RIO - Contratado a peso de ouro na última temporada pelo Manchester United, o meia Shinji Kagawa é a maior esperança da seleção japonesa para a disputa da Copa das Confederações. Camisa 10 do primeiro adversário do Brasil, no próximo sábado, no estádio Mané Garrincha, o jogador de 24 anos chega à competição como o grande destaque do país em décadas. Curiosamente, o futebol brasileiro fez parte importante da sua formação. Trabalhando há seis anos no Japão, o técnico Levir Culpi foi o responsável por revelar o então meia Kagawa no Cerezo Osaka e transformá-lo em um apoiador ofensivo.
- Quando o Shinji subiu para os profissionais, ele veio como volante. Logo na primeira semana com a gente, mudamos a posição dele. Ele logo demonstrou sua capacidade ofensiva. O estilo de jogo dele lembra muito o Dirceuzinho (ex-jogador, que passou por Fluminense e Vasco no final da década de 70 e eleito um dos melhores jogadores da Copa de 78). Ele não tem posição fixa e tem qualidade ao penetrar na área. Foi artilheiro aqui no Cerezo - avaliou o técnico, em entrevista por telefone ao O GLOBO.
Kagawa já é ‘tricampeão’ na Europa
Levir não esconde a alegria por falar de Kagawa. O técnico lembra que o jogador nunca se 'contentou' em brilhar no futebol japonês, e chega a definir o meia como um dos grandes jogadores do país em toda a história.
- Ele sempre quis jogar em grandes centros. Tinha isso em mente e todos nós sabíamos disso. Ele deixou Osaka e foi para o Borussia (Dortmund), depois para o Manchester (United). Foi uma das contratações mais caras do clube inglês na última temporada. Foi bicampeão alemão, e é o atual campeão inglês. Não é exagero dizer que ele é um dos maiores da história do país. Tem todas as condições de crescer ainda mais - exaltou o treinador.
Companheiro de Kagawa no Manchester United, o lateral-direito Rafael é só elogios ao colega. Segundo o camisa 2 do time inglês, o japonês cativou a torcida dos 'Red Devils' e o sucesso conquistado no clube deve se repetir pela seleção.
- O Kagawa cada vez mais vem mostrando seu futebol lá no Manchester. Finalizou a temporada como um grande ídolo da torcida. Tanto que a música dele é sempre cantanda. Na seleção do Japão não vai ser diferente. Ele vai dar trabalho para o Brasil por ser muito técnico e tocar bem a bola de primeira. Fora do campo ele é engraçado demais, diverte bastante os treinos - brincou o brasileiro.
Sobre a Copa das Confederações, Levir prevê muitas dificuldades para o time comandado pelo italiano Alberto Zaccheroni. Para o brasileiro, a baixa estatura e problemas na marcação terão de ser corrigidos, para que a boa técnica e a organização ofensiva, melhores características do time do Japão, prevaleçam:
- Será uma competição muito complicada. O time tem uma estatura muito baixa e ainda não possui uma forte marcação no meio de campo. Terá dificuldades para parar os contra-ataques dos adversários. Mas se acertar alguns detalhes, pode surpreender com a qualidade técnica de alguns jogadores.
TABELA: Veja os jogos da Copa das Confederações
Em meio ao sucesso de alguns jogadores, o futebol japonês ainda apresenta dificuldades diante das grandes forças do futebol. A formação de jogadores na base ainda é voltada para a parte técnica, dificultando o crescimento individual dos jogadores, na opinião de Levir.
- Acontece que os técnicos aqui no Japão cortam as iniciativas dos jovens jogadores desde a base. Eu falo sempre que eles têm de aprender a sair de situações complicadas. Não precisa fazer apenas o que manda o treinador.
O Japão foi o primeiro time a garantir vaga para a Copa do Mundo de 2014. Na semana passada, o empate em 1 a 1 frente a Austrália, garantiu a vaga dos nipônicos entre os 32 classificados para o torneio no Brasil.