Copa do Mundo na Rússia: uma música pra cada país

Tá chegando, minha gente!

izadorapimenta
Izadora Fala Sobre Música

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A Copa do Mundo está chegando e meu DNA já está se transformando em metade bola, metade cerveja — ainda mais depois de ter a certeza de que meu menino Neymar está vivo e começar a sonhar mais uma vez com a conquista do hexa. Finalmente tirei a camisa da seleção do fundo da gaveta, já que a semiótica dessa bichinha não estava muito favorável nos últimos tempos. É isso, galera: eu amo demais esse evento esportivo.

Sendo assim, meu post de hoje é totalmente dedicado a ele. Me dediquei a escolher uma música de cada país que irá participar do mundial para criar uma playlist especial. Coloquei aqui um pouco do que eu já conheço, algumas pesquisas e audições realizadas e as ajudas recebidas no stories do Izadora Fala Sobre Música, no Twitter e na comunidade da Sinewave. Conseguimos! E eu conheci muita coisa legal nesse processo.

Dá um play no trampo aí embaixo e depois dá uma lida nos textinhos que fiz sobre cada uma — importante dizer que, por conta do timing, os textinhos refletem experiências pessoais e informações que você pode encontrar no Wikipedia, mas vale a intenção (se quiser corrigir ou acrescentar algo em algum texto, é só me enviar uma mensagem!) ;)

Grupo A

Mo Salah, o Príncipe do Egito

Rússia — Motorama

Eu iria, na plena preguiça e na zoeira, começar essa playlist com Vitas. Mas essa recomendação veio da comunidade da Sinewave e me cativou de cara. O Motorama, fundado em 2005, já foi comparado com o Joy Division e possui uma popularidade que ultrapassa a terra da Copa. Eles são de Rostov-on-Don, uma das 11 cidades que irão receber o Mundial — e que, por acaso, será palco da estreia do Brasil, no dia 17 de Junho, contra a Suíça.

Arábia Saudita — Khaled

Na Arábia Saudita, existem muitas privações a alguns costumes do mundo ocidental, já que a vida do país é dominada pelos costumes islâmicos. Foi apenas nesse ano, depois de décadas de proibição, que as primeiras carteiras de habilitação para mulheres começaram a ser emitidas. Nesse país o álcool também é proibido, bem como a cultura musical é mais restrita. Não foi um trabalho fácil encontrar uma música para essa playlist. Sendo assim, me restou deixar aqui a música da Feiticeira, já que o Khaled é argelino e saudita. Partiu anos 90.

Egito — Wust El Balad

Eu encontrei o Wust El Balad pesquisando sobre a música do Egito e gostei bastante do que ouvi na música escolhida para a playlist. A ideia da banda é trazer uma mistura da música árabe com o rock ocidental — o que é possível perceber contrabalanceado a todo o tempo no som que eles entregam. A banda foi fundada em 1999 e, segundo o que eu consegui entender da página em alemão deles no Wikipedia (!!), foi a primeira banda egípicia a tocar nas ruas (se alguém que fala alemão estiver lendo isso, me ajuda a confirmar a informação). E, ah, eles possuem uma página em alemão porque foram convidados pelo Goethe Institute a tocar em Stuttgart para um público de 10 mil pessoas.

Uruguai — El Cuarteto de Nos

Essa recomendação veio da Talita Bristotti via stories do Izadora Fala Sobre Música. Eu já conhecia a banda de nome, mas nunca tinha parado para escutar de fato. Em atividade desde 1980 e proveniente da capital, Montevidéu, assim como o lateral direito Maxi Pereira, El Cuarteto de Nos é uma das bandas mais importantes do rock uruguaio e ganhou dois prêmios do Grammy Latino em 2012 com o álbum Porfiado.

Grupo B

Cristiano Ronaldo, o CR7, de Portugal

Portugal — Linda Martini

Banda maravilhosa de Portugal. Em atividade desde 2003, o Linda Martini é proveniente de Lisboa e flerta com o indie e o pós-hardcore. Em entrevista para o Scream & Yell em 2013, a baixista Cláudia Guerreiro destacou que a banda faz rock com muito noise, às vezes pesado, às vezes calmo, cantado em português, mas pouco”. Boca de Sal, a música escolhida para entrar nessa playlist, é um dos lançamentos mais recentes dos lisboetas.

Espanha — Manel

Para representar a Espanha, escolhi a Manel, uma banda de indie-pop-folk-tudo-muito-fofo que canta em catalão. O primeiro álbum, Els millors professors europeus, foi lançado em 2008 e, assim como Gerard Piqué, eles são de Barcelona. Instrumentos como flauta doce, clarinete, banjo e ukulele entram no som da banda.

Marrocos — Fnaïre

Fnaïre é um grupo de hip hop proveniente de Marrakech. De acordo com o que eu consigo entender da página do Wikipedia em francês (rs), eles buscam mesclar canções baseadas em músicas tradicionais do país com o rap ocidental. O primeiro álbum, Yad El Henna, foi lançado em 2007 e é considerado um grande sucesso no país. O grupo compôs uma música especialmente para a reunião do COP22 em Marrakech, realizada em 2016.

Irã — Comment Band

Achei bem difícil encontrar informações sobre a Comment Band, banda de Teerã. Em sua página do Facebook, eles se definem como “uma banda de rock independente de Teerã, Irã” e listam como suas principais influências bandas e artistas como Dave Matthews Band, Eddie Vedder, Radiohead, Pink Floyd, Pearl Jam, Porcupine Tree e Peter Gabriel. A música escolhida para a playlist, Derakht, é uma das minhas favoritas da seleção.

Grupo C

Antoine Griezmann, francês que deve ser o novo parceirinho de Messi e Suárez no Barcelona

França — Air

AIR é uma sigla que significa Amour, Imagination, Rêve (Amor, Imaginação e Sonho), em português, algo que representa bem o som eletrônico/psicodélico feito pelo duo, que foi formado em 1995. A dupla é responsável pela trilha sonora original do clássico As Virgens Suicidas, de Sofia Coppola e a música escolhida para essa playlist é uma releitura da original de Françoise Hardy de 1966, que também já foi regravada pelo Nada Surf.

Austrália — Tame Impala

Tame Impala é uma das minhas bandas preferidas. Eu poderia tentar ir para algum caminho diferente, mas não tem como pensar no país e esquecer o rolê do geniozinho Kevin Parker. Em atividade desde 2007, o Tame Impala ganhou expressão com o lançamento do álbum InnerSpeaker, em 2010. Nos últimos tempos, eles já tiveram música regravada pela Rihanna (New Person, Same Old Mistakes, que virou Same Ol’ Mistakes no ANTI) e o Kevin Parker saiu colaborando com geral, inclusive com a Lady Gaga no álbum Joanne.

Peru — Mar de Copas

Em espanhol existe um termo que se chama “banda de culto”. São aquelas bandas que todo mundo ama, com cada show sendo quase uma experiência messiânica, bem como as experiências relacionadas a ela sendo tratadas como uma religião. Descobri que, para o Peru, uma dessas bandas é o Mar de Copas, que surgiu em 1992 e segue em atividade até então. Assim como o goleiro Carlos Cáceda, eles são da capital, Lima.

Dinamarca — Junior Senior

Quem é que nunca dançou ao ritmo de “everybody, move your feet and feel united”? Move Your Feet, um dos maiores clássicos dos dinamarqueses do Junior Senior (ou, talvez, o “one hit wonder” deles), já apareceu em diversas ocasiões na cultura pop, como comerciais do Google Chrome, jogos como Just Dance 2 e Dance Dance Revolution Extreme e filmes como Ressaca de Amor (Forgetting Sarah Marshall). O duo, contudo, encerrou suas atividades em 2008.

Grupo D

Messi, da Argentina, posou com um bode antes do Mundial. Em inglês, bode é GOAT = Greatest Of All Times

Argentina — Soda Stereo

A banda de culto da Argentina. Não dá para pensar em música argentina sem pensar no Soda Stereo e seu líder religioso, o falecido Gustavo Cerati. É só pisar na terra do Messi que vai ser difícil não ouvir uma música da banda, bem como não é difícil encontrar referências a ela e a Cerati em vários cantos. Costumo dizer que é o nosso Legião Urbana, mas os fãs de Soda Stereo flertam com Paralamas do Sucesso por estes terem feito a primeira versão de De Música Ligera no Brasil (que depois virou “À Sua Maneira” com o Capital Inicial).

Islândia — Of Monsters And Men

Achou que ia ter Björk aqui? Pois é, eu também. Mas lembrei que Of Monsters And Men também é uma banda dessa terrinha gelada e que Mountain Sound merecia um espaço por aqui. Antes de explodir no mundo e vir tocar no Lollapalooza, a banda de Garður venceu uma batalha anual de bandas em seu país natal, chamada Músíktilraunir. A curiosidade é que a música escolhida para entrar na playlist só existe na versão internacional do álbum My Head Is An Animal, lançado em 2012.

Croácia — Magazin

Olha, um pop croata muito louco. Essa foi a minha primeira reação quando ouvi uma música da Magazin, banda fundada nos anos 70 que continua em atividade até os dias de hoje. É uma das bandas mais populares no país, que representou a Croácia no Eurovision de 1995, com a música Nostalgija. O último álbum, Bossa n’ Magazin, foi lançado em 2008.

Nigéria — Nonso Amadi

Outra das minhas descobertas favoritas da lista. O Nonso Amadi é um cantor nigeriano de soul/R&B nascido em 1995. As músicas escritas por ele refletem suas próprias experiências de mundo, sendo definido como um “contador de histórias”. Segundo sua página no Facebook, ele também aprendeu a produzir e escrever suas músicas sozinho e se inspira em gente como Drake e Justin Bieber. Ele se mudou em 2014 para o Reino Unido para continuar sua graduação e, agora, cursa mestrado na McMaster’s University, no Canadá.

Grupo E

Nosso menino Neymar, mais vivo do que nunca

Brasil —Luiz Gonzaga

Como é o lugar que a gente conhece, seria muito fácil escolher qualquer música para colocar aqui. Mas eu lembrei de um tweet que li esses dias que festa junina + Copa do Mundo na Rússia só poderia ser a ocasião perfeita para ouvir um dos clássicos do Luiz Gonzaga, Pagode Russo, e a narrativa de um sonho diretamente de Moscou. Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”, também é uma das figuras mais importantes da música popular brasileira.

Suíça — Lovebugs

A Lovebugs é uma das mais bem sucedidas bandas da Suíça. Fundada em 1991, tem como influências a new wave dos anos 80, o synth pop, o shoegaze dos anos 90 e o movimento Madchester. Em sua página do Facebook, eles dizem que são “a contribuição mais famosa de Basel para o rock desde a invenção do LSD”.

Costa Rica — Bruno Porter

Mais uma para a lista das favoritas. Bruno Porter foi um grupo de rock experimental formado em San José em 1991, cujas atividades foram encerradas em 1998, devido à saída do vocalista Mauricio Pauly, que foi estudar composição musical nos Estados Unidos — e, atualmente, é dedicado à composição sinfônica contemporânea, enquanto os demais membros se dedicaram a áreas como arquitetura e desenho.

Sérvia — Repetitor

Repetitor é uma banda formada em 2005 na cidade de Belgrado pelo guitarrista e vocalista Boris Vlastelica e pela baterista Milena Milena Milutinović. Logo depois, passaram a contar também com a baixista e vocalista Ana-Marija Cupin. São uma das bandas mais proeminentes da chamada “Nova Cena Sérvia”.

Grupo F

Pensar na seleção da Alemanha é pensar em duas coisas: o 7x1 e o Manuel Neuer

Alemanha — Wagner Love

Eu sei que a Alemanha tem várias músicas conhecidas que eu poderia colocar aqui, mas decidi deixar uma das bandas (é, porque existe mais de uma!) que possuem um nome inspirado no nosso famoso jogador brasileiro Vágner Love. A banda é de Frankfurt e já apareceu aqui no Brasil em alguns programas futebolísticos, com seu R&B contemporâneo que lembra um pouco o Maroon 5 das antigas.

México — Molotov

Eu lembro do rapcore da Molotov de quando eu assistia vários canais de música em espanhol que ficavam disponíveis na TV a Cabo. Foi uma das bandas que eu não ouço sempre, mas que lembrei de cabeça na hora de montar essa playlist. Fundada em 1995 e com letras em espanhol e inglês, a banda já foi comparada algumas vezes com o Rage Against The Machine.

Suécia — ABBA

Essa também é uma associação bem óbvia. O ABBA é um dos grupos suecos mais famosos. É um quarteto, fundado em 1972, que alçou o sucesso após vencer a edição de 1974 do Eurovision. Eles anunciaram seu retorno nesse ano mesmo, em abril, prometendo novas músicas — as primeiras em 35 anos — e uma turnê para o primeiro semestre de 2019. Foram 400 milhões de álbuns vendidos no mundo todo e suas músicas servem como base para o musical Mamma Mia!.

Coreia do Sul — SHINee

Gente, eu me aventurei no mundo do K-pop pra encontrar uma banda para representar a Coreia do Sul! A Luana Moro me enviou uma playlist do gênero e, escolhendo algumas bandas para ouvir aleatoriamente, gostei muito da vibe dessa música do SHINee. Jovens, me desculpem a ignorância, mas parece que esse é um dos grupos mais famosos do estilo — e um de seus integrantes, o Jonghyun, faleceu no ano passado, aliás. Eles fazem um som que tende para o R&B e têm o apelido de “Príncipes do K-pop”. Achei uma boa porta de entrada pras drogas do K-pop.

Grupo G

Marcus Rashford, do Manchester United, um dos meninos da jovem seleção inglesa

Bélgica — dEUS

Mais uma recomendação da comunidade da Sinewave. De acordo com a Wikipedia, a dEUS, apesar de ser uma banda belga, é considerada uma “banda de culto” também em Portugal. Eles ainda possuem uma boa fanbase no Brasil. Flertam com o rock alternativo e o rock experimental e estão em atividade desde 1989.

Panamá — Los Rabanes

O Los Rabanes é uma banda panamenha de ska punk fundada em 1992 e ganhadora de um Grammy Latino, pelo álbum Kamikaze, em 2007. Além do álbum premiado, outros de seus trabalhos também já foram indicados. Suas influências são o rock, a música latina, o ska, o reggae, o pop, o reggaeton e o african beat.

Tunísia — Myrath

Chegou a hora do metal progressivo. E esse, em particular, me chamou bastante a atenção pela mistura clara da música tradicional árabe com o estilo. A Myrath foi fundada em 2001 na cidade de Ez-zahra, na Tunísia e, em alguns momentos, lembra bastante o que escutamos com o System of a Down.

Inglaterra — Oasis

A gente consome muita música britânica no Brasil e eu não estou excluída desse processo. Mas foi fácil a decisão de colocar por aqui uma das bandas que eu mais gosto nessa vida, que é o Oasis (poderia ser Beatles também, mas tentei não ser tão óbvia assim). O Liam e o Noel se odeiam, mas compartilham uma paixão em comum, que é o futebol — em especial, o Manchester City, do nosso menino Jesus.

Grupo H

Yerry Mina, zagueiro colombiano que defende o Barcelona

Polônia — Happysad

Fundada em 2001 na cidade de Skarżysko-Kamienna, ainda sob o nome HCKF (Hard Core’owe Philosophical Circle), a Happysad foi rebatizada duas vezes até chegar ao nome atual, concretizado em 2002. O som feito por eles é uma mistura de rock melódico com alguns elementos do punk e do reggae, chegando a flertar com o ska em alguns momentos.

Senegal — Orchestra Baobab

A Orchestra Baobab é uma banda senegalesa que é considerada um dos nomes mais proeminentes da África Ocidental. Surgiu como a banda da casa do Baobab Club, em Dakar, em 1970, flertando com ritmos africanos e também com o jazz afrocubano. Suas atividades foram interrompidas em 1987 e retomadas em 2001.

Colômbia — Bomba Estereo

Essa também é uma grande conhecida do público brasileiro. A Bomba Estereo foi fundada em 2005 na cidade de Bogotá e seu nome é um termo colombiano para um “festa foda pra caralho”, em tradução livre. Já foram nomeados a três Grammys Latinos e a um Grammy e definem seu estilo como algo próximo de uma “cumbia psicodélica”.

Japão — L’arc~en~ciel

Só os otakus online. Eu gosto dessa música desde quando tive essa fase na minha vida e era viciada em um anime chamado Fullmetal Alchemist. Me surpreendi que, quando fui escolher a música para a playlist, ainda sabia a letra de “Link” inteirinha. É uma música tão cativante que até a minha mãe gostava. O L’arc~en~ciel foi fundado em 1991 e é liderado pelo vocalista hyde, um dos sex symbols do visual kei (apesar de eles não se identificarem mais com o movimento). Achei muito louco também descobrir que eles possuem um alter ego chamado P’unk~en~Ciel.

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