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Aos 45 anos, egípcio El Hadary 'substituirá' Buffon na Copa de 2018

Goleiro do Egito se tornará o jogador mais velho a atuar em Mundiais - logo no seu primeiro
El Hadary é abraçado pelos jogadores do Egito após atuação histórica na semifinal da Copa Africana de Nações Foto: GABRIEL BOUYS / AFP
El Hadary é abraçado pelos jogadores do Egito após atuação histórica na semifinal da Copa Africana de Nações Foto: GABRIEL BOUYS / AFP

A não classificação da Itália para a Copa do Mundo da Rússia impedirá o goleiro Gianluigi Buffon, com 40 anos em 2018, de bater um recorde histórico. Se jogasse, o italiano se tornaria o primeiro jogador na história a disputar seis Copas, ultrapassando o recorde do meia alemão Lothar Mathaus e do goleiro mexicano Carbajal. Atravessando o Mar Mediterrâneo, no Egito, um outro camisa 1 com uma carreira de semelhanças e diferenças com a do italiano vai conseguir bater um recorde diferente: aos 45 anos, o titular Essam El-Hadary, do Egito, será o jogador mais velho a disputar um jogo de Mundial.

Quando Buffon foi convocado pela primeira vez, em 1997, El-Hadary já vestia a camisa da seleção egípcia há um ano e meio. Nas cinco eliminatórias seguintes, enquanto Buffon sempre ajudou a Itália a garantir a vaga (e o título mundial, em 2006), El-Hadary viu o Egito não conseguir se classificar para uma única Copa do Mundo, de 1998 a 2014. Em três vezes, perdeu a vaga no último jogo. Para 2018, na derradeira chance dos dois, justo quando a Itália de Buffon não consegue a classificação, o Egito de Hadary volta à uma Copa depois de 28 anos fora.

Aos 45 anos, o veterano goleiro egípicio disputará seu primeiro mundial e baterá recordes. O egípcio superará o colombiano Faryd Mongragón (43 anos e três dias em 2014) como o jogador mais velho em uma partida de Copa. Jogando os dois amistosos previstos antes da Copa e os três jogos da primeira fase, se tornará um dos dez jogadores com mais partidas pela sua seleção no mundo, com 161 jogos. Buffon é o quarto do ranking, com 175 partidas, e se tornaria o primeiro se não tivesse se aposentado da seleção e chegasse na final da Copa na Rússia. Curiosamente, o líder nesse ranking também é egípcio: o atacante Ahmed Assan, com 184 jogos entre 1995 e 2012, mas nenhum por Copa do Mundo, já que o Egito não se classificou no período.

O faraó do gol egípcio também pode se tornar, em 2018, o jogador com mais tempo em uma seleção no mundo. Terminará a fase de grupos da Copa com 22 anos e 95 dias de serviços prestados, apenas 48 dias a menos que o detentor do recorde, o zagueiro Iván Hurtado, que defendeu o Equador entre 1992 e 2014.

E nem só de números em relação à idade avançada viver o goleiro do Egito, titular em oito jogos de 2017. Ele também coleciona apelidos curiosos: "O Faraó" é o mais clichê. "A besta da África" é o mais pomposo. O mais difícil é "The High Dam", em tradução livre "Barragem alta", mas também em referência a Damietta, cidade com muitas barragens onde o goleiro nasceu. O mais inexplicável é "El Psicodero", em espanhol, que quer dizer "o psciopata".

El-Hadary, que joga atualmente no futebol saudita, já atuou também no Sion, da Suíça e no Sudão. Fez sucesso mesmo no Al Ahly, de seu país natal, onde ganhou oito ligas, quatro Copas, e foi tetra da Champions League africana. Pelo Egito, apesar de nunca ter ido à Copa da Fifa, foi campeão da Copa da África em 1998, 2006, 2008 e 2010. Nos últimos três títulos, foi agraciado com o prêmio de melhor goleiro do continente. Em 2012, as boas atuações levaram, o atacante Didier Drogba, da Costa do Marfim, na época no Chelsea, a classificar o goleiro egípcio como o melhor que ele já enfrentou. Quem encontrar o Egito na Rússia vai poder testar.