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Copa 2014, Brasil classificado: show de Neymar

Antes de falar da vitória brasileira por 4 a 1 sobre Camarões, que valeu o primeiro lugar no grupo A, vale um breve registro sobre o segundo jogo da Seleção, o empate sem gols com o México. O temor se instalou em boa parte dos torcedores — corneteiros entre eles –, como se os chapolins fossem o Íbis dessa Copa. Talvez muita gente não se lembrasse — ou não soubesse, como Mário Sergio Conti… rs — que os mexicanos sempre engrossaram o jogo nos últimos anos. O sufoco que a Argentina passou para vencer o Irã e o empate da azeitada Alemanha com Gana, somados à vitória mexicana sobre a Croácia, ajudaram a mostrar que não vai ser fácil pra ninguém. Agora sim, vamos às notas sobre o triunfo dessa segunda (23/jun):

Neymar, maduro
O camisa 10 brasileiro tem completa noção de sua liderança técnica. E provou isso quando a partida se mostrou difícil, após o empate camaronês — já havia feito o primeiro, após excelente roubada + assistência do indispensável Luiz Gustavo. Seu segundo gol levou tranquilidade para o vestiário. Para os anais deste Mundial, Neymar concedeu preciosos segundos de imagens de malabarismo objetivo, vertical. Até o momento artilheiro da competição, é sério candidato a Bola de Ouro se conseguir avançar com seus colegas até a decisão.

Justiça para Fred
A bola praticamente não havia chegado ao camisa 9 depois de quase 230 minutos jogados. Cobraram mais movimentação, que ele se oferecesse para a tabela. Isso de fato ocorreu, Fred roubou bolas, fez pivô — participou da tabela do quarto gol — e foi finalmente bastante notado. Mas sua função primeira pela Seleção é estar dentro da área na hora certa, afinal, ele fede a gol. A bola veio (de David Luiz!) e fez justiça ao bom centroavante brasileiro, que ainda poderá ser decisivo. Pode anotar.

Luiz Gustavo
Elegi o volante do Wolsfsburg o melhor em campo na estreia contra a Croácia. Desta vez, chegou a ser desarmado, o que é raro, mas seguiu como um onipresente homem de marcação, que se multiplica na cobertura dos laterais. E ainda consegue contribuir na armação das jogadas. A assistência para o primeiro gol de Neymar coroou sua eficiência.

Força, Paulinho
Que o ex-corintiano não está bem, é fato. Mas já foi decisivo em 2013 e tem crédito. Não para continuar titular, Fernandinho realmente entrou fazendo a diferença e merece a vaga. Mas para não ser jogado para o canto do banco. Talvez ainda chegue sua hora — pode ser Paulinho, em outra ocasião, a entrar e mudar uma partida.

SE…
É como dizem, o SE não joga. Mas serve, sim, como exercício. Afinal, todos comentamos futebol a partir de consequências. E como é um esporte imprevisível, um mesmo desempenho pode ser positivo ou negativo a partir do resultado. Explico: SE Ochoa não tivesse operado pelo menos dois milagres no empate com o México, o Brasil teria construído um placar convincente e o chororô seria infinitamente menor. Mais: SE Paulinho tivesse conseguido concluir na primeira jogada de ataque contra Camarões (foi travado), talvez tivesse a partir dali criado confiança para crescer em campo. O camisa 8 esteve na área, como fora cobrado, nessa ocasião e logo após o gol camaronês (novamente travado na hora do chute).

Chile
Se vale o raciocínio que o jogo mexicano encaixa com o brasileiro, vale o mesmo no duelo das oitavas. O Brasil sabe como enfrentar o Chile. Goleou nas oitavas das Copas de 1998 (4 a 1) e 2003 (3 a 0) e também na longínqua semifinal de 1962 (4 a 2). Na Copa América de 2007, mais duas sapatadas (3 a 0 e 6 a 1). Nas Eliminatórias para 2010, idem (3 a 0 e 4 a 2). Nos últimos amistosos, em 2013, mais equilíbrio (2 a 2; 2 a 1). Um retrospecto recente tão positivo que resulta em uma invencibilidade de 14 anos. Nada que não possa se evaporar numa tarde feliz de Vargas e cia. Mas o favorito é o Brasil de Neymar.

Fotos: Fifa via Getty Images

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Copa 2014, dia 1: Brasil de Neymar, mas também de Luiz Gustavo, venceu

O Canhota 10 não poderia ficar de fora da Copa! O foco é Bauru, seguimos de olho no esporte local, mas ficar sem opinar sobre a maior competição do universo, pra um jornalista esportivo, é dose — em 2010, fui colunista do Bom Dia Bauru. Após a estreia do Brasil (vitória por 3 a 1), comento em notas, pra ser breve e não me perder entre tanta coisa que deu vontade de falar. Vamos lá:

Gigante adormecido
Registraram-se manifestações com centenas de pessoas. Muito longe das milhares de um ano atrás. Como diz um amigo meu, o gigante só vai acordar pra ir comprar cerveja. Eu sou contra a Copa no Brasil desde que foi anunciada e escrevi a respeito, fazendo minha parte. Foi no jeitinho, não precisava ser adivinho. E é bom deixar claro que seria assim com petistas ou tucanos no poder. Mas, agora, a inês é morta, o negócio é olhar a metade cheia do copo, receber bem os gringos e chiar depois, nas urnas, cada um com sua opinião, exercendo sua cidadania. Aliás, já causei o suficiente no Facebook, mostrando minha indignação com o fato de brasileiros ofenderem sua chefe de estado. O post é este aqui e quem quiser comentar lá, a democracia está aí pra isso.

Abertura normal
Em tempos de redes sociais, a cornetagem rola solta. Acharam a festa de abertura fraca. Não foi melhor nem pior do que as anteriores. Memória curta ou desconhecimento da turma: festa de abertura de Copa sempre é simples, não se compara com Olimpíadas. O espetáculo é o jogo. Mesmo assim fomos brindados com a beleza de Jennifer Lopez, que sambou na nossa cara até o queixo desmoronar. Os que cornetam a abertura devem ser os mesmos desinformados que fizeram chacota e protesto contra quem se tornou voluntário na Copa, uma praxe desse evento e dos Jogos Olímpicos desde sempre, em qualquer país. Sinônimo de intercâmbio, aprendizado. Bom, chega de falar de bastidores, de chateações.

Felipão mexeu na prancheta
Todos esperando um esquema tático com Hulk na direita, Neymar na esquerda e Oscar no meio. Pois Hulk passou quase todo o primeiro tempo pela esquerda, Oscar caiu pelo outro lado. Eles variaram, é verdade, mas Neymar esteve sempre pelo meio. E dessa posição recebeu o passe de Oscar para empatar a partida — a Croácia abriu 0 a 1 nas costas de Daniel Alves, em gol contra de Marcelo. O camisa 6 está sendo alvo de várias piadas, mas rir de si mesmo, isso sim, faz parte do fair play. Na segunda etapa, Neymar começou a cair pela esquerda, Hulk ficou centralizado e se poupou de arrancadas (já dando mostras de desgaste físico) e Oscar fez um inferno na defesa croata pela direita. O treinador também foi bem nas substituições.

Luiz Gustavo, o cara
Todos celebraram Neymar e seus dois gols e o partidaço de Oscar — belo gol do camisa 11, o terceiro. Mas o melhor em campo, pra mim, foi Luiz Gustavo. Posicionado quase como terceiro zagueiro — uma versão 2014 de Edmilson, o homem da sobra no penta –, o camisa 17 não errou um bote, deu passes precisos, deu excelente proteção à defesa brasileira. Taticamente perfeito.

Paciência com Fred
Costumo dizer que Fred não tem faro de gol. Fred fede a gol! A hora dele vai chegar. Na estreia, a bola não chegou. Quando chegou, ele cavou o pênalti que gerou o gol da virada, de novo com Neymar — mal batido, diga-se. Se o juiz errou, é outra história. Com a partida decidida, a Croácia se abriu e ele conseguiu trocar bons passes com Bernard e Oscar.

Neymar pronto
Ele já havia provado do que é capaz na Copa das Confederações. Não tem medo da responsabilidade e sabe que é a liderança técnica desse time. Abraçou um por um os colegas, antes de entrar em campo, motivando-os. Empatou em momento crucial do jogo. Bateu o pênalti. Mostrou o cotovelo pra cara feia — e ficou pendurado com amarelo. Neymar é o cara.

Júlio César
Foi cada batata quente chutada no gol do Brasil e Júlio César correspondeu, como eu já esperava. Aliás, ainda não entendo, depois do que fez nas Confederações, porque tanta desconfiança no camisa 12. Tudo bem: Taffarel sofreu da mesma cisma durante três Copas, mas hoje muita gente o reconhece como o maior da história da Seleção, superando Gylmar. O tempo dá conta de tudo.

Foto: Buda Mendes/Getty Images for Sony

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Gorduchina 2014: eu apoio

Estive há algumas semanas na abertura da exposição dos quadros de Osmar Santos — estava devendo o registro aqui — e o fotógrafo Renan Casal clicou esse meu encontro com o ícone do rádio esportivo (no Espaço Cultural Leônidas Simonetti, da 94FM). Foi muito bacana vê-lo de perto, sentir que é um cara alto-astral e que tira de letra suas limitações. E como escrevi na coluna da semana, a ideia do nome Caramuri (fruta amazônica que amadurece de quatro em quatro anos) é muito boa, mas a homenagem, a reverência a quem é e quem foi Osmar Santos tem um peso forte. Eu apoio. E você?

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Canhota 10 estreia coluna em Ituiutaba

Caderno Mais Esporte do jornal Mais Notícia traz entrevista exclusiva com Deivid, do Flamengo

A partir desta semana, o Canhota 10 passa a atuar em mais um veículo. Além deste site e da coluna ‘Papo de Futebol’ no jornal Bom Dia Bauru, passo a assinar espaço também no caderno Mais Esporte do semanário Mais Notícia, de Ituiutaba-MG, minha cidade natal.

Agradeço o espaço cedido pelo empreendedor Valteir Dutra, abraço meus novos leitores e comemoro meu retorno à mídia tijucana depois de oito anos.

O carro-chefe do espaço – uma página inteira, no formato tabloide – será o Boa Esporte Clube. Apesar de sediado hoje em Varginha, é sabido que muitos ituiutabanos ainda acompanham seu time de coração, o Tricolor da Fazendinha. Na coluna de estreia, decifro o esquema tático do Boa e repercuto declarações da diretoria e do prefeito de Ituiutaba a recentes reportagens sobre o imbróglio Ituiutaba-Varginha.

Há também entrevista exclusiva como centroavante Deivid, do Flamengo, que comenta sua boa fase – e a do Rubro-Negro. Logo estará publicada também neste espaço. Espero que os leitores gostem da novidade.

Abaixo, os patrocinadores que acreditaram no projeto em sua primeira semana (obrigado!). Aqui no Canhota 10, sempre na seção Ituiutaba, repercutirei assuntos ligados a minha atuação no Mais Esporte.

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Como o novo estádio corintiano se tornou palco de 2014

Maquete do Fielzão: o metrô, pelo menos, já está lá. Mas a Radial Leste é um transtorno e a rede hoteleira é precária na região...

A história rende um livro, fácil. Desde que o Brasil foi anunciado como sede da Copa do Mundo de 2014, as idas e vindas do Morumbi como sede paulista foram dignas de roteiro de novela. Pudera: o primeiro projeto, convenhamos, era bem fraquinho. Parecia desleixo ou arrogância. O clube dono do maior estádio particular do Brasil e hegemônico no futebol brasileiro, na ocasião, dava a entender que o Morumbi precisava de poucos ajustes. Engano: a grande maioria dos palcos brasileiros está totalmente fora dos padrões Fifa.

Morumbi 2014: o primeiro projeto (fraco, no improviso), à esquerda. O novo, mais caprichado, veio em cima da hora - e não havia mais tempo, as cartas já estavam marcadas

Homens da Fifa vieram bastante a São Paulo vistoriar, recomendar, solicitar mudanças. O clube tinha seu teto de investimento e não abria mão dele. O vaivém irritava. Até que o Tricolor se opôs à CBF na eleição do Clube dos 13. Foi a senha para ser fritado.

Ao mesmo tempo, o Corinthians se aproximava da CBF como nunca. Andrés Sanchez apoiou Kleber Leite, o candidato de Ricardo Teixeira. Foi escolhido chefe da delegação brasileira na Copa da África do Sul. Especula-se sua influência na contratação de Mano Menezes como treinador da Seleção. Em paralelo, intermináveis capítulos do estádio próprio corintiano, assunto de décadas de piadas de dezenas de maquetes.

Diante desse cenário, a Arena Palestra parecia a grande hipótese. O Parque Antarctica já fechado para obras, construtora definida, projeto na planta. Emperrou em burocracias, porém, e perdeu forças. Aí veio a dupla Goldman/Kassab (governador/prefeito da aliança PSDB/DEM). O primeiro indício de que o Corinthians ia se dar bem na história: estádio + centro de convenções em Pirituba, com dinheiro estatal, mas o Timão de olho na gestão do espaço, a exemplo do que o Botafogo faz no Engenhão. A Fifa brecou.

Uma semana antes da grande novidade, o presidente corintiano não se contém. Afirma em evento universitário que sua grande missão é evitar que o Morumbi sedie a Copa de 2014. Horas depois da grande repercussão, solta nota oficial afirmando ter sido piadinha, que torce pelo estádio tricolor. Pura ironia.

Resta saber se o presidente Lula também foi irônico e dissimulado ao defender o projeto do Morumbi por tanto tempo ou se, realmente, lutou o quanto pode pelo estádio. A verdade é que, com o palco são-paulino fora da Copa, bastou lançar mão de seu prestígio para convencer a Oderbrecht a encarar o desafio de Itaquera. O Fielzão, parece, vai mesmo sair do papel. E já é o estádio para a Copa sem a CBF nem mesmo ter visto o projeto, segundo o próprio Andrés Sanchez. “O Corinthians foi escolhido porque tem credibilidade. Muita gente pode não acreditar, mas nós temos”, disse à Folha de S. Paulo.

Apesar de essa novela estar perto do fim, haverá próximos capítulos. Quem viver, verá.