Por Memória Globo

Anibal Philot/Agência O Globo.

Em 1986, a Copa do Mundo voltou a ser disputada no México, depois que a Colômbia desistiu de sediar a competição em função de uma grave crise econômica. Todas as emissoras de televisão brasileiras tiveram os direitos de transmissão dos jogos. A Globo transmitiu ao vivo, diretamente das nove cidades onde se dividiram as seis chaves da competição.

O Brasil disputou a primeira fase do mundial contra a Espanha, Irlanda do Norte e Argélia e foi para as oitavas com três vitórias sem sofrer nenhum gol – a única defesa invicta da primeira fase.

Nas oitavas de final, o Brasil venceu a Polônia por 4 x 0 no Estádio Jalisco, em Guadalajara. França e Brasil se enfrentaram nas quartas de final. A França venceu nos pênaltis, por 4 a 3, e o Brasil deixou a Copa – mesmo sem perder nenhum jogo e com a melhor defesa da competição. 

A final foi entre Alemanha Ocidental e Argentina, no Estádio Azteca. A Argentina se consagrou campeã mundial e Maradona recebeu a Copa Fifa das mãos do presidente do México, Miguel de La Madrid.

Webdoc sobre a cobertura da Copa do México (1986) com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Webdoc sobre a cobertura da Copa do México (1986) com entrevistas exclusivas do Memória Globo.

Exibição: 31/05 a 29/06/1986 | País Anfitrião: México | Campeão: Argentina | Colocação do Brasil: 5º Lugar | Equipes: 40   |  Jogos: 52   |   Gols: 115

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Galeria de fotos Copa do Mundo do México - 1986

TRANSMISSÃO E COBERTURA

Em 1986, a Copa do Mundo voltou a ser disputada no México, depois que a Colômbia desistiu de sediar a competição em função de uma grave crise econômica. Todas as emissoras de televisão brasileiras tiveram os direitos de transmissão dos jogos.

A novidade naquele ano foi o “Tira-Teima”, software que conseguia paralisar a imagem de uma jogada e esclarecer os lances polêmicos. O Tira-Teima entrava no ar durante o intervalo das partidas, com os comentários de Zagallo e Rubens Minelli.

A Globo transmitiu ao vivo, diretamente das nove cidades onde se dividiram as seis chaves da competição, as principais partidas durante a primeira fase, os jogos das oitavas e quartas de final, a semifinal e as disputas de terceiro e primeiro lugares. A emissora contou ainda com duas câmeras exclusivas, que mostravam o comportamento do público e dos torcedores brasileiros no México, os jogadores e a comissão técnica, entrevistas e flashes antes e depois das partidas.

Abertura da Copa do México (1986).

Abertura da Copa do México (1986).

A cobertura foi marcada pela criatividade. Entre as reportagens exibidas, destacam-se as de Lucas Mendes sobre a cidade de Guadalajara. O repórter fez uma comparação entre a cidade em 1970 e 16 anos depois, e chegou a vestir um traje típico mexicano para falar da tequila, a bebida mais consumida e exportada no país.

Outra reportagem que merece destaque é a passagem de Francisco José no meio da torcida da Escócia, considerada a mais animada do mundo no futebol, com seus instrumentos musicais e roupas coloridas. O repórter fez ainda uma matéria sobre Maradona, o craque da Argentina no mundial, sobre jogadas criativas e sua intimidade com a bola.

A repórter Isabela Scalabrini, que foi escalada para cobrir a seleção argentina, entrevistou com craques como Valdano, que falou do potencial da sua equipe, e com Maradona, sobre a eliminação do Brasil.

EQUIPE

A Globo enviou cerca de 120 profissionais para cobrir a competição, entre jornalistas, técnicos, engenheiros, produtores, comentaristas e repórteres-cinematográficos. A equipe ficou sob o comando do então diretor de jornalismo, Armando Nogueira e do diretor de esportes na época, Leonardo Gryner.

A emissora contou com um satélite exclusivo, que permitia a entrada de entrevistas ao vivo a qualquer momento da programação. Os locutores dos jogos foram Osmar Santos, Galvão Bueno e Luís Alfredo. A coordenação-geral da cobertura foi de Wianey Pinheiro e Yves Tavares e a direção de esportes estava sob a responsabilidade de Marco Mora.

PROGRAMAS ESPECIAIS

Além do farto noticiário apresentado nos telejornais, foi criado o programa Copa 86, com duas edições diárias, dedicado ao mundial. Espécie de revista eletrônica, o Copa 86 traçava um painel diário sobre tudo o que acontecia na Copa do Mundo, mostrando compactos dos jogos, noticiário, entrevistas e reportagens. Na estrutura do programa, quadros fixos eram mesclados com entradas ao vivo diretamente dos estúdios da Globo no México, com espaço para comentários sobre os jogos e ainda um lugar reservado para a música, o humor de Chico Anysio e João Kleber, além da poesia de Afonso Romano de Sant’Anna. A apresentação do programa ficava a cargo de Fernando Vannucci, Carlos Alberto Torres e José Roberto Wright.

Entre os convidados especiais estavam o apresentador Léo Batista, o jornalista Armando Nogueira e os analistas dos jogos do mundial, Zagallo e Rubens Minnelli. O programa tinha como editor-chefe, Luiz Nascimento, edição de Renée Castelo Branco, Telmo Zanini, Emanuel de Mello Mattos, João Barbosa, Humberto Borges, Monica Horta e Paulo Paraná; produção de Maurício Albuquerque e Carolina Pessoa e direção de criação de Diléa Frate.

A Globo lançou a campanha Arakem na Copa. O personagem era interpretado pelo humorista José Antônio de Barros. Durante a competição, Arakem aparecia após os jogos da seleção brasileira, brincando com os tipos que representavam os adversários do Brasil no Mundial. O personagem foi um sucesso no lançamento da programação de verão da emissora, em 1984. Nessa época, ele vivia correndo atrás do Big Boss Toni para conseguir um emprego.

FINAIS

A final foi entre Alemanha Ocidental e Argentina, no Estádio Azteca. O futebol mais técnico e artístico da Argentina, com Maradona à frente, predominou sobre o futebol-força da Alemanha. Aos 22 minutos, o zagueiro Brown marcou o primeiro gol da Argentina e, aos 11 minutos do segundo tempo, Enrique deu um passe perfeito para Valdano, que correu livre até a área e tocou rasteiro na saída de Schumacher, fazendo 2 a 0. Mas a Alemanha decidiu reagir. Rummenigge entrou de carrinho e, aos 28 minutos, diminuiu o placar para 2 a 1; oito minutos depois, Völler empatou com um gol de cabeça entre as mãos de Pumpido.

As emoções finais ficaram a cargo de uma jogada de Maradona, que aos 39 minutos saiu do círculo central, driblou três alemães e lançou para Burruchaga, que correu por 25 metros e acertou um toque rasteiro por baixo de Schumacher. Assim, a Argentina se consagrava campeã mundial. Depois do apito final, Maradona recebeu a Copa Fifa das mãos do presidente do México, Miguel de La Madrid.

SELEÇÕES PARTICIPANTES

Argélia, Alemanha Ocidental, Argentina, Brasil, Bélgica, Bulgária, Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, Escócia, Espanha, França, Hungria, Inglaterra, Irlanda do Norte, Iraque, Itália, Marrocos, México, Paraguai, Polônia, Portugal, União Soviética e Uruguai.

A MÃO DE DEUS

Em uma das partidas da Copa do México, pelas quartas de final, a Argentina venceu a Inglaterra por 2 x 1 no Estádio Azteca, em 22 de junho de 1986. O primeiro gol de Maradona ficou conhecido como “La Mano de Dios” ou “Mão de Deus”. Após o zagueiro Steve Hodge chutar a bola para o alto, Maradona correu na direção do goleiro Peter Shilton, pulou e com o punho cerrado jogou a bola por cima do adversário. O árbitro tunisiano Ali bin Nasser não percebeu a falta e validou o gol, o que deixou a seleção inglesa revoltada. Ao ser questionado sobre o lance, Maradona respondeu: “Lo marqué un poco con la cabeza y un poco con la mano de Dios”. No mesmo jogo, o craque argentino marcou outro gol que, em 2002, foi eleito como um dos maiores da história das copas do mundo.

FONTES

Boletins de programação, 622, 678, 681, 685, 699 e 702; “História das Copas. In: Folha de S. Paulo, 06/1994; “Emoção do Brasil na onda da Embratel”. In: Estado de S. Paulo, 17/05/1986; LEME, Lúcia. “Todo o país em cima do lance”. In: Fatos, 07/07/1986; “Arakem, um anti-herói que está virando moda”. In: Folha de S. Paulo, 01/10/1984; “Sai Pacheco entra Arakem, arma da Globo para mobilizar espectadores”. In: Folha de S. Paulo, 23/03/1986; “Redes de TV jogam tudo na Copa”. In: Folha da Tarde, 15/05/1990; BIONDO, Sonia. “Showman Araquém, a fama súbita num comercial de TV”. In: 12/09/1984; “João Kléber ganha com humor a Copa 86”. In: O Globo, 22/06/1986; GEHRINGER, Max. Almanaque dos Mundiais: os mais curiosos casos e histórias de 1930 a 2006, São Paulo, Editora Globo, 2010; LAGE, Miriam. “Copa ligou 90,2% dos aparelhos de TV no Rio”. In: Jornal do Brasil, 03/06/1986; LAGE, Miriam. “O jogo de sedução da TV”. In: Jornal do Brasil, 30/05/1986; “Arakem, ídolo nacional”. In: Jornal do Brasil, 17/06/1982; “Brasil no peito”. In: Veja, 16/04/1986; “Pequeno notável”. In: Veja, 28/11/1984.
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