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Um olhar analítico e informativo de tudo que envolve as mulheres no futebol

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Tatiana Furtado

Formada em jornalismo pela Uerj, trabalha no GLOBO desde 2004. Há 15 anos, atua no jornalismo esportivo, tendo participado da cobertura de três Copas do Mundo.

Por Tatiana Furtado

A goleada do Brasil sobre o Panamá, por 4 a 0, na estreia da Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia, conta algumas histórias. A principal delas, claro, da meia-atacante Ary Borges. A jovem de 23 anos que fez um hat-trick em sua estreia em Mundiais e ainda deu um passe de calcanhar para o quarto gol de Bia Zaneratto. E já é a artilheira da competição.

Ary é a representação da evolução do Brasil no ciclo sob o comando de Pia Sundhage, que renovou metade do elenco, mas conta com larga experiência internacional. Se ainda não pode ser colocada na prateleira das maiores favoritas, a seleção certamente será competitiva contra qualquer adversária. Bem diferente do time de 2019, que também estreou com boa vitória sobre a então estreante Jamaica por 3 a 0, mas não transparecia tanta confiança para o futuro.

Qualquer análise da vitória desta segunda-feira, no entanto, vai ter a ponderação da fragilidade do Panamá. O desafio não era dos maiores. A seleção da América Central foi a última a se classificar para a Copa do Mundo — venceu o Chile na repescagem — e não figura entre as 50 melhores do mundo. O ponto positivo é que o Brasil soube impor sua superioridade nos 90 minutos. Um dado reflete a disposição da equipe: em determinado momento, o time levava apenas sete segundos para recuperar a bola. Se era muito melhor que a adversária, provou por quê.

Neste processo de evolução do jogo do Brasil treinado pela sueca, os elementos que fizeram a seleção empatar com a Inglaterra, na Finalíssima, e vencer a Alemanha, em amistoso, estavam lá, ainda que com formações diferentes. Mostra que já há um padrão de jogo e suas variações. E até mais aprimorado no aspecto coletivo como aconteceu no decorrer da partida após um início de nervosismo natural. O quarto gol brasileiro, de Bia Zaneratto, traduz a coletividade e o talento do time. Cinco jogadoras participaram da jogada, já na entrada da área, com direito à caneta e a toque de calcanhar.

Viu-se um time coeso, com um meio-campo de proteção primoroso, jogadas bem ensaiadas e que propôs o jogo do primeiro ao último minuto — uma goleada ainda maior não seria surpresa. Apesar de Ary Borges ter sido a craque do jogo, há vários destaques na partida, como Luana, que dominou a intermediária ao lado de Kerolin, Debinha, que flutua no ataque e a imposição física de Bia Zaneratto dentro da área. E, claro, todo o lado esquerdo da seleção, costurado por Tamires, que se mostrou o ponto forte do time. Todos os gols saíram por aquele lado.

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Tudo isso sem a presença de Marta como titular — ela entrou no lugar de Ary Borges, que comemorou com uma dancinha em sua homenagem, e só atuou na parte final do jogo para ganhar ritmo —, confirmando que a coletividade é a marca da seleção, como Pia sempre quis. Mesmo com as mudanças no segundo tempo, o time não perdeu totalmente a coesão. Mudou um pouco o estilo com o ataque formado por Gabi Nunes e Geyse, que tinha esperanças de começar o jogo.

É necessário, porém, ter pés no chão. A defesa não foi testada. Praticamente em nenhum momento. Foram apenas dois chutes na direção do gol de Lelê, todos no segundo tempo. Rafaelle e Lauren conseguiram apresentar o bom passe na saída de bola, mas serão exigidas na parte defensiva mesmo contra a França, que tem seu jogo forte pelas alas e na bola aérea.

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