Eusébio, o dono da Copa de 66

Gabriel Gouveia
Sem Clubismo F.C.
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3 min readMay 21, 2018

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O ano é 2018. Portugal, atual campeão europeu, se prepara para jogar mais uma Copa do Mundo. Com jogadores em clubes gigantes além de um dos maiores de todos os tempos, a seleção possui boas campanhas recentes, mas que seriam inimagináveis antes de Eusébio da Silva Ferreira.

Nascido em Moçambique, assim como vários outros futebolistas que defendem Portugal vindo de antigas colônias, o craque foi o principal responsável por colocar de vez os portugueses no mapa da bola. Campeão europeu com o Benfica e rival clássico do Santos de Pelé, o Pantera Negra se apresentou ao mundo de maneira espetacular na Copa de 1966, disputada na Inglaterra.

Jornais exaltavam os craques de Santos e Benfica, rivais na final do Mundial de Clubes de 1962

A Copa

O Mundial de 66 marcou a estreia dos portugueses em Copas do Mundo. Comandados pelo técnico brasileiro Oto da Glória e liderados dentro de campo por Eusébio, os lusos ficaram com a terceira colocação, tendo potencial até pra mais.

Na primeira fase, foram 9 gols marcados e apenas 2 sofridos em 3 jogos disputados. Portugal derrotou seus três adversários, incluindo o Brasil, atual campeão do mundo, pelo placar de 3x1 com Eusébio marcando duas vezes. A eliminação da Seleção Brasileira na primeira fase nunca mais aconteceu e essa campanha ficou marcada como a segunda pior da história, perdendo apenas para a de 1934.

O 3º gol de Eusébio contra o Brasil

Nas quartas de final, Portugal enfrentou a surpreendente Coréia do Norte,que também fazia sua estreia em Mundiais. No jogo anterior, os coreanos haviam protagonizado a maior zebra da história das Copas, ao eliminar a bicampeã Itália ainda na fase de grupos. Por isso, era bom Portugal abrir o olho e começar o jogo ligado, certo?

Aconteceu um apagão generalizado nos portugueses, e com 24 minutos do 1º tempo o jogo já estava 3x0 para a Coréia do Norte. Jogar a toalha? Jamais. Eusébio botou a bola no chão e marcou os quatro gols da virada portuguesa. O jogo terminou 5x3 para Portugal e essa é até hoje a maior virada de todas as Copas.

A esperança portuguesa veio dos pés do Pantera

Eusébio e companhia avançaram às semis para enfrentar a anfitriã Inglaterra, em Wembley. Com um meio-campo fechado e uma muralha chamada Gordon Banks, os ingleses chegaram para o confronto ainda sem ter sofrido gols na competição. E com um tento em cada tempo de Sir Bobby Charlton, garantiram a passagem para enfrentar a Alemanha na grande final. O Pantera Negra ainda descontou nos minutos finais, mas não foi o suficiente. Portugal dava adeus ao sonho e os donos da casa seguiram rumo ao título.

Eusébio deslocou Gordon Banks, mas era tarde demais

Na disputa de terceiro lugar, Eusébio marcou mais uma vez, agora contra outra lenda, Lev Yashin, dando aos portugueses a campanha que até hoje é a melhor de sua história.

No fim, Eusébio terminou a Copa como artilheiro — com 9 gols marcados — e escolhido por muitos como melhor jogador. O craque moçambicano ainda revelou ao mundo todo o potencial dos jogadores africanos, que ainda eram vistos com muito preconceito por parte dos clubes. A Inglaterra, com muitas controvérsias, acabou como campeã. Mas se houve um verdadeiro vencedor, esse foi Eusébio, o eterno Pantera Negra.

Resumo feito pela FIFA da participação de Eusébio no Mundial de 66

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Gabriel Gouveia
Sem Clubismo F.C.

Só futebol. Escrevo umas paradas no Sem Clubismo FC.