Denzel Washington abriu mão de estrelar o filme que deu um grande impulso na carreira de outro ator famoso de Hollywood, Brad Pitt. E o astro de 'Dia de Treinamento', 'Tempo de Glória', 'Filadélfia', entre outros grandes trabalhos, vencedor de dois Oscars admitiu, anos mais tarde, ter se arrependido da decisão quando assistiu ao trabalho pronto.
Estamos falando do thriller 'Se7en - Os Sete Crimes Capitais', dirigido por David Fincher, lançado em 1995, hoje um clássico moderno e responsável por criar uma onda de produções sobre serial killers - que perdura até hoje.
Em um papo tempos atrás com o colega e amigo Jamie Foxx (confira abaixo), Washington foi direto ao ser perguntado se alguma vez se arrependeu de dizer não para um papel.
"Eu rejeitei 'Se7en'. Eles me queriam para interpretar o papel que ficou com o Brad Pitt. Achei que o roteiro era muito 'demoníaco'. Mas aí eu vi o filme e pensei: 'Putz, eu vacilei, fiz besteira'. Mas acabou dando tudo certo [comigo]," contou.
O ator deve mesmo ter ficado com aquele sentimento ao melhor estilo "se arrependimento matasse" porque três anos depois topou realizar um trabalho na "mesma frequência", que foi nitidamente influenciado pelo filme que ele tinha deixado passar - o suspense 'Possuídos', no qual faz um detetive investigando crimes em circustâncias misteriosas, aí sim verdadeiramente "demoníacas".
'Possuídos', de Gregory Hoblit, nem perto teve o mesmo sucesso de 'Se7en'. Fez 25 milhões de dólares, enquanto o filme de Fincher arrecadou 327 milhões de dólares. valor astronômico para o gênero e para a época.
'Se7en', de fato, foi decisivo para a carreira de Pitt por vários motivos. Primeiro, por consolidar sua imagem de grande astro do cinema na década de 1990, "puxador de bilheteria", que sustentaria a partir dali.
Também por ter conseguido segurar a onda diante de um gigante da arte dramática - ele não "some" ao lado de Morgan Freeman, à época no auge do prestígio após trabalhos como 'Um Sonho de Liberdade'.
E, finalmente, o então jovem ator iniciou a colaboração com o cineasta igualmente iniciante David Fincher, que se repetiria em 'Clube da Luta' (1999) e 'O Curioso Caso de Benjamin Button' (2008) - pelo último Brad Pitt foi indicado ao Oscar de Melhor Ator. Foi a sua segunda indicação para o prêmio - a primeira, veja só, foi no mesmo ano de 'Se7en', de Melhor Ator Coadjuvante, por 'Os Doze Macacos'.
Não é difícil supor que os eleitores foram influenciados também por sua performance em 'Se7en', no qual interpreta o detetive Mills, que tem uma invejável "vida perfeita" ao lado da esposa (Gwyneth Paltrow, que se tornou namorada do astro à época) e acaba tendo de seguir as pistas com referência aos pecados capitais da Bíblia, deixadas estrategicamente por um serial killer (papel de Kevin Spacey).
Mas trata-se de uma via de mão-dupla: Pitt no filme acabou sendo importantíssimo para que o projeto fosse bem-sucedido, segundo informações de bastidores reveladas tempos depois. Um dos grandes legados de 'Se7en' é o seu final, um dos mais impactantes da história do cinema. E o ator lutou com unhas e dentes para que ele fosse preservado, contra a vontade dos produtores, que queriam algo mais "palatável".
Ou seja, tudo terminou bem para todo mundo, como disse até mesmo Denzel Washington. Quer dizer, quase. Mas aí só vendo o final de 'Se7en' para entender.
Confira abaixo os trailers de 'Se7en - Os Sete Crimes Capitais' (1995) e 'Possuídos' (1998).