Caminho para a Copa: Arábia Saudita

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8 min readDec 18, 2017

Voltando para uma Copa do Mundo após 12 anos, a Arábia Saudita possui pouca relevância no futebol mundial, devido ao começo relativamente recente do seu futebol. Conheça um pouco da história do futebol saudita, analisando quais suas chances na Copa de 2018.

A jornada internacional da Arábia Saudita se inicia em 1957, com um amistoso contra o Líbano, em Beirute, que terminou com um empate de 1 a 1.

Porém somente em 1970 a Arábia Saudita participou de sua primeira competição de relevância, a Copa Árabe do Golfo, que acontece até os dias atuais. A primeira participação dos sauditas foi com um terceiro lugar na competição. Seu primeiro título do Golfo só aconteceu em 1994, que foi o primeiro de 3 títulos desse torneio, que também foi vencido em 2002 e em 2003–2004.

Porém o torneio do Golfo Árabe não era a maior competição do continente asiático, sendo ela a Copa Asiática, que reune todas as potências do continente. A primeira participação da Arábia Saudita na competição foi em 1984, onde os sauditas surpreendentemente foram campeões, vencendo a China na final por 2 a 0, com gols de Al-Nafisah e Abdullah, consagrando o título de maneira invicta.

Arábia Saudita e China se enfrentando na final da Copa da Ásia de 1984.

O incrível feito voltou a se repetir 4 anos depois, em 1988, quando a Arábia Saudita venceu novamente o torneio, novamente de maneira invicta, ao derrotar a Coreia do Sul na final, nos pênaltis.

Time da Arábia Saudita, campeão em 1988 da Copa da Ásia.

Os bicampeões asiáticos foram em busca do tricampeonato consecutivo em 1992. Porém sucumbiram na final, diante do anfitrião, o Japão, que venceu os sauditas por 1 a 0. O título não veio, mas o início dos anos 90 marcava o crescimente do futebol saudita no âmbito mundial, que sediou a primeira edição da Copa das Confederações, na época chamada de Copa Rei Fahd, que reuniu, em 1992, quatro campeões continentais da época: a Arábia Saudita, campeã asiática de 1988 e país-sede; a Argentina, campeã da América de 1991; a Costa do Marfim, campeã africana de 1992; e os Estados Unidos, campeão da CONCACAF de 1991.

A Arábia Saudita chegou à final do torneio, após golear os Estados Unidos na semifinal, por 3 a 0. Porém a Argentina era o adversário da final, e os sauditas não foram páreo para o time de Batistuta, Caniggia e Simeone. 3 a 1 para a Argentina, e os sauditas ficaram com um digno vice-campeonato.

Arábia Saudita enfrentando a Argentina, na final da Copa Rei Fahd 1992.

Dois anos depois, em 1994, a Arábia Saudita fez sua primeira participação em Copas do Mundo. Os sauditas caíram em um grupo difícil, com Holanda, Bélgica e Marrocos. Porém, para a surpresa de todos, os sauditas passaram de fase, ficando em segundo lugar no grupo, após vencer Marrocos e Bélgica.

Time da Arábia Saudita em 1994, na Copa do Mundo.

Nas oitavas-de-final, a Arábia Saudita enfrentou a forte seleção da Suécia, que foi dominante no confronto, vencendo os árabes por 3 a 1. Mas para uma primeira participação em Copa do Mundo, o resultado foi muito favorável.

Em 1995 a Copa Rei Fahd tem sua segunda edição, dessa vez reunindo mais equipes, incluindo 5 equipes campeãs continentais, além do país-sede: Dinamarca(UEFA), Argentina( CONMEBOL), Japão( AFC), Nigéria (CAF), México (CONCACAF) e Arábia Saudita (país-sede).

A participação dos sauditas foi péssima, encerrando o torneio com duas derrotas, não marcando nenhum gol. A Dinamarca foi campeã do torneio, vencendo a Argentina na final.

Em 1996, novo título asiático para a Arábia Saudita, que foi vencido sobre os Emirados Árabes Unidos na final, nos pênaltis, consagrando, na época, a Arábia Saudita como a maior campeã asiática, com 3 títulos (atualmente o maior campeão é o Japão, com 4 títulos).

Sauditas levantando a taça da Copa da Ásia, em 1996.

A Copa Rei Fahd muda seu nome e formato em 1997, se tornando a Copa das Confederações, que reúne todos os campeões continentais, dessa vez incluindo representantes de todos os continentes, além do país-sede do torneio, no caso a Arábia Saudita. Os sauditas foram para um grupo com Brasil, México e Austrália, ficando em último lugar no grupo.

Em 1998, mais uma vez os sauditas se classificam para a Copa do Mundo, caindo em um grupo com França, Dinamarca e África do Sul. Duas derrotas e um empate (com a África do Sul), e a participação dos sauditas não passa da primeira fase da competição.

Carlos Alberto Parreira treinando a Arábia Saudita para a Copa de 1998.

Porém 1998 não foi um ano jogado fora, pois a Arábia Saudita foi campeã da Copa das Nações Árabes, competição que eles viriam a vencer novamente em 2002.

A Arábia Saudita participou pela quarta (e última) vez da Copa das Confederações em 1999, novamente como país-sede, caindo em um grupo com México, Bolívia e Egito. Com uma vitória, um empate e uma derrota, os sauditas conquistaram a classificação para as semifinais, onde enfrentariam o Brasil. Porém o resultado contra os brasileiros foi desastroso, com uma acachapante goleada de 8 a 2 sofrida, sendo esse o último jogo da história dos sauditas na competição.

Ronaldinho driblando o marcador árabe, em 1999.

Na Copa da Ásia de 2000, os árabes ficaram com mais um vice-campeonato, perdendo novamente para o Japão na decisão.

Já em 2002, a Arábia Saudita conseguiu ir para sua terceira Copa do Mundo seguida. Mas o resultado novamente foi insatisfatório, ficando em último lugar geral na competição, após 3 derrotas, para Irlanda, Camarões e Alemanha, sendo a derrota para os alemães por 8 a 0. O saldo dos árabes nessa Copa foi de 12 gols sofridos e 0 gols marcados.

Klose comemorando um de seus gols contra os sauditas, em 2002.

Para a Copa do Mundo de 2006, a quarta participação seguida dos sauditas na competição, havia uma expectativa de uma participação mais digna na competição, tendo em vista o que aconteceu 4 anos antes. A classificação não veio, mas os sauditas conseguiram fazer uma participação decente, fazendo jogo duro especialmente contra a Espanha, perdendo apenas por 1 a 0. Além disso, empatou com a Tunísia e perdeu para a Ucrânia.

Sauditas e tunisianos se enfrentando na Copa de 2006.

Em 2007 a Arábia Saudita tem sua última participação em final de Copa da Ásia, perdendo a final para o Iraque, por 1 a 0.

Os últimos 10 anos foram muito difíceis para a seleção saudita, que não se classificaram para as Copas de 2010 e 2014, além de não passar da fase de grupos das Copas da Ásia de 2011 e 2015.

Porém a recuperação aconteceu nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, onde a Arábia Saudita ficou em segundo lugar no grupo B, que também tinha Japão, Austrália, Emirados Árabes, Iraque e Tailândia. A classificação veio no último jogo, após vitória sobre o Japão, em Jeddah, com gol de Al-Muwallad. Essa será a quinta participação dos sauditas em Copa do Mundo.

Sauditas comemorando a classificação para a Copa do Mundo de 2018.

O futebol saudita foi sempre marcado pelo intercâmbio cultural, com a importação de jogadores e treinadores estrangeiros para sua liga nacional e para a sua seleção. Nomes como Carlos Alberto Parreira, Ferenc Puskas, Zagallo, Frank Rijkaard e atualmente Juan Antonio Pizzi, ex-treinador do Chile, já comandaram a seleção da Arábia Saudita.

Juan Antonio Pizzi, o novo treinador da Arábia Saudita.

A Liga Profissional Saudita existe desde 1976–1977, tendo o Al-Hilal como maior campeão, com 14 títulos, seguido pelo Al-Ittihad, com 8 títulos. Al-Nassr com 7, Al-Shabab com 6, Al-Ahli com 3, Al-Etiffaq com 2 e Al-Fateh com 1 são os demais campeões.

Muitos jogadores brasileiros participaram e participam da liga, como, por exemplo, Bruno Uvini e Jonatas Belusso.

O Al-Hilal é o atual campeão saudita, pois venceu na temporada 2016–2017.

Al-Hilal, o maior campeão saudita.

O jogador com mais partidas pela Arábia Saudita é o goleiro Mohamed Al-Deayea, com 178 jogos. O maior artilheiro é o atacante Majed Abdullah, com 71 gols em 116 jogos.

Majed Abdullah, o maior artilheiro da história da Arábia Saudita.

A Arábia Saudita jogou 12 jogos em 2017, com 6 vitórias, 1 empate e 5 derrotas, com 22 gols a favor e 16 gols contra.

Todos os jogadores jogam na Arábia Saudita, com destaque para o meio-campista Al-Jassim, de 33 anos, que joga no Al-Ahli; Al-Sahlawi, de 30 anos, do Al-Nassr, que é o maior artilheiro da seleção saudita, com 30 gols; o lateral-esquerdo Al-Zori, de 30 anos, que joga no Al-Hilal; o goleiro Abdullah, de 31 anos, do Al-Nassr; e o zagueiro Hawsawi, de 33 anos, do Al-Hilal.

Al-Jassim, destaque da Arábia Saudita.

Esse foi o time titular do último jogo da Arábia Saudita nas Eliminatórias Asiáticas para a Copa do Mundo, contra o Japão, que definiu a vaga dos sauditas para a Copa:

21 Al Maiouf

13 Al Shahrani

3 Hawsawi

5 Hawsawi

2 Al Harbi

14 Otayf

8 Al Shehri

18 Al Abed

7 Al Faraj

17 Al Jassim

10 Al Sahlawi

Técnico: Bert van Marwijk

O time saudita, que na Copa do Mundo de 2018 estará no grupo A, com Rússia, Egito e Uruguai, entrará no mundial como azarão, pois está em um nível muito abaixo de seus rivais de grupo, sendo uma surpresa enorme a classificação para as oitavas.

O time árabe é bastante envelhecido, não possui uma boa defesa, além de não possuir um padrão de jogo definido, já que teve 3 treinadores somente no ano de 2017.

Porém a chegada de Pizzi ao comando da seleção pode dar uma esperança aos sauditas, pois o treinador já obteve grande sucesso com o Chile, vencendo a Copa América de 2016.

Texto: Gabriel Lopes

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