Marrocos se tornou a primeira seleção africana a se classificar para a semifinal da Copa do Mundo na história após vencer Portugal por 1 a 0, neste sábado. Histórico por si só, mas apesar do status de zebra, é consequência de um trabalho bem feito. Explicar o sucesso dos marroquinos é tão fascinante quanto a campanha feita no Catar e passa por diversos fatores que O GLOBO explica.
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A queda do antigo treinador
Antes de qualquer coisa, é extremamente difícil acreditar que Marrocos estaria na semifinal da Copa do Mundo se o antigo treinador não tivesse sido demitido. Isso porque Vahid Halilhodžić já havia informado que não levaria o lateral-direito Noussair Mazraoui e o atacante Hakim Ziyech para o Mundial. Hoje eles são dois dos principais destaques da campanha marroquina.
Ziyech, inclusive, chegou a se aposentar da seleção após ser acusado pelo treinador bósnio de ser “preguiçoso” e “fingir lesão para não treinar”. Ele sequer disputou a Copa Africana de Nações deste ano. Após também arrumar problemas com Mazraoui , a Federação Marroquina demitiu Halilhodžić por "visões divergentes". Segundo veículos locais, os jogadores comemoraram a saída do comandante.
Sistema defensivo como destaque
Com a vitória sobre Portugal nas quartas de final da Copa do Mundo do Catar, a seleção do Marrocos chegou ao oitavo jogo seguido sem sofrer gol de um rival. Este é o retrospecto do técnico Walid Regragui no cargo. A equipe comandada por ele não foi vazada nenhuma vez por um adversário desde que assumiu o posto, em 31 de agosto deste ano.
O único gol sofrido por Marrocos no período foi na última rodada da fase de grupos da Copa do Catar, contra o Canadá. O zagueiro Nayef Aguerd desviou um cruzamento da esquerda e tirou o goleiro Bono da jogada no gol canadense.
Líder em 'estrangeiros'
Marrocos ganhou o apelido de "seleção mais estrangeira" da Copa do Mundo do Catar. Nas redes sociais, virou meme por ter "reforços" que não nasceram no país. Algo parecido com o que aconteceu com a França em 2018, onde muitos jogadores decidiram se naturealizar para atuar pelo país. Nesta Copa do Mundo, 14 jogadores não nasceram em Marrocos e estão com a seleção. A maioria deles atuando em grandes ligas do futebol europeu.
Já citados anteriormente, Mazraoui e Ziyech nasceram na Holanda. Principal jogador da equipe, o lateral-direito Achraf Hakimi, é espanhol de origem. Destaque do Mundial, o goleiro Yassine Bounou é canadense. No entanto, por questões familiares ou de competitividade, todos eles decidiram defender Marrocos.
Brilho de Bono e Amrabat
Destaques do GLOBO na seleção da Copa do Mundo, o goleiro Bono e o volante Sofyan Amrabat são dois dos principais destaques e pilares de Marrocos nesta Copa do Mundo. Sem eles, muito provável que os marroquinos não estivesse na semifinal. Mas eles estarem em alta não é novidade, já que também são destaques em seus clubes.
Amrabat é um dos líderes da Fiorentina, da Itália. Após a bela Copa do Mundo, há notícias de que os italianos estão correndo para renovar o seu contrato. Ele está na mira do Liverpool, da Inglaterra. Já Bono é um dos destaques do Sevilla e conquistou a Liga Europa em 2019/2020. Apesar de não ter um destaque tão grande, sempre foi visto como um goleiro regular e decisivo.
Sem medo de Europeus
Eliminar a Espanha e Portugal é um feito histórico para a seleção marroquina, mas encarar grandes jogos não é novidade para a maioria dos destaques da seleção. Hakimi já defendeu o Real Madrid, Ziyech joga no Chelsea, Bono já foi campeão da Liga Europa e por aí vai...
Em outras palavras, os jogadores do Marrocos já protagonizaram grandes jogos na Liga dos Campeões e na Liga Europa e sabem se comportar em momentos de grande pressão. Com status de zebra, fica ainda mais fácil para encarar nações gigantes e surpreender.
Diferença para outras seleções
Marrocos não é a única seleção desta Copa do Mundo a apostar no seu sistema defensivo, mas a receita de sucesso inclui, além de uma tática defensiva, muita velocidade no contra-ataque. Hakim Ziyech, Sofiane Boufal e Youssef En-Nesyri são uma trinca de luxo comparada a outras seleções como a Croácia, também semifinalista, que apesar de ter um meio-campo fortíssimo, carece de opções no ataque.