<
>

Como 65% do elenco da Suíça poderia disputar Copa por até 13 países diferentes

A Suíça já roubou todas as atenções nesta Copa do Mundo ao misturar a política com o futebol na vitória de virada para cima da Sérvia, com Shaqiri e Xhaka comemorando seus gols fazendo com as mãos a águia que simboliza a Albânia. Mas essa foi só a ponta do iceberg que é a miscigenação do elenco suíço, de longe o mais diversificado de toda a competição.

Ao todo, 15 jogadores (ou mais de 65% de todo o elenco) poderiam defender outra seleção. E são 13 países diferentes nesta conta. São oito atletas que não nasceram no país e mais sete com descendências das mais diversas.

O elenco suíço tem cinco africanos: três camaroneses (o goleiro Yvon Mvogo, o lateral François Moubandje e o atacante Breel Embolo), um costa-marfinense (o zagueiro Johan Djourou) e um cabo-verdiano (o também meio-campista Gelson Fernandes).

Os outros três estrangeiros nasceram na então Iugoslávia. Mas cada um deles tem uma história e até diferentes seleções que poderiam escolher.

Xherdan Shaqiri e Valon Behrami nasceram onde hoje é o Kosovo e poderiam, portanto, defender a seleção do país, que participou pela primeira vez das últimas eliminatórias da Copa. Ambos, porém, também tem descendência albanese – como boa parte do povo kosovar -, o que os daria também o direito de defender a Albânia.

Já Blerim Dzemaili nasceu onde hoje está a Macedônia – e também é de uma família albanesa.

Granit Xhaka tem situação bem parecida com as de Shaqiri e Behrami. A diferença é que ele nasceu, de fato, na Suíça. Mas é descendente de pais que vieram da região onde hoje é o Kosovo. Seu irmão, Taulant Xhaka, até defende a seleção da Albânia.

São mais três descendentes da antiga Iugoslávia, curiosamente todos no setor de ataque. Mas, de novo, com histórias diferentes.

Haris Seferovic é filho de pais bósnios, enquanto Josip Drmic tem origem croata. Já Mario Gavranovic mistura os dois: filho de pais croatas que viviam na região onde hoje é a Bósnia – e, por isso, poderia defender qualquer uma das seleções.

Há ainda mais dois descendentes africanos. O zagueiro Manuel Akanji é filho de pai nigeriano, enquanto o meio-campista Denis Zakaria tem mãe nascida no Sudão do Sul e pai no Congo.

O último caso é o do lateral-esquerdo Ricardo Rodríguez, filho de pai espanhol e de mãe chilena.

E em meio a isso tudo, o técnico escolhido para comandar o time é Vladimir Petkovic, nascido também na Iugoslávia, onde hoje está a Bósnia, com descendência sérvia e naturalizado suíço.

“Conseguimos juntar diferentes culturas, diferentes talentos, diferentes ideologias e isso é algo que nos ajuda a jogar um futebol realmente bom. Temos um time em que a química é certa, um time que realmente funciona junto. Então acho que isso é uma garantia de sucesso”, diz o comandante.

Assim, são apenas oito os jogadores que não têm nenhuma descendência direta: os goleiros Yann Sommer e Roman Burki, os defensores Stephan Lichtsteiner, Michael Lang, Nico Elvedi e Fabian Schar e os meio-campistas Remo Freuler e Steven Zuber.

Neutra em todas as guerras, a Suíça sempre foi um dos países do mundo mais abertos a estrangeiros. Foi assim que recebeu boa parte da população que sofria com a guerra de independência da Iugoslávia. Há dois anos, estimava-se que 25% dos 8,3 milhões de suíços era formada por estrangeiros.

Curiosamente, porém, o futuro pode trazer uma seleção suíça bem menos diversificada para as próximas Copas. Isso porque, como todos os países do mundo, a Suíça passou a ser menos flexível para receber imigrantes e está dificultando mais até a entrada de refugiados, algo impensável em um passado não tão distante.

Por enquanto, porém, os estrangeiros vão a campo para tentar levar o time ainda mais longe nessa Copa do Mundo. A Suíça enfrenta a Suécia às 11h (de Brasília) desta terça-feira, em São Petersburgo, pelas oitavas de final da competição.

Os jogadores que poderiam defender outras seleções

Yvon Mvogo, goleiro – Camarões
Johan Djourou , zagueiro – Costa do Marfim
Manuel Akanji, zagueiro – Nigéria
Francois Moubandje, lateral-esquerdo – Camarões
Ricardo Rodriguez, lateral-esquerdo – Espanha ou Chile
Gelson Fernandes, meio-campista – Cabo Verde
Denis Zakaria, meio-campista – Sudão do Sul ou Congo
Blerim Dzemaili, meio-campista – Maceodônia ou Albânia
Valon Behrami, meio-campista – Albânia ou Kosovo
Xherdan Shaqiri, meio-campista – Albânia ou Kosovo
Granit Xhaka, meio-campista – Albânia ou Kosovo
Haris Seferovic, atacante – Bósnia
Breel Embolo, atacante – Camarões
Mario Gavranovic, atacante – Bósnia ou Croácia
Josip Drmic, atacante – Croácia