Riccardo Montolivo fracassou como ‘novo Pirlo’ e saiu odiado de Fiorentina e Milan | OneFootball

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Calciopédia

·09 de janeiro de 2020

Riccardo Montolivo fracassou como ‘novo Pirlo’ e saiu odiado de Fiorentina e Milan

Imagem do artigo:Riccardo Montolivo fracassou como ‘novo Pirlo’ e saiu odiado de Fiorentina e Milan

Se existisse um ranking de jogadores italianos que decepcionaram neste século, Riccardo Montolivo provavelmente estaria no pódio. Rotulado como sucessor de Andrea Pirlo, o meio-campista saiu de forma conturbada da Fiorentina e viu sua carreira degringolar no Milan, justamente quando deveria dar um salto de qualidade. Minado pelas lesões e sem clube, Monto se aposentou aos 34 anos. Uma jornada no futebol que tomou um rumo totalmente diferente de seu início, em 2003.

Filho de mãe alemã com pai italiano, Montolivo nasceu em Milão, mas cresceu em Caravaggio, cidade da província de Bérgamo. Começou a jogar em uma escolinha de futebol do município e, aos 8 anos de idade, foi descoberto por Gigi Rossi, histórico olheiro da Atalanta, que o levou para as categorias de base do clube bergamasco. Fã de Francesco Totti, Zinédine Zidane e Frank Lampard, Riccardo passou por todos os níveis juvenis da Dea, ganhando um campeonato sub-17 e a Coppa Italia sub-19, até chegar ao time principal.


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O jovem, que era presença constante nas seleções italianas juvenis (sub-15, sub-18 e sub-19), fez seu primeiro jogo como profissional em setembro de 2003, na Serie B. O então técnico da Atalanta, Andrea Mandorlini, o colocou em campo, no lugar de Michele Marcolini, aos 36 minutos do segundo tempo da partida contra o Piacenza, válida pela terceira rodada da segundona. O duelo terminou sem gols.

A Atalanta terminou a Serie B de 2003-04 entre os classificados à elite, e Montolivo ganhou a posição de titular da equipe no decorrer da campanha bergamasca. No retorno à Serie A, porém, o time nerazzurro não conseguiu competir com os maiorais e acabou sentenciado novamente à segunda divisão. Montolivo, por outro lado, se valorizou como um dos principais jogadores do grupo.

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Após o bom campeonato pela rebaixada Atalanta, o meio-campista fechou com a Fiorentina. Em agosto de 2005, a Fiorentina o contratou em copropriedade por 3,5 milhões de euros – e resgataria a outra metade dos direitos por mais 2 milhões de euros, um ano depois. Nesse meio-tempo, Monto cravou seu nome cada vez mais na seleção italiana sub-21, comandada à época por Claudio Gentile. No total, foram 20 jogos e três gols com os azzurrini.

Na Fiorentina, Montolivo encontrou, em sua primeira temporada, as concorrências do camisa 10 Stefano Fiore e do chileno Luis Jiménez. Para dar mais chances ao jovem, o então comandante da Viola, Cesare Prandelli, passou a escalá-lo mais recuado. Monto concluiu sua primeira temporada em Florença com 24 partidas e um gol – anotado na vitória por 3 a 1 sobre o Treviso, fora de casa, pela 34ª rodada da Serie A.

A titularidade só chegou na temporada seguinte, na campanha de 2006-07, na qual a Fiorentina teria terminado na terceira posição, não fosse a dedução dos pontos por causa do envolvimento de diretores no escândalo Calciopoli. Montolivo fez 36 dos 38 jogos da equipe viola, foi escolhido como melhor jogador sub-23 do país na temporada, se qualificou para a disputa da Copa Uefa e alcançou a seleção italiana pela primeira vez, sob o comando de Roberto Donadoni, em 2007. Mas acabou sendo preterido pelo mesmo técnico para a disputa da Eurocopa de 2008, numa decisão polêmica.

Após as saídas de Martin Jorgensen e Dario Dainelli em janeiro de 2010, o camisa 18 assumiu a faixa de capitão da Fiorentina e se tornou um dos grandes líderes da equipe na temporada 2009-10. Apesar do mau início de campeonato, Montolivo se recuperou nos jogos da Liga dos Campeões e fez grandes partidas nas rodadas finais da Serie A, o que não evitou que a Viola terminasse a campanha com um cinzento 11º lugar.

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Visto como sucessor de Pirlo na seleção italiana, Monto entregava mais desempenho quando atuava como primeiro volante, armando o jogo de trás, como fazia o próprio Pirlo. Na Nazionale, por outro lado, o bergamasco vinha sendo utilizado pelo lado esquerdo do meio-campo, no 4-3-3 montado por Marcello Lippi.

Chamado para integrar o elenco que disputaria a Copa das Confederações de 2009, Riccardo não conseguiu ajudar os azzurri a avançar ao mata-mata – a Itália caiu na primeira fase. O mesmo ocorreu na Copa do Mundo do ano seguinte. Sem Pirlo, baleado pelas lesões, Montolivo foi titular no time de Lippi, mas a Itália fez uma campanha vexatória e sucumbiu na fase de grupos.

No retorno à Fiorentina após o desastre na África do Sul, Montolivo precisou se submeter a uma cirurgia para corrigir um problema no tornozelo. Permaneceu um mês e meio no departamento médico. Recuperou-se e finalizou a Serie A 2010-11 com 29 partidas, dois gols e três assistências. Monto era um xodó da torcida, principal líder da equipe. Mas tudo mudou no início da temporada seguinte.

Em setembro de 2011, Montolivo comunicou à diretoria gigliata que não renovaria contrato com o clube, pois gostaria de defender um time mais forte. O argumento do camisa 18 causou a fúria do então presidente executivo da Viola, Mario Cognigni. “A farsa acabou. Para nós, é um assunto encerrado, ainda que ele venha a mudar de ideia”, disparou. “Ele nos disse que não quer renovar porque aspira uma equipe mais importante, onde, eu acrescento, poderá ganhar muito mais dinheiro (…)”, completou.

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Cognigni ainda disse que “quem não acredita nos nossos valores, como ele [Montolivo], não pode ser considerado um jogador da Fiorentina (…)”. Pela decisão de não estender seu vínculo com a agremiação de Florença, a faixa de capitão saiu de seu braço e foi para o do zagueiro Alessandro Gamberini, com o atacante Stevan Jovetic como substituto imediato.

No entanto, Sinisa Mihajlovic, treinador da Fiorentina à época, optou por manter o meio-campista no time titular durante a temporada 2011-12, na qual ele alcançaria 200 jogos com a camisa viola. Ao fim da época, Riccardo deixou a Fiorentina de graça. Embora fosse um dos melhores jogadores dos gigliati, Montolivo saiu de Florença odiado por muitos torcedores florentinos.

O imbróglio ficou para trás, e Riccardo assinou um contrato de quatro anos com o Milan, que o anunciou como novo reforço em maio de 2012. Em tese, o bergamasco realizou sua vontade de se transferir para um clube com ambições maiores que a da Fiorentina. Entretanto, os rossoneri estavam longe de ser um time competitivo naquela época. Afinal, a cúpula milanista enfraqueceu o plantel com as vendas de Thiago Silva e Zlatan Ibrahimovic e não o reforçou à altura. Em suma, Monto chegara a um Milan em transição para a fase ruim.

Ora jogando como regista, ora atuando como mezzala pela esquerda, Montolivo se tornou figurinha carimbada no onze de Massimiliano Allegri. Marcou seu primeiro gol com a camisa rossonera no empate em 2 a 2 com o Palermo, na Sicília, em outubro. Um mês depois, usou a braçadeira de capitão pela primeira vez, na derrota por 1 a 0 para a rival Juventus, em San Siro. Após a saída de Massimo Ambrosini, o camisa 18 assumiu de vez a capitania da equipe.

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Na seleção italiana, as coisas haviam melhorado para Monto. Com a chegada de Cesare Prandelli, o meio-campista subiu de produção, marcou seu primeiro gol com a camisa azzurra (em um amistoso contra a Espanha) e foi selecionado para a disputa da Eurocopa de 2012, competição esta em que a Itália terminou vice-campeã.

Dos seis jogos que a Nazionale fez na Euro, Montolivo jogou quatro (três como titular, inclusive a final perdida para a Espanha); ele deu assistência para um dos dois gols de Mario Balotelli diante da Alemanha, na semifinal, vitória italiana por 2 a 1. Riccardo também esteve no Brasil, em 2013, para jogar a Copa das Confederações. Jogou cinco partidas e ajudou os azzurri a ficarem na terceira posição, ainda que tenha sido expulso contra o Uruguai, na disputa pelo terceiro lugar.

Em maio de 2014, Montolivo se casou com a modelo e apresentadora Cristina De Pin, com quem tem dois filhos, Mariam e Mathias. No entanto, dias depois, sua carreira sofreria um grande baque. Às vésperas da Copa do Mundo de 2014, para a qual estava entre os pré-convocados italianos, ele quebrou a tíbia da perna esquerda no amistoso com a Irlanda e deu adeus às chances de jogar o Mundial. Mais do que isso: após se recuperar da lesão, o meio-campista nunca mais conseguiu ser o mesmo e emendou uma série de novas contusões.

Devido à fratura e a outras lesões, Montolivo permaneceu um longo tempo afastado dos gramados na temporada 2015-16. Retornou saudável em 2015-16, recuperou o posto de titular do Milan e até voltou a ser convocado para a seleção italiana, dessa vez treinada por Antonio Conte. Chegou a ser inserido na lista de pré-convocados para a Eurocopa de 2016, mas novamente uma lesão (na panturrilha da perna esquerda) o impediu de defender a Squadra Azzurra em um grande torneio.

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Como desgraça pouca era bobagem, Riccardo sofrera, em outubro de 2016, mais uma grave contusão enquanto atuava pela seleção italiana. Após um encontro de jogo com Sergio Ramos, num amistoso frente à Espanha, realizado em Turim, o meio-campista levou a pior e rompeu os ligamentos cruzados do joelho esquerdo. Seis meses longe dos gramados.

Sem condições de entrar em campo, Montolivo viu seus companheiros baterem a Juventus nos pênaltis e levarem para Milão o troféu da Supercopa Italiana, conquistada em Doha, Qatar. Voltou à ativa nos últimos combates da temporada 2016-17, mas só foi ganhar ritmo de jogo mesmo na época seguinte. De qualquer forma, seu rendimento estava muito aquém do esperado, fato que gerava a fúria dos torcedores rossoneri.

Após a contratação do zagueiro Leonardo Bonucci, a aquisição de impacto dos chineses que haviam comprado o Milan, a diretoria optou por tirar a faixa de capitão de Montolivo e passá-la ao novo reforço. Além disso, o camisa 18 perdeu espaço completamente após a chegada de Gennaro Gattuso ao comando técnico da equipe. Não à toa, o bergamasco sequer entrou em campo em 2018-19, naquela que seria sua última temporada como jogador profissional.

O jogador deixou o Milan de graça em junho de 2019 e, meses depois, anunciou a aposentadoria, ainda que clubes como Benevento e Chievo estivessem de olho nele, segundo a imprensa italiana. Ao Corriere dello Sport, o ex-meio-campista soltou o verbo. “Você pode dizer que o Milan me forçou a parar de jogar. Eu não tive nem a chance de dizer adeus aos torcedores depois de sete anos”, disparou.

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Ele garante não guardar rancor, mas lamenta a falta de transparência por parte de comissão técnica e diretoria. “Quando Gattuso preferiu colocar [o lateral-direito Davide] Calabria no meio-campo em vez de me deixar jogar contra a Fiorentina, eu percebi que o problema não era eu e que as respostas às minhas perguntas nunca viriam”, frisou.

Duas temporadas na Atalanta, sete na Fiorentina e mais sete no Milan. No total, 16 anos dedicados ao futebol. Apenas um título. Inúmeras lesões. Odiado por vários torcedores – a versão italiana da revista VICE até chegou a fazer uma matéria cujo título é “Por que Montolivo é tão odiado no futebol italiano?”. A carreira de Monto não atingiu, nem de longe, o nível que todos esperavam que pudesse ter. O “novo Pirlo” se revelou, no fim das contas, mais um entre tantos jogadores que não corresponderam às expectativas.

Riccardo Montolivo Nascimento: 18 de janeiro de 1985, em Milão, Itália Posição: meio-campista Clubes: Atalanta (2003-05), Fiorentina (2005-12) e Milan (2012-2019) Títulos: Supercopa Italiana (2016) Seleção italiana: 66 jogos e dois gols

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