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Leonardo de Deus é o nome mais forte do país nos 200m borboleta

Após quase perder o ouro no Pan por conta da touca, nadador ganha experiência
Leonardo de Deus ganhou o ouro nos 200m borboleta no Pan: esperança brasileira Foto: Alexandre Cassiano / O Globo
Leonardo de Deus ganhou o ouro nos 200m borboleta no Pan: esperança brasileira Foto: Alexandre Cassiano / O Globo

RIO - No dia 25 de julho, Leonardo de Deus surpreendeu ao se classificar para as semifinais dos 200m borboleta do Mundial de Xangai com o segundo melhor tempo das eliminatórias, bem à frente do multicampeão Michael Phelps (apenas 11). Em sua primeira competição de alto nível, ele sentiu a pressão e não conseguiu garantir uma vaga entre os oito que passaram à final da prova. Quase três meses depois, ele estava no lugar mais alto do pódio no mesmo 200m borboleta, desta vez no Pan de Guadalajara.

No México, a vitória veio embalada a drama e, por pouco, ele não foi desclassificado da prova por ter nadado com um touca que tinha o nome de um patrocinador, o que é proibido na competição. Foram quase trinta minutos de apreensão, lágrimas e desespero, até que a medalha de ouro fosse colocada em seu peito.

Os dois episódios, garante Leonardo, foram fundamentais para o seu amadurecimento. Aos 20 anos, o nadador sul-matogrossense, que integra o seleto PRO 16, grupo de treinamento de alto nível criado pelo campeão olímpico e mundial Cesar Cielo visando às Olimpíadas do Rio, em 2016, diz que seus objetivos estão ainda mais fortalecidos e que 2011 ficará para sempre em sua memória.

— Este ano foi o melhor da minha carreira; acho que o melhor da minha vida. Meus objetivos eram conseguir o índice para os Jogos de Londres-2012 (ele está classificado nos 200m borboleta e nos 200m costas) e ganhar o Pan. Consegui os dois. Não tenho do que reclamar — diz ele, que, em junho, no Open de Paris, já havia assegurado a prata nos 200m borboleta e o bronze nos 200 costas. — A classificação para a semifinal dos 200m borboleta no Mundial pesou para mim, mas foi um aprendizado, como o episódio da touca no Pan. Não acho que passarei por essas situações de novo.

O sul-matogrossense é um dos jovens talentos da natação brasileira. Destaque das Olimpíadas Escolares entre 2005 e 2007, ele começou a treinar no Clube do Remo, em Belém (PA), aos 12 anos. Como seu pai era militar e vivia sendo transferido, também passou por Brasília, onde ficou quatro anos, e Minas (dois anos), antes de chegar a São Paulo, onde treinou um ano no Pinheiros. Cheio de confiança, ele acredita que as expectativas depositadas nele a longo prazo não serão em vão:

— A minha geração é a de 2016, até porque estarei com 25 anos. Acredito que chegarei lá no auge, na minha melhor fase. Eu tenho certeza que 2016 será o meu ano.

O surgimento de Leonardo acabou por ofuscar Kaio Márcio, até então, o nome mais forte do nado borboleta brasileiro. Recordista mundial em piscina curta dos 200m borboleta, o paraibano de 27 anos não teve resultados expressivos este ano e é uma incógnita para Londres-2012. Em 2016, ele terá 31 anos.

Centésimos de diferença

Já Leo de Deus, que terá 21 anos em Londres, apoia-se em número para dizer que pode até abocanhar uma medalha nos Jogos do ano que vem. Segundo ele, o seu tempo no Mundial (1m55s55, nas eliminatórias dos 200m borboleta) o permite fazer planos.

— Estou a 22 centésimos da marca do Kaio Márcio (1m55s23), o que, para uma prova de 200m borboleta, significa um detalhe, uma batida de mão. Já em relação ao terceiro melhor tempo do mundo, que é 1m54s67, do chinês Peng Lu, a diferença é de menos de um segundo. Se fosse nos 50m livre, seria muito difícil, mas não na minha prova. Por isso, acho que dá para brigar pelo bronze — explica. — E eu estou crescendo, ganhando força muscular. Isso também faz diferença.

O recorde mundial na prova pertence ao americano Michael Phelps (1m53s34). A segunda marca é do japonês Takeshi Matsuda (1m54s01).