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    Aos 38, Sheilla Castro se despede das quadras e pretende ajudar outros atletas

    Em entrevista à CNN Brasil, a bicampeã olímpica de voleibol e agora treinadora do Minas Tênis Clube fala sobre legado dentro e fora dos ginásios

    Ludmila Candalda CNN

    Em São Paulo

    Talento, entrega, persistência e paixão. Essas quatro palavras resumem a carreira vitoriosa da jogadora Sheilla Castro, 38 anos, bicampeã olímpica e com uma vida toda dedicada ao voleibol. Após 25 anos dentro de quadra atuando como oposta, Sheilla encerrou a carreira como jogadora no último dia 9 atuando na Athletes Unlimited, liga profissional dos Estados Unidos, como capitã do Blue Storm.

    Com seu DNA de campeã, Sheilla protagonizou momentos históricos na conquista dos dois ouros olímpicos pelo Brasil nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, e Londres, em 2012, sob o comando do técnico José Roberto Guimarães. Em 2012, a oposta da seleção cravou seu nome para sempre na história do esporte brasileiro. De seis match points no jogo contra a Rússia nas quartas de final, Sheilla salvou cinco deles. Algo que exigiu muito preparo mental e psicológico, que agora deseja atuar na preparação de outras atletas.

    “Eu sempre dei muita importância para o lado mental, apesar de na minha época não ser muito falado sobre o tema. Se alguma [atleta] tinha algum problema mental era vista até como fraca. Acho que essa é uma área que dentro do esporte a gente pode trabalhar e melhorar muito, inclusive dentro do vôlei. Então é isso eu quero ajudar outras jogadoras”, conta.

    Ainda sobre o lado psicológico fora das quadras, Sheilla relembrou um dos momentos mais difíceis da carreira –quando descobriu, em 2012, o câncer terminal da avó, com quem morou desde criança na capital mineira, Belo Horizonte. “Nenhum problema nunca tinha tirado meu foco ou minha alegria dentro de quadra, o que eu acho que sempre foi uma marca registrada minha. Meu irmão, em uma ligação, me fez virar essa chave. Eu acordei para isso e falei ‘eu não posso deixar atrapalhar, não’. Eu não vou deixar de sofrer com a minha avó, porque isso não aconteceu, mas isso fez eu perceber que eu consigo ser a Sheilla jogadora e a Sheilla pessoa”.

    Legado

    Dona de duas medalhas de ouro olímpicas, duas pratas e um bronze em campeonatos mundiais e outros sete ouros em Grand Prix, Sheilla diz o que mais a deixa feliz e grata é o poder que a carreira teve em inspirar e impactar outras pessoas. “Já recebi mensagens até em DM [mensagem direta, na tradução] de Instagram e Twitter falando: ‘obrigada, você me tirou da depressão’. É uma responsabilidade muito grande. Mas é uma felicidade poder falar que eu consegui ajudar. Claro que eu sou feliz com as minhas medalhas, mas essas marcas me deixam feliz de pensar minha carreira inteira.”

    Sheilla Castro em 2002, durante sua passagem pelo MRV Minas
    Sheilla Castro em 2002, durante sua passagem pelo MRV Minas / Divulgação/Minas Tênis Clube

    Transição da carreira

    Com a despedida oficial como atleta, Sheilla agora retorna à Belo Horizonte e ao Minas, seu time do coração, para atuar na comissão técnica da equipe principal do clube. Sheilla será embaixadora do Programa Trainee Técnico-Gerencial Minas Tênis Clube, uma iniciativa que pretende capacitar ex-atletas para continuarem atuando no esporte de alto rendimento, tanto como membros das comissões técnicas quanto na área de gestão esportiva. “Meu primeiro passo com certeza é na direção de ajudar jovens jogadores do Brasil a performar na alta performance”, pontua.

    Mãe de gêmeas

    Em 2019, com o nascimento das gêmeas Liz e Ninna, Sheila precisou conciliar os jogos e treinos com os cuidados das filhas –o que fez a atleta ponderar o momento de encerramento da carreira para dedicar-se à educação delas.

    “Elas têm uma parcela grande na decisão de me aposentar, mas não quero que elas nunca achem que a culpa é delas. Se um dia elas verem isso futuramente, digo que foi uma decisão muito consciente porque foi uma escolha minha ser mãe. O fato de decidir nesses últimos dois anos jogar numa liga mais curta foram as minhas filhas, foi ficar mais tempo com elas. Se eu conseguir conquistar tudo que eu conquistei no vôlei, foi pela dedicação que eu tive assim 100%. Eu vivi o voleibol integralmente e, depois das minhas filhas, não consegui mais fazer isso. Eu dividia minhas filhas entre eu e o vôlei”, declara.