Roseli Feitosa

Roseli Feitosa

Principal feito: Campeã Mundial de Boxe Amador de Barbados, 2010

Nome Completo: Roseli Amaral Feitosa

Data de Nascimento: 15 de março de 1989

Local de Nascimento: São Paulo – SP

Categoria: Foi campeã mundial nos 81 kg, mas originalmente sua categoria é 75 kg.

Biografia: Nascida em São Paulo capital mas filha de pais pernambucanos, Roseli nasceu e foi criada na zona Sul de São Paulo, no Parque Regina e no Parque Ipê, onde reside até hoje. Com aptidão para esportes, antes de treinar Boxe Roseli foi jogadora de vôlei no Centro Olímpico e no Projeto Futuro do Ibirapuera na sua adolescência, depois foi para o Clube Ipiranga e e para o Círculo Militar do Ibirapuera. Como boa parte dos talentos esportivos que existem no Brasil, Roseli abandonou o vôlei para trabalhar e colaborar com o sustento do lar. Roseli foi atendente de telemarketing e vendedora em loja de Shopping, mas conseguiu manter ao menos a prática da musculação para fins de saúde e estéticos.

Início no Boxe: Roseli teve seu primeiro contato com o Boxe no Centro Olímpico do Ibirapuera em 2006, já escolheu treinar Boxe gratuitamente no clube da Prefeitura de São Paulo era a opção mais barata para praticar esportes. Só treinou lá por 2 meses, período em que estava sem trabalhar, e quando voltou a trabalhar novamente abandonou o esporte. Um ano depois, em 2007, Roseli voltou a treinar Boxe no centro Esportivo Joerg Bruder, da Prefeitura de São Paulo, hoje clube escola Santo Amaro. Quem dava os treinos para ela era o então atleta Neilson Braga, supervisionado pelo técnico Claudio Aires.

Trajetória: Em 2007, convidada pelo técnico Tony Gomes, Roseli foi chamada para defender a equipe do São Paulo Futebol Clube, que representava a cidade de São Bernardo do Campo nos Jogos Abertos do Interior. Roseli sagrou-se campeã dos Jogos Abertos e também do campeonato Paulista daquele ano. Foi nos Jogos Abertos que Roseli teve contato com o técnico Luis Cardoso, que neste ano passou a atuar como técnico do Centro Esportivo Joerg Bruder. Em 2008, Luis afastou-se do clube da Prefeitura de São Paulo e montou uma academia improvisada em cima da lage de sua casa, no Jardim Monte Azul, zona Sul de São Paulo, local que Roseli passou a treinar juntamento com outras atletas, como a filha de Luis Taynna Cardoso. Roseli considera Luis Cardoso seu mestre, o técnico que mais agregou conhecimentos durante sua carreira e com total responsabilidade nas conquistas de seus títulos. No mundial de 2010, por exemplo, Luis estava presente não como técnico oficial da delegação brasileira, já que foi por conta própria até Barbados, mas mesmo assim ajudou e orientou Roseli através de seus gritos das arquibancadas.

No Campeonato Brasileiro de 2008, em Brasília, Roseli foi campeã brasileira pela primeira vez, vencendo na final a popular Erica “Camburão” Cabrera, de quem havia perdido em sua primeira participação em Brasileiros em 2007. No final de 2008 Feitosa conquistou a vaga para representar o brasil no Panamericano de Boxe Feminino de Trinidad e Tobago após vencer 3 combates. No Panamericano, sua primeira competição internacional, Roseli perdeu para a Yenibier Guillen, da República Dominicana, por 11 a 4, mas mesmo assim garantiu a medalha de bronze . Já caracterizada como a melhor peso médio do país, Roseli voltou a ser convocada para a seleção brasileira em 2009. No meio daquele ano, Roseli venceu novamente a seletiva para disputar o Panamericano de Boxe Feminino, que desta vez seria realizado no Equador. Roseli, sempre na categoria dos 75 kg, venceu na luta de estreia Chimere Taylor, de Trinidad e Tobago, por 12 a 1. Na semi-final, foi superada por Arianne Fortin, do Canadá, por 18 a 6, ficando novamente com o Bonze continental. O bronze de Roseli ajudou o Brasil a sagra-se campeão Panamericano de Boxe, superando países potências como Estados Unidos, Argentina e Canadá. As medalhas de ouro vieram por Erica Mattos (46 kg), Taynna Cardoso (57 kg), Adriana Araújo (60 kg) e Andreia Bandeira (69 kg). Taís Silva (48 kg) foi prata, e além de Roseli foram bonze Estela Soares (51 kg), Clelia Marques (54 kg) e Stephanny Carvalho (64 kg). Luiz Cardoso era o técnico da equipe que fez história no Boxe Feminino. É importante lembrar que foi em agosto de 2009 que o Comitê Olímpico Internacional confirmou o Boxe Feminino como esporte olímpico, mesmo que com apenas tres categorias de peso: 51, 60 e 75 kg, peso de Roseli.

Um mês após chegar do Pan em que foi bronze, Roseli disputou o brasileiro em Aracajú, onde enfrentou na final sua maior rival, Daniele Bastieri. Após uma luta empatada em 25 a 25, Roseli perdeu no desempate e ficou com a prata do campeonato nacional. Em 2010, Roseli ficou de fora do Jogos Sulamericanos de Medellin, sendo substituída por Andreia Bandeira, que conquistou o ouro. No brasileiro daquele em ano, em Aracaju, Roseli enfrentou a  recém campeã Sulamericana Andreia a e venceu por 13 a 9, sagrando-se bi-campeã Brasileira na categoria dos pesos médios. A categoria dos 75 kg era naquele momento uma das mais concorridas do Boxe Feminino, com Roseli, Andreia e Daniele no páreo, e por isso Roseli foi alçada para a categoria dos 81 kg para disputar o Continental Feminino que ocorreu naquele ano em Brasília. Feitosa sagrou-se campeã Continental após vencer a canadense Melinda Warpool por 11 a 3, e ganhou moral para disputar o Mundial em Barbados. A equipe brasileira foi novamente a grande campeã, mantendo o bom resultado de 2008 e configurando-se como a grande potência das Américas no Boxe Feminino.

Caminho ao título: Ao subir para os 81 kg, Roseli ficou mais a vontade, deixando a vaga dos 75 kg para Andreia Bandeira no Mundial de Barbados. Este era o primeiro campeonato Mundial a ser realizado desde que o Boxe Feminino fora anunciado como modalidade olímpica e portanto bateu o recorde de inscrições, com 306 atletas de 75 países. Em 2008, haviam sido “apenas” 48 países participantes. As representantes brasileiras eram Erica Matos (48 kg), Clélia Costa (54 kg), Tainá Cardoso (57 kg), Adriana Araújo (60 kg) e  Glauce Alves (64 kg), além de Adriana e Roseli. Os técnicos eram João Carlos Barros, Abel Bokovo e Danila Ramos.

No primeiro combate Roseli superou com facilidade Muhatia Mediatri Ques, do Quênia, por 22 a 2. Na quarta-de-final, luta que valia a  medalha de bronze, a brasileira teria um desafio muito maior do que a primeira adversária. Roseli iria enfrentar Selma Yagci, da Turquia, boxeadora que era tida como favorita já que derrotou anteriormente a representante da Rússia no Mundial. O resultado da luta pareceu inverter o favoritismo pré-luta: 16 a 3 para o Brasil. Já com a terceira colocação garantida, na semi-final Feitosa enfrentou a húngara Timea Nagy, que vinha de vitória sobre a Polônia e os Estados Unidos. Com cautela e maior velocidade do que sua adversária, Roseli sagrou-se vitoriosa novamente com o placar de 14 a 6, figurando como a única latino-americano a chegar nas finais desta edição do Mundial Feminino. Na grande final, a brasileira venceu pelo largo placar de 12 a 3 Marina Volnova, do Cazaquistão. Roseli chegou a aplicar duas aberturas de contagem em sua adversária, reflexo de sua superioridade no combate.

Com uma campanha impecável, vitórias convincentes contra boxeadores tidas como favoritas e superando boxeadoras muito mais experientes que ela, Roseli entrou para a história do Boxe nacional ao se tornar a primeira (e até agora única) brasileira a conquistar o título mundial. Sua medalha foi comemorada por todos aqueles que trabalharam para a evolução do Boxe Feminino no Brasil, desde os primeiros técnicos que trabalharam com o esporte com as mulheres até os profissionais que colaboraram diretamente com a campeã mundial.

Principais Títulos: Campeã Mundial, Bi-campeã Panamericana, Bi-campeã Brasileira, Bronze no Panamericano de Gaualajara (2011), Tri-campeã Paulista e Tri-campeão dos Jogos Abertos do Interior. Participou da Olimpíada de Londres em 2012.

Em 2011 Roseli foi campeã do Pré-Panamericano na Venezuela após vencer a Dominicana Yenebier Guilen por 15 a 7, (de quem perdeu no Panamericano no México) a venezuelana Francelis Carmona por 27 a 14 e, na final, a canadense Mary Spencer por 15 a 9. Spencer era a atual campeã mundial dos 75 kg e estava invicta fazia 7 anos, portanto era a franca favorita. A campanha de Roseli no Pré-Pan lhe rendeu o troféu de atleta mais técnica de todo o torneio, sem divisão de sexo, e também o troféu de atleta revelação do campeonato. Com o título, Roseli garantiu sua vaga no Panamericano de Guadalajara daquele ano.

Estilo: Com forte poder de punch, Roseli conquistou o maior êxito de sua carreira graças e sua grande mobilidade de pernas e velocidade, características em que era superior do que suas adversárias por estar lutando na “categoria de cima”. Roseli trabalha muito bem os golpes na linha de cintura e se defende muito com seus bloqueios.

Legado: A medalha de Roseli faz parte do “pacote” de grandes conquistas do Boxe Brasileiro entre os anos de 2010 e 2012. Em 2010 foram os títulos mundiais de Roseli e David Lourenço (Mundial Juvenil), em 2011, Everton foi campeão Mundial em Baku e Esquiva foi bronze, em 2012, vieram três medalhas Olímpicas (Prata de Esquiva, Bronze de Yamaguchi e Adriana). Apesar de os bons resultados terem ocorrido em apenas dois anos, eles são frutos de mais de uma década de investimento no boxe Olímpico brasileiro.

De personalidade forte, Roseli causou polêmica ao criticar publicamente o técnico da seleção brasileira Cláudio Aires em 2011, com graves acusações profissionais. O atrito foi controlado pelos dirigentes brasileiros e Roseli seguiu seu treinamento para o Mundial da China e os Jogos Olímpicos de 2012. Entretanto, seu rendimento extraordinário alcançado em 2010 nunca mais foi alcançado, e Roseli não foi bem nas outras grandes competições internacionais, todas lutando na sua categoria original, 75 kg. No Panamericano de 2011 em Guadalajara, México, perdeu na estreia para a dominicana Yenebier Guillen por 21 a 12 na semi-final, ficando com o bronze. No Pan Feminino do Canadá, em 2012, perdeu para a sensação Clarissa Shields, dos Estados Unidos, que sagraria-se campeã Olímpica meses depois. No Mundial da China em 2012, competiçao que daria a vaga olímpica somente para as 8 melhores colocadas, Roseli perdeu na estreia para Elena Vystropova do Azerbaijão, e teve que torcer para que sua algoz chegasse a final para que garantisse sua vaga olímpica. Nos Jogos Olímpicos, perdeu para Jinzi Li da China por 19 a 13 na primeira luta do torneio.

Mesmo não tendo mantido o aproveitamento dos anos anteriores, Roseli escreveu seu nome na história do Boxe Brasileiro ao sagra-se campeã Mundial, além de classificar-se para a primeira edição dos Jogos Olímpicos em que o Boxe foi disputado pelas mulheres. Juntamente à ela, estavam Erica Matos (51 kg) e Adriana Araújo (60 kg). Roseli colaborou para transformar o Boxe Brasileiro Feminino em uma potência mundial, situação que ocupamos hoje em dia.

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