ENVIADO ESPECIAL A DOHA - Definido pelo técnico Tite como “o melhor volante do mundo”, Casemiro, o autor do gol da vitória do Brasil sobre a Suíça, é um dos principais pilares da seleção brasileira. Volante técnico e bom de desarme, tem ótima capacidade de leitura de jogo e senso de posicionamento - e foi a partir dessa característica que ele conseguiu estar no lugar certo para chutar com o lado de fora do pé e marcar o gol da classificação brasileira.
Foi o primeiro gol de Casemiro numa Copa do Mundo - o jogador havia participado de quatro dos cinco jogos do Brasil no Mundial de 2018. Suspenso, acabou ficando de fora justamente da partida diante da Bélgica, pelas quartas de final, que marcou a eliminação brasileira. Coincidência ou não, ninguém naquele meio-campo parou Kevin De Bruyne no contragolpe que originou o segundo gol belga.
Mas mesmo que nesta segunda-feira Casemiro tenha feito seu primeiro gol em um Mundial, após o jogo ele fez o que se espera de um agregador: comemorou a vitória, não o feito pessoal. “Importante, independentemente do gol, foi ter ajudado todos os meus companheiros. Aqui, ganhamos todos e perdemos todos. Não muda o meu pensamento. Aqui é um grupo. Quando se fala de seleção brasileira se fala de todos. Tem que valorizar quem tem jogado. Isso é importante para todos”, declarou o volante, escolhido o melhor jogador da partida.
Para o gol que anotou nesta segunda-feira no Estádio 974, ajudou muito o fato de Casemiro estar em meio a atletas que conhece bem: Vinícius Jr. e Rodrygo, que tiveram participação no lance, foram seus colegas até pouco tempo no Real Madrid, clube onde o volante brasileiro atuou por nove temporadas. Ninguém em Madri queria que ele se transferisse, mas ninguém conseguiu achar um contra-argumento para ele. “Preciso de novos ares e novos desafios”, explicou à época, antes de assinar com o inglês Manchester United.
E o que ele aprendeu em seu longo período por lá - quase um terço da sua vida, considerando que tem 30 anos - é levado também para a seleção brasileira. Nesta segunda, Casemiro citou Carlo Ancelotti, seu técnico em diferentes épocas no time madrilenho - e de quem Tite é admirador declarado.
“Meu primeiro pensamento é dar equilíbrio à equipe e ajudar meus companheiros atrás. Vou tentando apagar o fogo por todo lado, como o Ancelotti gosta de falar. Defender e ajudar meus companheiros atrás é o meu primeiro objetivo. Porém, se tiver oportunidade de dar uma beliscada na frente é importante. Meu pensamento é estar sempre bem posicionado”, explicou.
No meio do ano, ninguém em Madri queria que ele se transferisse, mas também ninguém conseguiu achar um contra-argumento para ele. “Preciso de novos ares e novos desafios”, explicou à época, antes de assinar com o inglês Manchester United.
LIDERANÇA
O volante é um dos líderes da seleção brasileira. Na entrevistas, fala pausado e olhando nos olhos do interlocutor. Não foge às perguntas e é direto nas mensagens. Foi ele quem, no sábado, falou com todas as letras que quem vibra pelo mal de Neymar - que se recupera de entorse no tornozelo - “não tem educação, não tem caráter”.
O também volante Fred é companheiro de Casemiro na seleção há vários anos e, agora, também de clube. Ele elogiou o jogador, a quem considera que exerce “uma liderança linda”. “É um grande jogador e todo mundo sabe da qualidade e da capacidade dele. Hoje ele foi premiado com um golaço, e ele trabalhou pra isso. É um jogador que não se discute e exerce uma liderança linda”.
Em campo, Casemiro sorri pouco, como se espera de um marcador implacável. Nesta segunda, porém, sorriu com gosto logo após mandar a bola para o gol e garantir a classificação brasileira à próxima fase. “No primeiro jogo foi no travessão, mas hoje tive a felicidade de fazer o gol. O mais importante foi que consegui ajudar a equipe”, finalizou.
