RIO — Todos os 50 reboques da J.S. Salazar, responsável pelo serviço de guincho de veículos estacionados em situação irregular e pela administração dos pátios para onde esses automóveis são levados, estão parados nos três depósitos da cidade do Rio, na manhã desta quinta-feira. O motivo: a suspensão por tempo indeterminado no contrato com a prefeitura depois da prisão de Jailson dos Santos Salazar, dono da empresa. Ele é acusado de ter oferecido propina ao vereador Gabriel Monteiro (PSD) para que denúncias não fossem reveladas. Um esquema de emergência com reboques da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio) foi montado pela Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) para a operação de alguns guinchos.
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Nas próximas horas, a Seop fará um contrato emergencial para uma nova empresa de guinchos atuar no município. A pasta informou, nesta manhã, que motoristas que tiveram seus carros rebocados poderão comparecer aos pátios — de São Cristóvão, na Zona Norte, e do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste — para a remoção de seus veículos. Funcionários da Prefeitura do Rio estão fazendo o atendimento para a liberação.
Desde quarta-feira, agentes da Guarda Municipal estão nos pátios para assegurar a proteção dos carros. O GLOBO entrou no pátio de São Cristóvão. Todos os profissionais da J.S Salazar estavam sentados sem funções. Por sua vez, os motoristas dos reboques eram orientados a voltarem para casa.
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O marceneiro Paulo César da Silva Cardoso, de 53 anos, teve o carro rebocado na terça-feira, em Ipanema, na Zona Sul. Na manhã desta quinta, ele foi ao local para fazer a retirada
— Parei em Ipanema, na última terça-feira. Hoje eu vim retirar o meu carro e informaram que a empresa não está trabalhando. Foram os profissionais da Prefeitura que resolveram — conta o marceneiro. — A pessoa tem que ser honesta. É inadmissível retirar qualquer objeto dos carros. Se eles fazem isso, é roubo — destaca.
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O próprio secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale, admitiu ontem à noite que não terá condições de manter de imediato 50 reboques, número que era fornecido pela empresa. A Guarda Municipal assumiu os pátios para que os motoristas possam fazer a retirada de veículos já rebocados. No fim da tarde de ontem, a Seop havia divulgado que o contrato com a J.S Salazar tinha sido rescindido unilateralmente, mas a decisão foi revista. A opção foi por uma suspensão até que o inquérito policial seja concluído.
— Tive acesso ao registro policial. Preciso de informações sobre o inquérito policial para fundamentar a decisão final. Se for feita a rescisão, a assessoria jurídica da Seop vai analisar como poderemos convocar outra empresa até uma nova licitação — disse o secretário.