de Inverno (Foto: Getty Images)
Imagine descer às escuras e em alta velocidade uma montanha de neve, mesmo com um guia à frente dando orientações. E cegos atirando? Pois o que pode parecer impensável faz parte, respectivamente, do esqui alpino e do biatlo das Paralimpíadas de Inverno, cuja 11ª edição começa nesta sexta-feira, em Sochi, com a cerimônia de abertura no Estádio de Fisht – o SporTV transmite a partir das 13h de Brasília.
Agora imagine o curling, notabilizado no Brasil por Ana Sidorova e o grupo Molejo, justamente sem a vassoura, pois é disputado sobre cadeira de rodas. E o hóquei no gelo com a mesma intensidade, só que sobre o trenó. A neve já não cobre tanto as montanhas do balneário russo como em fevereiro, mês das Olimpíadas de Inverno, mas ainda é suficiente para nove dias de competição entre 585 atletas de 44 países nas 72 provas de cinco modalidades – três na neve e duas no gelo. E mais: após sete participações nos Jogos convencionais, o Brasil debuta na competição com dois atletas: Fernando Aranha, no esqui cross country, e André Cintra, no snowboard.
Saiba quais são os esportes das Paralimpíadas de Inverno e suas diferenças para os olímpicos:
Esqui alpino
São seis categorias – downhill, super-G, super combinado, slalom gigante, slalom e o estreante snowboard – e 32 modalidades. Atletas com deficiência visual parcial ou total descem as montanhas orientados por guias que vão à frente passando as orientações pelo rádio. Também há provas para deficientes nos membros inferiores, que competem em monoesquis ou próteses, e para deficientes de membros superiores.
No snowboard paralímpico apenas atletas com deficiência nos membros inferiores participam. Apesar dos amputados do joelho para baixo levarem vantagem sobre os amputados do joelho para cima, como o brasileiro André Cintra, todos competem juntos. Assim como no snowboard convencional, a maioria dos atletas é proveniente dos X Games.
O esqui alpino é o esporte mais antigo das Paralimpíadas de Inverno – está desde a primeira edição, em 1976, na cidade sueca de Ornskoldsvik. Alemanha, Canadá e Eslováquia travaram uma disputa equilibrada em Vancouver 2010.
Curling em cadeira de rodas
Como a vassoura fica fora, é preciso ainda mais precisão para empurrar a pedra de quase 20kg até o alvo. Homens e mulheres competem juntos. O esporte estreou em 2006 e tem o Canadá como único vencedor. A Suécia aparece como principal oponente dentre as dez equipes - no mundial de 2013 foi derrotada pelos favoritos por um ponto.
Hóquei no gelo sobre trenó
Deficientes dos membros inferiores se movimentam em trenós. Os jogadores utilizam dois tacos (ou sticks) para baterem no puck – o disco de borracha vulcanizada – e para impulsionar o trenó. Assim como no hóquei convencional, são seis jogadores para cada lado. A duração das partidas é menor: em vez de 20 minutos, cada um dos três períodos dura 15. Os encontrões são tão frequentes quanto o hóquei original. Os favoritos dentre os oito times são os Estados Unidos, atuais campeões olímpicos e que contam com dois adolescentes de 15 e 16 anos; o Canadá, campeões mundiais; e os anfitriões russos, terceiros do ranking.
Esqui cross country
É classificado em três tipos distribuídos em 20 provas. Para atletas sentados, com deficiência nas pernas ou no tronco; de pé, para deficiência em uma perna ou um braço; e para deficientes visuais – cegos ou com restrição visual, acompanhados de guias que transmitem as direções. São provas de velocidade, média e longas distâncias, assim como de equipes. Os russos dominaram o esporte em Vancouver 2010 e devem repetir a performance em casa. Uma participação curiosa será a do canadense Brian McKeever, deficiente visual. Sete vezes campeão paralímpico, ele quase conseguiu vaga para as Olimpíadas de Sochi. O brasileiro Fernando Aranha compete em três provas: 1km, 10km e 20km.
Biatlo
Possui as mesmas classificações do esqui cross country, com algumas peculiaridades. Os deficientes visuais atiram com óculos equipados com sensores eletro-acústicos. Antes de pegarem os rifles, eles colocam um fone no ouvido. O volume aumenta à medida em que o alvo se aproxima. Em relação à modalidade convencional, apenas os atletas que competem em pé carregam seus rifles. Nas outras categorias, as armas ficam penduradas na linha de tiro, cuja posição é sempre a deitada para todos. O domínio é russo.
Comparativo: Olimpíadas x Paralimpíadas de Inverno de Sochi
OLIMPÍADAS | PARALIMPÍADAS | |
---|---|---|
Países | 89 | 44 |
Atletas | 2.850 | 585 |
Esportes | 15 | 5 |
Provas | 98 | 72 |
Voluntários | 25.000 | 25.000 |
Jornalistas | 13.500 | 550 |
*O repórter viajou à convite do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)