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Análise: Dembélé é o símbolo da inexperiência da França

Com idade média de 24 anos, time titular francês fez estreia irregular na Copa
Dembélé sai de campo após ser substituído em jogo entre França e Austrália pela Copa do Mundo Foto: FRANCK FIFE / AFP
Dembélé sai de campo após ser substituído em jogo entre França e Austrália pela Copa do Mundo Foto: FRANCK FIFE / AFP

Em agosto do ano passado, quando o jovem atacante francês Dembélé foi contratado pelo Barcelona por € 105 milhões (cerca de R$ 450 milhões), nenhum torcedor culé pareceu entender a transação. Afinal, apesar de promissor, o então jogador do Borussia Dortmund era um atleta em formação, não um craque consagrado como Neymar, que acabara de trocar a Espanha pela França, onde atuaria pelo PSG, na transação mais cara da história: € 222 milhões. Assim, gastar quase metade da quantia recebida pelo midiático brasileiro parecia um blefe arriscado, no mínimo.

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O fato é que a diretoria do clube catalão fez um negócio desesperado para tentar responder à perda do segundo melhor nome de seu elenco. Contudo, outro fato inegável é o talento de Dembélé.

Ágil, rápido, habilidoso com as duas pernas, o atleta, uma espécie de Vinicius Jr. francês,  já mostrava o seu potencial quando estreou pelo Rennes em 2015, aos 18 anos. Seu talento logo chamou a atenção, e em dois anos ele foi vendido duas vezes, passando pela Alemanha até chegar ao Camp Nou.

Dembélé é um talento bruto, mas ainda não é um jogador pronto, como é o antigo dono da camisa 11 que ele hoje usa no Barcelona. Ainda é um atacante muito cru, com pouca intensidade ou estabilidade.

Pela falta de maturidade, nem sempre escolhe a jogada certa. Dribla quando tem que tocar; toca quando precisa chutar; segura quando é necessário acelerar. Assim como ocorre com muitos jogadores que são alçados às equipes profissionais no Brasil, falta a Dembélé um cuidado maior com fundamentos básicos: precisa aprender a chutar melhor, a tocar melhor e a usar sua habilidade nata em benefício do time.

Não à toa o clube da Catalunha tentava a contratação de seu conterrâneo Griezmann; eles não confiam que seu jovem contratado esteja preparado para ser titular absoluto.

Isso ficou claro nos 69 minutos em que o jogador de 21 anos esteve em campo na estreia da França contra a Austrália nesta Copa, escalado pelo lado direito de um trio de ataque que também contava com Griezmann e o adolescente Mbappé, dois anos mais novo que Dembélé.

Um de seus maiores trunfos, a juventude da equipe francesa talvez também seja seu maior problema. Com um time titular que tem média de idade de 24 anos, a seleção treinada por Didier Deschamps sofreu contra a Austrália. Nervosos, muitos dos Les Bleus sentiram o peso de um jogo de Copa do Mundo. Mbappé, talvez o mais promissor do elenco, esteve apagado; Pavard, de 22 anos, e Tolisso, de 23, também estavam afoitos e inseguros. Lucas Hernandez, com apenas 22 primaveras, foi o que mais tentou, mas também não brilhou.

Em sua primeira partida na Rússia, a seleção francesa padeceu do mesmo mal de seu talentoso ponta, a inexperiência. Como o tempo cura e amadurece, talvez a Copa sonhada por Dembélé e pela França esteja ainda a quatro anos de distância.