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Chelsea: Thiago Silva deixa PSG para trás, desafia o tempo e já causa impacto imediato na Premier League

O passe de Mateo Kovacic veio fraco, fácil de ser dominado. Thiago Silva tentou controlar a bola já olhando para frente, em busca de um companheiro para o toque seguinte. A bola escapou. Quando o zagueiro brasileiro percebeu, se jogou no gramado do Hawthorns e ainda tentou o desarme em Callum Robinson. Em vão.

Robinson fez 2 a 0 para o West Bromwich aos 25 minutos e pouco depois Kyle Bartley ampliou. Era o 2º jogo de Thiago Silva pelo Chelsea, o 1º como capitão. Os Blues buscaram o empate na segunda etapa, já sem Thiago nos últimos minutos, substituído por Olivier Giroud.

No Brasil, imediatamente, os haters do jogador brasileiro vociferaram nas redes sociais. Na partida anterior, a estreia de Thiago pelo Chelsea, goleada por 6 a 0 sobre o Barnsley pela Copa da Liga inglesa, o zagueiro foi um dos mais elogiados pela imprensa inglesa, mesmo tendo atuado por somente 60 minutos.

O anúncio da contratação de Thiago Silva aconteceu em 28 de agosto e, menos de um mês depois, ele já estava em campo com a mítica camisa azul do clube londrino, em Stamford Bridge. Exemplo de profissional no dia a dia por onde passa, o veterano atleta, que completou 36 anos no último 22 de setembro, tem surpreendido até mesmo os analistas mais experientes em Premier League. A imediata e rápida adaptação ao melhor campeonato nacional de clubes tem sido incrível.

A falha na segunda partida foi apenas um acidente de percurso. Thiago chegou ao Chelsea para ser um dos líderes do vestiário de um jovem e promissor time. Contra o Barnsley, atuou ao lado de Fikayo Tomori, 14 anos mais novo. A dupla titular tem sido formada por ele e Kurt Zouma, uma década mais jovem. A personalidade tranquila, o carisma entre os companheiros e, acima de tudo, o profissionalismo têm sido fundamentais no reconhecimento de sua liderança.

A popularidade com o elenco ficou evidente na comemoração de seu primeiro gol, o terceiro do Chelsea na vitória de 4 a 1 sobre o Sheffield United, em 7 de novembro. Muita felicidade na reação dos dos jogadores, e se analisarmos com cuidado, é possível ver Reece James correndo para o abraço com o grupo cantando “Ôôôô... Thiago Siiiilva”, no ritmo da música "Seven Nation Army", da banda White Stripes.

"Você vê de longe porque ele tem sido um dos melhores do mundo. Ele constantemente fala comigo durante os jogos, me ajudando no posicionamento, me orientando e garantindo que fale comigo antes, durante e depois das partidas. Tudo isso soma demais e melhora as atuações", afirmou recentemente James.

O canto de Reece James é inspirado em um momento marcante do maior festival de música da Inglaterra no ano passado. Para quem não se lembra, durante o show do rapper Dave, um dos mais famosos do país, no Festival de Glastonbury, uma performance viralizou. Dave, que é de de Brixton, região sul de Londres, compôs uma música chamada "Thiago Silva", que abre com o canto. Na hora do show, chamou um fã que estava na multidão, vestido com a camisa do zagueiro no PSG, para cantar. Posteriormente, Thiago se encontrou com o jovem e afirmou ter se emocionado com a homenagem.

Reconhecimento do chefe

Reece, Dave e Alex não são os únicos fãs ilustres na Inglaterra. Em entrevista exclusiva à ESPN, o técnico Frank Lampard expressou toda sua devoção a Thiago.

"Eu o amo porque amo sua carreira. Sucesso não vem fácil, vem com trabalho duro. Agora que o vejo de perto, percebo seu enorme talento e profissionalismo no dia a dia. Está com 36 anos e entendo que precisa administrar isso. Quando surgiu a oportunidade de trazê-lo, foi uma decisão fácil pra mim. A parte mais difícil foi persuadi-lo a vir para cá, mostrar a história do que estamos fazendo e que precisávamos da experiência dele em um time jovem. Sabia que ele poderia nos ajudar muito. Os únicos riscos são as lesões ou o fato de ter que jogar regularmente, mas falamos com pessoas próximas ao Thiago, em Paris. Toda resposta sempre foi a mesma: profissional fantástico, homem de família, muito talento. Tudo isso junto minimiza os riscos, e no momento está jogando fantasticamente bem", disse o ex-meio-campista, que chegou a enfrentar o defensor brasileiro.

A comunicação também não é um problema, apesar de Thiago Silva não dominar o inglês. Entende muito bem, mas não consegue se expressar com facilidade. Problema que não existe em sua casa, onde os filhos Isago e Iago, cujos nomes têm origem nos pais (Thiago e Isabelle), são fluentes na língua inglesa, já que estudavam em uma escola internacional em Paris.

"Ele não fala o idioma, mas, neste momento, isso não é um problema porque sua presença e a forma como comanda as pessoas ao redor já ficaram claras nos treinamentos e nos jogos. Isso começa com comunicação. Estou muito feliz de poder conversar com o Thiago, apesar ainda de não ser em inglês. Precisamos de um tradutor, mas ele sempre está muito disposto a conversar comigo e seu companheiros. Já o descansamos em alguns jogos, no período entre as partidas, essa é uma parte importante do meu trabalho, manter a comunicação aberta. Acredito nele", explicou Lampard.

Jorginho é quem colabora com Thiago no dia a dia com o inglês básico do futebol. A língua portuguesa, nesse caso, ajuda, mas o francês tem sido mais importante, pelas presenças de Edouard Mendy, Kurt Zouma, N'Golo Kanté, Olivier Giroud e até mesmo César Azpillicueta, que jogou por muito tempo no Olympique de Marselha.

A história de Thiago Silva na Inglaterra não tem precedentes na Premier League entre zagueiros. Pouquíssimos defensores renomados chegaram tão experientes. Marcel Desailly saiu do Milan para o Chelsea em 1998 aos 30 anos. Laurent Blanc é o caso mais parecido, quando trocou a Inter de Milão pelo Manchester United, de Alex Ferguson, com 35 anos. O desempenho do capitão da seleção francesa, porém, não foi bom.

Definitivamente, a chegada de Thiago não se encaixa no perfil de contratações do Chelsea pela idade do atleta. O jovem Declan Rice, do West Ham, era um objetivo, mas o clube já havia gastado muito com seus novos meio-campistas e atacantes. Kai Havertz custou 80 milhões de libras pagas ao Bayer Leverkusen, Timo Werner mais 53 milhões enviados ao RB Leipzig e Hakim Ziyech chegou do Ajax por 40 milhões. Tudo isso sem falar em Ben Chilwell (50,2 milhões de libras) e o próprio goleiro Mendy (24 milhões, ex-Rennes), contratação emergencial pelas atuações ruins de Kepa Arrizabalaga.

Quando o Chelsea percebeu que Thiago Silva estaria disponível a custo zero de transferência, imediatamente ele se tornou uma enorme oportunidade de mercado, uma solução pragmática para a defesa. Lampard gostou da ideia de ter alguém com tanta experiência, mas todos no clube sabiam que era uma aposta. Jamais pela qualidade do jogador, mas pela idade avançada. Thiago chegou em excelente forma física e impressionou nos primeiros treinos. Para o jogador, nada fora da normalidade: ele tira no máximo quatro ou cinco dias de férias absolutas. Em todos os outros, segue um trabalho de preparação física e nutrição para chegar bem preparado à pré-temporada; Thiago Silva nunca bebeu ou fumou.

A saída de Paris

O empresário israelense Pini Zahavi foi quem fez o primeiro contato pelo Chelsea. Ele procurou o advogado Marcos Motta, que conversou com Paulo Tonietto, empresário do atleta. A partir daí, tudo se desenvolveu muito rapidamente, e com um detalhe ainda não revelado: o acerto com o Chelsea já estava praticamente feito um mês antes da final da Champions League. Ninguém, além das pessoas envolvidas na negociação, sabia.

Thiago Silva queria permanecer em Paris, defendendo o PSG. Eram oito anos na equipe parisiense, ídolo da torcida, um dos maiores jogadores na história do clube. Além disso, toda sua família estava plenamente adaptada à vida na França. Não eram os planos, porém, do Paris Saint-Germain.

Em dezembro, Leonardo, diretor técnico do PSG, informou Paulo Tonietto sobre a intenção de adiar as negociações de renovação com Thiago. A partir daí, o empresário já começou a suspeitar que não haveria uma nova oferta. Demorou mais quatro meses para Leonardo informar ao atleta e a seu estafe sobre a decisão de não fazer outro contrato com o zagueiro.

O PSG diz que não foi fácil, mas tomou a decisão de não oferecer um novo contrato pensando no futuro do clube que tem Presnel Kimpembe e Marquinhos pedindo espaço na zaga. Leonardo foi quem levou Thiago para o Milan e depois também ao PSG, mas o ciclo estava chegando ao fim, e ele não bancou a permanencia do brasileiro.

Não era a decisão que Thiago queria, mas ele manteve a rotina profissional e total dedicação ao clube. Com a pandemia e a paralisação do futebol na França, a dúvida imperou sobre como seria encerrada a temporada. O PSG ficou com o título da Ligue 1 e passou a se preparar exclusivamente para a disputa da Champions League na "bolha" de Lisboa. Seu contrato foi estendido por dois meses para poder jogar até o fim. O desempenho excelente na competição, premiado com o vice-campeonato diante do Bayern de Munique, mais situações no mercado e a crise de COVID-19 resultaram em uma reviravolta no clube..

Dois dias após o retorno do time a Paris, Leonardo chamou Thiago Silva para uma reunião em sua sala no clube: gostaria de renovar o contrato do veterano zagueiro. Surpreso, Thiago informou que não havia mais possibilidade para isso acontecer. Sentiu, na verdade, que o clube mudou de opinião por causa dos últimos jogos pela Champions, Thiago e seu staff queriam mais reconhecimento por tudo que ele fizera anteriormente em seus oito anos vestindo azul e vermelho. Além do mais, a negociação com o Chelsea já estava selada a essa altura.

As conversas com os dirigentes dos Blues foram tranquilas. Na comparação com as negociações com Milan e PSG, muito mais fáceis. Thiago escolheu a Premier League por considerar o melhor campeonato nacional de clubes do mundo. Quatro clubes italianos o queriam, além de dois na França, dois no Brasil, um na Turquia, um nos Estados Unidos e um na China. Acertou um belíssimo contrato no Chelsea, como definem as pessoas que trabalham com o jogador. Poderia ganhar mais em outros lugares, mas escolheu o projeto esportivo. A oferta da China era superior financeiramente ao que ele ganhava no PSG e com três anos de contrato.

Em Stamford Bridge o acordo foi de uma temporada, com opção do clube para mais uma. Thiago teve que fazer os exames em Milão, porque se fosse em Londres seria obrigado a ficar em quarentena vindo de Paris; o médico do Chelsea também foi para Milão. Depois, Thiago saiu de férias e retornou direto para Londres. O Chelsea, no final de novembro, já iniciou as movimentações internamente para oferecer uma nova proposta ao jogador.

José Mourinho é fã declarado de Thiago Silva. Quando foi treinador do Real Madrid, tentou levá-lo para o Santiago Bernabéu, mas o PSG jamais negociou. Thiago Silva teve uma passagem discreta pelo Porto, quando deixou o Brasil pela primeira vez, ao sair do Juventude, negociado por Paulo Tonietto, que o indicou ao mega empresário Jorge Mendes. Na Espanha, porém, o maior interessado no brasileiro sempre foi o Barcelona - todos os fax enviados pelo clube catalão estão guardados pelo staff do atleta. Curiosamente, não se manifestou ao final do contrato no PSG.

As dúvidas e a adaptação

O nível de atuação de Thiago tem impressionado e surpreendido os jornalistas que cobrem o cotidiano do clube. Liam Twomey, setorista dos Blues para The Athletic, é um deles. Ele afirma que sabia da reputação de um dos maiores zagueiros dessa geração, mas não via com regularidade pelo fato de jogar no Campeonato Francês. Tinha dúvidas sobre a contratação, principalmente pela velocidade da Premier League.

"Apesar da idade, a condição física é impressionante, e quero saber qual é o hidratante que ele usa, porque não envelhece. Está igual", brinca. "Ele me lembra um pouco o John Terry, especialmente no fim da carreira, pelo instinto, pela movimentação, sempre no lugar certo. Usa a experiência, sabe onde está o perigo", salienta.

As preocupações de Nizaar Kinsella, setorista do Chelsea pelo Goal.com, eram similares. Via Thiago como um dos maiores desta geração, mas achava que estava chegando tarde demais. Uma aposta que arriscava estragar a imagem e a reputação dele. Isso acontece com alguns jogadores que chegam na Premier League muito velhos.

"Thiago tem sido excelente. A liga francesa não é como a Premier League, outro nível. Com a idade dele, eu estava preocupado com a velocidade. A parceria com Zouma ajuda porque o francês tem o lado físico e é rápido, Chilwell também. De qualquer modo, estou um pouco surpreso, não achei que faria tanta diferença e teria tanto impacto. Lembra o impacto do Van Dijk no Liverpool. Muito influente", exaltou.

A contratação seria crucial para o sucesso do Chelsea nesta temporada, para o bem ou para o mal. Thiago chegou confiante e com personalidade já na coletiva de apresentação. Não é fácil se apresentar assim na Premier League. Adaptou-se muito bem ao Chelsea, vive em uma grande casa, já toda decorada para o Natal, perto do Centro de Treinamentos de Cobham, subúrbio ao sul de Londres. Os dois filhos estão treinando no Chelsea e a esposa Belle Silva, influencer nas mídias sociais, abastece diariamente seu perfil no Instagram (400 mil seguidores) com os assuntos mais variados possíveis. Thiago Silva possui 17,2 milhões de seguidores na mesma rede social, mas é avesso a exageros de exposição. A exceção é o pagode ouvido no carro, que rende stories salvos com o jogador cantando.

Thiago e a família estão felizes na capital inglesa, mas quase não foram ainda ao centro de Londres, já que o país está em lockdown. Até agora os passeios familiares se resumiram a jantares e boliche. Não há qualquer arrependimento em ter saído de Paris.

Também devido à pandemia atual, os jogadores não ficam muito no CT. Treinam e vão para casa, mas mesmo assim não demorou para Thiago se tornar uma figura popular no clube. Muitos destacam sua maneira de treinar, super profissional, com entusiasmo e muita qualidade. O Chelsea está com o grupo bem tranquilo no vestiário, sem personalidades complicadas e muitos jovens, todos com muito respeito pela carreira do brasileiro.

Thiago já se provou essencial para o time e para a transformação das atuações defensivas, ao lado dos também reforços Mendy e Chilwell. A preocupação física, no entanto, é constante. Se Lampard pudesse, após cada jogo, embrulharia Thiago em algodão até a próxima partida para preservá-lo. Infelizmente, isso não é possível, então o Chelsea mantém cuidados especiais para não arriscar uma contusão. Após as duas paradas de datas Fifa, desde o início da temporada, Thiago jogou pela seleção brasileira e, na volta, Lampard o poupou da rodada seguinte. Foi assim no fim de semana quando o time viajou para Newcastle. Thiago Silva acompanhou de casa, em Londres.

Justamente nos últimos jogos com a seleção, diante de Venezuela e Peru, em uma das coletivas, Thiago falou sobre o impacto que causou na Premier League.

"Para mim, é um motivo de grande orgulho. Normalmente, com 36 anos, os atletas estão saindo da Premier League para procurar campeonatos teoricamente mais fáceis. Eu, ao mesmo tempo, procurei esse desafio, porque acredito muito no meu trabalho, de preparação, de tudo isso relacionado ao futebol. Encaixei em uma equipe que abriu os braços para mim. Meu maior medo é desapontar essas pessoas. Com certeza, farei de tudo para continuar ajudando o Chelsea na caminhada da Premier League. Tenho uma responsabilidade grande, mas estou feliz com o momento que estou passando".

A indústria Thiago Silva

Paulo Tonietto cuida da carreira de Thiago Silva há 17 anos. Esteve ao lado do jogador nos melhores momentos e nos piores também. Em 2005, quando defendia o Dinamo Moscou, o jogador foi diagnosticado com tuberculose e passou seis meses internado, sendo dois totalmente incomunicável. Os médicos queriam retirar parte do pulmão de Thiago, mas Tonietto e os familiares impediram. Conseguiram levá-lo para tratamento em Portugal, onde se curou.

Thiago Silva é, na verdade, uma indústria. Muito além do futebol, ele investe no mercado imobiliário e hoteleiro de Florianópolis, onde é sócio em um projeto audacioso de um hotel 7 estrelas na badalada praia de Jurerê Internacional. O advogado Luis Fernando Pamplona Novaes é quem cuida de toda vida tributária do atleta, tanto no Brasil como no exterior. Já Marcos Motta é o responsável pela elaboração de todos os contratos profissionais assinados pelo zagueiro desde 2006. Além deles, Thiago ainda conta com um assessor de imprensa (Cadu Machado) e uma pessoa especializada em seu marketing - César Vilares, CEO da Go4it Capital. Sem falar nos profissionais de nutrição e preparação esportiva que fazem parte do seu dia a dia, além das dezenas de funcionários nos escritórios de seu estafe.

A avaliação das pessoas que trabalham com Thiago sobre os haters existentes no Brasil passa pela personalidade do jogador. Thiago Silva não gosta de dar entrevistas ou aparecer em eventos. Também não mantém visual extravagante ou que chame atenção. É simples, discreto. Como o próprio Lampard definiu, um homem de família. Nas lembranças de quem critica ferozmente o zagueiro está o choro antes dos pênaltis contra o Chile, nas oitavas de final do Mundial de 2014.

Quem conhece de perto o jogador acredita que ele seguirá carreira no futebol. Provavelmente como treinador, mas se isso não acontecer, Thiago já tem toda uma estrutura montada para seguir adiante. Enquanto isso, o foco é todo na carreira com o Chelsea e na seleção brasileira.

Copa de 2022

"O meu trabalho não tem mudado tanto. Quem me conhece sabe que sempre fui muito profissional, a maneira como me preparo para os jogos e meus desafios. Quando você tem uma idade já avançada no futebol, você acaba se cuidando mais na parte alimentar. Eu me alimentava super mal, agora me alimento super bem. Para estar em alto nível, desempenhando o que o Chelsea quer e a seleção precisa de mim, preciso estar 100% para que eu possa fazer aquilo que me é questionado em campo. Estou muito feliz de chegar na Premier League com bons números, atuações convincentes, dando continuidade na seleção que é o meu objetivo".

Essa declaração foi dada durante a data Fifa dos jogos contra Venezuela e Uruguai - quando ele foi capitão da seleção brasileira. Thiago não esconde que a grande meta profissional é estar no grupo da Copa do Mundo de 2022, no Catar, quando terá 38 anos. Com Dunga à frente da seleção, após a saída de Luiz Felipe Scolari em 2014, o zagueiro perdeu espaço, recuperado apenas com a chegada de Tite. Buscará também entrar em um seleto grupo: apenas quatro jogadores começaram como capitães do Brasil em dois Mundiais: Martim Silveira (1934 e 1938), Bellini (1958 e 1962), Dunga (1994 e 1998) e Cafu (2002 e 2006).

Tite já deixou claro que conta com Thiago em alto nível.

"O que vai dizer aonde ele vai é o desempenho, a forma, a qualidade e o nível da competição que ele enfrenta. É humanamente impossível projetar a seleção brasileira daqui dois anos. Quero sim e torço que ele mantenha esse nível que está tendo, com a qualidade que tem, independentemente de nós. Dando um exemplo, mesmo voltando de lesão, o Daniel Alves foi escolhido o melhor da Copa América. Não há nem um preconceito contra o jovem e nem um preconceito contra uma idade mais avançada. Qualidade técnica te determina", argumentou.

Thiago está se cuidando bem como sempre fez. Contratou o mesmo fisioterapeuta que trabalha com David Luiz, recomendado pelo amigo. Em casa, tem equipamentos para ajudar na recuperação e a esposa ajuda na nutrição. Diante da velocidade e dos contra-ataques do Campeonato Inglês, tem se dado muito bem contra os melhores times e jogadores.

Tom Brady, considerado por muitos o maior atleta na história da NFL, sempre teve um costume curioso com novos companheiros de vestiário. Em seu período como quarterback do New England Patriots, já consagrado e com títulos, sempre procurava os novos integrantes da equipe no primeiro dia e se apresentava: "Olá, eu sou o Tom".

Thiago Silva poderia fazer o mesmo com a Premier League: "Olá, eu sou o Thiago".