Logo após o encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, um dos principais jornais americanos, o “New York Times”, criticou a cidade do Rio de Janeiro pelo planejamento mostrado para a Olimpíada de 2016. Agora, com as atenções voltadas para a capital do estado, a publicação disparou duras críticas ao projeto de desapropriação de alguns bairros da cidade em nome da construção de uma infraestrutura para a recepção da competição olímpica. As informações são do portal “UOL”.
Com o título “Em nome do futuro, o Rio está destruindo o passado”, o jornal critica a desapropriação de parte dos moradores do Morro da Providência, a favela mais antiga da cidade. Segundo a publicação, o plano de revitalização da cidade engloba a área e outras favelas, e fará com que a maioria dos seus habitantes tenha que ser despejada de casa, sem que haja a possibilidade de discussão.
Segundo o artigo, a prefeitura realiza abordagens de “dividir para conquistar”, ou seja, conversas individuais com os moradores para convencê-los a assinar uma proposta de reassentamento, impedindo que eles se juntem para decidir de forma coletiva contra a mudança de moradia imposta pelo município. Além disso, 70% das casas do topo do morro já estão “condenadas” ao despejo, e a “condenação” se dá sem aviso prévio aos habitantes.
“Embora a prefeitura alegue que esses investimentos beneficiarão aos moradores da região, um terço da comunidade já foi marcada para remoção e as únicas ‘reuniões públicas’ organizadas visavam apenas informar aos moradores qual seria o seu destino”, explicou o jornal.
“Durante o dia, as iniciais da Secretaria Municipal de Habitação e um número são pintadas nas paredes das casas com tinta-spray. Moradores voltam para casa e descobrem que suas residências serão demolidas, mas não recebem nenhuma orientação sobre o que vai acontecer com elas, e nem quando será”, detalhou o jornal.
O “NYT” ressaltou, ainda, que a falta de segurança citada pela prefeitura do Rio como motivo para realizar o despejo dos moradores não procede e cita um relatório produzido por engenheiros locais, que afirma que os fatores de risco citados pelo município são “inadequadamente estudados e imprecisos”.
“Se o Rio conseguir desmantelar e desfigurar sua favela mais histórica, abrirá o caminho para novas destruições em centenas de outras favelas da cidade”, teme o jornal, que encerra seu texto com uma dura crítica ao desnível social entre as diversas populações da cidade.