A Seleção OlÃmpica masculina estava cercada de dúvidas. E elas eram justificadas, afinal de contas o Brasil vinha de 180 minutos sem balançar as redes na OlimpÃada. Os dois empates colocavam em cheque a classificação para as quartas de final. A partida contra a Dinamarca, na Fonte Nova, tinha caráter decisivo: marcaria um vexame ou uma nova esperança.
E que bom que não foi um vexame!
O Brasil demorou um total de 46 arremates, considerando toda a competição, para balançar as redes pela primeira vez. Aos 26 minutos do primeiro tempo, Douglas Santos avançou pela esquerda e cruzou para Gabigol honrar o apelido e deixar a sua marca. Comemoração, gritos, sorrisos... mas sobretudo alÃvio. Naquele momento, acabava a tensão.
No mesmo lance, um jogador participou sem nem mesmo tocar na bola. Antes de Gabigol completar o cruzamento, Luan havia tentado dar um carrinho. Não conseguiu, mas depois começou a mostrar o seu caráter decisivo. O jogador do Grêmio, artilheiro do Tricolor no Brasileirão (5 gols), tabelou com Gabigol. Recebeu a bola em velocidade na esquerda e cruzou com precisão para Gabriel Jesus enfim fazer o seu. Mais tranquilidade, e alÃvio maior para o atacante do Palmeiras.
Luan comemora um dos gols da Seleção contra a Dinamarca (Foto: Lucas Figueiredo / MoWA Press)Contra a Dinamarca, Luan foi titular pela primeira vez na OlimpÃada. O quarteto de ataque, com Neymar e os Gabriéis, estava formado desde o inÃcio. E o camisa 7 mostrou toda a sua polivalência nas posições de ataque: estava à s vezes na direita, várias outras pela esquerda. Voltava para recompor no 4-2-3-1 e também se lançava ao ataque mostrando o 4-2-4 que muitos achavam impossÃvel de funcionar.
Posição média da Seleção mostra o 4-2-4 com Luan em campo (Foto: Opta) Correndo para o abraço (Foto: NELSON ALMEIDA/AFP/Getty Images)Foi como um verdadeiro camisa 9 que Luan deixou a sua marca, no inÃcio do segundo tempo, aproveitando boa jogada de Neymar e Douglas Santos – muito bem em campo, aliás. Dentro da área, o atacante completou o cruzamento rasteiro com apenas um toque. Era o 3 a 0, que deixava o (até agora) frágil time dinamarquês rendido. Aos 80’, Gabigol daria números finais.
Luan, que já está no radar do Barcelona, arriscou um total de quatro chutes (dois na mira, um nas redes) e criou três oportunidades (uma delas virou assistência). Foi um dos muitos destaques da mini forra tupiniquim no futebol masculino desta OlimpÃada.
Um outro número que mostra muito bem os predicados do jogador está na recuperação da posse de bola. O gremista recuperou sete bolas para o Brasil. Apenas Wallace o superou, com oito.
Wallace, aliás, foi outro grato destaque. O volante, jogador do Grêmio assim como Luan, entrou em campo para substituir o suspenso Thiago Maia – que vinha sendo um dos grandes destaques do Brasil. E deu grande segurança para a defesa, apesar de o ataque dinamarquês ter muitas deficiências. Ao contrário de Thiago Maia, que sai mais para o jogo, Wallace faz mais o papel do clássico “primeiro volanteâ€. Aquele mais defensivo.
Ao mesmo tempo e que o time de Micale ficou mais ofensivo, com a presença de quatro jogadores de ataque na frente, Wallace ajudou a equilibrar o sistema defensivo. EquilÃbrio, vale lembrar, foi um dos pontos mais repetidos por Rogério Micale durante o perÃodo de preparação da Seleção Brasileira, na Granja Comary.
Vários foram os destaques da Seleção OlÃmpica na goleada sobre a Dinamarca. O lateral Douglas Santos teve atuação exuberante. Mas se Luan já vinha ganhando pontos com Micale, Wallace também colocou uma “dúvida saudável†para o treinador montar o seu time. A dupla gremista personificou o equilÃbrio defesa/ataque que o Brasil tanto buscava.