou (2012). Ainda um campeão Mundial, com Schoeman (2005) e o Bousquet, que já foi recordista mundial. Completam as raias nada menos que Nathan Adrian, Bovell e Morozov. James Magnussen ficou fora da elite dos 8! Muito impressionante.

Cielo e Nathan Adrian empataram nos 50m

Cielo e Nathan Adrian empataram nos 50m

Infelizmente também não deu para Marcelo Chiereghini, que apesar de ter feito seu melhor tempo, 21”84, acabou em décimo. A final vai ser efervescente.

O terceiro brasileiro a cair na piscina no sexto dia da competição foi Thiago Pereira, nos 100m borboleta. É uma prova que ele não costuma disputar, e isso precisa ser salientado. Não dá pra jogar nas costas do Thiago ele ter ficado fora da final. Nas eliminatórias ele já fez sua melhor marca da carreira! 52”23. Na semi, acabou aumentando, com 52”47, em 12º.

Thiago investindo em nova prova: 100m borbo

Thiago investindo em nova prova: 100m borbo

Thiago, aliás, substitui ninguém menos que Gustavo Borges no Comitê de Atletas da FINA (Federação Internacional de Natação), um conselho que discute os rumos das modalidades aquáticas entre 2013 e 2017. Um reconhecimento a um cara completo não só nos estilos, mas como atleta também.

*DESTAQUES:

– Lochte já perdeu um podium, foi a vez de Missy Franklin perder o seu, e acabar com o sonho de igualar Phelps com 7 ouros no Mundial. Não levou medalha nos 100m livre, ficou em 4º. Cate Campell confirmou seu favoritismo, passou fortíssimo nos 50m e fechou com fortes 52”34. A prata ficou com a sueca Sarah Sjostrom, 52”89, e o bronze, com a simpática Ranomi Kromowidjojo, com 53”42 (apenas a título de comparação: as brasileiras hoje nadam na casa dos 55”).

– Agora, com 20 minutos de descanso, lá estava Missy de novo na piscina, fazendo o melhor tempo da semifinal dos 200m costas. Lochte também foi incansável: nadou três vezes na tarde de sexta (200 costas, 100 borboleta, 200 livre no revezamento).

– Ryan Lochte conquistou levou seu segundo ouro e se sagrou tricampeão dos 200 metros costas (já havia vencido em 2007 e 2012). Chegou a 21 medalhas em Mundiais, além de 11 podiums em Olimpíadas.

– A dinamarquesa Rikke Pedersen bateu o recorde mundial na semifinal dos 200m peito, mas aí deu a clássica “floppada” da final e perdeu a prova fazendo quase um segundo acima.  A russa Yulia Efimova melhorou sua marca da semi e venceu, com 2’19”41.

– Daynara de Paula não conseguiu fazer seu melhor nos 50m borboleta e acabou em 20º: 26”68. Carolina Bilich ficou em 26º lugar com 8’52”10 nos 800m livre, e Joanna Maranhão estava inscrita nos 200 costas, mas optou por não nadar, se poupando para os 400m medley de domingo.

– O revezamento masculino 4×200 ficou em 11º lugar com 7’15”97. Parciais: Nicolas Oliveira 1’47”93, Fernando Ernesto Santos 1’49”21, João de Lucca 1’47”96 e Vinicius Waked 1’50”87.

***

Por motivo de folga, ontem acabei não escrevendo nada sobre as provas: o bronze do Thiago Pereira e o histórico 4º lugar de Etiene Medeiros (!!). Mas nem precisava, né? Melhor marca de uma brasileira em Mundiais, primeira medalha de Thiago no campeonato, selando seu currículo com medalhas olímpica e mundial. Muito gratificante.

***

Neste sábado, a partir das 5h da manhã no horário de Brasília, Graciele Hermann e Alessandra Marchioro nadam os 50m livre, Daniel Orzechowski os 50m costas e Beatriz Travalon os 50m peito. À tarde será a vez de César Cielo disputar a final dos 50m livre, a partir das 13h.

Tá acabando!

Sem medalhas. Ruim? Não, não!

julho 31, 2013

Foi uma pena ter sido mais um dia sem medalhas para a natação brasileira, mas não é nenhuma decepção. João Gomes Jr. Tinha chances boas nos 50m peito, mas 50m é uma prova muito ingrata. Ele não nadou mal, mas não conseguiu chegar ao seu máximo. A final de Léo de Deus, a primeira da sua vida em um Mundial, também já entrava na lista de “provas que, só de chegarem na final, já foi um resultado bacana”. Léo de Deus é novo, tem 22 anos, está em um trabalho novo no Corinthians do qual garante estar se identificando. E vem crescendo. Sempre convém lembrar disso.

Etiene Medeiros briga, sim, por medalha

Etiene Medeiros briga, sim, por medalha

As grandes notícias brasileiras vieram nas semifinais. Antes de falar em Thiago Pereira, claro, classificado à final da sua principal prova, duas provas me chamaram a atenção: Etiene Medeiros já tinha expectativas de ficar entre as oito melhores do mundo. Muito veloz nos 50m costas, já chegou a Barcelona com o quinto melhor tempo do mundo. Dentro da ingratidão das provas curtas e de todo o pacote emocional que pesa em uma situação de semifinal, ela deixou tudo pra trás, praticamente repetiu sua melhor marca da temporada (apenas um centésimo acima, com 27”89). É a primeira brasileira a pegar uma final desde Gabriella Silva e Daynara de Paula, em 2009. Só sorrisos pra ela e Fernando Vanzella, seu técnico! Medalha? Não é simples. Suas rivais são bem encardidas e ela teria que baixar uma marca beeem difícil em uma prova tão veloz. A chinesa Fu Yuanhui “dispara”, se assim se pode dizer, com 27”40, sendo que já fez 27”20 esse ano. Mas Etiene está relativamente no “bolo”. Já pode melhorar a marca da Gabriella, 5º nos 100m borboleta em Roma. Se nadar para o recorde sul-americano de Fabiola Molina, de 27”70, tem chances de podium.

A segunda prova que saliento é a de Marcelo Chiereghini. Ele não é “novidade” entre os melhores das provas de velocidade em crawl, e sempre teve o interessante valor de ser muito bom nos 100m. Nadou para 48”11 na semifinal, mas com plenas capacidades de nadar abaixo dos 48”, como fez no revezamento 4×100 pelo Brasil. E aí entra no bolo da briga.

Marcelo Chiereghini

Marcelo Chiereghini

A surpresa negativa foi a ausência de Henrique Rodrigues na final dos 200m medley. Tinha tempo para entrar, mas aumentou em dois segundos sua marca e acabou fora. Resta Thiago Pereira, em briga muito interessante com o japonês Hagino. Ryan Lochte não tem concorrência, a meu ver. E tem, claro, Laszlo Cseh.

Fernando Ernesto dos Santos acabou ficando para trás nos 100m livre.

Joanna Maranhão até nadou a semifinal dos 200m borboleta, mas é uma incógnita a ser solucionada. O que acontece com a veterana? Teve uma crise de choro e pânico ao sair da água nas eliminatórias, se consolando com a ex-nadadora e comentarista do Sportv Mariana Brochado. Nadou a semi para três segundos a mais do que a prova da manhã, e saiu visivelmente irritada consigo mesma. Travou de uma forma assustadora. O que se passa com os nervos da mais velha atleta feminina da delegação brasileira? Nem mesmo confirmou o que nada até o final da competição. “Vou conversar com meu técnico”.

*DESTAQUES:

– Missy Franklin e a coleção de medalhas: já levou a sua terceira de ouro, nos 200m livre. Mas foi apertado: ela liderava por meio corpo o final da prova, mas viu em menos de 50m a italiana Federica Pellegrini dar um fortíssimo sprint final e quase alcançá-la. Que final de prova da italiana!

– Chad Le Clos repetiu o ouro olímpico nos 200m borboleta: se consolidou, com agora também o lugar mais alto do podium em um Mundial de longa. Ele já tinha o título na curta;

– Nem dá graça apostar, né? Foi uma final até surpreendentemente apertada, mas Cameron van der Burgh confirmou o favoritismo com um forte 26”77 nos 50m peito;

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As finais amanhã então terão Thiago Pereira, Marcelo Chiereghini e Etiene Medeiros.

Nas eliminatórias, a partir de 5h da manhã no horário de Brasilia, Leo de Deus disputa os 200m costas e as brasileiras nadam o revezamento 4x200m livre.

 

Finalizo salientando o mantra: paciência. Os resultados em números de finais É, sim, um grande feito para esse grupo. Evolução aos poucos, que está sendo construída. E amanhã a medalha vem, pode favoritar e me cobrar!

Uma pena, dois sorrisos

julho 30, 2013

Rapidinhas e um balanço do terceiro dia do Mundial de Barcelona. Foram dois sucessos entre os brasileiros, e uma eliminação que “faz parte”, segundo o próprio.

Uma saída um pouco errada, e Felipe Lima deve fechar Barcelona com o bronze nos 100m peito, apenas. Ele era forte, bem forte para os 50m peito. Até foi minha aposta prévia de podium. Mas acabou aumentando a sua marca, e terminando com 27”48, a quatro centésimos da vaga na final. A boa notícia foi a bela prova e nova melhor marca da carreira de João Luiz Gomes Junior, com 27”05, terceiro tempo da decisão.

– Digamos que essa prova foi espetacular, mas amanhã é que vai ser mesmo espetacular – disse João ao Sportv. Confiança, é isso aí.

Na prova, outra vez Cameron Van der Burg foi o líder, com tempo abaixo dos 27 segundos, 26”81.

Léo de Deus fechou as semifinais brasileiras com os 200m borboleta, com sua melhor marca da temporada: 1’56”06 (seu melhor foi 1’55”55 em Xangai, 2011), e com vaga na final! Foi bem apertado, mas conseguiu a sétima colocação e nada amanhã à tarde.

Leo de Deus, na final dos 200m borboleta

Leo de Deus, na final dos 200m borboleta

Manuella Lyrio ficou pelo caminho nos 200m livre, mas é aquela velha história: valeu pela sua conquista pessoal. Ela baixou seu tempo, bateu recorde sul-americano e se tornou a primeira brasileira a nadar abaixo dos 2 minutos após os trajes tecnológicos. Fez 1’59”52, e acabou em 22º lugar. Ainda tem o revezamento 4×200 pela frente, com a boa notícia de ter melhorado sua marca.

*DESTAQUE:

– E, vejam só, Ryan Lochte surpreendeu negativamente, e sequer chegou ao pódium dos 200m livre. Deu de novo Yannick Agnel. Mas se esperava muuuito mais do norte-americano, que parece estar um pouco naquela boa e velha chamada tiriça.

– Missy Franklin levou mesmo o ouro nos 100m costas, sua primeira medalha no individual, segunda da competição (4x100m livre foi ouro também). Mas o que esbanja de simpatia a garotinha, é impressionante. Muito carismática!

– Não deu novo recorde mundial pra Ruta Meilutyte nos 100m peito. Ela ganhou, com folga, mas aumentou sete centésimos da marca que fez ontem: foi de 1’4”42. Lembrando sempre: aos 16 anos!

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Amanhã (quarta) cedinho, 5h do horário de Brasília, começam as eliminatórias do quarto dia, com Thiago Pereira e Henrique Rodrigues nos 200m medley, Etiene Medeiros nos 50m costas e Marcelo Chiereghini e Fernando Ernesto dos Santos nos 100m livre. De tarde serão as finais dos 50m peito, com João Gomes, e dos 200m borboleta, com Léo de Deus.

Destaques? Thiago a gente nem precisa comentar. Mas podem abrir os olhos pro Henrique Rodrigues – que, sim, tem uma marca melhor que a do Thiago Pereira este ano – e pro Marcelo Chiereghini. Vem coisa boa por aí!

Pelo prazer de quebrar barreiras

julho 30, 2013

Quem é competitivo sabe muito bem o que é querer quebrar marcas. Seja derrotar o irmão caçula numa disputa de Mortal Kombat no videogame, até apostar corrida com a própria sombra.

Ana Marcela Cunha é competitiva. Nada por prazer. Não só pelo prazer de nadar, mas pelo prazer de quebrar marcas – e deixar a sua na história.

– A competição que vier pela frente, ela quer disputar. Ano que vem vai para um Grand Prix, novo circuito de maratonas aquáticas (além da Copa do Mundo) – palavras de Fernando Possenti, técnico da nadadora de apenas 21 anos.

Ana Marcela Cunha e as medalhas

Ana Marcela Cunha e as medalhas

E a mais nova de todas? Ana foi flagrada por Fernando sondando com Igor de Souza, coordenador das maratonas aquáticas da CBDA, sobre o Canal da Mancha. Mas não, Ana Marcela não quer apenas atravessar a distância de 33 km. Ela quer ser a mais rápida da história a fazer isso.

– Tudo tem que ser pensado, estudado. De que adianta eu só ir lá e chegar de um lado pro outro? Temos que ter objetivos e planejamentos. E a minha ideia é saber qual a melhor marca, para treinar e superá-la.

Fernando é só risadas. Sabe que o que derem de desafio para sua atleta, ela vai abraçar. Se Ana Marcela Cunha tem quatro medalhas em Mundiais e Poliana Okimoto já tem seis, sendo a maior medalhista brasileira da história em mundiais, a caça está aberta.

– Mas é óbvio que a Ana vai atrás dessa marca. Ela não vai aceitar ter essa oportunidade e não agarrar. E tem mais: a Poliana é oito anos mais velha que a Ana Marcela, ela tem bastante tempo para tentar chegar lá.

É um espírito arretado. E uma figura pra lá de bacana de conhecer.

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Aqui, um bate-papo com Ana Marcela Cunha hoje, em matéria para a CBN sobre o Mundial