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Por que Brasil já jogou três vezes a Copa Ouro e nunca conseguiu ser campeão?

Jogadores da seleção brasileira em participações na Copa Ouro Getty Images

Sobram títulos na galeria de conquistas da seleção brasileira no futebol masculino: Copa do Mundo e Copa América aos montes, a extinta Copa das Confederações, Olimpíadas e até Jogos Pan-Americanos. Mas existe um torneio que o país jamais conquistou, mesmo tendo disputado três vezes: a Copa Ouro.

No dia em que o torneio de seleções da Concacaf chega às semifinais, com Estados Unidos x Panamá às 20h30 e na sequência Jamaica x México às 23h, ambos com transmissão no Star+, o ESPN.com.br relembra as participações do Brasil na Copa Ouro.

A seleção canarinho foi convidada a jogar o torneio que engloba os países das Américas Central e do Norte em 1996, 1998 e 2003. Nas três ocasiões, embora tenha levado nomes de peso, o Brasil jamais convocou força máxima e tratou as disputas como preparação para outros compromissos.

Também por isso, o máximo que conseguiu ser foi vice-campeão, na primeira e na terceira participações, em que optou por convocar um time com idade olímpica. Quando apostou em atletas mais experientes, caiu mais cedo, na semifinal, e quase entrou em crise às vésperas da Copa do Mundo.

Relembre abaixo as campanhas ano a ano:

1996

De olho no Pré-Olímpico que seria semanas depois, na Argentina, a seleção dirigida por Zagallo foi à Copa Ouro em 1996 com um time formado apenas por atletas abaixo dos 23 anos.

Entre os mais famosos, estavam o goleiro Dida, o lateral Zé Maria, o volante Flávio Conceição e os atacantes Caio e Sávio. Nomes como o lateral Roberto Carlos e o atacante Ronaldo, então estrelas em ascensão na Europa, ficaram fora para não desfalcar seus clubes.

"Jogamos contra as seleções principais e foi mais difícil para a gente por causa disso. Alguns jogadores do nosso time já estavam indo para a seleção principal, mas era bem diferente do time que jogaria a Copa do Mundo", disse Jamelli, ao ESPN.com.br.

O atacante, que à época era destaque no Santos, anotou dois gols na competição.

"Teve uma grande repercussão. Foi uma experiência muito legal porque foi meu primeiro torneio fora do Brasil pela seleção. Ficamos quase um mês nos Estados Unidos e jogamos no Coliseu, estádio onde foi disputada a Olimpíada de 84, em Los Angeles", recordou.

Com o time olímpico, o Brasil passou de fase com duas goleadas: 4 a 1 no Canadá e 5 a 0 sobre Honduras. Na semifinal, venceu os Estados Unidos, donos da casa, por 1 a 0. O título escapou na grande final contra o México, em Los Angeles, com derrota por 2 a 0.

A seleção, que de fato era muito forte, conquistou o Pré-Olímpico em Mar del Plata, na Argentina, e chegou como favorita nos Jogos de Atlanta. Com Roberto Carlos e Ronaldo já integrados ao grupo, além dos experientes Aldair, Rivaldo e Bebeto, o Brasil perdeu para a Nigéria na semifinal, no famoso jogo do "perigoso" Kanu, e teve que se contentar com o bronze.

1998

A segunda participação brasileira na Copa Ouro aconteceu em fevereiro de 1998, quatro meses antes da Copa do Mundo que aconteceria na França. Novamente sem estrelas como Ronaldo, Roberto Carlos, Cafu e Rivaldo, coube mais uma vez a Zagallo levar um time alternativo, ainda que bastante forte.

A seleção era capitaneada por Romário, de volta ao Flamengo após meses ruins no Valencia, da Espanha. Outras estrelas do time eram o goleiro Taffarel, o volante Mauro Silva, os meias Zinho e Denilson e o atacante Edmundo, que formou dupla com o Baixinho.

Se a equipe em tese era forte o suficiente para ser campeã, na prática a campanha foi decepcionante. Só duas vitórias em cinco jogos, empates ruins com Jamaica e Guatemala e derrota na semifinal para os Estados Unidos, novamente os anfitriões, em Los Angeles.

A ida do Brasil à Copa Ouro ficou marcada pelo excesso de gols perdidos por Romário, que chegou até a assumir a culpa pelos fracos resultados, e fez com que alguns jogadores até perdessem espaço no grupo que iria à Copa, como aconteceu com Mauro Silva e Zinho, remanescentes do tetra de 1994.

2003

A despedida do Brasil da Copa Ouro foi há 20 anos e novamente sem a seleção principal. Enquanto Carlos Alberto Parreira levava o grupo de cima para a Copa das Confederações, coube a Ricardo Gomes enfrentar o torneio no México com a equipe sub-23.

O time, porém, tinha uma série de promessas que mais tarde vingariam. Kaká, então no São Paulo, era o capitão daquela equipe e atuava ao lado de Diego e Robinho, ambos do Santos, além do meia Júlio Baptista, dos zagueiros Luisão e Alex, do goleiro Gomes e do lateral Maicon, entre outros.

Aos trancos e barrancos, o Brasil foi até a final, após estrear com derrota para o México, mas embalar vitórias sobre Honduras, Colômbia e Estados Unidos, esta na prorrogação e com gol de ouro. Na decisão, porém, novo revés para os mexicanos, com gol de Daniel Osorno.

O curioso da história é que, se a Copa Ouro serviria para preparar o time para as Olimpíadas de Atenas, não deu nada certo. Desfalcada por Kaká e também Adriano Imperador, não liberados por Milan e Inter de Milão, a seleção acabou eliminada no Pré-Olímpico e sequer teve a chance de brigar pela medalha de ouro.