Eusébio, o dono da Copa de 66
O ano é 2018. Portugal, atual campeão europeu, se prepara para jogar mais uma Copa do Mundo. Com jogadores em clubes gigantes além de um dos maiores de todos os tempos, a seleção possui boas campanhas recentes, mas que seriam inimagináveis antes de Eusébio da Silva Ferreira.
Nascido em Moçambique, assim como vários outros futebolistas que defendem Portugal vindo de antigas colônias, o craque foi o principal responsável por colocar de vez os portugueses no mapa da bola. Campeão europeu com o Benfica e rival clássico do Santos de Pelé, o Pantera Negra se apresentou ao mundo de maneira espetacular na Copa de 1966, disputada na Inglaterra.
A Copa
O Mundial de 66 marcou a estreia dos portugueses em Copas do Mundo. Comandados pelo técnico brasileiro Oto da Glória e liderados dentro de campo por Eusébio, os lusos ficaram com a terceira colocação, tendo potencial até pra mais.
Na primeira fase, foram 9 gols marcados e apenas 2 sofridos em 3 jogos disputados. Portugal derrotou seus três adversários, incluindo o Brasil, atual campeão do mundo, pelo placar de 3x1 com Eusébio marcando duas vezes. A eliminação da Seleção Brasileira na primeira fase nunca mais aconteceu e essa campanha ficou marcada como a segunda pior da história, perdendo apenas para a de 1934.
Nas quartas de final, Portugal enfrentou a surpreendente Coréia do Norte,que também fazia sua estreia em Mundiais. No jogo anterior, os coreanos haviam protagonizado a maior zebra da história das Copas, ao eliminar a bicampeã Itália ainda na fase de grupos. Por isso, era bom Portugal abrir o olho e começar o jogo ligado, certo?
Aconteceu um apagão generalizado nos portugueses, e com 24 minutos do 1º tempo o jogo já estava 3x0 para a Coréia do Norte. Jogar a toalha? Jamais. Eusébio botou a bola no chão e marcou os quatro gols da virada portuguesa. O jogo terminou 5x3 para Portugal e essa é até hoje a maior virada de todas as Copas.
Eusébio e companhia avançaram às semis para enfrentar a anfitriã Inglaterra, em Wembley. Com um meio-campo fechado e uma muralha chamada Gordon Banks, os ingleses chegaram para o confronto ainda sem ter sofrido gols na competição. E com um tento em cada tempo de Sir Bobby Charlton, garantiram a passagem para enfrentar a Alemanha na grande final. O Pantera Negra ainda descontou nos minutos finais, mas não foi o suficiente. Portugal dava adeus ao sonho e os donos da casa seguiram rumo ao título.
Na disputa de terceiro lugar, Eusébio marcou mais uma vez, agora contra outra lenda, Lev Yashin, dando aos portugueses a campanha que até hoje é a melhor de sua história.
No fim, Eusébio terminou a Copa como artilheiro — com 9 gols marcados — e escolhido por muitos como melhor jogador. O craque moçambicano ainda revelou ao mundo todo o potencial dos jogadores africanos, que ainda eram vistos com muito preconceito por parte dos clubes. A Inglaterra, com muitas controvérsias, acabou como campeã. Mas se houve um verdadeiro vencedor, esse foi Eusébio, o eterno Pantera Negra.