A cinco dias do segundo turno, que ocorre neste domingo, o parque Beto Carrerro World, localizado em Santa Catarina, anunciou uma promoção de 25% de desconto para os clientes que vestirem verde e amarelo até o dia 31. A ação foi descrita como um "esquenta para Copa", mas termina no dia seguinte das eleições presidenciais em que o candidato Jair Bolsonaro (PL) usa as cores da bandeira do Brasil em sua campanha eleitoral.
Uma internauta questionou: "Para copa mas a promoção vai até a eleição. Péssimo marketing. Nada contra, mas usar a copa pra esconder já é demais".
A prática de ofertar descontos com alusão aos presidenciáveis tem sido amplamente utilizada por apoiadores. No entanto, advogados eleitorais ouvidos pelo GLOBO declaram que a prática é proibida por lei, já que pessoas jurídicas não podem fazer campanha.
— Um esquenta para a Copa que só vai até a eleição em um contexto que todo mundo sabe que as cores do Brasil estão ligadas a Bolsonaro é totalmente passível de fiscalização pela Justiça Eleitoral — explica o especialista Luiz Paulo Castro.
Na última sexta-feira, uma concessionária da Ford em Goiás anunciou o lançamento da "Promoção 22". Somente no dia 22 de outubro de 2022, até às "2h22 da tarde" (14h22), 22 caminhonetes do modelo Ranger estariam disponíveis por R$ 222.222,22. O anúncio foi veiculado no jornal "O Popular".
No dia do primeiro turno das eleições, outro caso. O Frigorífico Goiás viralizou com a promoção "Picanha Mito", na qual a carne custava R$ 22. Entre as condições da promoção, os clientes tinham que vestir uma "camiseta do Brasil". O juiz Wilton Müller Salomão, do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), ordenou que a promoção fosse suspensa, assim como postagens feitas na conta oficial do estabelecimento.
Nas redes sociais, pequenos empreendedores surfam a onda das eleições. No Twitter, a sexshop "Loja Polen" vende vibradores com 13% de desconto com o cupom "Faz O L", em alusão ao petista.
Há também empreendimentos que ofertam descontos para os dois tipos de apoiadores. A Cuter Store, que vende camisetas, fez uma ação com o nome dos candidatos que estava vigente até este domingo.
Nos casos em que as empresas usam o número de urna do candidato, a propaganda é bem mais óbvia. O advogado eleitoral Luiz Paulo Castro avalia ser ainda mais passível de ação por parte da Justiça Eleitoral.
— Nem 13% nem 22% são utilizados no varejo normalmente. É muito evidente — afirma.