A torcida do Japão tem chamado atenção nos estádios do Catar e não apenas por recolher o próprio lixo após as partidas — imagens que sempre correm o mundo como mensagem de conscientização. A forma ativa de apoiar sua seleção, com músicas e gritos durante os 90 minutos, faz dos japoneses um dos destaques nas arquibancadas desta Copa do Mundo.
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Na vitória sobre a Espanha por 2 a 1, que sacramentou a classificação japonesa para enfrentar a Croácia nesta segunda, às 12h (de Brasília), a torcida se postou atrás de uma das bandeirinhas de escanteio e, mesmo que ocupasse apenas uma pequena faixa, foi quem ditou a festa no Estádio Khalifa. Em alguns momentos, ouvia-se apenas o canto que vinha daquela concentração. As músicas são adaptações de torcidas europeias e da argentina, uma de suas principais influências.
— Estamos empolgados com essa classificação. Viemos de diversas partes do Japão, torcemos para diferentes times, mas essa torcida existe apenas para apoiar a seleção nacional — conta Akira Yaguchi, um animado japonês vestido de chonmage (aquele corte de cabelo raspado na parte de cima, muito associado aos samurais e lutadores de sumô do período Edo).
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Estabelecida nos anos 1990 quando o futebol finalmente tomou corpo no país, a torcida do Japão carrega um pouco da voracidade das ultras europeias — inclusive há a denominação Ultra-Nippon — e o apoio incondicional das barras bravas argentinas. Por isso, não deve soar estranho o “Vamos, Nippon!” entoado pelos torcedores à sua maneira.
Personagens icônicos
A torcida é composta sobretudo por jovens, muitos deles com experiência de outras Copas. Como outras organizadas, há um puxador de gritos, que não deixa a empolgação cessar. Eles chegam cedo e estendem bandeiras em homenagens a jogadores e ao treinador (“obrigado, Hajime Moriyasu”, dedicada ao treinador, era a maior no duelo contra os espanhóis).
Há personagens icônicos, como um dos líderes fundadores da organizada há mais de 20 anos, Asahi Ueda, que está em Doha acompanhando os jogos não só da seleção japonesa e reportando em suas redes sociais e no seu site de viagens de futebol. A prova da influência argentina fica clara na loja “Bombonera”, que possui em Tóquio e é um encontro de torcedores, além de vender camisas da organizada.
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Outro torcedor já folclórico do Japão é o humorista Isamu Kato, torcedor ferrenho do Boca Juniors e que, no Catar, se divide entre suas paixões: Argentina e Japão. Ele ganhou as páginas do mundo há quatro anos, quando viajou 33 horas até Buenos Aires para ver a final da Libertadores com o River Plate. A partida foi para Madri por questões de segurança.
Apesar da paixão pelo futebol, os japoneses se afastaram um pouco da seleção com a saída dos principais jogadores para o Ocidente, o que também enfraqueceu a liga nacional. Mas a Copa do Catar parece uma grande oportunidade de voltar a fortalecer essa conexão.
Vinte anos depois de sediarem o Mundial ao lado dos sul-coreanos, o fato de a Copa ser na Ásia — ainda que não tão perto assim — facilitou a ida da barulhenta e animada torcida. Uma vaga nas quartas de final, hoje, seria a cereja no bolo para essa festa.